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A fortiori por Bastiat

Ver comentários: 7

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Palavras: 3821
Acessos: 9039   |  Postado em: 23/07/2017

Capítulo 16 - No mercy

Camila

 

    - Uma passagem para São Paulo. O mais próximo que você tiver, por favor. 

    - O próximo voo vai sair às 17:00 horas, senhora.

    - Certo, pode ser. Quero também duas passagens para hoje ainda. São Paulo - Rio.

    - Qual o horário de sua preferência, senhora?

    Melhor escolher para bem tarde, quero que tudo seja rápido, mas a Laura pode não entregar a Diana tão fácil. 

    - 23 horas? 

    - Temos 23:20, senhora.

    - Ótimo. 

    Peguei as passagens e fui para o embarque. Ainda são 16:00 e eu não comi nada, nem tenho fome. Mas é melhor eu empurrar qualquer coisa para a barriga, saco vazio não para em pé.

 

 

Laura

 

    - Filha, olha a minha cara. - Reclamei tentando inutilmente limpar a minha bochecha cheia de brigadeiro.

    - Você me sujou primeiro! - Ela gargalhava.

    - Marina, Marina... sua sorte é que eu te amo muito, muito mesmo, senão eu ia comer esse brigadeiro sozinha para você aprender a não sujar mais a sua mãe - Brinquei fazendo cosquinha nela. - Anda, vamos comer esse doce maravilhoso e tomar banho.

    Pegamos a colher e comemos tudo com calma.

    Fiquei observando a minha filha. Ela nos últimos dias me lembrava a Camila. Agora mesmo, comendo e fazendo graça fica igual. Sem motivo, um medo de perdê-la ocupou o meu coração. 

    - Filha, eu te amo muito. Muito mesmo.

    Repeti o que eu já tinha falado há pouco. Quero que ela tenha certeza do meu amor.

    Ela olhou para mim e estalou aqueles olhinhos âmbar.

    - Você é a pessoa mais importante da minha vida - eu disse sorrindo.

    Meus olhos se encheram de lágrimas e aquele medo aumentou. Medo de perdê-la. Medo de tudo. Eu senti muito medo e acho que isso a assustou porque não disse nada.

    - Vamos tomar banho agora. Separei um filme para a gente assistir.

    - Tá bom. Que filme, mãe? 

    - Algum Harry Potter.

    - Adoro!

 

 

Camila

 

    O avião pousou tranquilo na pista, mas meu coração não. Desembarquei insegura e procurei um táxi. Não foi difícil de achar, peguei o primeiro da fila. O senhor já de idade, motorista, logo me reconheceu do telejornal e foi muito gentil.

    Disse o meu destino e torci para que o trajeto fosse devagar. Ainda não tinha pensado no que vou dizer. Como será que está a Laura? É a pergunta que eu mais me faço.

    O caminho foi tranquilo para uma cidade que o trânsito parado é tão famoso. O taxista parou em frente a um prédio luxuoso indicando que cheguei no local. 

    - O senhor poderia esperar? Pode deixar até o taxímetro rodando que eu pago.

    - Com certeza, senhora. 

    - Ótimo, só vou buscar a minha filha. Mas às vezes ela faz birra e eu posso demorar. 

    - Pode deixar, estarei aqui te esperando.

    - Obrigada.

    Cheguei na portaria e dei início ao meu plano que maquinei durante todo trajeto. 

    - Oi. 

    Sorri para o porteiro.

    - Olá, boa tarde.

    - O senhor me conhece, não é? 

    - Claro! Assisto a senhora todos os dias de manhã. Sou seu fã. 

    - Obrigada. - Respirei fundo. - O senhor sabe quem é a Laura, não é? 

    - Claro! Ela e a pequena Marina são as minhas moradoras favoritas.

    - Eu trabalhei com ela muitos anos atrás e a achei pela internet esses dias. Nós combinamos de nos encontrarmos no próximo final de semana, mas eu não aguentei e queria fazer uma surpresa. Será que eu poderia subir sem ser anunciada para fazer a surpresa? Ela me disse onde morava, mas não me disse o número do apartamento.

    - Claro, dona Camila! Tenho certeza de que a dona Laura vai adorar sua visita. 

    - Vai, vai sim.

    - Pode subir, ela mora no último andar, a cobertura. Boa surpresa.

    - Obrigada.

    Passei pela portaria, observei a grama verde no jardim. A altura do prédio é imponente. O pequeno corredor para os elevadores contém madeira boa vernizada, tudo muito rico. A porta do elevador estava aberta, parecia até me aguardar. O tempo que demorou para subir foi ainda mais do que a espera de anos para o reencontro.

    Quando saí do elevador, dei passos precisos e ansiosos. Só parei quando cheguei em uma enorme porta branca. Olhei para a campainha, apertei devagar, coloquei minhas mãos nos bolsos da calça e aguardei ansiosa. Demorou tempo suficiente para às lembranças voltarem. Aquele fatídico dia voltou com tudo na minha mente e no meu coração.

 

 

Laura

 

    Abracei a Marina no começo do filme e não soltei. O filme estava na metade, mas eu só havia percebido agora. Fiquei pensando em como é bom ter aquele tempo para curtir a minha filha. Por mais que eu tenha tentado mudar, talvez eu ainda trabalhasse um pouco demais. Tudo bem, não era como antes, eu tenho horário para chegar em casa, evitava trabalhar aos finais de semana. Mas quando eu estava com algo importante nas mãos já levei trabalho para casa. A Marina nunca reclamou de nada, acostumou-se com a minha rotina de jornalista. Sempre estudou em tempo integral, fazia balé, natação, piano, até tentou esgrima. Assim como eu, ela é ocupada. Depois de amanhã, teria que voltar para a redação e na segunda sua rotina também retornará. Acho que eu deveria ser uma mãe mais dedicada, não posso falhar na promessa que fiz para a... o toque suave da campainha acabou encerrando os meus pensamentos. Estranhei que quem apertou pareceu estar sem força para fazê-lo.

    - Ué, o Sérgio tem a chave - estranhei.

    - Vai ver ele esqueceu.

    - É, o porteiro nem interfonou. Vou atender.

    Beijei a testa da minha filha e fui até a porta.

 

 

Narradora

 

    A porta foi aberta e o choque aconteceu. 

    O rosto da Laura que ostentava um enorme sorriso ficou pálido. Seu sorriso desmanchou. Seus olhos arregalaram e seu coração disparou. Ela parecia não acreditar, sua voz não saía, sua boca secou, o ar ficou raro de repente.

    A expressão indiferente da Camila parecia uma coisa absurda. Com tanta emoção que o momento pedia, era de se esperar ao menos uma cara de indignação. Mas, ela nem sorria, nem chorava, não demonstrava raiva, não havia nada a que pudesse comparar a sua indiferença. Podia-se ver apenas que seus olhos se mexiam, analisando o rosto da Laura.

    No momento seguinte, quando Camila pareceu sair do choque, aos poucos, a indiferença foi sumindo. As mãos que estavam nos bolsos tremiam levemente, sua cabeça agora se movia para analisar melhor a Laura. Foi da cabeça aos pés e fez o mesmo caminho de volta. Parou em seus olhos e penetrou o castanho na âmbar como agulhas.

    O momento de silêncio era como se as duas estivessem esperando de quem partiria uma frase.

    Diana, que estava concentrada no filme notou, finalmente, o silêncio. Levantou-se do sofá e procurou olhar por entre a Laura quem está na porta. De longe, no meio da sala, ela viu quem de quem se trata. 

    - Mamãe?

    As duas quebraram os olhares e se voltaram para a pequena garota com os olhos arregalados que revelava toda a surpresa que sentia.

 

 

Laura

 

    - Filha!

    Vi, ainda em choque, a Camila passar por mim correndo e a Marina ir ao seu encontro com os braços abertos.

    - Mãe, que saudade.

    Mãe? A Marina sabe da existência da Camila? O que está acontecendo?

    Ainda abraçadas no meio da minha sala, não notaram quando eu fechei a porta e me aproximei.

    - O que você aprontou, meu amor? Como você pode fazer isso, Diana? 

    - Então você já sabe?

    - Sim, você trocou de lugar com a Marina.

    Marina? Diana? Troca de lugares? Eu usei alguma droga? Meu cigarro contém alguma substância que faz a pessoa delirar? Dormi no sofá e estou sonhando?

    - Alguém poderia me explicar o que está acontecendo aqui? 

    A Marina ou Diana, já nem sei mais quem é, olhou para mim.

    - Mãe, essa mulher bonitona é a Laura. Ela é a mãe da Marina, a menina que está com você no Rio.

    A Marina, que pode ser a Diana, de forma inocente me apresentou à Camila.

    Camila enxugou uma lágrima e não olhou para mim. Ficou de joelhos e ajeitou a franja da minha filha.

    - Eu sei, meu anjo. Eu já conheço a Laura. 

    - Conhece? - a criança perguntou assustada.

    - Sim, mas depois te explicarei tudo direitinho. É uma longa história.

    Um desespero começou a bater e a minha ficha caiu. Eu não estou sonhando e nem estou drogada. Isso tudo é real. Essa garota que está comigo é a Diana! É por isso que estava tudo tão estranho. Seu jeito estava diferente. Mas se esta é a Diana, onde está a Marina? 

    - Camila... - ela me olhou finalmente - eu não estou entendendo nada. 

    - Basicamente - seus olhos se voltaram para a Diana de novo - em um dia que você foi ao aeroporto, eu também estava lá. Isso deve ter duas semanas. Elas se conheceram no banheiro e acharam que seria legal trocar de lugar para descobrir o porquê são iguais. Acho que elas tiveram êxito, não? - Sua fala e postura eram sérias. - A Marina, que está lá no Rio comigo, descobriu tudo. Então eu vim parar aqui.

    Eu estou chocada. Esse tempo todo eu estive com a Diana.

    - Descobriu tudo?

    Até onde a Marina será que descobriu? Se eu já estava desesperada, não sei como, consegui ficar mais.

    - Tudo. Será que tem outro lugar que possamos conversar?

    - Sim, vamos para o meu quarto.

    - Não! Seu quarto não.

    - Então vamos para a minha biblioteca.

    - Ótimo. 

    Aproximei ainda mais das duas, mas Camila levantou-se rapidamente e deu-me as costas.

    Abracei a Diana com força e ela retribuiu o abraço. Não precisei dizer nada, todo o amor que eu guardei por ela esses anos demonstrei apertando-a contra o meu corpo em um dos abraços mais gostosos que dei na minha vida. Fiquei feliz, as minhas duas meninas se conheceram e aprontaram tudo isso.

    Soltei a Diana aos poucos e ela beijou a minha bochecha carinhosamente. A Camila parecia não ter visto nada. Enquanto o calor de mãe e filha imperava entre nós duas, Camila parecia um iceberg.

    - Vamos, é por aqui.

    Conduzi a Camila até o outro lado da sala e abri a porta de correr da biblioteca que era também meu escritório. Os olhos dela correram por tudo como se estivesse analisando cada livro.

    Ela está aqui. Olho diretamente para a mulher que eu posso ter causado as piores dores da vida. A que foi o meu bem, meu mau, meu céu, meu inferno, minha fome e minha gula.

    Camila aproximou-se da mesa que fica o meu notebook e pegou o porta-retratos que contém eu e a Marina em Paris. Decidi acabar com aquela análise.

    - Que loucura. 

    - O quê? - Seus olhos ainda olhavam fixamente para o porta-retratos.

    - A troca das nossas filhas.

    - Pensei que você estivesse falando de você.

    Ela finalmente me olhou e pude ver a raiva que saltava através dos seus castanhos. Fitei aqueles olhos que fazem questão de me lembrar da minha culpa. Só com aquele olhar eu já percebi que fui mais cruel do que pensei e que transformei todo nosso amor em dor.

    - Você é louca? Ah não, desculpe, não quis fazer uma pergunta, e sim uma afirmação: Você é louca!

    Fiquei em silêncio, sabia que ela estava falando da minha fuga.

    Ela continuou:

    - Por quê, Laura? Por que roubar uma de nossas filhas daquele jeito? 

    - Você disse... você disse que eu nunca mais as veria! 

    - Por favor, não vamos começar com joguinhos. Realmente achou que isso foi uma justificativa a altura para que pudesse abandonar a mim, a Diana, seus pais, seus irmãos e abandonar até o seu amado trabalho? Vou perguntar de novo e quero uma boa resposta: com que direito você sumiu com a minha outra filha deixando apenas uma carta? 

    Ela esperou por um bom tempo e eu comecei a chorar. Não respondi.

    - Você além de bandida, é burra. Eu jamais te proibiria de ver as meninas naquela época. Nem se eu quisesse muito poderia. Existem leis e seu direito estaria garantido. Falamos tantas besteiras aquele dia e essa foi uma delas. 

    - Eu não queria a separação. Você era tudo para mim. 

    - Cala a boca! A nossa separação era inevitável. Seu trabalho era tudo para você ou já se esqueceu por que pedi a separação? 

    Balancei a cabeça em negação. Eu jamais esqueceria o que fiz.

    - Camila, por favor! Eu era tão imatura na época. Você não sabe o quanto me arrependo do que fiz. Se eu pudesse voltar atrás uma única vez na vida, eu teria encarado as coisas de outra maneira.

    Ela colocou o porta-retratos que ainda estava nas suas mãos em cima da mesa e procurou os meus olhos com os seus. Quando ela conseguiu que eu a olhasse disparou:

    - Eu achei que tivesse raiva de você, mas agora olhando bem para você, acho que sinto pena. Me parece que conquistou tudo. Olha só essa cobertura em um dos melhores bairros de São Paulo. Parabéns, com certeza é fruto do seu trabalho - Ela aplaudiu ironicamente. - Não estou julgando aqui o quanto você ganha, porém não posso deixar de notar que para quem saiu sem nada do Rio, chegar neste bairro, com esse apartamento e te conhecendo muito bem, imagino o quanto deve ter trabalhado. Dia e noite, posso apostar. Você não mudou nada, logo não pode estar tão arrependida.

    Eu sabia que aquela Camila indiferente e calma do primeiro momento estava estranha demais. Agora eu devo temê-la. Me apavorei com o rumo da conversa.

    - Você poderia ter escolhido voltar, mas escolheu me ferir de morte abandonando o nosso amor. Tem ideia de quantas noites amanheci sem dormir pensando se a Marina estava bem? Se ela estava com fome, frio, sede? Se um dia eu poderia abraçá-la? Você tem ideia do quanto EU sofri? Claro que você não tem ideia. Você estava brincando de gato e rato, achando certo o que fez. Você jogou fora as pessoas que te amavam como se fossemos seus brinquedinhos que enjoou de uma hora para outra, Laura! Não digo só de mim, falo dos seus pais e irmãos. Você deixou a Diana para trás. Você não tem coração? É tão egoísta que não pensou nem na Marina? Você não a deixou conviver com sua própria família. Somente você teve opção de escolha naquela noite e escolheu perder tudo. Só te restou uma filha que você arrancou na calada da noite.

    Minhas pernas desapareceram. Caí de joelhos perante as palavras dela. Camila é a representação de todo o meu poder de destruição. Quando fugi, pensei que tinha me destruído, mas agora percebo que destruí a todos. Mais culpa eu senti.

    - Camila... - não tentei continuar, eu não tinha palavras.

    - FALA LAURA! FALA ALGUMA COISA! SE DEFENDA! DIGA PORQUE VOCÊ FEZ TUDO ISSO. EXPLIQUE-SE! ANDA! FALA! ABRA A BOCA! OLHA SÓ PARA VOCÊ, NEM DE PENA VOCÊ É DIGNA. LEVANTA DESSE CHÃO E ME ENCARE COMO UMA MULHER DE VERDADE.

    Eu que já estava de joelhos, cai ainda mais. Senti vergonha. Deitei no chão e não olhei para ela. Estava doendo ouvir aquelas palavras sair da boca que um dia beijei com tanto amor.

    - Você não vai falar?

    Arranhei o chão em uma tentativa de buscar força e perguntei:

    - Me perdoa?

    - NÃO! NUNCA! JAMAIS!

    Não tive coragem de tentar olhar para ela. Apenas vi seu sapato e um pedaço da barra da sua calça.

    - Vamos acabar logo com isso, chega dessa conversa que não vai chegar a lugar nenhum. Eu só vim buscar a Diana. A Marina está no Rio, na minha casa, de onde ela nunca deveria ter saído e é lá que ela vai passar a morar. Não nos procure, agora sim eu tenho todos os motivos para nunca mais deixar você vê-las. Nunca mais você tocará em um fio de cabelo delas.

    Escutar que ela vai levar a Diana e que nunca mais eu veria nenhuma das meninas, me deu um gás e eu consegui ao menos ficar de joelhos novamente. Olhei para os seus olhos que agora estavam apertados de tanta raiva. Notei que ela não chorava.

    - Você não pode fazer isso, Camila.

    - Ah não? Tem certeza que não? 

    - Vou entrar na justiça - me desesperei e disse a primeira coisa que veio na cabeça.

    - Entra! Podemos chamar a polícia agora mesmo. Vamos ver que delegado ou juiz vai entregar uma das duas para você quando eu entrar com uma acusação de sequestro de menor. Testemunhas e provas não vão me faltar.

    - Você não faria isso. Eu também sou mãe delas.

    - Que mãe? Você é uma desequilibrada. Experimenta aparecer na minha casa para você ver se eu não faço uma acusação formal. Acabou, Laura. Acabou o jogo de esconde-esconde. Esquece que um dia nós nos conhecemos, esquece que um dia nós tivemos duas filhas. Eu quero que você morra afogada coma as suas próprias lágrimas.

    Ouvi seus passos saindo, minha cabeça estava abaixada. Quando a porta foi fechada, deitei-me novamente no chão. Me sinto humilhada. Não tenho forças para me reerguer, nem gritar. Apenas me permiti chorar.

    Eu não vou morrer afogada nas minhas lágrimas. Eu vou morrer dilacerada pela culpa.

 

 

Camila

 

    Eu estava em pedaços e precisava sair logo dali antes que a Laura se recuperasse.

    - Vamos, Di. 

    - Cadê a Laura? Eu ouvi gritos. Está tudo bem, mãe? 

    - Sim. Vamos, meu amor.

    - Mas e a Laura? Eu não vou me despedir dela? Ela está chorando, consigo ouvir seu choro.

    - Achei - peguei os documentos da minha filha em das gavetas. - A Laura vai ficar bem. Agora vamos.

    - Eu quero ver a Laura! Não podemos deixar ela chorando. O que está acontecendo?

    - Não está acontecendo nada e por favor me obedeça.

    Peguei a sua mão e segui arrastando-a para o elevador. Minha filha ficava a todo momento olhando para trás assustada, talvez esperando a Laura aparecer.

    Já dentro do elevador eu suspirei. Minha cabeça lateja de tanta dor.

    - Mãe...

    - Não fala nada. A mamãe quer ficar em silêncio.

    Ainda bem que a Diana é obediente. Passei pela portaria e o porteiro ainda sorriu para mim, não questionou nada. O taxista estava esperando como o combinado. Saiu do táxi e abriu a porta gentilmente para mim e para a Diana. 

    - Aeroporto de Congonhas - ordenei quando ele terminou de colocar o cinto de segurança.

    - Sim, senhora.

    A Diana me encara assustada. Ignorei. Olhei para o relógio e vi que ainda são 21:30.

 

 

Verônica

 

    Camila não deu notícias. Já estou ficando preocupada, o seu celular permanece desligado há horas.

    Marina parecia estar mais calma. Até jantou um pedaço de pizza, mas não se pronunciou sobre nada.

    O pesadelo de não saber o paradeiro da Marina está acabado. Eu quero que o mais depressa possível as coisas se ajeitem, mas no fundo sei que isso não vai acontecer tão fácil. Agora provavelmente começará uma briga pelas meninas. Sinceramente? Não terá uma vencedora entre minha irmã e sua ex. As únicas que podem ganhar alguma coisa ainda são Marina e Diana.

    Liguei um pouco a TV para tentar me distrair e me lembrei dos pais da Laura. Eles também têm o direito de saber o paradeiro da filha e da outra neta.

    Procurei o número deles na agenda e achei fácil. Disquei os números e esperei por três toques.

    - Alô - uma voz grossa disse do outro lado da linha.

    - Oi, senhor Carlos? 

    - Sim, é ele. 

    - Sou eu, Verônica. A irmã da Camila.

    - Sim, a querida tia Vero da Diana. 

    - Isso - sorri. 

    - Aconteceu alguma coisa? A Diana está bem?

    - Está tudo bem, não se preocupe.

    - Desculpe-me, é que sua voz está estranha.

    - Pois é... eu nem sei como te dizer... Bom, localizamos a Laura. 

    - Localizaram? 

    - Sim. 

    - Que notícia boa, eu nem acredito! E onde ela está? 

    - Em São Paulo. 

    - Tão perto? Você tem certeza? O detetive pode ter se enganado. Como conseguiram encontrá-las? 

    - Não foi o detetive. É uma longa história, mas vou tentar resumir. A Marina encontrou a gente e a Diana encontrou a Laura. Elas se conheceram no banheiro do aeroporto em São Paulo e acharam que seria divertido fazer uma investigação para saber o porquê são tão parecidas. Então a Marina descobriu tudo hoje e a Camila foi atrás da Laura.

    - Caramba, que história maluca. Então aquela que ficou com a gente na Sapucaí era a Marina? 

    - Exatamente.

    - Ela está tão grande e linda. E a Laura?

    - Bom, a Camila foi correndo para São Paulo e até agora não ligou.

    - Então se ela ligar com notícias avise-me.

    - Sim.

    - Escuta, Verônica, você tem o endereço da Laura? Estou louco para vê-la.

    - Eu imaginei que sim, por isso liguei. A única coisa que eu sei é que ela mora no bairro Vila Olímpia e o prédio leva o nome de "Assis Chateaubriand".

    - Muito obrigado, Verônica. Você não sabe o quanto essa notícia trouxe felicidade. Depois que acalmar os ânimos, porque deve estar tudo muito tumultuado, apareço por aí.

    - Não precisa agradecer, vocês sofreram esses anos todos com a gente. Boa noite, senhor Carlos.

    - Boa noite, Verônica. Mais uma vez não posso deixar de agradecer, muito obrigado.

    Desliguei o telefone e o coloquei no gancho. Tomara que eu tenha feito a coisa certa.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Pronto, o reencontro.

 

Aguardem que teremos mais emoção para os próximos capítulos. Neles vamos conhecer mais a fundo a Laura.


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Comentários para 16 - Capítulo 16 - No mercy:
rhina
rhina

Em: 06/03/2019

 

Laura não agiu certo 

Mas se invertesse os papéis. .....no calor do momento. ...com tudo que foi dito e como foi dito .....quais garantias de que a Camila não faria o mesmo que a Laura 

Então deixar agora a Laura sem a Marina. .....

Rhina

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mtereza
mtereza

Em: 30/07/2017

Sabe que apesar de tudo fiquei com pena da Laura

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 23/07/2017

Caraca. A Camila acabou com a Laura. Poxa. Sei q ela fez merda, mas foi de cortar o coração. E a Diana? Ficou perdidinha, porém a Marina não vai aceitar assim fácil se separar da Laura, afinal e a figura de mãe para ela e ela ama a Laura. Ansiosamente esperando o.proximo. bjs


Resposta do autor:

Imagine perder a força para se manter de pé? Realmente, Camila acabou com a Laura e a deixou no chão.

Marina já mostrou ter atitude, Camila terá problemas.

 

Beijos.

Responder

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Mille
Mille

Em: 23/07/2017

E o bicho pegou

Sabe que fiquei com pena da Laura, e as palavras da Camila vai fazer enchergar que fez uma grande merda movida pelo medo.

Laura conquistou o carinho da Diana, que até tentou se despedir da Laura mais a Camila não deixaria. 

Carlos e Andreia podem ajuda-las mais sem passar a mão na cabeça da filha.

Marina com certeza vai querer ir atrás da mãe acho que a Camila não poderia acusar a Laura, Marina adora a Laura.

Bjus e até o próximo


Resposta do autor:

Acho 'medo' uma palavra bem colocada para a Laura.

A coitada da Diana não entendeu foi nada, partiu meu coração ao escrever que ela ouvia o choro da Laura e não podia fazer nada.

Eles passaram a mão na cabeça da Laura sempre, será que dessa vez eles farão diferente?

Foi uma ameaça, temos que ver se a Camila tem coragem de cumprir.

 

Beijos, até.

Responder

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 23/07/2017

Até que foi tranquilo

Era o que eu esperava: Camila enlouquecida acusando Laura e Laura sem saber o que fazer

Acho que Camila não deveria ter feito desse jeito, mas enfim ela agora que aguente as consequências dos seus atos.

Acho, achismo de leitora kkkk, que as meninas vão fugir e ir atrás da Laura. Marina tem Laura como sua Mulher Maravilha, sua heroína e Diana nesse tempo que passou com Laura parece que passou a ter algum carinho por ela.

Espero que os pais de Laura não passem a mão na cabeça da filha. Eles precisam ser duros e também tentar acalmar Camila

O Bicho vai pegar

Agora será só emoção. Ai meu core kkkk

Abraços fraternos procê!


Resposta do autor:

Laura não podia enfrentar a Camila sabendo que errou, não é? Por isso preferir essa falta de ação dela, o choque, a surpresa. Ela foi pega desprevinida, ficou acuada e a Camila não poupou o seus ouvidos.

Já te disse, você é muito criativa haha. Será? Hum...

Os pais da Laura fizeram isso a vida inteira, talvez ela precise mesmo.

Prepare-se haha.

 

Abs para você também.

Responder

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SalesN
SalesN

Em: 23/07/2017

huuuurrruuullll arrasa Camila! 

Laura e o seu vitimismo...bem feito devia ter levado umas bifas,nunca se afasta um filho de uma mãe agiu de forma inconsequente que agora vai sofrer um pouco....

quero ver quando patricia aparecer o que vai achar da historia dela com camila obvio que vai rolar aquele ciumes mas o que ela vai pensar da covardia,maldade da laura...se bem que mulher apaixonada não pensa direito(o que talvez não seja o caso da pati já que ela mostrou ter um amor proprio bem forte...)

tia vero fazendo o que é melhor pra todos...

marina num vai reagir muito bem quando descobrir que não vai voltar pra casa dela....

ansiosa por mais como sempre!

bom restinho de domingo autora! 


Resposta do autor:

Uma bifa seria uma boa, mas algumas palavras doem mais.

Bem lembrado da Patrícia, no próximo capítulo teremos a sua reação. E a da Marina também.

 

Beijos.

Responder

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Bia08
Bia08

Em: 23/07/2017

Que show esse reencontro, a Camila me surpreendeu e eu adorei. 

Eu acho que só agora a Laura pode ter a real dimensão do mal que ela causou a todos. 

Adorando cada vez mais.  Bjs 


Resposta do autor:

Concordo contigo! Agora é esperar para ver o que Laura vai fazer depois de ter percebido os danos.

 

Obrigada, beijos.

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