Capítulo 56 Talvez...
CAPÍTULO 56: Talvez...
No terceiro dia após todo o ocorrido entre Pauline, John e Rebecca o jovem fisioterapeuta aguardava sua paciente.
Assim que Rebecca chegou a clinica foi recebida por um buquê de flores que vinha do rapaz.
-- Bom dia Rebecca, são pra você – entregou-lhe as flores a pegando de surpresa.
-- Oh, são lindas...
-- Passei esses dias todos pensando em você e em como eu fui um idiota, gostaria que me perdoasse do fundo do meu coração.
-- Muito obrigada John, não era necessário...
-- Tudo pra te ver feliz é necessário – aproximou-se pousando um beijo no rosto poucos centímetros de sua boca.
E antes que Rebecca pudesse dizer alguma coisa a recepcionista entrou pedindo licença.
-- Senhorita Rebecca eu acabei de ligar para a doutora Pauline como me pediu e uma moça atendeu informando que ela não poderia vir.
-- Como disse? Quem atendeu?
-- Não me informou o nome senhorita, só disse que Pauline estava doente e não poderia comparecer.
-- Ligue novamente e passe pra mim!
-- Sim senhora, com licença – se retirou rapidamente e temerosa.
John observou a postura de Rebecca irritada e pensava se aquilo seria realmente possível.
-- Escuta Rebecca, não precisamos dela...
-- Precisamos.
-- Não tem a necessidade, ela nem ao menos é fisioterapeuta, eu sou e...
-- Eu disse que precisamos dela, então precisamos John.
-- Rebecca...
-- Cale-se John, iremos apenas começar quando Pauline aparecer e se você não quiser esperar vá embora, eu contrato outro fisioterapeuta! – informou decidida deixando John com a cara emburrada.
-- Como quiser Rebecca, eu espero a vossa majestade chegar – respondeu irônico.
Antes que Rebecca pudesse pensar em responder não gostando do tom do rapaz a recepcionista entrou novamente.
-- Senhorita a moça que atendeu se chama Evellyn, ela esta na linha, mas já informou que Pauline não irá comparecer.
-- Como não? Me passe a ligação, quero falar com ela!
-- Me siga por favor – pediu saindo apressada.
O olhar de Rebecca assustava mais do que a do próprio chefe.
Assim que a senhorita San’Germany a alcançou, passou o telefone para a mesma.
-- Quero falar com Pauline! – despejou assim que pegou o aparelho.
-- Olha eu já informei a primeira moça que Pauline não comparecerá.
-- Você sabe com quem esta falando?
-- Não, mas provavelmente é com alguém que esqueceu a educação em casa.
-- Olha sua... – se brecou a falar quando observou que muitas pessoas a olhavam – Quem é você?
-- Sou Evellyn e você quem seria?
-- Rebecca San’Germany e exijo falar com Pauline agora!
-- Olha Rebecca sinto muito se não entendeu, mas ela não vai comparecer ai e tão pouco falar contigo pois esta sem condições.
-- Que se dane as condições que ela se encontra, ela vai vir pra cá nem que eu tenha que mandar um exercito buscá-la! – informou não contendo sua irritação e ameaçando como todo San’Germany fazia quando queria algo.
Porem a ameaça não fez efeito apenas foi ouvido um riso do outro lado da linha.
-- Mande quem você quiser, Pauline não se encontra bem e não irá comparecer e quem quer que venha buscá-la só ira levá-la por cima do meu cadáver, então passar bem!
Rebecca ia abrir a boca novamente para proferir sua grosseria costumeira quando percebeu que o telefone tinha sido desligado.
Como ousará?
Largou o telefone praticamente o jogando com força na mesa da recepção, assustando a funcionaria.
Virou-se e andou apressada da forma que pode.
Entrou na sala onde o fisioterapeuta estava e buscou sua bolsa que lá tinha ficado.
-- Se quiser espere, caso não queira já sabe – informou dando-lhe as costas.
Chamou praticamente gritando por Josias e lhe deu a ordem de seguir rapidamente para o endereço de Pauline.
Em menos de 30 minutos estavam na frente do velho edifício onde a medica residia.
Rebecca pediu a ajuda de Josias para chegar até o apartamento de Pauline, já que o motorista esteve ali dias atrás.
Passaram pelo porteiro do pequeno prédio e o mesmo pensou em indagar, mas o motorista fez apenas um gesto para que ele deixasse.
Em instantes chegaram até a porta de Pauline, sem esperar Rebecca bateu forte e impaciente.
-- Já vai! – uma voz se fez ouvir e mesmo assim Rebecca voltou a bater forte e impaciente – Eu disse já vai, que pressa, eu to indo!
A porta foi aberta e Rebecca deu de cara com uma moça muito bonita, cabelos bem tratados assim como sua pele.
Analisou-a de cima a baixo se detendo nos mínimos detalhes.
-- Desejo falar com Pauline – Rebecca solicitou com a voz dura assim como sua face.
-- Olha, eu já tinha avisado pelo telefone que não seria possível a ida de Pauline, sinceramente não entendo sua perca de tempo vindo até aqui...
-- Me de licença – pediu passando sem nem ao menos ser convidada – onde esta Pauline?!
-- Meu Deus – revirou os olhos com o comportamento da herdeira San’Germany – Está no quarto, vou avisá-la que esta aqui.
-- Não precisa, vou até lá – saiu andando para onde pensou ser o quarto e antes de entrar ouviu a moça que lhe atendeu dizer.
-- Não faça barulho, ela está dormindo – Evellyn seguiu em seu encalço.
Adentrou o quarto de forma furiosa abrindo a porta com força desnecessária e encontrou Pauline deitada.
-- Ah pelo jeito a farra foi boa! – disse alto quando se deparou com a medica dormindo – PAULINE ACORDA! – gritou sem se importar.
-- O que pensa que esta fazendo?! – Evellyn se irritou e tocou no braço de Rebecca – Ela esta dormindo e doente, você ta maluca?!
-- Quem você pensa que é pra me tocar ou pensar em falar assim comigo? Sua... – foram interrompidas por uma voz rouca.
-- O que isso? – Pauline despertou com toda aquela barulheira e assim que se situou do que acontecia perguntou confusa.
-- É essa louca que não respeita a casa dos outros! – Evellyn exclamou furiosa com o comportamento da outra.
-- Olha...! – Rebecca ia começar a dizer e foi interrompida por Pauline novamente.
-- Parem, Evellyn me traz um pouco de água por favor, deixa eu conversar com Rebecca.
Evellyn olhou para sua amiga e depois para a outra e se retirou contrariada.
-- Qualquer coisa chame – apenas disse antes de sumir porta a fora.
Pauline observou a outra que estava com expressão irritada, e suspirou já sabendo que viria estresse.
-- Pode falar Rebecca.
-- Pode falar? – indagou ríspida dando um passo a frente, erguendo uma sobrancelha e cruzando os braços na frente dos seios.
-- Acredito que não veio aqui apenas para me olhar – respondeu baixo deixando seu corpo se aconchegar mais a sua cama e ao edredom que lhe cobria.
-- Vim por sua irresponsabilidade de não comparecer a minha sessão de fisioterapia!
-- Rebecca não é necessário minha presença.
-- Eu vim te buscar Pauline – falou seria, fazendo a outra soltar outro suspiro.
A verdade é que Pauline odiava aquele jeito mandão de Rebecca como se ela pudesse ter tudo o que quisesse, inclusive pessoas.
-- Ela não vai – Evellyn entrou trazendo a água que Pauline tinha pedido.
-- Quem você pensa que é para dizer que ela vai ou não? – Rebecca perguntou se irritando mais.
-- Quem eu sou não lhe interessa, mas me chamo Evellyn como você já sabe e eu vou tornar a repetir – falou parando de frente para Rebecca e disse pausadamente – Ela não vai.
-- Ela vai!
-- Ela ta doente, e não vai! – exclamou um pouco mais alto.
-- Ressaca agora é sinônimo de doença – debochou mesmo que estivesse sem a mínima paciência.
-- Do que esta falando, está louca? – Evellyn perguntou indignada e deu-lhe as costas indo até a cômoda e pegando o termômetro para em seguida ir até Pauline e colocá-lo debaixo de seu braço.
-- Olha, você tem 15 minutos para se aprontar, caso não queira ir assim como está Pauline, John está nos aguardando.
Pauline pensou em retrucar, mas sentia sua cabeça dolorida e a boca amarga, apenas bebeu sua água e esperou Evellyn responde-la, pois sabia que ela o faria.
-- Acho que ta na hora de você sair do seu país das maravilhas e perceber que ela não vai, quer que eu desenhe?!
-- Olha...! – ia dizendo quando o termômetro apitou.
-- Gente para – Pauline apenas pediu antes que a outra proferisse uma ofensa e as duas começassem uma guerra.
-- Deixa eu ver isso – Evellyn pediu se aproximando.
Retirou o termômetro e fez uma careta quando o olhou.
-- Trinta e oito e meio Pauline, vamos ao hospital – disse esticando o pequeno objeto para Rebecca o soltando em sua mão e indo até o guarda roupa da medica pegar uma peça de roupa para ela – Você vai tomar um banho para tentar abaixar essa febre e vamos ao hospital.
-- Não precisa Evellyn...
Rebecca observou o termômetro e realmente o aparelho marcava 38,5.
-- Precisa sim Pauline, você esta com febre desde ontem e ao invés de estar abaixando, aumentou, então vamos, levanta – puxou o edredom que a cobria e viu ela se encolher.
-- Eu estou com frio!
-- Pauline vamos logo, parece criança! – virou-se para Rebecca enquanto aguardava a outra se levantar – E como você esta vendo, ela não vai a lugar nenhum a não ser o hospital.
-- Meu motorista irá levá-las.
-- Não é necessário – Evellyn disse orgulhosa, pois não tinha gostado da forma da outra.
-- Faço questão.
-- Não precisa Rebecca – Pauline falou se levantando e sentindo seu corpo todo dolorido provavelmente pela febre.
-- Precisa, não vamos discutir sobre isso.
Pauline bufou negando com a cabeça e indo para o banheiro.
-- O banho é gelado! – Evellyn gritou e ouviu um xingamento que a fez rir.
Instantes depois estavam as três no mesmo carro indo em direção ao hospital.
Evellyn tinha Pauline recostada em si e acarinhava seu cabelo, o corpo dela estava realmente quente e ela transpirava.
Já Rebecca estava no banco da frente e observava as duas pelo o espelho que havia no seu quebra sol.
Assim que chegaram a medica foi com a amiga para ser atendida e Rebecca ficou aguardando com Josias.
Demorou mais do que o esperado, e no fim Pauline saiu praticamente mancando, repuxando sua perna e resmungando sobre a injeção que lhe deram.
Se surpreendeu quando encontrou Rebecca ali acompanhada de seu motorista.
-- Como você esta? – Rebecca perguntou se aproximando.
-- Estou bem, tirando a injeção que aquela açougueira aplicou. – choramingou fazendo Evellyn e Rebecca rirem junto de Josias que deu um discreto riso – Vocês riem porque não é com vocês!
-- Uma mulher desse tamanho choramingando por causa de uma injeçãozinha – Evellyn debochou e teve uma língua mostrada para si.
-- Estávamos esperando – Rebecca falou esticando seu corpo na intenção de arrumar sua postura e fez uma careta de incomodo.
-- Não precisava ter esperado, está com dor? – Pauline perguntou fazendo uma analise na postura da outra.
-- Só um incomodo.
-- Deveria ter feito a sua sessão hoje, não pode abusar Rebecca.
-- John ainda deve esta esperando.
-- Esse tempo todo? – perguntou erguendo as sobrancelhas.
-- É, digamos que eu exigi que esperasse ou eu procuraria outro fisioterapeuta – soltou em um pequeno sorriso fazendo a outra rir também.
-- Quer saber, já que eu sai do conforto da minha cama e estou aqui com minha bunda doendo e que provavelmente vai estar sangrando porque aquela mulher tinha a mão mais pesada do que a da minha avó, eu vou ir com você para sua sessão.
-- De jeito nenhum! – Evellyn se intrometeu – Você vai pra casa descansar!
-- Evellyn meu amor, não fique brava, me espere em casa será rápido, eu vou e já volto – piscou-lhe fazendo-a revirar os olhos contrariada.
-- Não precisa ir Pauline – Rebecca endureceu sua voz deixando as outras sem entender.
-- Até pouco tempo atrás você não queria saber se estava doente ou não e exigia minha presença, então aqui estou, vamos!
-- Você é teimosa – Evellyn disse balançando a cabeça – Eu vou pegar um taxi e te espero em casa, qualquer coisinha me liga, esta bem?
-- Está bem meu anjo – respondeu-lhe dando um beijo em sua bochecha.
Rebecca saiu contrariada com Pauline em seu encalço.
-- Rebecca devagar, minha bunda ta doendo sabia? A minha perna ta repuxando e eu não consigo andar rápido!
-- Quem vê pensa que é você quem estava em uma cadeira de rodas até pouco tempo atrás – respondeu acida, e a outra percebeu.
-- Cara, sem duvidas você é bipolar! – resmungou continuando a andar até entrar no veiculo.
Sentaram lado a lado porem nenhuma ousava a tirar os olhos da janela do carro que já estava em movimento.
... ... ... ... ...
O vôo de volta para o Brasil foi extremamente cansativo para os Lancaster.
Foram todos em silencio.
O clima de longe estava tão pesado que era como se pudesse sufocá-los.
Cecília estava triste, mas sabia que deveria respeitar a decisão de sua neta. E além de triste estava decepcionada com a forma que seu filho andava conduzindo os sentimentos.
Sentimentos aqueles que ele não sabia lidar.
E realmente Olávo se sentia perdido e arrasado.
Era tudo muito novo para si e estava sentindo que cada vez que tentava fazer algo certo, dava um passo errado e voltava à estaca zero com sua filha.
Regina não se sentia muito diferente.
Estava confusa com tudo o que estava acontecendo e como tinha que agir com toda aquela situação.
Sentiu-se entristecida por Júlia, o que viu no olhar da jovem garota atingiu-lhe o coração, principalmente quando falou de sua filha com tanta magoa.
O que mais lhe afligia era sua menina.
Se Júlia estava daquela forma, como será que encontraria Amanda? Ela foi embora sem nem mesmo lhe avisar.
Aquilo não fazia parte do perfil de sua filha.
... ... ... ... ...
Após a longa viagem aterrissaram em território brasileiro e seguiram ainda em silencio para a mansão Lancaster.
Encontraram os empregados que como sempre os aguardavam para desejar boas vindas.
Cumprimentaram a todos e Cecília pediu para que lhe trouxessem água, o que foi feito rapidamente então tomou sentando-se na sala e viu seu filho fazer o mesmo. Ele parecia desolado.
-- Onde está Amanda? – Regina perguntou para a cozinheira que já estava se retirando.
-- A menina Amanda está no quarto – informou Amélia – Não sai desde que chegou, levei a comida dela mais cedo, mas mal tocou, senhora Regina, ela está com uma carinha tão abatida que eu estou preocupada.
-- Muito obrigada Amélia, eu vou ir vê-la – agradeceu se dirigindo apressada para as escadas.
Subiu apressada e bateu duas vezes na porta sem ter resposta, virou a maçaneta e a porta se abriu, então entrou.
Deparou-se com a ruiva mais nova deitada na cama sem nenhuma reação.
Ela olhava para um ponto fixo qualquer no quarto.
-- Filha – chamou com o peito apertado, se aproximou da cama apressada.
Viu Amanda enfim esboçar uma reação dirigindo-lhe o olhar.
-- Ô meu amor – aproximou-se mais sentando na beira da cama e passando a mão em seus cabelos.
-- Oi – Amanda se esforçou a dizer, pois estava sem a mínima vontade.
-- Quando você voltou? Por que não avisou?
-- Queria ficar sozinha, eu quero ficar – disse baixo desviando seu olhar para o ponto qualquer que olhava antes.
-- Amanda nós precisamos conversa...
-- Outra hora, por favor.
-- Amélia disse que não saiu do quarto desde que chegou e mal se alimentou, filha não faça isso...
-- Eu quero ficar sozinha mãe, respeita isso, por favor, eu... – engoliu o embargo que sua voz criou respirando fundo – Eu só quero ficar sozinha, depois conversamos, sei que é preciso.
Regina observou percebendo que algo ia mal, tinha certeza e sabia que provavelmente aquilo iria piorar.
Tinha que pensar logo, pois não poderia deixar que aquilo chegasse a um ponto pior.
-- Esta bem, depois conversamos – respondeu beijando-lhe os cabelos acobreados de sua filha, para logo depois se retirar.
Desceu as escadas forçando sua cabeça pensar no que podia fazer, estava em uma situação complicada.
De um lado sua filha e de outro seu esposo e seu nome, tinha também seus pais, não podia esquecer-se disso.
Se eles soubessem seria tão ruim.
Já imaginava as coisas ofensivas que eles diriam, e não se preocupava consigo, a preocupação era com Amanda, ela sempre fora sensível aos avôs, e a forma nada delicada que tinha certeza que agiriam com ela poderia machucá-la ainda mais.
-- Regina – a voz de Cecília chamou sua atenção fazendo-a perceber que já estava junto deles.
-- Sim?
-- Como Amanda está?
-- Está deitada, não quis conversar, pediu para que a deixasse um pouco sozinha.
-- Então vocês não resolveram nada? – Olávo perguntou falando pela primeira vez desde que chegou.
-- Como? – Regina perguntou sem entender o que o esposo quis dizer.
-- Você deveria ter conversado com ela, para saber como toda essa... coisa, vai ficar Regina!
Ouvir aquilo e naquele tom começou a fazer crescer algo dentro de si e sabia bem o que era: Raiva.
-- Escuta Olávo, Amanda quer um tempo, então ela vai ter esse tempo, entendeu? – falou expondo sua irritação.
-- Regina você...
-- Não tem Regina! Você vai respeitar o tempo da minha filha, e eu estou falando serio Olávo, não ouse deixar essa situação pior do que esta! – exclamou não se importando com seu tom e surpreendendo-o.
Olávo olhou por alguns instantes sem reação, pois a reação de sua esposa era completamente estranho, ela que sempre manteve seu tom e fora tão calma, agora se impunha de forma tão direta e voraz que o paralisou por segundos.
-- Regina tem razão – Cecília se pronunciou antes que seu filho falasse mais alguma besteira – Deixe Amanda respirar, assim como Júlia também, caso não queira perder suas duas filhas Olávo.
O homem loiro levou uma mão aos seus cabelos de forma contrariada.
Realmente não sabia como agir nessas situações, era tudo muito novo e sabia que até mesmo maturidade faltava em si para encarar tudo aquilo.
Mas deveria ser do jeito que ele achava certo, não?
-- Esta bem, não vou forçar nada – falou áspero levantando-se e deixando ali as duas mulheres.
... ... ... ... ...
Pauline acompanhou Rebecca na sessão e viu a cara desgostosa de John.
Era no mínimo cômico o jeito ameaçado que o outro sentia por tê-la por perto, mas o que poderia fazer se Rebecca exigia sempre sua presença?
Sabia bem quais eram as intenções do rapaz para com a senhorita San’Germany, era por isso que tinha toda essa hostilidade consigo, e aquilo poderia até lhe incomodar, mas não sentia-se assim por isso, o que incomodava mesmo era a falta de profissionalismo que ele apresentava.
Ao final da sessão quando já ia se retirando junto de Rebecca, já que a mesma fez questão de deixá-la em casa, foram abordadas por John que se direcionou a Rebecca.
-- Esqueceu suas flores – entregou-lhe o buquê onde continha rosas vermelhas.
Muito objetivo constatou Pauline encarando aquilo.
Seu semblante fechou de tal forma que não dava para saber se era por aquilo, ou pelo simples fato do rapaz estar tão próximo, ou até mesmo por seu mal estar que ainda se fazia presente.
-- Ah sim, muito obrigada novamente pelas rosas John – respondeu Rebecca de forma polida.
E ainda assim o rapaz ousou mais, dando mais um passo em sua direção ficando a centímetros dela.
-- Então Rebecca... – pigarreou para prosseguir e olhou dentro dos olhos da garota – Eu queria saber se você gostaria de jantar comigo qualquer dia desses.
Pauline ergueu as sobrancelhas com a tamanha ousadia do rapaz.
Era muito descaramento e aquilo junto da possibilidade de Rebecca aceitar revirou alguma coisa dentro de si.
Antes que Rebecca respondesse o celular de Pauline tocou.
-- Alô, oi meu bem, sim já estou indo... não... eu estou legal, pode ir, não se preocupe.
John observou a atenção da San’Germany na conversa da outra e aguardou que sua atenção fosse voltada para si novamente.
Era tudo ou nada.
-- Então Rebecca – chamou-lhe a atenção novamente assim que viu Pauline desligar – Aceita um jantar?
-- Claro John – respondeu seria.
Seu humor tinha mudado apenas por relembrar da outra mulher com quem a medica falava ao telefone. Mulherzinha petulante aquela.
Pauline suspirou e começou a andar atraindo a atenção dos outros dois.
-- Eu vou indo John – despediu-se Rebecca para se apressar em acompanhar Pauline.
-- Tudo bem, eu te ligo para marcarmos – Respondeu alto para que ela ouvisse.
Apressou seus passos e alcançou a outra sem esforço, pois ela ainda puxava a perna que reclamava ter travado pela injeção.
-- Pauline? Espera! – pediu se aproximando mais – Que pressa!
-- Eu não estou me sentindo bem Rebecca, se quiser ficar marcando seu encontro fique a vontade, eu vou de taxi
-- Ei, que grosseria, eu disse que vou te levar, então eu vou.
-- Não tem a necessidade, posso pegar um taxi.
-- Pare de besteira Pauline, entra no carro – indicou o veiculo que estava pouco a frente.
A medica suspirou forte e contrariada entrou no carro, junto de Rebecca.
Recostou-se com cuidado pois realmente onde tinha tomado a injeção doía.
Josias perguntou se podiam aguardar apenas um instante para que ele pudesse ir ao banheiro, tinha comido algo que não lhe fizera bem, também pudera, estava desde manhã na rua com Rebecca e agora já estava quase anoitecendo.
-- Fica tranqüilo Josias, pode ir – Pauline quem respondeu antes que Rebecca dissesse alguma coisa, não estava afim de ver a forma rude que a garota tratava seus empregados.
-- Com licença – Josias pediu sem nem ao menos esperar que Rebecca falasse algo.
Assim que o motorista se retirou quase correndo, Rebecca encarou Pauline com uma sobrancelha levantada.
-- Quem deu permissão para dispensar meus funcionários?
-- Por favor né Rebecca, o cara ta passando mal.
-- Ainda assim, quem lhe deu esta liberdade?
-- Ninguém, desculpe ok? – ergueu as mãos em rendição rapidamente e se preparou para deixar o carro pondo a mão na maçaneta.
-- E onde você pensa que vai?
-- Vou pegar um taxi e ir embora.
-- Não, você não vai – falou pegando seu braço que estava na maçaneta – Você dispensou o meu motorista, então agora vai aguardar aqui comigo.
-- Meu Deus – reclamou baixo.
-- Eu to ouvindo – riu da expressão emburrada, e logo ficou seria – Como está se sentindo?
-- Eu... não sei – juntou as sobrancelhas estranhando aquela pergunta, aquilo seria uma preocupação? – A injeção era pra ter melhorado, mas parece que não fez efeito, ou talvez o efeito tenha passado, não sei.
-- Sente dor?
-- Dor não, mas é como se minha cabeça estivesse pesada, e meu corpo esta extremamente cansado, aah e minha bunda dói! – reclamou de novo emburrada pela lembrança da injeção fazendo Rebecca rir novamente.
-- Parece até um bebê chorão, vem cá – riu e se aproximou-se mais, tocando-lhe a face para checar sua temperatura – Você ta meio quente, acho que sua febre pode ta voltando.
-- Acho que não – sua voz saiu baixa.
Aquela aproximação era tão perturbadora.
Recordou-se dos momentos no hospital, quando ficava ao seu lado a observando e conversando consigo sem sequer a conhecê-la de verdade, e sem que ela pudesse lhe ouvir.
A verdade era que algo a chamava a atenção, não só a beleza, mas algo que não podia explicar, era como um imã, uma sensação diferente que não sabia explicar aquele prazer ou necessidade de estar naquelas poucas horas que tinha vago naquele hospital.
Talvez era por saber que Rebecca estava a maior parte do tempo sozinha, sem que a família fosse lhe visitar, não sabia, queria procurar uma justificativa de ter se apegado tanto aquela paciente enquanto ela permanecia desacordada, mas sabia bem que por mais que tentasse justificar aquilo, não tinha como.
-- Pauline? – Rebecca chamava sua atenção pela segunda vez e aproximou-se mais tocou-lhe novamente o rosto – Ei, Pauline, está me ouvindo?
-- S-sim – gaguejou ainda com a voz baixa e desviando os olhos dos de Rebecca que estavam tão penetrantes.
-- Eu acho que você não esta bem – Rebecca respondeu a encarando e por um momento enxergando todas as cores de seus olhos, viu o olhar sendo desviado e parando na direção que ficavam seus lábios, a fazendo engolir em seco – Nada bem... – pronunciou baixo.
-- Eu... é – Pauline gaguejou novamente quando seu olhar parou nos lábios da outra, então percebeu que não sabia o que era pior.
Olhar nos olhos penetrantes de Rebecca, com aquele olhar tão... tão sexy, ou para sua boca que era sexy na mesma proporção.
Tudo naquela garota inspirava sensualidade.
Estava perdida!
Ou ficando louca de vez.
-- Desculpe a demora – uma voz se fez presente batendo a porta do carro.
Ambas se assustaram com a entrada de Josias fazendo-as se afastar.
Seguiram em silencio até o apartamento da doutora.
Quando ela ia saindo Rebecca fez questão de acompanhá-la, deixando-a na porta.
-- Bom, já esta entregue e sua... amiga deve estar lhe esperando.
-- Na verdade Evellyn já foi, teve que resolver algum problema que eu não entendi bem.
-- Te deixou sozinha? – Rebecca perguntou levantando as sobrancelhas.
--Eu estou com você – sorriu querendo brincar – Não me deixou sozinha, me deixou contigo e agora você vai me deixar sozinha.
Rebecca mordeu os lábios observando-a.
-- Não vou – disse por fim fazendo agora Pauline erguer as sobrancelhas sem entender.
-- Não vai?
-- É, eu não vou te deixar sozinha.
-- Como assim?
-- Nossa você está lenta, precisa que eu desenhe que vou ficar contigo? Pelo menos até a sua amiga voltar.
-- É... não precisa Rebecca, eu...
-- Não perguntei se precisa, eu avisei que vou ficar, primeiro que você não esta bem e eu acho que sua febre esta voltando, e segundo que realmente sua amiga não te deixou sozinha, te deixou comigo então eu vou ficar.
-- Rebecca...
-- Sem mais Pauline, agora abre logo essa porta antes que minhas pernas e costas reclame de tanto tempo em pé.
Pauline balançou a cabeça de modo negativo e virou-se para a porta abrindo-a.
-- Rebecca seu motorista esta lhe aguardando – tentou novamente fazer a garota desistir da idéia de lhe acompanhar.
-- Ele pode esperar.
-- Esperar quanto tempo? – perguntou afinando a voz não acreditando.
-- O tempo que precisar, o dia todo se for preciso.
-- Pelo amor de Deus Rebecca, o cara esta passando mal, uma hora dessas deve estar louco para ir ao banheiro novamente, isso é totalmente cruel com ele.
-- Você dramatiza demais as coisas Pauline...
-- Não, é você quem comete tamanha maldade!
-- Olha...
-- Se vai ficar aqui pelo menos dispense o homem Rebecca, se ponha um pouco no lugar dos outros – falou a interrompendo e vendo-a revirar os olhos.
-- Esta bem, se te faz se sentir melhor eu vou dispensá-lo.
Observou ela pegar seu celular e trocar algumas palavras com o motorista dispensando-o.
-- Pronto, satisfeita?
-- Eu não vou nem te responder – ignorou seguindo para o quarto falando alto – Não fez mais do que sua obrigação.
Rebecca sorriu de canto não acreditando naquele jeito de Pauline.
Até gostava.
Seguiu em seu encalço entrando em seu quarto e vendo a medica erguer as sobrancelhas para si.
-- O que? – perguntou pela expressão da outra e pegou o termômetro onde tinha deixado antes de levá-la ao hospital – Tenho que medir sua temperatura.
-- Rebecca, não precisa disso.
-- Pauline deixa eu te ajudar esta bem? – aproximou-se erguendo a camisa da outra e tocando-lhe delicadamente a pele e vendo seu corpo retesar.
-- Deixa eu que faço – pediu tentando afastar-lhe as mãos e pegar o termômetro.
-- Não, eu faço – impediu que pegasse e posicionou o objeto.
-- Obrigada – respondeu baixo engolindo em seco.
Nem tinha percebido que prendia a respiração, mas Rebecca analisava todas reações de seu corpo e achou bem interessante.
Talvez Bryan estivesse realmente certo, Pauline gostava de mulheres.
... ... ... ... ...
Fim do capítulo
Meninas eu li todas vocês nos comentarios, e eu prometo que vou responder todas, só não consegui no momento.
Então continue deixando as opiniões de vcs que eu logo responderei, serio eu li todas...
E vamos ver se esse cap tem reações de vcs, talvez saia mais um hoje um pouco mais tarde, que tal? ...
Me surpreendão haha beijão, um bom domingo!
Comentar este capítulo:
Karen
Em: 24/07/2017
Oi, bom dia!
Que grande "furada da Amanda"...? Vai sofrer até se resolver, affz!
Ainda acho q pessoa q mais "se ferra" é Júlia coitada, tô aguardando, heim menina, ela ter td de bom q merece!
Tô "louca pra ver "a crista da Rebeca baixar", q família do "topete alto". Só mesmo o coração "pra dar uma freada nesse povo", rsrs!
Amando e curtindo muiiito seu romance! L I I I N D O O!!!
BJS e BOA SEMANA pra vc!!!
Resposta do autor:
Amanda foi criada por Olávo, logo acaba agindo por igual ao "pai" os dois tem quase o mesmo genio... vamos ver quando eles vão abrir os olhos.
ae a Julia é a grande sofredora mesmo não é? se tivesse um premio de maior sofredor de personagens acredito que ela seria uma das indicadas kkkk
Vamos ver o que acontece com a Becca haha sera que a crista dela quebra mesmo?
Mille
Em: 23/07/2017
Oi Bia
Será que a Regina depois de ver o sofrimento da filha irá apoia-la?? Amanda será covarde e irá se esconder??? Parece que a família materna da mãe é preconceituosa??
Vixe fiz várias perguntas e não terei as respostas ainda.
Rebecca e Pauline se fazendo ciúmes, no final quem sai perdendo é a Rebeca pois o John ter o perfil de ser interesseiro e não esconde, a Rebeca da corda só para provocar a médica.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Algumas mães não suportam ver o sofrimento dos filhos
E existe pessoas que tem que querer ser ajudados, o que nao parece ser o caso da nossa Amandinha
E tem também seus avós maternos que são uma pedra enorme no caminho.
E o John é tudo isso e muito maiiiis aguardem haha
[Faça o login para poder comentar]
preguicella
Em: 23/07/2017
Opaaaaa, mais um, mais um!
To doida pra ver Rebecca e Pauline se pegando logo! hahaha
bjão
Resposta do autor:
Preguicella meu bem, quanto tempo! Desculpe a demora para responder *-*
E vai ter um pouquinho delas nos proximos capítulos haha
Bjs ve se volta mulher *--*
[Faça o login para poder comentar]
JeeOli
Em: 23/07/2017
Amanda tá sofrendo e a mãe tá se compadecendo, tá na hora do Olavo perceber que tá fazendo mal para as filhas.
Rebeca e Pauline ainda vão se definhar mt
Resposta do autor:
Talvez os Lancaster precisem de um choque de realidade, quem sabe assim eles não acordam?
E logo mais vamos ver um pouquinho mais de Rebecca e Pauline haha
[Faça o login para poder comentar]
Ana Luisa
Em: 23/07/2017
Sério que pode ter outro cap hj? Ai, nossa autora está tão maravilhosa. Primeiro reconciliação Manu e Rachel, cap hj e pode ter outro. Tenho medo as vezes, kkkk
Resposta do autor:
Viu como as vezes eu sou um amorzinho? haha kkkk
Da ate medo tanta bondade ne? kkk
Só uma coisa a dizer: PREPAREM-SE HAHAHAHAHA (aquela risada má basica haha)
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]