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Uma Pequena Aposta por Rafa

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Palavras: 4869
Acessos: 5206   |  Postado em: 19/07/2017

Capítulo 46


Isadora estava deitada em seu quarto. Francisco havia lhe preparado um chá de camomila e alguns biscoitos amanteigados, seus preferidos, mas a loirinha parecia perdida, sem ânimo, com olhar nublado e no rosto, uma expressão que ele não sabia explicar.

 

-- Quer conversar?

 

-- Não quero. Por favor, deixa ficar sozinha e pensar um pouco. – respondeu sem olhar para o amigo.

 

-- Nossa investigação? Não será mais preciso, suponho.

 

-- NÃO! – respondeu apreensiva – Agora mais do que nunca vou mostrar toda a verdade para Melissa. – respondeu irritada. – Ela vai descobrir que eu nunca a traí, vai pedir para voltar e esfregarei nela esta traição. – Francisco achou melhor deixa-la sozinha, sabia que estava falando por raiva.

 

-- Bem, sabe que pode contar SEMPRE comigo, não é? – beijou a testa da amiga – Vou dormir um pouco, tenho que ler algumas coisas após o jantar.

 

Isadora ficou sozinha, olhando o seu anel de noivado. Passou mais de meia hora contemplando-o. Resolveu sair um pouco, espairecer e ver gente, apesar de não querer falar com ninguém. Ela trocou de roupa e saiu sem destino, até se dar conta que estava às margens de um imenso lago no Central Park. Sentou-se em uma pedra, próximo ao lago. Contemplou a inércia da água, comparou a sua vida de meses atrás a tranquilidade daquela água. Lembrou-se das vezes que amou Melissa em um parque como aquele, no centro de uma grande cidade. Passou horas pensando na vida que havia deixado para trás, e a que levava agora. Uma ideia surgiu, fazendo-a esboçar um sorriso diabólico e um olhar nublado, ela retirou sua aliança e a arremessou dentro do lago.

 

-- Seja bem vinda ao mundo Isadora. – disse para si mesma.

 

**************************************************

 

-- Cristina, minha filha, por favor, não faça isso. – Ester pediu com imensa tristeza.

 

-- Mamãe, eu tive pai e mãe, por que não fazer o mesmo com meu filho?

 

-- Melissa Cristina... – Ester a abraçou. – Casamento não quer dizer que você dará um pai ao seu filho. Joaquim apareceu em seus pensamentos, e a dor se transformou em apreensão – Aquele homem é um desclassificado.

 

-- Não compare a situação, Melissa Cristina. – Daniel interrompeu as duas – Você teve pai, e não moleque de recado. – fitou os olhos da filha – Eu não dou minha benção a este casamento.

 

-- Nem eu. – Ester foi enfática. - Minha filha, esta criança viverá melhor com duas mães, Isadora lhe perdoará e...

 

-- Perdoar? – estava indignada – Ela apronta e eu que vou merecer o seu perdão?

 

-- Minha filha...

 

-- Mamãe, Isadora tem a vida dela e eu a minha.

 

-- Vocês se amam. – foi à vez de Daniel interromper.

 

-- Protegem a loirinha falsa, e não sabem de nada. – disse após abrir a janela e se colocar apoiada nela.

 

-- Fala daquela revista? – a morena permaneceu em silêncio – Aquele fantástico homem que falavam lá é gay. – Melissa olhou para a mãe.

 

-- A senhora colocou Enrico para prová-lo? – perguntou com sarcasmo e um sorriso irônico.

 

-- Melissa Cristina! Não precisa ser grosseira. – Daniel a interrompeu.

 

-- Sabe de uma coisa Melissa Cristina? Quer casar? Case. Seja infeliz e arruíne a vida do seu filho com suas frustações. Não vou ficar ouvindo ofensas descabidas, enquanto tento enfiar juízo nesta cabeça. – Ester falou com o mesmo tom habitual de educação - Mas saiba que não irei a esta cerimônia. – abriu a porta para sair e se lembrou de alguma coisa, retornando – No entanto, lembrarei Isadora que irei ao dela, tenho a certeza que ela sim, fará uma boa escolha. – disse para atingir a filha, e acordá-la da inércia na qual se jogava, mas, ao mesmo tempo torcia que o casamento da loirinha que acabava de se referir fosse o das duas. – Melissa olhou para o pai que deu de ombros.

 

-- Assino embaixo no que ela falou. Quer ser infeliz? Faça isso sem ajuda dos seus pais. – saiu sem tempo para filha retrucar.

 

“Merda! Isadora, tudo poderia ser tão diferente... Eu lhe amo, mas você só complica mais”. – pensou enquanto olhava o sol se esconder por trás de algumas árvores.

 

**************************************************

 

-- Amor, eu fiz uma lista de convidados com minha mãe, são poucos... – disse pegando a lista de dentro de uma pasta – apenas duzentas pessoas. – não percebeu a expressão de desagrado da morena – Amanhã mesmo vou a igreja da...

 

-- Joaquim, para! – disse calmamente interrompendo o homem ao seu lado.

 

-- Como? Não entendi.

 

-- Joaquim, não vai ter duzentas pessoas, nem igreja.

 

-- Cris, eu sei que Daniel não vai custear as despesas, mas você...

 

-- Não vai rolar nada disso. – havia se levantado – Estou me casando só, e exclusivamente, por causa do nosso filho.

-- Até parece que hoje em dia a mulher não cuida do filho sem o marido. – ironizou. Melissa o olhou com atenção.

-- Acha mesmo que estou me casando por amor? Por felicidade? – observou inexpressivamente.

-- Não? Você não se casaria por outro motivo... Isso é coisa de egoísta.

 

-- Egoísta? – interrompeu novamente usando uma voz casual e baixa – Não sou tão egoísta assim. Quero que meu filho tenha um pai como eu tenho. – sorriu e encarou o homem a sua frente – Sei que o pai dele não será um terço do que meu é... – sorriu com ironia - Mas vai ser um excelente pai, porque a mãe estará sempre presente... – bateu com a palma da mão no rosto do homem que permanecia sentado em uma poltrona – de olhos bem abertos.

 

-- Agora você parece àquelas interioranas matutas que ameaçam com espingarda o homem que fez mal a um dos seus filhos. – disse sorrindo com sarcasmo.

 

-- Acredite, posso ser pior que isso se sentir que meu filho não tem o pai que merece. – disse após colocar uma mão em cada braço da cadeira e olhar o homem nos olhos, quase batendo a ponta dos narizes. – Não duvide de mim. – ergueu-se, mas não deixou de encara-lo. – Ainda não lembro como chegamos nesta produção, e não me faça investigar, porque poderia ficar pior a situação.

-- Tudo bem. – engoliu seco – Eu serei o melhor pai do mundo, mas meus pais também exigem um casamento decente, afinal, somos uma família tradicional, casamentos simples não fazem parte da nossa história.

-- Começará a fazer. Muita coisa vai mudar. – respondeu caminhando até a mesa e servindo-se de suco.

-- O que digo a minha mãe Cristina? – começou a suar.

-- Que será um casamento simples, no cartório da cidade, sem convidados e familiares.

 

-- Está louca? Isso precisa ser noticiado, sou um Aquino. – exigiu.

 

-- Então não haverá casamento. – respondeu após beber um pouco de suco – Estou fazendo isso por nosso filho, mas posso inventar qualquer coisa depois. – pegou um pedaço de bolo e colocou na boca.

 

-- Ora Cristina, pegue um prato e coloque este bolo, coma-o com um garfo. – olhava a mulher com desaprovação – Estes seus gestos selvagens são herança da caipira? – sentiu uma mão estalar em seu rosto.

 

-- Nunca mais chame Isadora ou qualquer outra pessoa assim, eu também nasci onde aquela “caipira” nasceu. – falou com sarcasmo. - Comece a moderar suas palavras, meu filho não vai ser arrogante como o pai. – saiu em direção à porta e parou - Pense bem no que falei, estou lhe dando a chance de participar da criação, estou sendo justa. Aliás, quando decidir, avise. Tenho alguns papéis para você assinar.

 

-- Papéis?

 

-- Sim. Os papéis de separação total de bens. Nada de misturar as coisas. O que é seu eu não me meto, e o que for meu você não se mete. – piscou e saiu.

 

-- Vaca! – bateu com força na mesa.

 

 

**************************************************

 

-- Depois do que ouvi agora, acha mesmo que seu filho merece o seu sacrifício e o martírio de ter um cara como esse todos os dias lhe ensinando a ser cada dia mais prepotente? – perguntou sentado em uma poltrona ao lado da porta que levava até a varanda.

 

-- Ouviu tudo? – fez um sinal de negação com a cabeça - Você não entende?

 

-- Entendo o que Cris? Que você quer forçar uma barra para si mesma?

 

-- Estou fazendo isso para não cometer mais um erro.

-- Mais um erro? Isso sim é minimizar a situação.

-- Mamãe, papai, agora você e agora? O vô Eliezer vai ligar para dizer o mesmo?

 

-- Não contei a ele. – concluiu sem se importar com as palavras.

 

-- Você não ligou para ele? Por quê? – perguntou aborrecida.

 

-- Primeiro não sou mais seu ajudante, secretário... Sei lá mais o que. – olhou a morena nos olhos – Segundo, o avô é seu, você que se vire e diga a ele que vai se casar. – olhou a morena - Ainda mais o que está lhe levando a isso: sua gravidez de um homem que toda mãe quer distância como genro. – concluiu com sarcasmo.

 

-- Sabe de uma coisa Enrico? Vai para o inferno. – saiu feito uma bala.

 

-- Não sei mais o que faça para impedir essa sandice... – lamentou - Esse momento de ausência da minha filha. – Ester confessou, após ouvir parte da conversa.

 

-- Dona Ester, tem um jeito... – sorriu com malícia - a última cartada.

 

-- Sou contra violência, mas acho que começo a cogitar a possibilidade – sorriu com tristeza.

 

-- Ah dona Ester, pensei na Isa, mas a senhora acaba de ter uma boa ideia. – ambos caíram na gargalhada.

 

-- Não sugira isso na frente de Daniel. – olhou o rapaz – Fiquei feliz por você ter assumido o antigo lugar de Cristina, ela precisa de gente de confiança ao seu lado, e que a ame muito... – olhou em direção a porta e concluiu – principalmente agora.

 

-- Nisso a senhora não precisa se preocupar, ele não terá nenhum papel nos negócios. – viu a dúvida nos olhos da mulher – Conversei com um advogado de fora, o melhor que existe para estes assuntos, ele terá de assinar um contrato pré-nupcial. Esse cara não passa nem na frente das fazendas e o haras, ainda está no nome de Isadora e Melissa Cristina, ou seja, tudo ficou muito bem resguardado.

 

-- Ele assinará isso Enrico? – permanecia preocupada.

 

-- Não tem escolha, ele não tem como recusar, qualquer dúvida, Cristina larga a ideia de casamento. – sorriu – Posso fazer uma fofoquinha?

 

-- Sim. – ficou curiosa.

 

-- O carinha chamou Isadora de caipira enquanto condenava a forma de Cris comer o bolo com a mão, levou um “sopapo” no rosto... – sorriu com satisfação.

 

-- Por que sempre perco o melhor? – perguntou animada.

 

-- Estão na fofoca não é mesmo? – Melissa perguntou aparecendo com uma mochila nas costas.  

 

-- Para onde você pensa que vai? – Ester perguntou.

 

-- Não penso mãe, eu vou. – beijou o topo da cabeça da senhora mais velha – Vou para o sítio, preciso conversar com o vô Eliezer já que não tenho mais segurança ou similares. – falou com ironia.

 

-- Vou com você. – Enrico levantou-se abotoando o paletó.

 

-- O senhor tem um dia agitado de reuniões amanhã. Fique ai.

 

-- O que faço com aquele “mala” lá fora?

 

-- Fica para vocês, mas não digam onde fui. – saiu pela porta da cozinha após se despedir de todos. Joaquim retornou da varanda após seu lanche da tarde e foi comunicado que sua noiva saiu sem avisa-lo. Ele ficou irritado e foi para sua casa bufando, sendo motivo de chacotas entre Ester e Enrico.

 

-- Tenho que conversar com Daniel.

 

-- Bem, a senhora sabe que eu tenho uma solução. – sorriu e saiu.

 

 

***************************************************

 

 

-- Enrico? – perguntou com uma voz calma, suave e meiga, o homem não teve dúvidas de quem era.

 

-- Olá linda Isa.

 

-- Oh Enrico, estava com medo que você não me atendesse.

 

-- Por que faria isso?

 

-- Sua amiga... – ficou sem jeito de prosseguir com sua conclusão.

 

-- Isa, eu sou amigo de Cristina, a considero minha irmã mais nova, mas tenho o direito de escolher meus amigos e você é uma deles.

 

-- Obrigado Enrico.

 

-- Diga o milagre que fez a senhorita telefonar para este humilde servo após tantos meses.

 

-- Oh Rico, eu... Eu realmente não esqueci, mas...

 

-- Calma Isadora, eu sei dos seus motivos e da sua situação, apenas me diga quando precisar de ajuda.

 

-- Agora. – disse com uma voz embargada – Tentei por mais de um mês falar com Melissa, após nosso último contato... Ela deve ter comentado com você.

 

-- Comentou sim Isadora, e ela foi aí.

 

-- Eu imaginei quando vi um arranjo lindo me esperando na recepção, mas só tive a certeza, quando li uma notícia no site da revista Sociedade do Mundo. – sentiu um bolo na garganta.

 

-- O que a levou a imaginar isso Isadora? – queria que a loirinha confessasse o beijo.

 

-- Naquela tarde maldita, meu editor me beijou, após eu tentar negar qualquer possibilidade de envolvimento com ele.

 

-- Foi só isso mesmo? – estava pressionando de forma sutil.

 

-- Lógico Enrico, não teria motivos para mentir.

 

-- Bem, desculpe. – silêncio – Cris voltou arrasada, sem sombra de dúvidas, estávamos pensando em interna-la. Ela não comia, não saia para se divertir, era do trabalho para casa. Ficava sozinha no haras, longe de todos. Ester a convenceu em ir passar uns dias na casa de praia, fazendo-lhe pensar que a ideia havia partido dela. Não sei se foi bom, ela foi e voltou depois de passar um mês.

 

-- Ela resolveu casar por isso? – foi à vez de Enrico engolir seco. Ele não confessaria a Isadora o verdadeiro motivo – “Esta menina já sofreu tanto neste último ano que não serei eu, o portador desta notícia” – pensou.

 

-- Ela resolveu porque está carente, triste, querendo se punir por não entender o motivo da separação de vocês e pelo mal entendido.

 

-- ELA NÃO PODE. – gritou após várias tentativas de se controlar – Ela não pode Rico... E eu? – perguntou com um fio de voz.

-- Isa volta, eu prometo ajuda-la, você fica um tempo fora de circulação, nós podemos resolver as coisas e...

-- Eu pedi um tempo a ela para isso, mas foi melhor acreditar nas interpretações errôneas, do que em nossa história. Ela simplesmente fantasiou uma situação, acreditou nela e ignorou os anos que passamos juntas, os anos que fomos confidentes uma da outra.

-- Mesmo assim Isa, essa ideia agora...

 

-- Eu não vou ficar escondida como uma criminosa, por alguém que se deixa levar por um arrogante filhinho de papai.

 

-- Isa...

 

-- Enrico, eu... – passou a mão trêmula pelo cabelo - estou procurando provas, e vou lhe mostrar quem é esse homem e muito mais coisas, eu prometi isso a Melissa e nunca falhei em minhas promessas. – disse em tom decisivo.

 

-- Eu sei Isa, mas na cabeça dela você a abandonou... – na sabia como falar - Ela é cabeça dura, e para agravar a situação, você aceitou casar, mesmo sabendo que iria embora e...

 

-- Eu não sabia! Aceitei, e só depois aconteceu... – houve um silêncio, e Enrico sentiu a verdade da loirinha.

 

-- Não precisa se explicar para mim, converse com ela. Sua Melissa está na casa do seu avô, ligue para lá, tente convencê-la do contrário, esse casamento é um erro.

 

-- Estava pensando em ligar para ele, mas para falar sobre eu e ele, Melissa fez a escolha dela. – lembrou-se de algo – Não sei se ela leu ou viu algumas fotos com John, ele vive no armário, e estou apenas ajudando-o a namorar meu amigo Francisco, sei que não é da conta dela, mas é bom esclarecer antes de qualquer conclusão.

 

-- Isa, fala com ela.

 

-- Não Enrico, ela escolheu, a partir de agora estou livre também.

 

-- Isa, eu vou lhe passar o telefone dos nossos amigos, eles podem ser de grande ajuda nestas investigações.

 

-- Haidê e Ulisses?

 

-- Ulisses e Roberto. Haidê está de licença, ela agora é mamãe. – Isadora sorriu.

 

-- Olha só. O segundo filho?

 

-- Não. Ela perdeu o primeiro, não conseguiu segurar a gestação. – lamentou. Ela se despediu do amigo e se deitou na cama com uma foto na mão, observando os olhos azuis que tanto amava – “Por que não me esperou? Estou descobrindo tanta coisa... você ficaria orgulhosa de mim...” – as lágrimas rolaram em abundância – “Eu te amo Mel, não faz isso conosco, por favor, não faz”. – adormeceu com a foto na mão. Francisco quando chegou, viu a cena e sentiu vontade de chorar, sabia o quanto a amiga estava sofrendo.

 

 

*********************************************

 

Melissa dirigiu em direção ao sítio do velho Eliezer, ouvia uma música antiga que tocava no som do carro, queria curtir um pouco da solidão. Seus pensamentos voavam, na mesma velocidade do carro, passou a mão na barriga e começou a conversar com o bebê.

 

-- Filho, escute o que mamãe está falando, existe um cara que se chama Murphy... – sorriu ao lembrar- se de Júnior – Tio Júnior chama de lei dos Muppets... Tio Júnior, o que estou falando? – sorriu novamente - Bem, esse cara tem umas leis idiotas de sobrevivência que sempre acabam por ser pior do que a situação a qual estamos vivendo. – sorriu mais uma vez e passou a mão na barriga – Mamãe vai dar um exemplo: esta música fala exatamente o que estou passando, quando tudo o que queria era esquecer o problema, e também, da sua mãe. – parou de falar após dizer que Isadora era também mãe, censurou-se e tentou consertar, como se o filho realmente entendesse o que ela falava – Filho, mamãe não quis dizer sua outra mãe, quer dizer, eu não quis dizer que Isadora é sua mãe também, até porque ela seria a eleita se fosse o caso e... – parou e pensou mais um pouco, ergueu umas das sobrancelhas e sorriu – Ela realmente é sua mãe tanto quanto eu, já que não paro de pensar nela, e provavelmente pensei naqueles olhos verdes enquanto trans*va. – continuou a ouvir a música, e seu estado foi modificando, deixou algumas lágrimas caírem, mas logo voltou ao normal, escolhendo um dos cd´s de sertanejo que gostava de ouvir.

 

Quando Melissa se aproximava a entrada do sítio, passou pela pequena ponte, parando em uma clareira mais adiante, onde costumava pescar com Isadora. Desceu e se aproximou de uma árvore.

 

“Parece que foi ontem”. – contemplou a árvore com as iniciais das duas. – “Isadora ainda brigou comigo...” – pensou sorrindo.

 

-- Filho, aqui mamãe fingia que pescava só para namorar sua segunda mãe.  – passou a mão sobre as letras MC & I, por dentro de um coração. – Ela me chamava de maluca... – sorriu novamente. Acariciou o dedo que mantinha a aliança, beijou e retirou, jogando-a em seguida na parte mais profunda do rio. – Agora começa uma nova fase da nossa vida filho. Essa será a nova Melissa Cristina de Alcântara Peixoto.

 

A morena retornou para o carro, e foi em direção à casa do velho Eliezer. Logo ao chegar, o encontrou retornando da pescaria, trazia dois peixes.

 

-- Oh, agora vejo que minha sorte voltou. – gritou para o avô.

 

-- Melissa! Querida, como é bom vê-la aqui! – respondeu com um largo sorriso que lembrava o de Isadora. – Deixe-me colocar estes peixes na cozinha e me lavar, não quero abraçar minha querida neta sujo a peixe.

 

-- Vô, sou eu, lembra? Sem cerimônias, certo? – o homem correu para dentro, limpou-se e retornou a sala.

 

-- Lembro, mas é sempre bom reforçar. – abraçou forte a morena e depois olhou os profundos olhos azuis – O que aconteceu minha linda?

 

-- Apenas queria ver meu avô. – tentou disfarçar.

 

-- Melissa, esses olhos azuis dizem outra coisa. – passou a mão pelo rosto da neta adotiva – Você andou chorando.

 

-- Lembranças vovô... Fantasmas que às vezes me assusta mais que filme de terror. – forçou o sorriso.

 

-- O que acha de sentarmos e falarmos um pouco sobre eles. – apertou a mão da morena – Sabe minha filha, de fantasmas entendo bem, eu poderia até virar um daqueles homens... – tentou lembrar alguma coisa – Uns caras que Isadora adorava assistir os filmes...

 

-- Caça-fantasmas? – sorriu com a lembrança.

 

-- Isso mesmo, ela queria muito ter um cãozinho, nem seu pai e nem a sua mãe, deixavam criar um animalzinho. Certo dia, nós encontramos um vira-lata e colocamos o nome dele de Geleia, por causa desse filme, ela fazia de tudo para ficar aqui, só para brincar com o cachorrinho.

 

-- Bem típico dela. – sorriu com tristeza se lembrando da loirinha – Ele era verde? – brincou.

 

-- Quem? – perguntou indo em direção à cozinha – Quer um chá?

 

-- O cachorro, ele era verde como Geleia? – estava sorrindo. – Quero sim.

 

-- Ah, não. – parou olhando o vazio tentava lembrar-se de algo – Era caramelo, espere um minuto. – entrou e foi até um armário, trazendo em seguida um álbum grosso de fotografias – Aqui, veja ele... – apontou a foto de Isadora abraçada a um cachorrinho caramelo com pequenas manchas brancas. Melissa viu os dois abraçados e não resistiu, caiu na risada.

 

-- Vovô, ele não era verde, e essa sua neta aqui... – sorriu com a imagem - magrinha assim parece mais o Capitão Caverna, só tem cabelo loiro. – os dois caíram na gargalhada – Não existia corte de cabelo nesta época? – olhava a foto ainda sorrindo – Isadora sempre comeu muito, fico me perguntando, desde que nos conhecemos, para onde vai toda esta comida? Veja como era magra...

 

-- Ela sempre foi cabeça dura como você. Cismava uma coisa, não tinha quem tirasse a ideia de sua cabeça. – olhou novamente a foto e voltou a olhar Melissa – Nesta época não existia nada que a fizesse cortar esse cabelo, e quanto a comer... – sorriu – Sempre foi muito boa de prato... – olhou Melissa nos olhos – Cheio. – voltaram a rir.

 

-- No desenho do Capitão Caverna, ele aparecia assim: canelas fininhas e aquela cabeleira grande. – sorriu.

 

-- Teria coragem de falar isso para ela? – a morena parou de sorrir, e lembrou o motivo que lhe levou até lá.

 

-- Vô, eu não teria, da mesma forma que não tenho de falar uma coisa que preciso... – não sabia como falar, coçou a ponta do nariz.

 

-- Senti que tinha alguma coisa lhe incomodando quando entrou por aquela porta.

 

-- Vô, eu...  – permaneceu coçando a ponta do nariz.

 

-- Quando quer falar algo que lhe deixa desconfortável, sempre coça o nariz. – sorriu – Fale da forma como sabe: direta.

 

-- Estou grávida. – disse baixinho e com a cabeça baixa.

 

-- Minha filha...

 

-- Eu sei que deve pensar que fui rápida... – fez uma careta - e pode até me condenar... - foi interrompida.

 

-- Condená-la? Por quê? Por tentar refazer sua vida? – pegou as mãos da morena que descansavam sobre a mesa – Melissa, eu sei o quanto você ama Isadora, mas ninguém pode força-la a voltar e prosseguir com a vida que vocês levavam. – pensou melhor sobre o assunto – Tenho certeza de que não é nada fácil para Isadora, e para você também, mas ambas, precisam recomeçar... – os olhos verdes que lembravam os da neta transmitiam paz e sinceridade - Refazer suas vidas. Não pode viver assim, do passado. – fez-se um silêncio, a morena mantinha a cabeça baixa, enquanto brincava com um pedaço de papel que estava sobre a mesa. Eliezer sensibilizou-se com a cena, viu o quanto aquela mulher, sempre forte e decidida estava sofrendo, lembrou-se das decisões da neta e resolveu tomar um partido – Melissa – voltou a segurar as mãos morenas – eu não vejo porque se culpa em refazer sua vida... – um pouco de abalo na confiança de cada uma, poderia ser a dosagem certa para uma reaproximação, resolveu seguir com o plano - Acha que é cedo, e tem esperança que Isadora retorne? – suspirou – Sonhei com vocês duas juntas desde o primeiro dia que vi como os olhos verdes da minha criança brilhavam ao seu lado, rezei todas as noites que esse milagre acontecesse, infelizmente as coisas não saíram como planejado.

 

-- O senhor sabe o motivo que a levou? – perguntou deixando as lágrimas rolarem.

 

-- Não sei, mas imagino. – suspirou.

 

-- Também pensa que foi meu avô?

 

-- Tenho sérios atenuantes que me levam a ele.

 

-- Eu queria apenas que ela confiasse no meu amor... Vô seria tão mais fácil se antes de fugir ela conversasse comigo.

 

-- Seria meu amor, mas somos humanos, e erramos inúmeras vezes, depois somos perdoados e voltamos a cometer os mesmos erros.

 

-- O senhor não me condena pelo meu erro?

 

-- Não diga isso. - acariciou a mão da morena enquanto a outra ajeitava a franja bagunçada – Uma criança é uma dádiva, mesmo vindo em um momento inoportuno... – limpou a lágrima que caia no rosto de marcas fortes da morena – Os desígnios de Deus são complexos demais para entendermos no momento que sentimos a dor, no entanto, depois que a poeira baixa e a dor deixa de ser intensa, começamos a compreender melhor. – beijou a mão que segurava – Não se culpe.

 

-- Ela vai me culpar quando descobrir.

 

-- O que ela pensa ainda exerce tanta influência sobre você? – teve como resposta um sorriso amarelo – Ela também pensa assim.

 

-- Será vovô? Será que sou mesmo importante para Isadora?

 

-- Não tenha dúvida do amor que ela sente por você. Sinta tudo, menos dúvidas, isso só diminuí os seus sentimentos.

 

-- Oh vô! – baixou a cabeça sobre a mesa – Estou grávida de um cara que minha mãe e meu pai odeiam, e, meu melhor amigo, além de odiar, ainda desconfia... – lamentou. – E hoje, quando falei a primeira vez com meu filho, falei da mãe loirinha. – estava com os olhos úmidos.

 

-- Você acha o que dele? – estava triste com a dor da morena – O que você pensa sobre este homem?

 

-- Confesso que já gostei, namoramos, mas desta vez foi mais carência... – outro sorriso sem graça – Bebi demais sozinha, depois ele apareceu, aquele clima todo do mar, contribuindo, mais uma forte carência... Aconteceu. Eu não me lembro de como chegamos lá, não lembro nada, apaguei, e sonhei com Isadora, como em todas as noites.

 

-- Vamos pular os detalhes querida, são emoções demais para um pobre velho. – brincou.

 

-- Vamos vovô. – o velho se levantou e abraçou forte a mulher mais alta.

-- E você vai casar assim? Mesmo nutrindo um amor forte por Isadora?

-- Não posso esperar por alguém que fugiu de mim.

-- E por isso será infeliz? Pense no seu filho, ou filha... Uma relação sem amor, dos pais, provoca muito mais danos do que pais solteiros.

-- Não posso deixar de casar, esperam isso de mim, independente de qualquer coisa...

-- Desde quando se preocupa com convenções? Isso parece mais orgulho ferido, e querendo ferir mais uma loirinha. – Melissa o olhava com as lágrimas rolando pelo seu rosto. – Não estrague sua vida de vez. Existem muito mais chances de conseguir reatar com Isadora sem casamento, do que após se vincular ainda mais, a uma pessoa que não ama.

-- Mas prometi...

-- Desfaça a promessa.

-- Vovô...

 

-- Sem orgulho bobo Melissa, tem a vida do seu filho, ou filha, e isso é muito mais importante. – antes que respondesse, o telefone tocou e seu coração disparou. Eliezer e viu a ansiedade da morena em saber quem era.

Fim do capítulo

Notas finais:

Meninas, responderei a todos os comentários amanhã, desculpem a demora. Beijos


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Comentários para 46 - Capítulo 46:
Sam Sampaio
Sam Sampaio

Em: 20/07/2017

Melisa é mais ingênua, com relação a esse casamento, do que os brasileiros que acreditam na inocência de Lula. Ainda vai demorar até elas se reencontrarem? bjs. 


Resposta do autor:

Ás vezes muitos pensam que casando darão uma família digna ao filho, enganam-se! Mas fazer o que? É uma cultura ultrapassada essa dai. Quanto a acreditar na inocência de Lula, é o mesmo que comprar águas do Rio Jordão que foi ungida por Moisés ou João Batista, ou seja, crença cega. Beijos

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Suzi
Suzi

Em: 20/07/2017

Oi Rafa e aí muita correria??

Please diz pra nós que Mel não irá casar com aquele mequetrefe, desde quando ela se interessa pela opnião de outras pessoas, desde quando um filho precisa de um pai e ainda por cima do tipo do joaquim??? Acorda Melissa!!!!!!

 

Bjs te cuida

 

Suzi


Resposta do autor:

E como! A dúvida já foi sanada, cheguei tarde. kkkkk Boa semana

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naybs
naybs

Em: 20/07/2017

Affff odiando esse Joaquim!!!!!!! ¬¬

 

Vou ter  que rezar para a nossa senhora das lésbicas abandonadas para a Isa impedir esse casamento? ¬¬

 

Eu vi o pessoal comentando que a Mel e o Joaquim casam na versão da história que foi postada antes, mas por favor não deixa eles casarem :(

 

Se chegar a acontecer essa cerimônia, seria legal se a Isa chegasse naquela hora que pergunta se tem alguém que se opõe hahaha

 

Chateada.

 

Muito bom o capítulo Rafa, está nos deixando com uma angustia sem fim aqui kkk

 

 


Resposta do autor:

Ela não casou, o vô Eliezer a convenceu do contrário. Sim, na primeira versão eles casaram, agora mais não. Beijos

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patty-321
patty-321

Em: 20/07/2017

Quantos erros. Porém os erros e os problemas são os instrumentos para se adquirir experiências e sabedoria. Independente das amarguras e dia obstáculos, deve amor verdadeiro, pelo menos nas estórias, tudo dará certo no final. Muitas emoções ainda nos aguardam. Oba.. boa noite.


Resposta do autor:

Legal o que você escreveu, uma grande verdade, mas como dizia o Fernando Sabino: tudo se resolve no final, e se não se resolveu, ainda não chegou o final. Isso se aplica a vida real. Beijos e boa semana

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lay colombo
lay colombo

Em: 20/07/2017

Ah essas cabeçudas, se não fossem tão orgulhosas elas não precisariam sofrer por tanto tempo, mas é óbvio q nenhuma das duas vai dá o braço a torcer, mas eu até entendo ambas estão se sentindo traída no momento mas mesmo assim.

Bjos Rafinha e até o próximo.

Ps. Rafinha com todo respeito vou esposa da Rafa.


Resposta do autor:

Duas cabeças duras que precisam amadurecer e crescer, mas não vai ter casamento, uma pequena mudança. Agora esperar as duas se resolverem. Não entendi a esposa da Rafa. Beijos

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Mille
Mille

Em: 19/07/2017

Ah Melissa Cristina ouvi esse avô que te ama e todos que te amam não casa com esse merdinha. Sabe que pensei aqui, quando ela descobrir que ele a drogou ela devia era cortar os documentos deste FDP. 

E Joaquim não merece ser chamado de pai, e que a Mel seja tão centrada casando, pode muito bem cuidar do filho (a) sozinha e com os pais e amigos.

Bjus e até o próximo capítulo


Resposta do autor:

Ela ouviu Mille, até que ele conseguiu! Beijos

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