Capítulo 44
-- Pai!
-- O que ele faz aqui?
-- Meu filho...
-- Não me chame de filho, seu assassino. – ele cresceu para o lado do pai, mas Melissa o segurou.
-- Daniel...
-- O que ele veio fazer aqui? – perguntou para filha que o segurava.
-- Entregar a empresa e as fazendas para mim.
-- Como? – olhou para o pai e depois para filha. Melissa retirou a mão apoiada sobre o tórax do pai, e bateu de leve, como se desse pedisse paciência. Ela foi até a mesa e pegou a pasta e entregou. – Qual é o próximo truque? – perguntou após ler a papelada.
-- Não tem mais nada. Perdi vocês, admito. – lamentou – Agora passarei o resto da minha vida na fazenda, isto é, se Cristina permitir.
-- Ahhh, pobrezinho do velhinho indefeso! – usou de ironia – Melissa Cristina, quando estiver livre, passe em minha sala, precisamos conversar. – foi em direção à porta, mas o José o chamou.
-- Daniel, meu filho, eu disse a Cristina que não tive nada haver com o desaparecimento da sua namorada, assim como havia lhe prometido. – aproximou-se do filho. – O meu bem mais precioso são vocês dois. Eu não gostei da sua escolha para casamento, mas prometi respeitar e nunca interferi. Nunca deixei de cumprir algo que tenha me pedido, nunca faltei com minha palavra a você. – olhou para neta – Estou passando tudo para Melissa Cristina porque este era o nosso desejo, entregar-lhe tudo depois que estivesse preparada, e agora é melhor que nós dois. Eu não posso mudar meus erros passados, mas posso tentar fazer a coisa certa a partir de agora. Poderia me ajoelhar e lhe pedir perdão, meu filho, no entanto, isso não vai trazer minha Cristina de volta. – o velho homem estava realmente emocionado, Daniel nunca tinha visto o pai assim, muito menos Melissa. – Eu lamento pelos meus erros, eles causaram dores fortes e irreparáveis em você, em mim e nela. Espero que a partir de hoje, esta empresa tenha outros rumos, uma nova direção, com um novo olhar. – olhou para neta – A partir de agora é com você, meu amor. – voltou-se para Daniel – Sei que não mereço seu perdão, mas espero que volte a me considerar como um pai, porque preciso do meu filho e melhor amigo de volta. – saiu antes que qualquer um dos dois falasse algo.
-- Pai, o que foi isso?
-- Estava pensando a mesma coisa.
-- Eu não sei se posso aceitar essa responsabilidade. – Daniel se aproximou e segurou as mãos da filha.
-- Ele lhe passou então acha que está pronta. – beijou as mãos da filha e sorriu – Independente de qualquer coisa, ele construiu tudo isso pensando em você. – abraçaram-se.
-- O que o senhor queria falar? – perguntou afastando-se.
-- Agora nem sei como conversar... – deu de ombros e sorriu.
-- Ai pai... – foi em direção à porta e pediu para secretaria trazer café.
-- Cristina, depois de tudo isso... Esses últimos meses... – foram interrompidos pela secretaria que deixou o café.
-- Obrigada dona Ada. – bebeu um pouco. – Pai, eu começo a ter medo do rumo dessa conversa. Quero deixar claro que não irei atrás de Isadora e...
-- Não. Meu amor, não é nada com Isadora. Apesar de ter uma opinião formada a respeito...
-- E? – sabia que o pai queria ir além naquela conversa.
-- E, sinceramente, ir atrás de quem se ama após uma separação, independente de quem errou... – avaliou a filha e concluiu – O que quero dizer, Melissa... – a olhou de forma divertida – Não importa quem está certa ou errada, e sim quem dará o primeiro passo e quebrar este gelo. Deixe o orgulho de lado, e corra atrás da sua felicidade. Sabe onde Isadora está? Ótimo! Vá lá, e recupere sua felicidade.
-- Melissa... Voltar atrás e esquecer o orgulho... Vovô me entregando o poder supremo da sua fortuna... Será que fui dormir ontem e acordei em um mundo paralelo? Fui abduzida?
-- Não minha filha, está aqui e muito bem acordada. – sorriu – E nesta realidade, estou aqui para lhe informar sobre algo que eu e sua mãe decidimos.
-- Nesta hora que corro desesperada? – Daniel sorriu.
-- Eu passei anos à frente de tudo isto, mas, diferente de você, meu pai só me cobrava. Perdi muito anos e agora quero me divertir um pouco, com sua mãe.
-- E? Agora vou receber outra procuração passando plenos poderes para gerir a sua empresa. – concluiu com enfado.
-- Ah! Vamos lá, você adora isso. – brincou – Espero você ir atrás da loirinha, e depois levo “meu broto” para viajar. – Melissa fez uma careta. – O que? Broto é antigo né?
-- Apelou, pai. – sorriram.
-- Estou liberado?
-- Se tiver carta branca para montar minha equipe... – Daniel fechou um dos olhos e colocou as mãos no bolso.
-- Vai ter demissão de um assistente?
-- Com toda certeza. – sorriram.
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-- Melissa, aconteceu alguma coisa? – Eliezer perguntou assustado ao vê-la em seu sítio, no meio da semana.
-- Vovô... – abraçou forte o velho homem. – Saudades. – ele a olhou e avaliou.
-- São apenas saudades deste velho? – Melissa o puxou para sentar no velho sofá.
-- Jurei para mim mesma que não faria nada a respeito, e me esqueceria da sua existência... – olhou para o chão, era tão difícil assumir que estava quebrando suas próprias regras. - Terei de engolir meu orgulho... – deixou uma lágrima rolar. – Vô, eu quero tentar.
-- No amor não existe fórmulas ou regras, muito menos orgulho. – limpou o rosto da morena - Fará a coisa certa. – a abraçou.
-- O senhor tem o contato e endereço dela? – ele se levantou e pegou uma folha dentro de uma antiga agenda.
-- Escrevi alguns meses atrás e deixei aqui, aguardando este dia. – Melissa pegou o papel, sentia suas mãos trêmulas.
-- O senhor pode... – o velho entendeu e lhe levou próximo ao telefone.
-- Isadora...
-- Vovô? Aconteceu alguma coisa? – perguntou assustada. – O senhor nunca telefona, ainda mais no meio da tarde.
-- Aconteceu sim, minha querida.
-- Foi com Melissa? – estava ansiosa.
-- Só um pouco... – entregou o aparelho para morena, que o olhou assustada.
-- Alô... Vovô...
-- Isadora? – a loirinha ao ouvir aquela voz rouca pronunciar seu nome, pausadamente sentiu suas mãos suarem, uma dor de estômago que irradiou pelo resto do corpo.
-- Me... Melissa?
-- Eu... – estava um pouco envergonhada, e Eliezer achou melhor deixa-la sozinha.
-- Mel... – disse com a voz embargada.
-- Eu quero você de volta em minha vida, e sei que também quer o mesmo.
-- Melissa...
-- Isadora, você não pode nos privar disso.
-- Mel confia em mim... Preciso resolver algumas coisas antes, e depois eu volto.
-- Quando?
-- Eu não sei... – começou a chorar – Só confia em mim Mel.
-- Eu não vou desistir da gente.
-- Melissa confia em mim.
-- Eu não sei qual a forma tosca que pretende resolver isso, mas não vou desistir da gente. E se quer realmente casar comigo, e vivermos essa história, volte.
-- Eu volto meu amor, mas antes preciso resolver algumas coisas, mas prometo sim. – respondeu emocionada.
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-- Cristina, eu entendo que ele é seu melhor amigo, mas não vejo como poderá lhe ajudar. – fingia paciência e boa vontade – Como Enrico vai dirigir os negócios com você? Eu posso permanecer lá, fiquei meses, ao lado de Daniel, como um “estágio” e aprendi muito. – pegou a mão da morena e beijou – Sei como ele pensa, vou ser de grande ajuda.
-- Muito obrigada Joaquim, mas não será necessário. Agora pode voltar a gerir seus negócios de família. Quanto à decisão de Enrico permanecer ao meu lado, não foi uma pergunta ou um pedido de ajuda, foi uma afirmação: Enrico vai assumir meu lugar, ponto. – respondeu com tranquilidade.
-- Cris...
-- Acho que você não entendeu... – começava a se irritar – Qual a parte do Enrico ficará ao meu lado se perdeu? Isso é fato. A partir de amanhã ele assume.
-- Você não fará a transição?
-- Meu pai me ensinou que tempo é dinheiro, então não tem porque esperar.
-- Emotivo ele, hein? – disse com sarcasmo.
-- Eu apenas funciono como ele.
-- Família lucrativa essa sua. – novamente usou um tom irônico.
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-- Sabe o que é engraçado? – Enrico perguntou fazendo a morena deixar de lado a leitura que fazia e encara-lo com um olhar curioso.
-- Sim?
-- A maioria dos “chefões”, eles não aceitaram muito bem o fato de um ex-motorista, segurança da família assumir o lugar antes ocupado pela herdeira.
-- Isso lhe afeta em alguma coisa? – empurrou os papéis – Alguém lhe tratou com desrespeito?
-- Não. – adiantou-se – Em nenhum momento fizeram ataques direto, apenas olhares consternados.
-- Não se importe, com um tempo piora. – advertiu – Nesta parte vem as traições – sorriu.
-- Então nesta parte poderemos nos divertir? – sorriu – Quero dizer, chutar traseiros?
-- Esse é meu garoto! – bateram um na mão do outro em sinal de divertimento e cumplicidade. – Qual é Enrico? Você é formado em Administração, tem MBA em Gestão Financeira, não é justo continuar como segurança.
-- Chefe da segurança – corrigiu.
-- Sabia que este dia chegaria, por isso se preparou e sempre esperou que papai lhe valorizasse mais.
-- Mas Cris...
-- Sem falsa modéstia Enrico. – repreendeu – Passarei minhas atribuições, e você é a pessoa que mais confio para me ajudar, não aceitarei um “não”.
-- Tudo bem, e se aceitar?
-- Deixarei você à frente de tudo e vou passear em Nova Iorque, resgatar minha princesa encantada.
-- Resgatar? Do que está falando?
-- Ainda não sei, mas terei de descobrir. – colocou as mãos no ombro do amigo – Quero lhe pedir sigilo absoluto, para todos os efeitos, fui para alguma fazenda.
-- Beleza! Mas sabe qual o inimigo que irá enfrentar?
-- Ainda não, e isso que me preocupa.
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-- Mel, nem para Bruna?
-- Para ninguém Júnior. – colocou as mãos no ombro do amigo – Estou confiando em você, posso acreditar nisso?
-- Ninguém vai saber “tá ligada”?
-- Não deixe ninguém entrar no haras e se alguém conseguir, diga que fui para uma das fazendas.
-- Tudo bem. – pensou um pouco – Oh Mel, por que isso?
-- Alguém chantageou Isadora, não sei quem. – mudou a expressão, fechando-a – Pela forma como agiu, e permanece agindo, foi alguém próximo.
-- Entendi. Ficarei de “butucas” bem abertas.
-- Ah meu amigo, só você mesmo para me fazer rir no meio de tantas coisas tristes. – abraçou o amigo.
-- Cristina, vamos lá? Estou pronto.
Enrico deixou Melissa no aeroporto enchendo-a de recomendações, parecia mais um pai. A morena se divertia com as preocupações do amigo que exigiu uma ligação ao colocar os pés no hotel e outra após o encontro com Isadora.
A morena chegou à Nova Iorque no meio do verão, a onda de calor assolava a cidade, mesmo assim, para uma brasileira, era uma temperatura desagradável. Ela foi direto ao hotel, onde tomou banho e ligou para Enrico que lhe encheu com mais recomendações. Estava impaciente, olhou a hora e sorriu, naquele horário seria mais fácil encontra-la no trabalho, do que em sua casa. Apesar de todas as recomendações, Melissa não aguentaria esperar até a noite, foi direto ao endereço que Eliezer havia lhe dado. Parou em uma floricultura, e comprou um arranjo de orquídeas, flor preferida da sua pequena.
“Banho, bem vestida, flores, só esqueci mesmo de uma faixa de presentes para me envolver e me dar de vez para aquela pequena cabeça dura.” – pensou sorrindo enquanto caminhava até o jornal.
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-- Isadora, linha quatro para você. – informou um dos estagiários. Francisco saiu, deixando-a sozinha ao telefone. Minutos depois, Melissa chegou ao New York Daily.
-- Olá, quero falar com a senhorita Isadora Marcondes. – pediu ao mesmo estagiário que antes havia informado a loirinha sobre a ligação. Ele olhou o monitor de chamadas e confirmou o que já sabia.
-- Senhorita Marcondes está em uma chamada, à senhora pode aguardá-la alguns minutos? – disse com muita educação e sotaque diferente, o que chamou a atenção de Melissa.
-- Claro. – olhou bem o rapaz que a observava com interesse – Desculpe a curiosidade, mas você não é americano.
-- Sou inglês, da cidade de Liverpool – sorriu para a linda morena. – “Deus que mulher é essa?”
-- Beatles? – sorriu – Linda cidade, para mim a mais bela do Reino.
-- Oh, a senhora conhece mesmo. – sorriu com entusiasmo – Muita gente fala apenas por causa dos Beatles.
-- Conheci algum tempo, meus pais fizeram amizade com um casal de irlandeses e logo que retornaram para Europa, escolheram Liverpool para morar. – os dois conversaram por um bom tempo sobre o Reino Unido e a adaptação do rapaz aos Estados Unidos, não perceberam o tempo passar.
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-- Isadora, eu posso entrar agora? – Adam perguntou se aproximando.
-- Claro. Algum problema? – perguntou com curiosidade após perceber a expressão do homem.
-- Isadora algumas semanas atrás nós conversamos sobre o que sinto por você, e agora... – olhou os olhos verdes – Agora preciso de uma posição sua.
-- Adam... – sentou-se melhor em sua cadeira – Aqui não é o local mais adequado para assuntos particulares.
-- Não posso mais permanecer nesta dúvida... – aproximou sua cadeira e pegou as mãos da loirinha entre as suas – Essa situação tem me matado aos poucos... – olhou melhor a mão menor e viu a aliança – A resposta permanece mesma? – apontou o dedo com o anel, Isadora sorriu ao perceber o objeto em sua mão.
-- Exatamente Adam. Por conta disto estou incapacitada de ter qualquer tipo de relacionamento.
-- Ele mora em outro País, isso valerá a pena?
-- Sim. Apesar de ser outro País, ou outro planeta o importante que meu verdadeiro lar é nele.
-- Isso é clichê! – acomodou-se melhor na cadeira, afastando-se -Isadora eu prometo...
-- Shii... – silenciou-o com os dedos, aproximando-se – Não fale isso, você merece mais, e eu só posso lhe oferecer um pouco mais do que nada.
-- Entendo. – forçou um sorriso – Homem de sorte esse seu noivo. - Isadora sorriu ao se lembrar de Melissa.
-- A sorte é toda minha em encontrar alguém como ele. – confessou se lembrando dos olhos azuis.
-- Posso pelo menos lhe abraçar?
-- Lógico, somos amigos. – o moreno a envolveu entre seus braços, ela retribuiu, passando os braços por trás do pescoço do chefe, e só então, sentiu o beijo inesperado e roubado.
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-- Conversamos e esquecemos a senhorita Marcondes. – voltou a olhar o monitor – A senhora pode ir, terceira porta a esquerda.
-- Obrigado! – respondeu de forma natural, mas para o rapaz era muito sedutor.
Melissa viu a porta entreaberta e apenas a empurrou, deparando-se com a cena que gostaria de nunca ter visto.
“Isadora?” – perguntou a si mesma – “Deus Isa o que é isso?” – sentiu o sangue fugir, as pernas falharem, mesmo assim decidiu que aquele não era o local e o momento para passar mal e ser vista. – “Manter a dignidade antes de qualquer coisa”. – Melissa saiu e quando estava na recepção, o mesmo rapaz percebeu que ela não estava bem.
-- Senhora... Senhora... Não achou a sala? Sente-se bem? – o estagiário perguntou demonstrando preocupação com a aparência de Melissa.
-- Es... Estou bem. – respondeu desnorteada, e aceitou a mão que o jovem lhe ofereceu.
-- Tem certeza que está bem?
-- Estou sim. - olhou o arranjo com as orquídeas – Tome. – entregou e saiu.
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-- Desculpe Isadora – disse após ser empurrado pela loirinha.
-- Por favor, peço que não se repita ou nem amizade manteremos – foi ríspida.
-- Isadora foi maior...
-- Adam, eu amo outra pessoa e não quero e nem vou trair este amor, entendeu?
-- Desculpe. – saiu da sala após a loirinha lhe dar as costas. Minutos depois Isadora, recuperada da investida frustrada de Adam saiu ao encontro de Francisco.
-- Senhorita Marcondes... – Breckly lhe chamou, ela o olhou. – Aquela senhora que falou com você, ela me entregou estas rosas aqui, o que faço? – mostrou o arranjo - Pensei que fossem para você.
-- Breckly, isto são orquídeas, e não rosas... – olhou bem o arranjo – Por sinal são lindas.
-- Era para você, o que faço?
-- Para mim? – olhou desconfiada, quem ali saberia sua preferência por orquídeas? Nem mesmo Francisco sabia. – Quem era?
-- Acredita que me esqueci de perguntar o nome? Ela era tão imensamente linda que me perdi nos olhos azuis.
-- Olhos azuis? Linda? Era morena?
-- Era, e brasileira. Alguma amiga sua?
-- Não sei. – “Espero que não. Não diante do que aconteceu lá dentro” – pensou e voltou até sua sala. Ela pegou o telefone e ligou para o celular de Melissa, estava desligado. Ligou para o apartamento, e quando tentou a casa dos seus pais, informaram que ela estava em uma das fazendas da família. A loirinha sentiu um alívio por não ser a sua morena a visitante misteriosa. – “Ela nunca ouviria minha explicação sobre este beijo”.
À noite, após chegar ao apartamento em que morava, Francisco demonstrou muito cansaço, jogou-se sobre o sofá e ficou deitado de olhos fechados, ouvindo sua amiga caminhar, impaciente, pelo ambiente.
-- O que está acontecendo?
-- Como? – perguntou desligada.
-- Não acha que está muito desligada hoje? Aliás, da tarde para cá. – continuava sendo irônico. Isadora o observou e se jogou na poltrona.
-- Aconteceu uma coisa estanha hoje. – olhou para o amigo – Uma mulher linda, morena e de olhos azuis me procurou no jornal.
-- Morena linda e olhos azuis? – ficou pensando – Então?
-- Então ela levou um arranjo lindo com orquídeas.
-- Orquídeas? Flores raras não? – novamente falou com sarcasmo.
-- Fran, eu só conheço uma morena linda e de olhos azuis que sabe o quanto adoro orquídeas. A mulher era brasileira.
-- Melissa está mesmo aqui? – perguntou assustado.
-- Liguei para o Brasil e me disseram que estava em uma das fazendas... – foi interrompida.
-- Acho tão chique e poderoso isso: “Melissa foi para uma das fazendas.” – usou de um tom brincalhão – Nós, pobres mortais, as pessoas respondem: “pegou o metrô para ir ao Brooklin” – sorriu – “ou foi de ônibus, porque o carro, no meio do caminho, quebrou, de tão velho.” – os dois caíram na gargalhada e Francisco foi atingido com uma almofada.
-- Eu acreditei que não era ela, mas alguma coisa aqui dentro – apontou o coração – está me dizendo que era.
-- Era ela? Por que não falou com você? Meio sem sentido esse raciocínio, não acha?
-- Seria se...
-- Aí meu Deus! – endireitou-se no sofá - Santa rainha das purpurinas, o que vem por trás deste “se”?
-- Adam me agarrou e beijou durante um “singelo” – usou de sarcasmo – abraço. – Isadora explicou toda a situação para o amigo que ouviu atentamente, sem interrompê-la.
-- Isadora, eu estou realmente achando esse Adam um verdadeiro canalha.
-- Canalha?
-- O cara é seu chefe, fica colocando banca na hora do serviço... – passou a mão pelo cabelo – Sabe que isso sugere assédio sexual? – quando a amiga ia abrir a boca foi impedida – Sim, é isso mesmo querida. – levantou-se e andou pela sala – Isso aconteceu com outras garotas, você sabia?
-- Não. Ele parece ser tão sincero, fiquei até com pena...
-- Pena? Aposto que a pessoa que lhe separou de Melissa já foi digna de sua pena. – novamente irônico – Mulher, acorda! Esse cara não vale nada. – Isadora ficou pensativa. – Sou homem, conheço a raça, apesar do glitter e purpurina, sou homem.
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-- Cris? Por que não ligou para dizer que ia lá? Esqueceu os amigos só porque está no paraíso?
-- Paraíso tem calor, solidão e desilusão? – usou do seu habitual sarcasmo.
-- O que aconteceu? – a morena contou tudo ao amigo, deixando-lhe surpreso, e seu queixo só não caiu porque estava preso ao corpo. – Cris, eu estou passado. – pensou um pouco e disse - Tem certeza que era a baixinha? Você sabe, estão separadas a um bom tempo, e aí pode ter confundido...
-- Sem noção você Enrico, acha mesmo que não conheceria Isadora? No escuro, vendada, e ainda submersa em água eu reconheceria aquele corpo.
-- Poupe-me dos detalhes sórdidos Melissa Cristina.
-- Enrico, você sabe como Isadora conseguiu o emprego neste jornal? Onde ela morou assim que chegou e como passou seus primeiros dias aqui?
-- O emprego e a forma como foi contratada e onde ficou sim, entreguei quando a incentivei em procura-la... – pensou um pouco - mas como viveu nos primeiros dias... Você está exagerando.
-- Meu amigo posso ser exagerada, mas se o que estou pensando for verdade, fui a maior palhaça da face da terra.
-- Não está achando que ela...
-- Que ela tinha tudo planejado? Tenho quase certeza meu amigo, tudo me leva a crer nisso.
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-- Não consigo falar com Melissa – sorriu – Acho que é mais fácil falar com Bush – permaneceu sorrindo.
-- Acha que era mesmo ela?
-- Meu coração diz uma coisa, a cabeça e a razão outra.
-- Em quem você confia mais?
-- Prefiro não opinar, mas continuo com aquele aperto. – respondeu de forma pensativa.
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Melissa retornou ao Brasil no dia seguinte, chegou a São Paulo, arrasada com o fracasso da sua viagem, nem mesmo Enrico conseguiu animá-la, pelo contrário, ele entregou as informações necessárias para a morena desvendar a charada que se formou em sua cabeça.
-- Ela tinha apartamento alugado no nome dela, emprego e se duvidar mais coisas?
-- Cris, você não está pensando, isso tudo pode ter sido implantado para incrimina-la. - sentou ao lado da amiga – Nós sabemos quantas pessoas eram do contra.
-- Acabou Rico, não quero mais falar em Isadora ou nada que me lembre dela. – disse com pesar olhando os papéis com informações. – Fechou o círculo sobre nós duas e nossa história.
Fim do capítulo
Meninas, continuo naquela questão de tempo, e se tiver uma horinha publico cedo amanhã. Beijos e comentem, por favor, fiz alterações atendendo a pedidos, será que alguém percebeu? Boa semana!
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Suzi
Em: 20/07/2017
Oi Rafa,
Fora a vontade de quebrar a cara do tal Adam, e a Mel pensar realmente que Isa que nunca escondeu ser les estar traindo com um cara?! Acorda né Melissa!!!
Te cuida e aproveita pra descansar, estamos firme aguardando.
bj
Resposta do autor:
Obrigada Suzi! Beijos e boa semana
AureaAA
Em: 17/07/2017
Ai meu pai quanto sofrimento!
Gostei das modificações autora...que essas duas possam se reencontrar e matar oda essa saudade e extravasar esse amor...rsrsrs esperandomais modificações nos próximos capítulos bjs e até mais!
Resposta do autor:
Ainda terão muitas modificações. Obrigada e beijos
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Alexia
Em: 17/07/2017
Olá! Rafa
Gostei muito das modificações da sua história triste pela Mel q chegou na hora errada mais torcendo pra nossas duas heroínas pra se acertarem logo! Bjs! Até o próximo capítulo!
Resposta do autor:
Elas ainda terão de aprender com o sofrimento, assim aprendem a deixar a desconfiança e o orgulho de lado. Beijos e até o próximo capítulo.
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naybs
Em: 16/07/2017
Poxaaa, quando eu acho que elas vão se encontrar e ter uma linda noite de amor, vem um balde de água fria :(
Eu não sei que mudanças são essas porque não tinha lido essa história antes, mas estou gostando dos capítulos! :):):)
Querida escritora Rafa, lógico que a gente entende essa parada de cansaço! Fique tranquila!
Mas mesmo assim iremos ficar ansiosas pelos próximos capítulos hahaha
Resposta do autor:
Obrigada Naybs, estou realmente esgotada, e ontem, faleceu um colega do setor e nos deixou (todos) pensativos quanto a questão do tempo e família. Ele foi atropelado, e era um cara com urgência em viver, aproveitava cada minutinho, e talvez não tivesse tempo como nós de ler, escrever, e ficar apenas sentado, vendo o tempo passar. Era um cara legal, que vivia plenamente, as 24h do dia, mesmo quando viajava para o local mais inóspido como nós fazemos, ele tirava um proveito e não reclamava. Por isso, o tempo tem se tornado algo muito mais importante do que já era, e estou muito cansada, realmente. Esta semana viajarei (amanhã), e só retorno na sexta. Bjs
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patty-321
Em: 16/07/2017
Olá Rafa. Eu percebi as mudanças sim, mas a viagem de mel e a decepção por ela achar q a isa está mesmo com o Adam, isso vc não mudou. Elas vão ralar mais um pouco para desenrolar isso tudo. E o avô tá bem arrependido das merdas q fez e acredito q ele não tem nada a ver com a chantagem. E pelo menos agora a isa resolveu agir para lutar contra o chantagista. Boa noite. Bjs
Resposta do autor:
Tem muitas mudanças, e ainda vai vir muita coisa pela frente. Beijos
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ik felix
Em: 16/07/2017
Cara concordo plenamente com o Francisco e ainda acho que ele está com o cara que está chantageando a Isa. E coitada da Mel, sempre deixando o orgulho de lado e indo atrás da Isa e infelizmente não deu certo. Beijos!
Resposta do autor:
Concordo com você, e chega uma que enche, né! Mas logo isso vai acabar, só aguardar. Beijos
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Mille
Em: 16/07/2017
Aí ai quando comecei a ler imaginava que a viagem da Mel a nova Iorque ela iria encontrar Isa e Alan juntos. E que safado esse Alan meu sexto sentido diz que ele e jaoquim é farinha do mesmo saco.
Melissa precisa se livrar é do Joaquim ou diria que é a autora que tem que mandar ele para Cochinchina???
As provas contra a Isa chegando em Melissa como uma afirmação que foi enganada pela Lourinha. E de agora em diante Isa sera para ela um passado mesmo que no coração esteja ocupado pela Lourinha.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Eu acho que ele é pela saco. Sabe, tenho uma teoria com esses homens que pegam no pé e ficam ciscando, dá uma vontade de esganar. Já conheci muitos na vida. Quanto a Joaquim, o que é dele vem bem L E N T A M E N T E!!! Isso é verdade: ela vai chamar Isa de passado. Beijos
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