Capítulo 45
A decisão de Melissa, diante de todas as provas que incriminavam Isadora, foi radical. Ela preferiu sofrer naquele momento ao passar a vida toda sendo enganada. Resolveu se isolar na praia, e buscar saídas que amenizassem suas dores da alma e do coração, além de clarear suas ideias.
Sua vida virou uma rotina, quase ritualística: todos os dias, caminhava na praia, ficava horas, sentada próximo ao costão, vendo o vai vem das ondas. Um ponto positivo, a seu favor, foi à sorte de fazer amizade com alguns pescadores e seus familiares, e aquele contato com os moradores do local, com a areia molhada e com a água do mar, não só revitalizava suas energias, como lhe dava boas ideias, mas as lembranças de Isadora pareciam fantasmas que insistiam em aparecer à noite, para atormentá-la.
Sempre passava os finais de tarde, na beira do mar, esperando o anoitecer, e em uma dessas vezes, quando retornava com um dos pescadores em sua embarcação, Melissa resolveu mergulhar, e permaneceu até mais tarde naquela água morna. Saiu da água e se jogou na areia molhada, apreciando as ondas, por alguns minutos, fechou os olhos e quando abriu, viu o dourado das ondas se transformar no corpo da loirinha, saindo de dentro da água, suas curvas perfeitas, evidenciadas em uma roupa clara, completamente molhada e moldada ao corpo. O cheiro da maresia penetrava na alma, e naquele maravilhoso transe, a noite foi caindo, e Isadora se aproximou com um sorriso sedutor, estendeu as mãos para Melissa que as recebeu e se levantou, sendo guiada pela mulher que amava, para dentro da água. Isadora a beijou com fome, paixão, sorriu-lhe franzindo o nariz.
-- “Eu te amo Mel” – revelou olhando dentro dos lindos olhos azuis.
-- “Então volta para mim”. – pediu correspondendo ao que lhe era lançado das brilhantes esmeraldas.
-- “Não posso”. – baixou a cabeça, e logo depois levantou. – “Espera por mim”. – pediu quase em súplicas.
-- “Não. Isadora se você me ama, fica comigo agora”. – respondeu decidida e com o semblante fechado.
-- “Não posso”.
-- “Então acabou”.
-- “Não.” – segurou o rosto da mulher maior, ao mesmo tempo em que tentava manter o equilíbrio por entre as ondas. – “Melissa, você e eu estaremos ligadas para sempre, pertencemos uma a outra e isso ninguém nunca vai mudar”. – a beijou novamente, com fome e paixão, para depois sumir por entre as ondas.
-- NÃO! – Melissa gritou ao se acordar, procurando em sua volta, e então percebeu que era só mais um sonho. Ela entrou na água e gritou o nome da loira. Retornou para casa triste, queria retira-la da sua cabeça, tomou um banho, esfregando-se toda, como se quisesse limpar o corpo, a alma e os pensamentos. Vestiu algo mais quente, o tempo que permaneceu com o corpo molhado, foi o suficiente para deixa-la com frio. Havia passado o dia quase todo sem comer, a cozinheira havia deixado algo pronto, mas estava sem apetite, e acabou desistindo. Optou por apenas beber um vinho para lhe aquecer, abriu uma garrafa, ligou o som, e deitada na imensa sala de vidros, ficou deitada, olhando para as estrelas que tantas e tantas noites foram cúmplices de seu amor com Isadora. Permaneceu assim por horas, e antes que pudesse se dar conta, abriu a segunda garrafa, foi até o computador e abriu uma pasta com algumas fotos das duas. Ampliou a imagem da loirinha, ela estava sorrindo e olhando-a, como se estivesse presente. Perdeu-se nos olhos verdes, embalada por uma antiga música, da época de sua adolescência. Ouviu alguém bater na porta da frente, e estranhou pelo horário. Ela desligou o computador e foi em direção à porta.
“Seja quem for, é conhecido, ou o segurança não deixaria subir” – pensou enquanto caminhava até a porta da frente, e ao abrir, deparou-se com Joaquim lhe sorrindo de forma sedutora.
-- Olá! – ergueu as sobrancelhas e com um sorriso cínico perguntou – Aqui é a casa da morena mais linda que conheço?
-- Não sei quantas morenas conhece. – sorriu.
-- Lindas como você? Apenas uma: você. – respondeu após levantar os braços e apoia-los no umbral da porta.
-- Alta, com manchas negras ao redor dos olhos e magra? – olhou-se – Horrível! – sorriu para o homem a sua frente.
-- Um pouco abatida... – abraçou a morena – Mesmo assim não perde sua beleza e seu brilho. – tentou beija-la, mas ela virou o rosto. Joaquim ainda beijou sua face esquerda, e ela respondeu com sorriso, puxando-o para dentro, pela camisa. – Alguém está um pouco “alta”. – falou em tom irônico.
-- Alguém é alta. – sorriu. - Hoje resolvi apreciar um bom vinho, apenas isso. – retornou a olhar o homem que caminhava logo atrás – Aceita?
-- Prefiro coisa mais forte, mas posso abrir uma exceção para você. – respondeu adotando uma postura sedutora.
-- Sinto-me lisonjeada com esta exceção, ainda mais quando vem de um homem tão importante. – brincou.
-- Gostei do importante. – apoiou o braço sobre o longo balcão da cozinha e, com a mão apoiou a cabeça olhando diretamente para a morena, como se ela fosse um delicioso jantar.
-- Vamos lá, confesse como me achou aqui? – brincou - Está pagando espiões para me seguir? – falou sério em tom de brincadeira.
-- A senhorita é linda, atraente, apetitosa, mas não pagaria a ninguém para obter informações, quando eu mesmo posso fazer um trabalho bem feito. – tentou se esquivar de um possível interrogatório – Bruninha me disse onde estava. – falou sem perceber.
-- “Bruninha”? – balançou a cabeça em perplexidade – Não está muito íntimo? Olha que o Júnior pode ser pior que “pitbull ogro” quando quer.
-- Não... – fez gestos exagerados de negação com as mãos – Não sou íntimo desta forma, apenas conversamos quando nos encontramos, e desta vez perguntei por você ela respondeu.
-- Encontram-se muito então. – concluiu observando-o bem.
-- Cismada a senhorita... – sorriu puxando em seguida a mão de Melissa, depositando um beijo de cavalheiro.
-- Civilizado o senhor! – respondeu com o mesmo sarcasmo – Aceita me acompanhar até a sala?
-- Pois não. – abriu caminho para a morena passar.
Melissa apontou para o sofá, onde ele se sentou. Ela deixou a taça sobre o móvel, e foi até o som, trocar o CD que ouvia. Neste momento, Joaquim aproveitou e despejou um saquinho de um pó perolado na taça da morena e mexeu, rapidamente, com o dedo misturando o pó ao líquido. Quando Melissa voltou, pegou a taça e bebeu do vinho. Uma hora depois já estava deitada, com Joaquim fazendo massagem em seus pés. Os dois estavam na terceira garrafa de vinho, que para Melissa, seria a quarta garrafa. O som permanecia ligado, baixinho, em comunhão com o barulho do mar.
-- Esse barulhinho das ondas é tão gostoso. – disse após saborear um longo gole de vinho, estava em um misto de alegria e tristeza.
-- Bom mesmo é saborear esta bebida, na companhia de uma linda morena e ouvindo uma boa música. – foi à vez de Joaquim falar após sorver um gole da sua bebida. – Que tal uma dança?
-- Dançar? – caiu em gargalhadas - Neste estado? Quer mesmo que pise em seu pé?
-- Uma mulher linda nunca pisa no pé do seu parceiro. – pulou do sofá e lhe estendeu a mão. – Vem baby, deixe o papai aqui lhe mostrar como se faz. – Melissa aceitou e logo os dois estavam dançando. As mãos de Joaquim começaram a massagear as costas da morena que não se importou, estava envolvida na dança, e no momento, aquela carícia acalentava sua alma. A música acabou e veio outra, um pouco mais lenta. Melissa estava tão entregue, que encostou a cabeça no ombro do moreno que era um pouco mais alto. Joaquim viu a oportunidade que esperava, e as mãos que antes alisavam as costas ficaram um pouco mais ousadas. Vendo que ela não se manifestou do contrario, ele a beijou e estreitou ainda mais o contato, olhando-a nos olhos, abriu a camisa de flanela que ela usava, deixando aparecer os seios e o abdômen bem definido. – Como você é linda e gostosa! – voltou a beija-la e a deitou sobre o sofá. Melissa parecia em transe, sentia as caricias, e correspondia chamando por Isadora.
Joaquim retirou sua camisa e depois suas calças, deitando-se sobre ela, e retirou sua calça de moletom, permaneceram em um longo beijo, até que a morena sentiu o membro duro do seu parceiro, penetrá-la sem a menor delicadeza. Joaquim permaneceu com estocadas selvagens enquanto suas mãos trabalhavam nos seios perfeitos, e beijava o pescoço da morena, falando-lhe, baixinho, grosserias, pois era assim a forma como os dois trans*vam antes de Melissa caísse nas graças da loirinha irritante. Alguns minutos depois, o homem gozou, sem ao menos se importar se havia ou não proporcionado prazer à mulher que parecia drogada, e falando palavras desconexas e sem sentido sobre Isadora. Ele jogou-se ao seu lado, em silêncio, Melissa adormeceu, e ao acordar, algumas horas depois, olhou para o homem que estava ao seu lado, sem nada sobre seu corpo. Ela se olhou e percebeu que também estava nua. Levantou-se com uma expressão indecifrável e foi diretor para o banheiro, tomou banho e se esfregou com força, não acreditava no que tinha feito.
-- Merda Melissa Cristina! Você só faz merd* nesta vida! – falava enquanto se esfregava com força, tentando retirar toda a impureza e cheiro daquele homem sobre seu corpo. Ela se vestiu e voltou para sala, viu o homem se levantar e seguir em sua direção.
-- Cris, você continua deliciosa. – concluiu se aproximando, - Você me deixou acabado.
-- Para Joaquim! Isso foi um erro e não quero que se repita. – rejeitou o moreno. – Pegue suas roupas e vá para o quarto.
-- Se preferir, eu posso ir embora. – afirmou irritado.
-- Você bebeu demais, melhor dormir aqui, amanhã pode ir embora. – saiu em direção à cozinha, estava com a cabeça doendo. – olhou a hora e viu que estava quase amanhecendo. Resolveu voltar para seu quarto, e preferiu fechar a porta de chave.
“Que merd* eu fiz? Como me deixei levar assim?” – chorou baixinho ao tentar lembrar o que tinha acontecido. – “Meu Deus, como bebi assim? Não me lembro de ter feito nada”.
No outro dia bem cedo, a senhora que cuidava dos serviços da casa chegou e foi direto para cozinha, preparar o café da manhã, imaginou que a empresária estava com visitas, pela situação que viu na sala. Não demorou, Melissa entrou na cozinha.
-- Bom dia dona Cristina.
-- Bom dia Dora! – olhou a mulher – Tem um amigo dormindo no quarto de hóspedes, por favor, deixe um café preparado para ele.
-- A senhora não vai querer?
-- Estou sem apetite. – olhou o relógio – Vou retornar para São Paulo agora, mas se ele perguntar, por favor, diga-lhe que fui para casa das minhas tias.
-- Sim senhora. – olhou bem a morena – A senhora tem certeza que não quer tomar ao menos um suco?
-- Obrigada. – sorriu – Fico lhe devendo esse café maravilhoso. – a caseira correspondeu o sorriso e Melissa saiu.
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-- Isadora eu não aguento mais essas suas “nóias” – Francisco reclamou.
-- Eu não tenho culpa de sentir essas coisas. – argumentou com as mãos na cintura em pé no meio da sala enquanto o amigo lia o jornal.
-- Liga novamente para essa mulher e esclarece logo de uma vez sobre sua fuga.
-- Seria fácil assim se ela fosse uma pessoa fácil.
-- Você esperou demais. – Francisco estava irritado – Agora ela está em outra e você passou. – viu a expressão da loirinha que passou de irritada para desapontada, ela caiu no sofá chorando. – Vai Isadora, estava falando bobagem, lógico que não aconteceu isso.
-- Francisco, você está certo. Melissa nunca passou tanto tempo nas fazendas. Um mês e meio se passou desde que vovô falou com ela.
-- Uma dessas fazendas deve ter tido algum problema, ou ela... – procurava alguma desculpa.
-- Quanto mais triste, mais ela se entregaria ao trabalho, esta é a Melissa que conheço. – procurou enxugar os olhos – Você está certo, ela cansou de me esperar.
-- Isadora, a vida dessa mulher não foi fácil nos últimos meses... – passou a mão pelo rosto da loirinha – Ela perdeu você, queria o que? Por mais forte e fantástica que seja a pessoa sofre, e algumas, podem sim procurar uma forma de reclusão para pensar melhor. – viu que não estava ajudando muito – Liga para o tal amigo dela o... Como é mesmo o nome?
-- Enrico. – as grandes esmeraldas fitaram o amigo.
-- Isso mesmo, você tentou ligar para ele?
-- Não. – concluiu derrotada.
-- Tente.
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-- Melissa Cristina... – tentava controlar o tom de voz - Primeiro foram dois desmaios, agora essa sonolência, você não come nada há dias, tudo o que coloca para dentro vomita e vem me dizer que não é nada?
-- Rico, eu juro que estou bem. – tentou em vão tranquilizar o amigo.
-- Jura mesmo? Que linda! – foi totalmente irônico – Vai comigo ao médico neste exato momento, quer seja por bem, ou por mal.
-- Eu não vou. – cruzou os braços de forma autoritária – Quero ver você me obrigar.
-- Eu lhe obrigar? De forma alguma – pegou o telefone.
-- Para quem vai ligar? Vai chamar o médico aqui? – tentou ser irônica.
-- Não, mas vou contar uma história legal à dona Ester. – imediatamente a morena pulou retirando o telefone da mão do amigo e se dando por vencida.
-- Eu vou, mas deixa minha mãe fora disso. Ela está curtindo por ai com o maridão dela.
-- Significa que você vai ao médico, ou ligo para os dois e vai ficar “pianinho”. – sorriu com ar vitorioso. Pensou um pouco e concluiu. – Cristina liga para Isa... – afirmou com veemência – Nós dois sabemos que ela está louca lhe procurando e que você está fugindo de algo que nem sabe se é verdade.
-- Está louco? Eu ein, emendando um assunto sério em outro de terror... - pensou um pouco – Estou tocando minha vida. Pensei que eu fosse tudo para ela, mas não é bem assim, então, melhor cada uma tocar sua viola da vida sozinha.
-- Alguma vez Isadora mentiu para você?
-- Não... – olhou o amigo com surpresa - Não que lembre, mas preferiu estragar tudo de uma vez. – sorriu com sarcasmo.
-- Deixa disso “mulé”, vai atrás da sua felicidade, ela nunca mentiu, e omitir não conta.
-- Rico você não entende...
-- Porr* Cristina! – ficou impaciente com a teimosia da amiga - Você quem não entende. – tentava manter o tom de voz baixo, mas começava a perder o controle sobre si mesmo – Isadora lhe ama, e você a ama... – silêncio – Alguém separou vocês. – coçou o rosto – Vejo você preocupada com tudo menos em descobrir a verdade.
-- Que verdade? Isadora está namorando outro cara... – andou em círculo – Não bastou o cara do jornal, agora tem um empresário de “estrelas”... - fez aspas com os dedos indicadores – do cinema. Nossa ingênua loirinha está galgando bem o caminho de sua carreira. – falou com sarcasmo.
-- “TÁ” LOUCA MELISSA CRISTINA? – gritou de raiva. Melissa foi até a gaveta da mesa que antes era do seu pai, abriu e puxou uma revista de fofocas de celebridades que estava aberta, com uma foto de Isadora de mãos dadas com um homem mais velho uns dez anos. Na foto dizia: “Jovem jornalista brasileira rouba o coração do cobiçado John Lo Blank, empresário de uma das constelações de Hollywood”.
-- Satisfeito? – bateu na revista que permanecia na mão do homem mais velho – Quer ir agora ao médico, antes que desista? - perguntou e saiu em seguida batendo a porta da sala. Enrico ficou perplexo com a fofoca estampada. – Será que isso é realmente sério?
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-- FRANCISCO, QUE PALHAÇADA É ESSA? – Isadora gritou histericamente ao entrar em casa, jogando a revista no amigo.
-- Desculpe Isadora, não tinha visto alguém fazer essa foto. – ficou olhando a revista – John adorou. – sorriu - Assim ele se livra dos comentários de que é gay. Ele não pode se expor assim, já imaginou cair na mídia? Pode perder todos os contratos que ele...
-- ELE? – gritou e balançou a cabeça em negação - Apenas ele Francisco? – falou mais baixo – Imaginou por um segundo... – fez sinal com o dedo - Um milésimo de segundo que Melissa pode ler uma merd* dessa e minha vida se acabar por algo que não tenho culpa?
-- Não exagera Isadora, ela sabe que você é lésbica de carteira assinada e se por acaso ler, eu ligo e assumo minha culpa.
-- Assume? Mesmo? – perguntava com os braços cruzados e tom irônico - Como vai falar com ela?
-- Você passa o número do telefone e...
-- Ela não está me atendendo... – fez silêncio – Ela não quer falar comigo, acha mesmo que com você vai ser diferente?
-- Não tem certeza se ela quer ou não falar com você. Nem foi atrás de explicações.
-- Meu coração fica apertado toda vez que lembro aquela tarde. – começou a chorar – Não quero mais pensar... – foi para o quarto onde ficou trancada.
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Melissa cedeu ao pedido de Enrico, foi à consulta pensando que teria apenas uma anemia ou coisa parecida, mas ficou surpresa com as suspeitas do médico, enquanto Enrico quase desmaiou ao ouvir.
-- Cristina, eu estou pedindo estes exames para confirmar minhas suspeitas, e descartar a falta de mais vitaminas, porque anemia é perceptível, a olhos nus, que você tem.
-- Doutor Escobar, o senhor suspeita do que?
-- Enrico, eu não falo na frente de acompanhantes, mas como os conheço há anos e sei que são unha e carne, não seguirei o sigilo recomendado. – sorriu – Acho que meu grande amigo... – olhou Melissa – Daniel, logo será vovô.
-- O QUE? – falaram Enrico e Melissa ao mesmo tempo.
-- Isso mesmo Cris, tudo indica que você será mamãe. – Enrico a olhou perplexo, enquanto ela se mantinha imóvel.
-- Ester ficará feliz com esta boa notícia. – concluiu sorrindo. – Pode passar no laboratório, quando sair o resultado eu lhe comunico o resultado.
-- Claro. – foi à vez de Enrico afirmar permanecendo perplexo. Quando chegaram ao carro, Enrico bateu diversas vezes no volante, vociferando inúmeros nomes que não demonstravam muita felicidade. -Maravilhosa forma de se vingar...
-- Eu não me vinguei de ninguém, foi um acidente. – justificou-se.
-- Acidente? – falou de cabeça baixa, apoiada ao volante e depois levantou – O pai desta criança veio andando, bateu em você e “capuff”, você engravidou? – fez sinal de negação com a cabeça – Tem outra forma acidental. Ele veio em sua direção, vocês se olharam e capturou por osmose as sementinhas dele, ou foi pelo vento?
-- PARA ENRICO! – gritou, abaixando em seguida a cabeça sobre as mãos e começou a chorar – Não faz isso...
-- JOAQUIM? – silêncio – PORRA MELISSA CRISTINA, É O ESCROTO DO JOAQUIM? – a morena balançou a cabeça em afirmação – Eu sabia! Era nítido o quanto esse cara queria lhe pegar e conseguiu.
-- Não foi só culpa dele... Também sou culpada.
-- Com certeza você é culpada... MELISSA CRISTINA, VOCÊ É MUITO MAIS CULPADA! – gritou.
Melissa resolveu contar toda a verdade ao amigo que ficou surpreso em saber da amizade da irmã com Joaquim, e mais perplexo em perceber o quanto a morena se deixou levar, mas não conseguiu entender a parte em que ela não se lembrava de nada.
-- Vai contar a ele... - não terminou de formular a pergunta e foi interrompido.
-- Não sei... – soluçava – Não é nada certo ainda. – enxugou os olhos com um lenço de papel oferecido pelo amigo.
-- O médico tem certeza Cris. – balançou a cabeça – Isadora?
-- Eu não devo satisfações a ela. – disse entre os dentes.
-- Infelizmente ao seu coração... – apontou o peito da morena – A ele você deve, e vai doer muito mais agora, quando ela descobrir sua gravidez.
-- Ela tem coisas mais importantes para se preocupar. – respondeu com irritação.
-- Deixa de infantilidade Melissa Cristina... – foi novamente ríspido – Quantas vezes você saiu em revista de fofoca? Até comigo você dormiu, e agora vem acreditar nessas palhaçadas? Converse com Isadora antes que ela saiba por revistas ou sites de fofocas.
-- Eu não tenho mais nada com ela. – olhou com irritação o amigo – Ela me deixou... Isso lhe diz alguma coisa?
-- Antes, isso foi antes. – observou a morena por alguns segundos - Ela lhe pediu um tempo... – passou a mão pelo volante - Você não atende aos telefonemas dela, nem lhe viu naquela tarde, sua sutileza me comove. – concluiu com sarcasmo.
-- Você considerou a hipótese que foi Isadora quem me deixou primeiro? – olhou impaciente - No lugar dela eu não teria abandonado após uma noite intensa de amor, de juras e planos... – voltou a chorar – Ninguém sabe o que senti naquela hora.
-- Porque vocês se amam, uma faz parte da outra. - Melissa fitou Enrico assustada, eram as mesmas palavras que Isadora usou em seu sonho na praia. - Imagino sua dor, e só um cego não vê o quanto estão sofrendo.
-- Você pode me deixar em casa?
-- Quero que me avise quando falar com Joaquim?
-- Por que isso?
-- Eu quero ficar por perto, e adianto logo: com ele você não casa. – Melissa revirou os olhos, imaginava a reação dos pais, principalmente de Ester.
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-- Francisco, esses papéis são alguns dos artigos que lhe prometi sobre o controle de armas ilegais, agora é só cair em campo e “bombar” na sua matéria. – Isadora brincou tentando manter calma em relação ao seu dilema amoroso.
-- Sim senhorita. - respondeu também animado. – Deixarei na minha sala, depois vou pegar um café e ler as notícias do nosso País, aí sim, estarei com tudo para começar mais um dia puxado de trabalho.
-- Ah, eu acho que vou seguir seus passos... – olhou o amigo – em relação ao café – sorriu.
-- Francisco, Adam quer saber se você terminou a matéria sobre o departamento de narcóticos? – perguntou o jovem estagiário.
-- Na mão, vamos lá... – apontou sua sala - que lhe entrego – gritou para amiga que saia da sala – Isadora pega o meu café. – pediu.
-- Ok! – respondeu.
Francisco chegou à sala, o computador estava aberto em um site de notícias sobre o Brasil, após entregar o material a Breckly, ele comentou sobre uma manchete em destaque falando sobre o descarrilamento de um trem.
-- Estes caras não fazem manutenção, depois ninguém sabe e ninguém viu nada. – falou revoltado – Vamos ler notícias boas... Hum, sites de estrelas e celebridades brasileiras, vem aqui Breckly, vou lhe mostrar as belíssimas brasileiras. – brincou o rapaz.
-- Toma teu café e não enche mais pelos próximos mil anos Francisco. – Isadora entregou a bebida e quando estava saindo, ouviu o grito do estagiário.
-- ISADORA! – estava entusiasmado – Foi essa a morena que veio falar com você e deixou “aquela planta”. – Isadora parou e no momento que se virou para corrigir o rapaz, tocou-se do que ele estava falando e foi até a tela do computador, onde leu a manchete: “A herdeira de grande fortuna, Cristina de Alcântara deixa de ser a solteira mais cobiçada de São Paulo”. – A reportagem trazia as informações que a morena iria se casar com Joaquim, deixando de vez as badalações da noite paulistana. Nesta foto ela está diferente, quando veio aqui estava bem mais linda.
Isadora leu a matéria em silêncio, depois olhou para o rapaz que ainda comentou sobre a beleza da morena. Ela voltou a olhar o amigo e desmaiou.
Fim do capítulo
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patty-321
Em: 19/07/2017
Golpe de mestre esse do Joaquim. Envolveu, drogou e conseguiu engravidar a mel. E isa, a mel.nao arquitetou essa situação, mas pensando friamente foi uma vingança bem bolada, mesmo sem a intenção. Agora, fudeu. Vamos esperar muito pra ver essas duas felizes juntas. Vc é demais Rafa consegue fazer a estória ficar mais dramática ainda. Bjs.
naybs
Em: 19/07/2017
Ahhhh não gostei dessa gravidez!!! ¬¬ kkkj
Mas fazer o que né! Isso deve ser para dar mais emoção na história :(
Estou pensando com meus botões que vai vir muita treta depois de capítulo!
Não gostaria de estar na pele da Isa agora. Não vejo resoluções depois dessa gravidez, mas com certeza a Isa em algum momento deve descobrir que a Mel foi dopada.
Parabéns Rafa você sabe nos deixar felizes em um capítulo, agoniadas em outro e com ódio mortal do próximo hahahaha
Continue assim! Kkk brincadeira. Quero elas juntas novamente o quanto antes! :)
Resposta do autor:
Obrigada! Confesso que adora essa onda de emoções, história muito calma, às vezes, pode ser igual água parada: profunda demais e pesada, sem chances de salvamento. Beijos
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