CAPÍTULO 57: Retorno.

 

 

 

 

Alguns dias se passaram desde a ida dos Lancaster.

Júlia inesperadamente estava se dando bem com Rachel, algo que ambas estranharam.

Manuela e Rachel agiam de tal forma que era visível para qualquer um que existia um carinho muito forte entre elas.

Já Pauline e Rebecca estavam na mesma.

Na vez que Rebecca ficou para cuidar da medica era como se tivessem dado uma trégua que logo acabou com a chegada de Evellyn próximo da uma da manhã.

Era obvio para Rebecca a intimidade que as duas tinha só do fato de Eve ter as chaves do apartamento de Pauline, pois ela entrou sem nem ao menos bater e as pegou vendo um filme no sofá da sala.

Se limitou a dizer que Pauline ainda não se encontrava cem por cento bem, e que aguardava sua chegada, tendo a outra agradecendo e então se retirou. Nem ao menos pensou em ligar para Josias, pegou um taxi e seguiu o mais rápido possível para a mansão San’Germany. Estava incomodada.

 

 

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Já nos Lancaster as coisas não mudaram muito.

Olávo voltou a focar sua atenção nos negócios, onde ainda tinha o apoio de Sophia o ajudando.

Regina também cuidou de seus afazeres junto de Cecília. Ambas estavam deveras preocupadas com Amanda que não dava as caras e pouco saia do quarto e quando o fazia mal falava.

Trombou com Sophia poucas vezes e nem ligou, ficava praticamente todo o tempo na cama.

 

Olávo já tinha percebido a mesma coisa de Cecília e Regina, mas afinal o que podiam fazer?

Estava confuso e viu Amanda apenas duas vezes e procurava evitar em pensar.

Porem tinha plena consciência de que não era possível ignorar o que estava acontecendo por muito tempo.

 

Chegou em casa e foi direto para o quarto, não encontrou sua esposa e nem sua mãe.

Após um longo banho vestiu um roupa confortável e quente por naquele fim de tarde fazia frio.

Encontrou sua mãe no escritório analisando algum papel e ao seu lado estava Regina com uma expressão cabisbaixa.

 

-- Boa noite mulheres lindas da minha vida – abriu um sorriso indo cumprimentá-las.

 

Deitou um beijo nos cabelos de sua mãe e partiu para selar sua boca na de Regina, mas a mesma virou seu rosto desviando e fazendo ele beijar-lhe sua bochecha.

 

-- O que...

-- Esta tarde e eu nem reparei, vou ver se Amália já providenciou a janta – Regina disse se levantando apressada e saindo.

-- O que eu fiz? – perguntou para sua mãe sem entender.

-- O que você não fez Olávo.

-- Não entendi – franziu o cenho e teve uma levantada de sobrancelha de sua mãe para si.

-- Amanda esta trancada naquele quarto faz quantos dias Olávo? Regina esta preocupada com a filha e você nem demonstra sequer um pingo do mesmo.

-- Mas mamãe...

-- Não tem mas, hoje analise Amanda e tome suas decisões antes que perca não só as duas filhas, mas também sua esposa. Abra os olhos.

 

 

Olávo exigiu que Amanda saísse do quarto para o jantar e se deparou com uma garota ruiva abatida e um pouco mais magra.

Olhou com atenção e se assustou.

Onde fora parar toda aquela vida e alegria que sua menina tinha?

 

-- Amanda... – se pronunciou assim que sentaram em seus lugares a mesa.

 

E não obteve resposta, era como se a ruiva nem tivesse escutado.

A verdade é que Amanda não tinha animo para sequer falar com o padrasto.

 

-- Olha só todos sabemos que precisamos ter uma conversa e acredito que já chegou a hora – informou serio obtendo por fim a atenção da ruiva mais velha e a mais nova assim como de sua mãe também – Então Amanda, o que tem a dizer?

-- Eu... – baixou o olhar e remexeu na comida do seu prato que mal tocou – não tenho nada pra falar.

-- Acredito que tenha, mas já que não começa você então começo eu, vejamos... Você e Júlia tem um relacionamento e...

-- Não temos mais – o cortou com a voz baixa – Nós terminamos na festa.

-- Menos mal, porem essa sua atitude... sua só não, de Júlia também... – iria dizer quando foi cortado por Regina.

-- Olávo você abriu a boca para julgar as atitudes das meninas? Não basta enxergar que ninguém esta bem com tudo isso?

-- Olha Regina, isso tudo é coisa de adolescente e logo passa, nessa idade é assim mesmo, tudo uma tempestade no copo d’água, mas logo passa, comigo foi assim, contigo e com o pai de Aman...

-- Não ouse terminar essa frase Olávo – disse expondo mais sua irritação em sua voz e largando o guardanapo na mesa.

-- Regina olhe eu...

-- Você nada, não queira comparar as meninas com a sua época ou a minha, com como você lidou ou como eu superei o que aconteceu! Elas são elas e podem fazer a “tempestade” que quiser como você diz, podem até encher de um copo d’água como um balde ou piscina, não importa! Não desmereça o sofrimento delas!

-- Regina manera o tom, eu só estou tentando resolver esse assunto!

-- Não! Você esta menosprezando os sentimentos delas e isso eu não admito!

-- Eu quem não admito que diga essas coisas dessa forma! Não estamos a sós!

-- Eu quero que vá pro inferno esta a sós ou não! Respeite minha filha, respeite sua filha!

-- Parem vocês dois! – Amanda exclamou passando as mãos nos cabelos – Eu terminei com a Júlia e eu não vou voltar, por que vocês estão discutindo sobre isso? Deixem minha vida! Me desculpem por ter causado todo esses problemas esta bem?! Mas isso não vai mais acontecer, agora parem de brigar e por favor esqueçam desse assunto! – pediu saindo da mesa apressada.

-- Satisfeito?! – Regina perguntou lançando um olhar fulminante para o esposo e levantou-se seguindo também para seu quarto.

-- Droga – Olávo exclamou pondo as mãos sobre seu rosto.

-- Você fez besteira – Cecília pela primeira vez expressou também se retirando.

 

 

 

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Júlia estava sentada em seu quarto com as malas do lado, tinha conversado com Manuela e Rachel e ambas queriam ir embora, na verdade Rachel era a que mais queria ir embora pois não cansava de dizer que estava com saudades de sua babá, o que fazia as duas garotas rirem de sua cara a “zoando” como se fosse um bebê e deixando-a emburrada.

Estava na hora da loirinha encarar os Lancaster.

Encarar Amanda.

E isso já estava lhe causando uma dor de barriga sem tamanho.

Porem era preciso, já tinha decidido que não voltaria atrás de nenhum jeito, não ficaria mais na presença de Olávo e nem dos San’Germany.

Iria procurar um local para morar, tinha dinheiro de ações da época em que Paul era vivo, e assim que estivesse no Brasil procuraria um local.

 

Ficou esses dias todos pensando o que faria, e estava bem indecisa se ficaria ou voltaria para o Brasil, porem sentiu que precisava voltar com as meninas, talvez agora seu lugar fosse lá.

Pelo menos por agora.

 

-- Vamos? – Manuela apareceu na porta do quarto da loirinha de mãos dadas com Rachel.

-- Já esta na hora?

-- Sim, e Rachel esta ansiosa – brincou apertando a mão que estava entrelaçada nas suas – O bebê quer ver sua babá.

-- Vocês podem parar de me zoar? – Rachel pediu emburrada

-- Oun que bebê gente! – Júlia entrou na brincadeira vendo a outra revirar os olhos arrancando gargalhadas delas duas.

-- Então, vamos? – Manu chamou e viu a loirinha concordando com a cabeça – você pode pedir pra alguém levar as malas da princesa acidentada aqui?

-- Eu sou uma heroína! – resmungou revirando os olhos – Conta pra ela Júlia.

-- Eu não posso dizer nada por que eu sou a Capitã America.

-- Ta mais pra Super homem com colar de kriptonita, por que precisou de euzinha aqui!

-- Certo, eu admito!

-- Muito bem, agora vamos embora que eu quero ver minha babá gente!

-- ooooh bebê! – as duas disseram rindo fazendo-a revirar os olhos.

-- Vocês não cansam não?

-- Não meu anjo – Manuela riu beijando-lhe os lábios.

 

Fazendo Rachel sorriu com o beijo.

 

 

 

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Já dentro do avião Rachel sentou na posição mais confortável possível e segurou na mão de Manuela que parecia extremamente nervosa.

 

-- Ei não precisa ter medo – sussurrou puxando-lhe a mão e deitando um beijo delicado.

-- Eu não to com medo, é só... só aflição, eu não sei, não gosto de altura.

-- Não fique, esta tudo bem.

-- Eu sei, vai passar – respondeu respirando fundo.

 

Mas Rachel sentiu a mão dela suando.

 

-- Ei, me da um beijo – pediu sorrindo de lábios e soltou-lhe o cinto.

-- Rachel não solta meu cinto... – falou temerosa.

-- Não vou deixar nada te acontecer meu bem – apertou-lhe mais forte sua mão a puxando e mostrando um sorriso que era no mínimo cafajeste.

 

Manu abriu um sorriso discreto e se inclinou beijando-lhe os lábios deixando as línguas se encontrarem sem pressa aproveitando as sensações e até mesmo se esquecendo do medo.

A mão de Rachel foi parar em sua nuca a prendendo ali naquele beijo e aprofundando mais, levando outra mão na cintura de Manuela e apertando-lhe puxando-a mais para si fazendo-a quase sentar em seu colo.

Júlia que estava sentada atrás delas não pode evitar um riso e nem a idéia de empatar as duas, como Manuela fizera com ela diversas vezes nas férias.

 

-- Vão procurar um motel! – exclamou erguendo-se de sua cadeira e espalhando os cabelos de ambas – Gente é muito doce, vai dar formiga!

 

Manuela finalizou o beijo com delicados selinhos e riu de sua amiga enquanto Rachel revirou os olhos e bufou irritada.

 

-- Eu posso matar sua amiga agora?

-- Não – Manu riu e selou seus lábios novamente e se recostou em Rachel puxando seu braço para abraçá-la.

-- Vocês até que fazem um casal bonitinho – Júlia sorriu as olhando e era a verdade.

-- Muito obrigada empata foda, eu sei que sou linda – Rachel debochou arrancando uma risada e virada de olhos da loira.

-- Ei! Ela elogiou nós duas.

-- Você também é linda meu bem, vem cá – deu-lhe mais um beijo e ouviram novamente a zoação da loira.

 

 

Tempos depois Manuela estava abraçada a Rachel e adormeceu se sentindo segura nos braços da garota de cabelos castanhos.

Rachel por sua vez se acomodou de forma que não sentisse dor e que fosse mais confortável possível para Manu, colou-lhe o cinto novamente do jeito que a outra se sentia mais segura e a viu relaxar em seus braços.

Um tempo depois aterrissaram e Rachel a acordou com delicadeza deitando um beijo em seus cabelos.

 

-- Manu – chamou baixinho a vendo resmungar – Chegamos.

-- Já? – perguntou sem abrir os olhos fazendo Rachel rir.

-- Sim meu bem, acorda – pediu novamente apertando-lhe com delicadeza e beijando seu pescoço – Ei acorda neném.

-- Já acordei – respondeu manhosa passando a mão nos olhos – Cadê a Júlia?

-- Acabou de ir no banheiro.

-- Ah sim, eu também quero ir – se espreguiçou um pouco e encarou a outra que lançou-lhe um olhar safado.

-- Posso ir junto?

-- Não! – riu

 

De uma forma que Rachel achou tão gostoso que lhe puxou para um beijo.

 

-- Ei pra quem esta machucada você esta bem espertinha né? Sua safada! – disse ao sair do beijo e dar-lhe um leve tapa a fazendo rir.

-- O que eu posso fazer? Você me deixa com tesão – piscou-lhe e recebeu outro leve tapa a fazendo sorrir mais.

-- Se comporta, Júlia ta vindo.

-- Grande coisa, ela sabe que a gente trans*, ela também trans* ué

-- Rachel! – chamou-lhe a atenção e a viu dar de ombros – Vem cá – aproximou-se mais selando seus lábios.

 

Porque parecia que se pudesse existir um vicio recém adquirido aquele era um, beijar-lhe os lábios da garota de cabelos castanhos.

 

-- Gente chega de grude, vamos descer – Júlia avisou.

 

 

 

Fim do capítulo