Capítulo 55 Frio na barriga
CAPÍTULO 55: Frio na barriga
Rachel ficou observando por muito tempo o carinho das duas garotas, e algo dentro de si estava pesado, toda aquela tristeza havia lhe afetado.
Sua vida não era lá das melhores, sabia que seus pais pouco se importavam consigo, mas Rachel aprendeu a ignorar e com o tempo que se forçou a mentir que não se importava, acabou que por fim a mentira virou verdade. Já não se importava mais com a ausência dos pais, porem Júlia e toda aquela historia... Podia ver que dentro da loirinha alem de muita magoa tinha ainda aquela parte que se deixa abalar por aqueles que não estavam nem ai para ela.
Isso era triste porque Rachel percebeu que aquela garota tão nova não precisava sofrer daquela forma, era até mesmo surreal.
Nunca acreditaria em algo assim nessa proporção se não tivesse visto com seus próprios olhos, mas lá estava ela vivenciando tudo aquilo e aquela dor parecia lhe pegar tão em cheio que mal podia se reconhecer.
Nunca fora uma pessoa tão sensível com os problemas dos outros como estava sendo daquela maneira, isso a surpreendia e amedrontava.
Olhou Manuela que agora estava deitada com a loirinha em seus braços ainda fazendo-lhe carinho e percebeu mais uma coisa naquele mesmo dia:
Manuela era tão leve em todo o seu ser, um conjunto harmônico perfeito. Se perguntou onde esteve esse tempo todo que não virá isso antes.
Ela era como a chuva fina em um dia frio, naquela preguiça gostosa de ficar deitada entre as cobertas.
Aquela pessoa com quem se da vontade de acordar e abraçar, sentir seu corpo, o calor que ele emenda fazendo com que os dias frios sejam mais confortáveis e quentes.
Um sorriso discreto brotou em seus lábios sem perceber.
Podia passar horas olhando para Manuela, pois tinha a impressão que não poderia se cansar.
Porem Manuela não queria nada alem do que tiveram.
Saber disso apertava seu coração e fazia seu sorriso bobo desaparecer.
Soltou um suspiro que chamou a atenção das outras duas.
-- Esta com dor? – Júlia foi a primeira a falar.
-- Eu to bem, não muito, mas é algo suportável.
-- Você deveria desistir dessa idéia de ir embora agora, esta nítido que não esta bem – Manuela se pronunciou buscando os olhos da outra que fugia.
-- Eu esqueci de avisar – disse logo respirando devagar e se ajeitando – Não vou mais por agora.
-- Não? – as garotas abraçadas perguntaram junto fazendo Rachel fungar um riso e logo se arrepender com uma careta.
-- Não... talvez uma donzela indefesa precise de mim novamente, então acredito que precise estar apostos.
As outras duas riram.
As amigas não podiam negar, Rachel estava tão diferente.
Tão leve que trazia consigo uma paz que não viam em momento algum desde que conheciam aquela garota.
Por mais que pudessem tentar negar, por mais que tenham relutado em acreditar e confiar, toda essa implicância que existiam em ter com ela não era possível. Não ela estando daquela forma.
Talvez realmente um voto de confiança deveria ser dado a ela.
Tanto da parte de Júlia quanto da de Manuela.
Ela vinha dando indícios de mudança, não havia como negar.
-- É, talvez eu precise ser salva novamente – Júlia falou em um sorriso.
As duas garotas sabiam que seu sorriso era triste, e seu tom de voz evidenciava mais isso, porem a garota era forte, se demonstrava ao menos tentar ser forte, e isso já era um caminho para não deixar-se abater.
-- Obrigada Rachel, eu jamais imaginei que...—ia dizendo com a mesma lhe interrompeu com um sorriso de lábios acolhedor.
-- Não precisa agradecer Júlia, esta tudo bem de verdade, e vamos fazer um acordo pelo menos por agora podemos?
-- Qual? – Júlia perguntou e Manuela se mantinha calada, mas curiosa.
-- Vamos deixar o passado para trás, o que passou é passado, ele não volta... podemos seguir de agora, o que me diz?
-- Parece uma boa idéia – sorriu-lhe de volta e viu a garota de cabelos castanhos lhe estendendo uma de suas mãos para um aperto, fez o mesmo pegando a mão que lhe era estendida.
-- Então não mais inimigas por agora, combinado?
-- Combinado.
Manuela sorriu com a cena.
Jamais imaginaria isso em toda sua vida.
Se envolveu com Rachel e conheceu seu lado doce, não queria confiar nisso para não se decepcionar, porem a garota mostrava que ela não estava demonstrando aquele seu lado apenas para si, estava proporcionando esse seu lado também para sua amiga e isso lhe alegrava.
Tinha um carinho muito grande por Júlia, sabia que a garota merecia felicidade.
... ... ... ... ...
Dois dias se passaram desde a noticia do namoro das duas garotas e Olávo junto de sua esposa Regina cultivaram aquela informação sem saber o que fazer.
Cecília podia estar certa, mas o que esperava que fizessem?
Se dissessem que estava tudo bem no relacionamento das duas estariam mentindo, era estranho demais para os dois verem elas desse jeito.
Regina se tornaria sogra de Júlia, que era filha de seu marido, e Olávo que era pai de criação de Amanda de repente se tornaria seu sogro. Era algo muito surreal e confuso para a cabeça dos dois que não estavam acostumados com isso tudo que estava acontecendo.
Olávo observou bem sua esposa que se manteve seria demais e calada durante esses dois dias que se passaram.
Ela mal se alimentava e falar então não era uma opção, parecia até que Regina tinha se tornado muda, pois se trocou dez palavras com seu esposo durante aqueles dois dias fora muito.
Passou os dias quieta em seu canto ou deitada apenas pensando.
As palavras de Cecília não saiam da sua cabeça e tinha muito medo de não estar sendo justa com sua filha, e mais medo ainda dessa situação toda machucar sua menina, pois para ela Amanda ainda não passava de seu bebê.
O que as pessoas poderiam pensar talvez atingisse sua filha a fazendo sofrer e não queria isso, e simplesmente não sabia o que fazer.
Olávo percebeu isso, ela não como tomar uma decisão então tomou-lhe o peso pondo as decisões em suas costas.
Decidiu que no terceiro dia iriam retornar para o Brasil e lá conversariam com as duas garotas para por um ponto final naquilo, as duas não poderiam ficar juntas de forma alguma.
Regina ouviu sua decisão e não contestou, simplesmente se deixou levar, não tinha emocional nenhum para tomar alguma decisão e até agradeceu por seu esposo tomar uma por si.
Assim que o dia amanheceu os dois seguiram para a mansão e Cecília os acompanhou sem trocar nenhuma palavra com ambos, estava calada e ignorava os dois pois para ela estavam cometendo um erro sem tamanho em tentarem impor um afastamento forçado daquelas duas garotas.
... ... ... ... ...
Rachel sentia muita dor porem estava farta de ficar na cama, então decidiu que iria dar uma volta com as duas garotas, precisava de ar fresco.
Júlia lhes apresentou outra parte do jardim onde tinha algo que parecia dois cômodos, era mais afastado da mansão, quase ao final do jardim.
Foram caminhando devagar até lá, tanto por Rachel como pela perna de Júlia que ainda doía.
Assim que chegaram perto puderam ver algo que se aparentava com uma garagem.
-- Sejam bem vindas ao meu ex mundo particular – entrou sendo acompanhada das outras duas.
-- Uma garagem, que legal! – Rachel ironizou arrancando risos das outras com a tentativa de implicância dela.
-- Não é só uma garagem, é como se aqui fosse uma batcaverna da licença? – Júlia entrou na brincadeira sorrindo e caminho até perto de alguma coisa que estava coberto por um lençol branco – Aqui era meu cantinho com o Paul e essa daqui – retirou o pano – é a moto dele.
-- É linda – Manuela comentou se aproximando e analisando, assim como tinha feito com a de Júlia assim que chegou na mansão – A sua e a dele são edições limitadas, quase ninguém no mundo tem, isso é fantástico – comentou abobada.
-- Gosta de motos Manu? – Rachel perguntou com um sorriso discreto em seus lábios, aquele jeito de menina que Manuela tinha lhe pegava sempre desprevenida fazendo com que se encantasse mais.
-- Um dia eu vou ter a minha, acho moto algo tão livre! – Manuela respondeu com empolgação na voz.
-- É mais tem que ter cuidado
-- Sim, mas eu sou piloto, confia em mim – falou ostentando um sorriso presunçoso.
O que fez as duas garotas rirem.
-- Vamos gente, tem mais – Júlia saiu andando e as duas a seguiram.
Entraram no outro cômodo e lá descobriram uma espécie de mine academia de luta.
Tinha um ringue no centro, e ao lado dois sacos de pancada, do outro alguns pesos de academia junto com outro equipamento que deduziram ser para treino das pernas.
-- Aqui foi onde eu passei muita parte da minha adolescência, Paul mandou construir para mim porque segundo ele eu só arrumava encrenca e tinha que aprender no mínimo dar alguns socos para me defender até que ele chegasse – contou rindo da lembrança.
-- E você aprendeu direitinho não é mesmo? Ainda sinto aquele soco no meu rosto – Rachel comentou levando a mão até uma parte do rosto e as outras riram.
-- Desculpe por aquilo, mas você mereceu.
-- Eu sei, mas não pedirei desculpas pelo spray que joguei nos seus olhos, eu te odiava então bem feito – sorriu de lábios e viu a outra rir revirando os olhos.
-- Vamos parar vocês duas! – Manuela disse negando com a cabeça.
As outras duas riram da braveza de Manu e ergueram as mãos.
-- Quando eu e Paul não estávamos aqui lutando com nosso mestre, estávamos lá na garagem mexendo em nossas motos, era bem divertido – dizia com carinho e se sentou ao lado do ringue – Sabe, ele foi um bom irmão, diria até mesmo o melhor – sorriu em cada lembrança fazendo as outras duas encará-la.
-- Sente muita falta não é? – Manuela perguntou baixo sentando-se ao seu lado e pegando em sua mão.
-- Você não imagina o quanto... Eu acho que mesmo se eu tivesse descoberto ser filha de Olávo e não de Otton, se ele estivesse vivo eu estaria bem, mas veio tudo junto sabe? Tudo de uma vez e eu me senti perdida.
-- Deve ser horrível – Rachel comentou e a viu balançar a cabeça – Mas já passou! Então como não podemos mudar o passado, vamos mudar o futuro, tira essa tristeza esta bem? E como você esta me devendo por no mínimo 2 anos, eu quero um sorvete!
-- Rachel! – Manuela chamou sua atenção.
-- O que? – deu de ombros dando passos para fora dali e sendo seguida pelas duas – Ela me deve ué, nada melhor do que cobrar.
-- Você sequer pode tomar sorve... – ia dizendo quando Rachel foi até seu lado e pegou sua mão apertando para ela se calar.
-- Posso tudo – piscou-lhe querendo que ela entendesse o recado.
Manuela não entendeu nada na verdade, mas resolveu ficar calada, Júlia balançou a cabeça em negação e sorriu.
Foram andando devagar de volta até a parte de frente da mansão quando pararam ao ver quem adentrava.
Olávo e Regina entravam juntos de Cecília que andava mais atrás, assim que o loiro visualizou sua filha com outras duas garotas indo do jardim começou a se aproximar delas, mas parou um pouco distante e começaram o dialogo.
-- Viemos buscar você e Amanda para irmos para casa hoje – pronunciou em um tom mandão que fez a loirinha fechar os olhos e respirar fundo. – Onde esta Amanda?
-- Seu Olávo... – Manuela ia dizendo quando teve sua mão apertada por Rachel como quem dissesse para ficar quieta, ignorou soltando sua mão e indo até Júlia se pondo do seu lado e a loira pegou sua mão apertando.
-- Eu nunca vou entender esse tipo de coisa – Olávo disse insinuando em seu tom algo entre as duas e esgotando a paciência de Júlia – Diz que esta com Amanda, mas ai tem essas duas moças e...
-- E cale sua boca que é melhor! – Júlia o cortou ríspida e agora teve um aperto de Manuela em sua mão – Esta tudo bem Manu, pode deixar.
-- Como que é Júlia? – Olávo perguntou irritado e estufando o peito, tendo seu ombro tocado por Regina que parecia pedir com o gesto que ele se acalmasse.
-- O que ouviu! Você não é ninguém para insinuar nada
-- Eu sou seu pai!
-- Você não é mais nada que meu progenitor, por favor – resmungou um riso sem humor – A única coisa que compensa em ter seu sangue é aquela senhora ali – apontou para sua avó que apenas acenou com a cabeça como se concordasse que ela continuasse – Que infelizmente você não puxou por ela, ficou com toda parte ruim da droga do seu pai assim como seu irmão, é cara de um focinho de outro! Já tio Otávio é tão diferente, minha mãe podia ter escolhido o irmão certo ao menos uma vez, mas errou as duas!
-- Cale sua maldita boca!
-- Você não manda em mim Olávo!
-- Onde está Amanda? Vamos embora agora!
-- Amanda já foi embora faz dois dias, pelo jeito não foram avisados – fez seu melhor riso debochado.
-- Do que esta falando? Diga logo onde Amanda esta!
-- Sua filha foi embora – falou pausadamente controlando sua irritação.
-- Júlia... – Regina se pronunciou e teve um aceno de mão de Júlia para que não continuasse.
-- Amanda foi embora, e caso isso conforte vocês não estamos mais juntas, vocês conseguiram depois daquela cena toda, não é o que queriam? Agora podem ir embora.
-- Pegue suas coisas, nosso vôo sai em duas horas – Olávo disse acalmando-se, afinal aquela era uma boa noticia.
-- Vocês vão embora eu não os acompanharei, o máximo que farei por lá será pegar minhas coisas como minha moto que faça o favor de devolver as chaves.
-- Do que esta falando?!
Antes que Júlia respondesse Elisabeth chegava e parou próximo para escutar o que parecia uma discussão a julgar a postura do pai e filha.
-- Ai – suspirou irritando-se mais – segundo as normas do seu pais uma pessoa com 18 anos já é maior de idade, então eu não preciso mais ficar com vocês, não preciso e não vou.
-- Você não pode!
-- Ela pode sim Olávo – Cecília falou se aproximando mais – Júlia tem todo esse direito e... – parou de falar assim que se aproximou bem de Júlia a encarando – O que aconteceu com você?!
-- Depois te conto, não se preocupe, estou bem
-- Júlia...
-- Depois vovó – pediu implorando com o olhar e a senhora assentiu.
-- Você vai voltar conosco sim! – Olávo falou também se aproximando com Regina em seu encalço e pararam quando perceberão o corte no supercílio e onde esta com uma coloração arroxeada – O que isso?
-- Ai de novo – suspirou novamente -- Olha só, diga o que quiser, mas eu não irei acompanhar vocês, já esta decidido, e sobre isso eu não direi então se me derem licença – respondeu lhes dando as costas e os deixou ali.
... ... ... ... ...
Cecília demorou para convencer Olávo que Júlia não os acompanharia e fez questão de frisar que a culpa disso tudo era deles.
Elisabeth também se intrometeu dizendo que se Júlia tinha se dito que não iria era melhor que eles se convencessem.
Depois de muita insistência Olávo se deu por vencido e acompanhou sua mãe junto de sua esposa e escutaram a senhora resmungar durante todo o trajeto que estavam errando com as meninas e as conseqüências de suas ações já estava começando a cair por terra, primeiro Amanda que foi embora sem nem ao menos avisá-los e agora Júlia que se recusava a ir com eles, pior, pelo que deixou claro não moraria mais com eles.
... ... ... ... ...
Amanda estava na mansão desde que chegou não sentia animo para nada, seu corpo estava anestesiado.
Talvez sua mente ainda não tivesse absorvido totalmente suas ações, mas a sensação era como se aos poucos tudo o que aconteceu tivesse realmente sendo real, pois até então tudo não parecia ser tão real, o choque não deixava sentir tudo o que deveria, apenas o medo se fazia presente mas agora a tristeza parecia tomar conta em um espaço.
Um espaço grande.
... ... ... ... ...
Depois da quase confusão no jardim assim que Júlia saiu Manuela e Rachel também saíram em busca da loirinha, a encontraram se trancando em seu quarto, mas assim que ela soube que era as duas abriu a porta para conversarem.
Júlia estava agitada devido ao nervoso recente então Manuela achou melhor perguntar para um dos empregados se não tinha nada que pudesse ser dado para que a acalmasse e logo Lara trouxe algo que fizesse a garota San’Germany se acalmar.
Ficaram conversando por um bom tempo quando Rachel começou a sentir que o esforço de não ter ficado de repouso se fez presente a fazendo sentir um desconforto muito grande até mesmo parada.
Deixou Manuela e Júlia conversando e informou que iria deitar um pouco mas que estava bem.
Foi até o quarto onde estava ficando sozinha pois depois de tudo Manuela começou a dormir com Júlia, tanto pela loira não estar bem quanto para não incomodar a garota de cabelos castanhos, mas sempre que podia Manu entrava no quarto durante a noite para ver se ela estava bem.
Deitou-se devagar e sentiu seu corpo inteiro doer, prendeu a respiração e tentou relaxa, mas parecia que quanto mais tentasse mais doía, então fechou os olhos e torceu para que aquela dor passasse.
-- Manu eu to bem, vai ver como a Rachel esta, ela não me pareceu muito bem – Júlia pediu beijando sua mão.
-- Eu percebi também, mas não queria te deixar sozinha, porem eu vou lá e já volto.
-- Vai Manu, não se preocupe comigo, cuida dela um pouquinho, ela ta precisando, andou cuidando muito de mim e ela nem precisava, alias vocês duas não precisavam.
-- Shii nem fala isso Júlia, eu to aqui por você entendeu? – pegou em sua mão apertando e sorriu – eu vou lá, já volto.
-- Não tenha pressa – piscou-lhe e riu quando a outra também deixou o sorriso escapar e saiu apressada.
... ... ... ...
Assim que Manu entrou no quarto percebeu a outra de olhos fechados, pensou que estivesse dormindo então se aproximou com cuidado sentando ao seu lado.
Rachel tinha uma expressão tão única.
Essa era a palavra, pois Manuela não sabia descrever o que ela a fazia sentir, mas era uma sensação boa.
Como se cada brincadeira disfarçadas de alfinetadas, o sorriso que estampava nos lábios por qualquer coisa que achasse engraçado e até mesmo sua feição de deboche, tudo aquilo fazia ela ser única pois cada nova reação de seu rosto encantava Manuela ainda mais.
Aquela voz principalmente quando estava perto era como se fizesse seu coração correr, danças e falhar batidas ao mesmo tempo dentro de seu peito.
Era algo que não podia evitar.
Ainda não tiveram oportunidade de conversar, e nem mesmo sabia o que podia surgir disso, mas sabia que precisavam.
Tocou-lhe o rosto delicadamente retirando uma mecha do cabelo castanho que cobria sua face e viu Rachel abrir os olhos a assustando e retesando o corpo.
-- Me... me desculpa, não queria te acordar – Manuela gaguejou prendendo a respiração.
-- Ta tudo bem – a voz de Rachel saiu baixa e até um tanto abatida.
-- O que você ta sentindo?
-- Nada eu to bem
-- Eu sei que não ta, eu só quero saber se esta bem...
-- To só com dor, mas daqui a pouco passa.
-- Você tomou o remédio na hora?
Rachel fez uma careta de quem tinha esquecido algo e Manuela logo endureceu sua expressão.
-- Não pode esquecer Rachel!
-- Eu não fiz por querer Manu – se encolheu de forma defensiva o que fez a outra garota amolecer.
-- Tudo bem, vou buscar pra você.
-- Obrigada.
Instantes depois Manuela voltava com seu remédio a fazendo tomar para depois por o copo ali sobre a estante que tinha no quarto.
-- Quer ajuda pra se ajeitar melhor na cama?
-- Nada vai fazer passar a dor então deixa assim mesmo.
-- Ta bem – suspirou.
Mesmo tentando Rachel ainda fazia questão de manter uma barreira entre elas e aquilo a estava perturbando.
Escutou o barulho de celular e logo pode perceber que era o da garota de cabelos castanhos.
Rachel olhava para o celular e digitava algo rindo, o que causou curiosidade em Manuela.
-- Não vai me dizer que esta rindo assim por causa da Amanda – sondou esperando dar certo.
-- Não, é a Ally.
-- Ally? – perguntou erguendo a sobrancelha.
-- Sim, a Allyson que estudou com a gente lembra? – tirou os olhos do celular e encarou a morena.
-- A japa patricinha que não desgrudava de vocês?
-- Ela mesmo! Voltou pro Brasil e estava querendo saber como anda as coisas por aqui e quando posso sair com ela ai estava explicando que vai demorar um pouco então ela se ofereceu para ser minha enfermeira, por isso eu ri, essa garota é abusada – finalizou soltando outro riso achando graça em algo que Manuela não viu um pingo de graça.
-- Estou ainda tentando ver onde esta a graça nisso tudo.
-- Eita que bicho te mordeu? Eu ein que mau humorada!
-- Não estou de mau humor.
-- Imagina se estivesse.
-- Olha quer saber, esquece – se levantou caminhando em passos duros até a porta e deixando Rachel a encarando sem entender.
-- Manuela o que ta acontecendo?
-- Nada Rachel!
-- Então espera! – pediu em um quase grito antes da garota sair do quarto.
Se levantou com dificuldade pondo-se de pé.
-- O que aconteceu pra você sair daqui assim? Ta ficando maluca?
-- Maluca ta você!
-- Manuela pelo amor de Deus, o que deu em você? A gente tava ali de boa conversando e de repente você da um surto e eu nem to sabendo o que ta rolando!
-- Olha quer saber... esquece Rachel!
-- Esquece não senhora – caminhou até ela segurando-a pelo braço e a fazendo ficar frente a frente sem sair do quarto – diz o que ta acontecendo!
-- Não é nada!
-- Então você não sai daqui e volta ali pra cama comigo.
-- Não!
-- Por que não Manuela?!
-- Porque... porque...
Sua respiração já saia pesada, não sabia se devido a proximidade ou o clima que estavam de inicio de discussão, o que acontecia era que aquela aproximação estava fazendo com que as palavras saíssem com dificuldades e um gatilho parecia ter sido acionado dentro de seu cérebro a fazendo apenas encarar aquele rosto único de Rachel com todas as suas expressões que aceleravam seu coração.
-- Quer saber, que se dane! – resmungou baixinho antes de avançar contra os lábios da outra.
Pegando Rachel de surpresa, que apenas levou um segundo para enlaçar sua cintura a segurando firme e beijando-lhe com ardor do jeito que era recebido.
As línguas se encontraram em uma leve caricia e em um ritmo que não era possível dizer quem o ditava, era um duelo no qual nenhuma das duas perderia.
O beijo intenso terminou quando o ar faltou as fazendo interromper o beijo e nesse momentos os olhos se encararam profundamente, como se cada olhar quisesse desvendar o que ia alem de suas almas.
Era um arrepio gostoso que dava nelas passando como se fosse um leve choque elétrico por todo o corpo e acionando mais rápido seus corações.
-- O que... – Rachel ia dizendo quando foi interrompida por Manuela e a calou selando seus lábios novamente em um selinho.
-- Me deixa falar.
-- Manuela...
-- Por favor, me deixa dizer o que eu sinto.
Rachel a encarou profundamente buscando o fundo de seus olhos, era como se as duas estivesse conectadas, era necessário terem aquela conexão de olhares.
-- Eu sei que esta brava, eu também ficaria, mas eu não posso mandar no que eu estou sentindo, o pior disso tudo é que eu não sei o que eu estou sentindo, saber eu até sei, mas eu não entendo como isso em tão pouco tempo sabe, é muito rápido e isso me assusta de tal forma que você não tem idéia... – ia falando apressada praticamente atropelando as palavras o que fez Rachel rir.
Era o que ela queria escutar, e sabia que quando Manuela estava nervosa ela falava sem parar atropelando as palavras, não era a primeira vez que aquilo acontecia.
-- Manu fala devagar
-- Rachel não esta sendo fácil então não atrapalha meu raciocínio!
-- É só que eu quero entender tudo o que você diz – Rachel sorriu apertando-lhe com as duas mãos os lados de sua cintura como se aquilo quisesse lhe passar alguma espécie de confiança.
Manuela respirou fundo criando coragem novamente para continuar, então tentou dessa vez devagar.
-- Rachel, o que eu estou tentando dizer é que eu não sei como isso aconteceu e nem em que momento, mas eu estou gostando de você e isso me assusta – respirou fundo e encarou os olhos que pareciam não parar de encarar os seus – Me assusta porque eu não sei como isso vai acabar, e eu tenho medo de me magoar, nossos gênios são difíceis, nunca nos demos bem, e de uma hora pra outra esse sentimento surge e é confuso entende?
-- Entendo
-- Então, eu só não quero me machucar Rachel...
-- Eu não quero te machucar.
-- Você entende que eu posso ter minhas inseguranças e que estou assustada com tudo isso?
-- As coisas também me assustam...
-- O que?
-- Esta sentindo isso por você – pegou a mão da morena e levou em direção do peito para sentir o coração – Sente isso? Ele bate desregulado toda vez que eu estou com você e basta um sorriso seu ou um beijo para eu pensar que a qualquer momento posso morrer do coração –sorriu e teve outro sorriso direcionado a si e um tapa leve no braço – não me bate, eu ainda não to bem – fez manha.
-- Então não diga isso, e tem mais uma coisa.
-- O que?
-- Eu não dormi com a Caroline.
Rachel ergueu as sobrancelhas confusa, respirou tentando entender e disse em seguida
-- Não estou entendendo, aquele dia...
-- Aquele dia realmente, o que você chegou a ver foi real, mas não passou de beijos, na hora que íamos eu não consegui...
-- É serio?
-- Eu não estou brincando com isso Rachel, se quiser vamos agora perguntar o que realmente aconteceu para Caroline que ela vai te dizer, o que vocês entenderam foi de forma errada, eu dormi sim com ela, mas não transei, dormimos de roupas, acabamos cochilando, mas se quiser perguntamos a ela...
-- Não! – disse sorrindo sem conter a felicidade que bateu em ouvir aquilo – não precisa, deixa essa menina pra lá, eu quero distancia.
-- Acredita em mim?
-- Por que eu não acreditaria?
-- Não sei...
-- Eu acredito em você linda – sorriu ainda mais e fez a outra sorrir também selando seus lábios – então quer dizer que você broxou com a outra?
-- Para Rachel!
-- Parei – sorriu mais e grudou mais seus corpos – eu vou ficar paradinha, mas só depois que eu beijar sua boca.
-- É?
-- Sim! – respondeu já buscando os lábios de forma faminta e exigente, mas logo deixando- o suave com uma sincronia perfeita.
Quando o beijo foi tomando outras proporções aquela passada de mão mais forte pelo corpo alheio se fez presente fazendo então o beijo ser quebrado graças a um leve espasmo de dor que o corpo de Rachel emitiu quando Manuela que esqueceu passou a mão de forma forte na lateral de seus seios na parte lateral de suas costelas.
-- Ai me desculpa!
-- Tudo bem – respondeu puxando a respiração e segurando um pouco antes de soltar.
-- Vou ser mais cuidadosa.
-- Deixa só eu me recuperar rapidinho, deixa a dor passar.
-- É melhor você se deitar, vamos...
-- Não me paga nem um jantar e já quer me levar pra cama – tentou brincar para quebrar o clima de preocupação.
-- Não faz gracinhas, deita.
-- Como você é mandona, credo! – resmungou indo deitar onde a morena arrumava os travesseiros para se recostar.
-- Quer que eu te traga alguma coisa? – perguntou terminando de ajeitar os travesseiros para ela e teve sua mão segurada.
-- Quero que fique aqui comigo, pelo menos um pouquinho, fica?
-- Fico – sorriu com a voz manhosa da outra e acariciou-lhe os cabelos beijando de leve seus lábios.
Um tempo depois de estarem deitadas na cama, naquele carinho gostoso Rachel se sentia tão bem que tinha um medo enorme disso ser um sonho.
Tinha uma pergunta para fazer que talvez não devesse, mas queria muito saber.
-- Manu o que ta acontecendo entre a gente?
-- Como assim?
-- O que temos.
-- Eu não sei Rachel, nós... nós estamos nos conhecendo melhor, certo? É isso, estamos nos conhecendo melhor.
-- Hmm.
-- O que foi?
-- Nada
-- Me diz...
-- Esse estamos nos conhecendo melhor quer dizer que você gosta nem que seja um pouquinho assim de mim? – fez um gesto com os dedos polegar e o indicador fazendo Manuela gargalhar com aquele jeito único de Rachel.
-- Sim, isso indica que eu gosto um pouquinho assim de você – repetiu o gesto da outra a fazendo abrir um sorriso.
-- Ótimo, por que eu acho que estou me apaixonando por você – respondeu buscando o corpo da outra na cama para abraçá-la da melhor forma possível de se deitar.
Manuela ficou calada por alguns instantes e a outra percebeu sua reação por seu corpo que parecia ter endurecido um pouco.
Beijou-lhe a região do corpo da outra onde sua boca alcançava devido ao abraço e a tranqüilizou.
-- Isso parece assustador eu sei, mas não se assuste, eu vou saber conduzir o meu gostar de você arrisco dizer paixão, o que importa é que pelo menos você gosta nem que seja um pouquinho de mim – riu se aconchegando mais e sentindo o corpo da outra relaxar.
Tempo depois Rachel estava dormindo nos braços de Manuela depois de ficarem trocando alguns carinhos delicados para que a garota de cabelos castanhos não se machucasse mais.
Estava feliz, ambas estavam e agora todo aquele clima pesado que havia pairado sobre elas se dissipou e era tudo leve, como andar nas nuvens, e aquilo não podia deixar de dar um friozinho na barriga.
Fim do capítulo
Cap extra para as meninas haha falei que saia rs desculpem não ter saido ontem... espero que tenham curtido... mordidas pra vcs que hj eu to canibal haha bjs amores.
ps: Nao revisei, qualquer erro me mandem, eu to postando pelo 4g então meu pacote de dados ta indo haha assim que der eu corrijo meninas, mas me sinalizem se possivel haha caso queiram ne kkkk vou ler aqui e agora siiiim... bj!
Comentar este capítulo:
vivi19
Em: 22/07/2017
Já to na torcida pro proximo cap, promete que não vai demorar? Vv está sendo maravilhosa, postando rápido. E a gente gosta muito disso, ate motiva a comentar. Sem falar que esse capitulo foi perfeito, elas juntas novamente. Mas ainda gostamos muito de ver Manu com ciúmes da Rachel.
Beijos e um ótimo fds
Resposta do autor:
Eu estou procurando postar todo fim de semana, espero que esteja gostando *-*
Karen
Em: 21/07/2017
Oi, boa noite!
Amei q vc tá postando com mais frequência!!!
Então menina, ainda faltam mtos caps, não sei se te questionei, mas responde aí, rsrs!
Nossa, amo esse romance demais, o enredo é enorme. Espero q ainda faltem bastante caps.
Coitada da Júlia, heim! Tà sofrendo mais "q mala de mascate, affz. A Raquel tb, espero q uma hora isso pare né autora...???
Amo mais a cada cap.
Bjs e Bom FDS!!!
Resposta do autor:
Que bom que esta gostando Karen, eu to procurando postar todo final de semana *-*
E eu fico muito feliz em saber que vc gosta da historia! Muito feliz mesmo!
E eu pensei em encurtar a história pra vcs, mas logo farei essa pergunta pra saber da opinião de vcs
Ate o proximo baby :)
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JeeOli
Em: 21/07/2017
Lendo o comentario da Mille (pq eu adoro ler os comentarios das historias que eu leio) tbm ja pensei algo parecido com ela sobre o Paul mas sempre achei q era mt viagem minha
Resposta do autor:
E eu concordo com o seu comentario kkkkk sempre que leio isso eu penso no vídeo clipe do Michael Jackson kkkkk
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Mille
Em: 21/07/2017
Olá Bia
Quem um dia veria Júlia e Raquel se dando bem e uma dando força a outra. E graças que as cabeças duras se entenderam e se acertaram.
E mais uma vez a "família" vira as costas para a Júlia, a atitude do Olávio em não aceitar que a filha tem alguma coisa com mulheres e não só a Amanda, o preconceito falando mais alto. Só acho que a Cecília vai sentir muita Saudades da lourinha.
Bia tem alguma possibilidade do Paul está vivo????
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Quem diria ver elas assim se aturando não é?? até eu estou surpresa haushaus... ate quando sera que vai essa tregua? haha
Olavo se mostra um homem mimado e vai precisar abrir os olhos por bem ou por mal haushaus
E Cecilia vai sentir muita falta mesmo da neta... agora gente da onde vcs tiraram essa hipótese?
Confes que toda vez que vejo isso eu dou risada haha me sinto no clipe Thriller do Michael Jackson haha
Desculpa a demora em responder bb, até o próximo *-*
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Isabela
Em: 21/07/2017
Chorei de emoção, achei que elas não iriam se entender tão cedo. Que bom que a Manu se desculpou, e que ainda se declarou. Ai, to tão emocionada. Certeza se Rachel não estivesse machucada a reconciliação teria sido mais instensa...........
Resposta do autor:
Manu as vezes surpreende também gente haha
Vamos ver ate quando continha a calmaria haha me aguardem kkkkk
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Ana Luisa
Em: 21/07/2017
Gente do céu, eu vou ler de novo. Pq nao to acreditando que teve um cap quase todo de Manu e Rachel e que elas se entenderam. É bom demais pra ser verdade, eu te amo Biiiii
Resposta do autor:
aaaaa me ame mais haha eu caprichei pra vcs ta vendo? kkkk
Que bom que gostou <3
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Bia
Em: 21/07/2017
Boa tarde!
Gostei da Rachel e Manu tentarem enteder finalmente o que estão sentindo, e amando a amizade da Rachel com a Júlia.
Resposta do autor:
Ate quando sera que vai a tregua de Rachel e Julia???
E q bom que vc ta gostando, espero que continue *-*
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JeeOli
Em: 21/07/2017
Olavo não consegui ainda entender a propria filha e mt disso é pela falta de convivencia que os dois tem, Regina acho que com o sofrimento da filha mude de opinião sobre o relacionamento das duas, a questão é quanto tempo vai demorar para Amanda ir atras da Julia? Quanto tempo vai precisar pra ela entender que para ser feliz ela tem que tomar suas proprias escolhas, eu juro que queria ver a cara do Olavo quando soubesse do que aconteceu com a filha, nao acho que o perigo ainda tenha passado, acredito que vão tentar mts coisas ainda com ela....
Agora sobre Rachel e Manu as duas tem uma conexão incrivel, Manu fez a Rachel ser mais livre, ser mais ela...
Resposta do autor:
E eu concordo com tudo que comentou, e o Olavo vai ter que amadurecer mais de um jeito ou de outro, assim como Amanda... enquanto se nega a ser feliz vamos ve-la sofrer haha
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