Uma pena a mulher que achou meu celular, não poder me entregar a tarde. Precisava ligar pra Itália, mais precisamente para meu chefe, pra poder viajar até o Brasil tinha pedido férias. Já fazia algum tempo que não tirava e mesmo assim Carlos hesitou em me conceder. E pra variar nunca consegui gravar seu número.

A noite estava tão quente que entro no banho pra relaxar e demoro mais do que o esperado, não me atento as horas! sabia que a tal mulher que só agora lembrava, que não havia perguntado o nome, viria próximo as 20:00 horas. Estava saindo do banho quando escuto baterem na porta, estranhei já que não haviam anunciado, achei ser a moça que arrumava e limpava o local...mas a noite!

Visto um roupão de seda que era o meu favorito, e sigo em direção a porta. Meu coração só faltou sair pela boca, quando vejo quem se tratar minha visitante.

-Boa noite Ninfa estripe!

-o que você está fazendo aqui?! -ao mesmo tempo que me encontrava furiosa em ver aquela mulher ali em seu apartamento, não deixava de admirar sua beleza. Ela estava com uma calça Jeans colada, marcando suas formas. Uma blusa sem alça acentuando seus seios e bronzeado adquirido- não posso te atender, estou esperando alguém!

-eu sei! Sou a pessoa que estas a espera- não entendi, até ela puxar meu celular de seu bolso traseiro. Minha mão já estava a caminho de pega-lo quando ela recuou- Não vai nem me convidar pra entrar. Como agradecimento por ter cuidado tão bem de seu celular!

Novamente aquele sorriso debochado destacou em seu rosto, não podia negar que a mulher era linda, apesar de irritante.

Lhe dou passagem, ao passar por mim deixa um rastro de seu perfume amadeirado. Ela deveria ter 1,70 de altura, era um pouco mais alta que eu que tinha 1,66, mas seu porte altivo fazia com que engrandecesse.

-onde encontrou meu celular? – queria saber, não conseguia lembrar a hora que larguei o aparelho.

-você o deixou sobre a mesa, enquanto tentava me impressionar- a olhei com ódio! Ela prendia os lábios na intensão de não rir

-Por que não me chamou quando viu que havia esquecido?

-e perder o prazer de estar aqui, te vendo outra vez quase como veio ao mundo!

Só percebo que a faixa de meu roupão havia se desprendido, quando vejo seu olhar insistente em direção a meu colo. Parte de meu seio estava a mostra.

-você é mesmo muito descarada! - Cubro meu decote rapidamente, a fazendo rir.

-não tem nada ai que já não tenha visto! Agora que culpa eu tenho, se toda a vez que nos encontramos a sós, seu corpo pede por meu olhar.

Que mulher irritante, convencida!

-vá embora antes que eu perca a paciência.

-hum, vai fazer o que criança? -ela se aproxima-você é muito mal educada, venho aqui com toda boa vontade devolver seu celular e sou tratada assim! Eu merecia outro strip-tease por ter me dado o trabalho de ter vindo aqui.

-sua...sua...sua...

-sua o que? Olha a língua criança, se esqueceu que já vi tudo que tinha que ver. Somente quero relembrar os detalhes.

Minha raiva cresce a cada palavra, levanto minha mão pra desferir um tapa em seu rosto. Me surpreendo com sua agilidade. Ela segura com força meu braço, prendendo-o em minha costa e encostando seu corpo ao meu, o ar me faltou quando a senti tão próxima.

-você não teria coragem de fazer isso, não é?

-me solta pra ver se não tenho!

Aproxima seu rosto do meu olhando diretamente em minha boca, meu coração disparava feito louco ao imaginar o que ocorreria em seguida. Aproxima mais, na hora em que penso que ia ser beijada ela se aproxima de meu ouvido.

-você está merecendo uma boa lição- me arrepiava toda a cada palavra proferida, sua boca passeava suavemente próximo ao ouvido, como se estivesse beijando. Sentia sua respiração ofegante e aquilo estava me excitando. Gemo baixinho quando ela morde delicadamente a ponta de minha orelha- mas hoje não! Hoje só vim deixar seu celular.

Solta meu braço deixando-me desnorteada. Segue em direção a porta mim continuava estática. ainda não conseguia assimilar o que havia acontecido.

-se continuar boazinha te mostro o que sei fazer.

Foi então que despertei da minha inercia.

-Sai daqui sua...

-cuidado com a língua- ela sai e mais do que depressa. bato a porta com força, ainda escutando sua gargalhada no lado de fora, próximo a porta.

-cuidado que podes ser processada, por danificar patrimônio alheio!

-VAI EMBORA!

Escuto sua risada se afastando, aquela mulher me tirava do sério, quem ela pensava que era pra me tratar assim.

Meu corpo ainda tremia, só não sabia se era pela raiva que estava sentindo, ou pelo desejo que senti por ser tomada por ela.

...

Sabrina passou boa parte da tarde fora com Aline, como precisava conversar com Geno a respeito de alguns fornecedores que andavam se queixando, da forma como meu irmão lidava com os negócios, achei até bom não tê-la por perto.

Meu irmão não tinha jeito, queria fazer as coisas como achava ser o melhor, mas nem sempre era o jeito certo. Terminei minha conversa avisando que se não houvesse o resultado esperado, iria tira-lo do cargo de diretor e teria total apoio de nosso pai.

Já passava das 15:30, quando Amália me liga avisando que seu irmão havia chegado, e estava me esperando na sala que tinha sido destinada a ele atender.

Quando entro na sala, estavam Geovane e Bernardo conversando. Estava até estranhando, desde que esse último chegara os dois eram um grude só, as vezes ficavam de segredinho e acreditavam que ninguém percebia.

-oi Deusa, não importa do Be ficar aqui, não é?

-claro que não! Sobre o que estavam conversando, que foi só eu chegar pra encerrarem o assunto.

Os dois estavam desconfiados, mas Geovane fala.

-sobre sua ex namorada, a Pedrita- sempre que o amigo a chamava por esse nome, tinha vontade de rir, pois Pietra odiava apelidos e Geovane parecia nem se dar conta que a chamava assim.

-o que essa aprontou dessa vez?

-ela não aprontou, mas acho que querem aprontar com ela- já estava deitada. Viro meu pescoço em direção a ele- a Dayse não precisava entregar pessoalmente o celular a ela, mais essa parece amar provocar a Pedrita. E essa história dela entrar escondida no chalé! Acho que fosse comigo tinha tido um ataque do coração. A não ser que fosse um bofe lindo, sarado, nesse caso acho que corria pra cima.

-ela não gosta de ser contrariada, está acostumada a ter tudo e todos, deve ter percebido que a advogada não caiu na suas graças.

-acho que a Dayse está procurando sarna pra se coçar! somente esses dias que estou aqui, já vi Pietra com três mulheres diferentes- se manifesta Bernardo- essa se fosse macho, já teria uma penca de filhos. 

-acho que não conhecia a mulher com quem vivi durante 3 anos! Minha tia sempre falava que ela não era flor que se cheire, e eu nunca acreditei.

-mas deusa, tenho que tirar o chapéu. Minha chefinha que não nos ouça, mais a Pedrita é linda! se gostasse da fruta com toda a certeza apegaria.

-e quem disse que ela ia querer te pegar Geovane?

-é mesmo, esqueci que ela não gosta, ela não gosta da mesma fruta que eu!

-sei não Geovane, esquece que a peguei com o câmera dela e ele é homem, a não ser que estivesse disfarçado.

-acho que essa é outra que está precisando de uma boa foda, pra decidir o que quer comer!

-como assim outra?

Geovane ia falar alguma coisa, mais o olhar de censura de Bernardo o calou.

-não é nada não deusa, essas mulher de hoje em dia que não sabem, se pegam em cobra ou corre atrás de perereca.

Dayse tinha razão, Geovane era um massagista de mão cheia, sai totalmente renovada da sessão de massagem.

Ia dar uma volta pensando que Sabrina ainda não havia chegado, mas ao passar pela recepção a vejo conversando com Amália. A recepcionista parecia agitada com algo, assim que me aproximo percebo mudarem de assunto.

-oi amor faz tempo que chegou?

-não, cheguei a pouco. A Amália me disse que estava com os meninos!

-estava sim, aquele dois são uma graça. Vamos dar uma volta, a tarde está tão linda e já, já teremos o pôr do sol.

-Va Sabrina, depois terminamos essa conversa- Amália parecia triste. Depois perguntaria a Sabrina o motivo.

Seguimos caminhando pela praia, a tarde estava realmente linda! Estávamos de mãos dadas, Sabrina já não se importava com os olhares sobre nós. Sentamos em um dos quiosque da pousada pra assistir dali o sol se pondo, quando vejo Dayse e Mari conversando próximo, as duas estavam em uma conversa animada. Assim que a guia nos vê, chama para que nos juntássemos a elas.  

-oi meninas, estava contando um pouco sobre nossa ilha pra Dayse!

-falei pra Mari que já conhecia a ilha dos sonhos, mas superficialmente. Várias vezes estive aqui. Rodrigo é um amigo de longa data e sempre fazia questão de me convidar, principalmente em datas comemorativa.

-eu estou encantada com a ilha- falo olhando pra minha amada que sorria.

-não só com a ilha, mas também com seus moradores- A guia brinca.

-Dayse, já devolveu o celular de Pietra- Pergunto, mais vejo o sorriso que a advogada da e deduzo que ainda não.

-vou a noite devolve-lo, ela me ligou mais cedo. Quer dizer, ligou para o seu celular, querendo saber quem o havia achado.

-vocês conversaram! – Sabrina pergunta espantada

-conversamos. Mas ela não sabe que foi eu, a pessoa que encontrou seu aparelho. Ela não reconheceu minha voz- sorria de maneira levada, tinha uma leve impressão que minha ex teria um ataque ao saber que a advogada, estava de posse de seu celular!

...

P/ MARI

Depois daquela tarde maravilhosa no riacho, tive a mais certeza que queria Amália em minha vida. A deixo em casa, que pra minha sorte estava vazia, o que nos me deu mais alguns minutos a sós. Trocamos caricias e beijos mais carinhosos apaixonados.

Precisava ir em casa trocar de roupa antes de acompanhar um grupo de idosos, pelas grutas da praia dos sonhos. Estava eu e mais três casais, quando uma mulher muito bonita se aproxima sorrindo.

-você que a Mari, guia da pousada? -confirmo com a cabeça, quem seria ela? E porque estava me procurando? - A Amália me falou onde te encontrar! Estava querendo conhecer alguns lugares hoje, mais fiquei com medo de sair sozinha e acabar me perdendo.

-fez bem em me procurar, realmente não aconselho pra quem não conhece, sair sozinha pra conhecer a ilha- foi só falar em Amália, para meu coração disparar feito louco dentro de meu peito- esse grupo quer conhecer alguns lugares. Não quer vim conosco?

Ela confirma que sim. No caminho descubro que ela é advogada, e amiga e nova sócia de Rodrigo. Tinha ido a pousada pra descansar, pois passou por alguns problemas de saúde e precisou frear o ritmo de trabalho que tinha onde morava.

Percebo seu encantamento a cada lugar da ilha, que mostrava ao grupo. Paramos em uma das grutas, a mais extensa. Em pouco tempo conversávamos como se fossemos amigas a anos. No retorno me despeço do grupo, e convido Dayse para irmos a um dos quiosques da pousada tomarmos algo. Apesar do vento que circulava, o calor era intenso.

-Você conhece a Pietra?- só de escutar o nome daquela mulher me subia raiva, somente de lembrar o modo que ela agarrava Amália na boate.

-tive o desprazer de conhece-la! Porque?

-kkkkk parece que todas aqui na ilha, tem aversão a ela!

-ela não faz por onde, ganhar a simpatia de ninguém, pelo contrário faz questão de ser insuportável. Você a conheceu? está a tão pouco tempo hospedada aqui!

O sorriso safado da advogada me fez supor outras coisas. Será que haviam ficado juntas!

- a conheci ontem, digamos de maneira bem inusitada. E hoje ela esqueceu seu celular em cima da mesa que estávamos eu, Giulia, Sabrina e Geovane almoçando.

-como assim esqueceu?

-digamos que tivemos um pequeno desentendimento- o sorriso cínico no rosto de Dayse, me deixava mais curiosa pra entender aquela história. Vejo a dona da pousada e sua namorada chegarem no quiosque, aceno para que se junto a nos na mesa.

As duas cumprimentam Dayse e a conversa se deu em torno da outra Italiana. Foi quando entendi o porquê do sorriso cínico da advogada. Percebi o quanto Pietra poderia ser insistente quando queria. Se desse certo sua armação, com toda a certeza Giulia ia sofrer um bocado até provar que era inocente.

Quando retornávamos, Sabrina se afasta ficando um pouco mais atrás. Percebo que alguma coisa não estava no seu normal, por sua insistência em me olhar. Deixo Giulia e a advogada conversando a frente e me junto a minha chefa.

-aconteceu alguma coisa Sabrina?

-Mari me fale, o que está acontecendo entre você e a Amália- tomo um susto com a pergunta, jamais imaginei que ela tivesse percebido algo, até porque estávamos sendo discreta-e não adiante mentir. Perguntei pra Amália, só que Giulia chegou e nossa conversa foi interrompida.

-eu sou completamente apaixonada por ela, Sabrina- não tinha porque esconder, conhecia minha chefa muito bem, e uma coisa que ela sabia ser...era discreta.

-Mas vocês estão tendo algo? - confirmo com a cabeça- como isso é possível, as duas pareciam ter uma aversão uma da outra.

Conto pra ela tudo que tinha acontecido, desde a primeira vez que nos beijamos. E a cada acontecimento Sabrina arregalava os olhos espantada.

-eu sempre desconfiei que essa “aversão” de vocês era ciúmes. Mas Amália só faltava me bater quando falava algo desse tipo! espero que seja sério mesmo Mari, não quero ver minha amiga chorando- faz cara de brava, mas sorrir logo em seguida.

-Não vou fazer, como te falei sou completamente apaixonada por ela.

Sabrina parece pensar em algo, sua expressão muda para preocupada.

-tem uma coisa que precisas saber!

-O que?

-hoje quando fui fazer compras com Aline, vimos a Leticia- meu coração deu um salto em meu peito, só de escutar o nome daquela garota- ela está de volta a ilha, só não sei por quanto tempo!

....

Quando entro em casa com Giulia, ainda pensava na expressão de Mari com a notícia que havia dado. Fazia muito tempo que a garota tinha sumido, esperava que a guia tivesse certeza do quer sentia por minha amiga, porque pressentia confusão a vista.

-o que aconteceu amore, está tão calada desde que conversou com Mari- Giulia estava me olhando com uma expressão preocupada-quer conversar? - aquela mulher não existia, a paciência que ela tinha, a sensibilidade era algo fora do comum.

-Senta aqui amor- ela senta a meu lado no sofá. Narro tudo que havia descoberto aquele dia, do relacionamento de minhas amigas até a volta de Leticia.

-eu já desconfiava das duas! Acho que por tudo que a Mari passou no passado, Amália não terá com que se preocupar!

-tomara que tenha razão, não quero ver nenhuma das duas sofrendo.

Ficamos ali namorando por alguns minutos. Havíamos prometido encontrar Geovane e Bernardo para irmos em um bar, ali mesmo na ilha. Os dois ficaram de convidar Mari e Amália para se juntar a nos. Ia ser bom sairmos um pouco, aliviar a tenção dos dias corridos.

Tomamos banhos juntas. Após nos aprontarmos. fomos encontrar os meninos próximo a praia, como o local não ficava tão distante resolvemos ir andando. Estávamos distraída sentadas em uma escadinha que dava acesso à praia, os meninos ainda não haviam chegado. Giulia sentada em um degrau acima do meu, eu estava totalmente relaxada entre suas pernas.

- bem quem eu queria encontra, as duas desenvergonhadas.

Meu sangue gelou. Leonardo parecia furioso, louco.

Fim do capítulo