Capítulo 43
No outro dia, Melissa perdeu o horário do compromisso marcado com a mãe. Havia dormido com a mistura de bebida e analgésico que optou por tomar após sentir uma dor insuportável na mão cortada. Ester ficou preocupada com a ausência da filha, e tentou contato pelo telefone, mas não conseguiu. Com a ajuda de Júnior, ela entrou no apartamento da filha, e após perceber o estado em que ele se encontrava, imaginou o pior. Olhou ao redor e ficou mais tranquila ao encontra-la, dormindo, no meio das roupas da loirinha que estavam jogadas no chão. Resolveu arrumar a bagunça e fazer algo para ela comer quando acordar. Júnior pegou todas as fotos de Isadora e juntou em uma caixa, pegou uma em especial e olhou para Ester.
-- Dona Ester, eu posso ficar com essa? – o rapaz pediu olhando para foto em que estava ele e as duas mulheres.
-- Você gosta muito de Isadora não é? – perguntou completamente sensibilizada com a expressão e gesto do rapaz.
-- Ela sempre vai ser uma irmã para mim, e sua morena, ela é uma paixão “planctónica” – olhou a namorada – mas agora eu tenho Bruna, tá ligada? Então Mel vai ser minha irmã também. – sorriu, mostrando um ar de inocência, que transbordava bondade.
-- Pode ficar com ela, mas não diga a Me... Digo Cristina que a pegou. – advertiu sorrindo.
-- Pode deixar, eu sou o novo irmão da morena.
-- Ainda bem que é irmão, sendo outra coisa você morreria João Matias. – Bruna ameaçou com uma almofada na mão.
Melissa acordou após algum tempo, com uma ressaca insuportável. Viu tudo arrumado e uma mesa de almoço posta com sua mãe, Bruna e Júnior a esperando.
-- Bom dia minha filha! – disse estendendo a mão para pegar a da filha, e só então percebeu o grande corte. – O que foi isso Melissa Cristina?
-- Uma bobagem, nem lembro mais como foi. – respondeu com desdém.
-- Mas ainda está sangrando.
-- Tenho alguma coisa lá na cozinha, um pó, após passar o sangue cessa.
-- Por que não me ligou? Poderia ter vindo aqui, sabe que isso precisa de ponto.
-- Mamãe, eu já vou fazer vinte e quatro anos, não sou uma criança.
-- Mesmo? Não pareceu quando cheguei. – foi ríspida.
-- Cris, nós estávamos preocupados. Você não atendia ao telefone, e só descobrimos o motivo quando chegamos aqui. – mostrou o aparelho espatifado – O celular desligado... Acho que temos o direito de ficarmos preocupados. – Bruna alegou em defesa de Ester.
-- Tudo bem me desculpem. – permaneceu com o tom desinteressado.
-- Mel, a Isa falou por que foi embora? – Júnior perguntou deixando todas às três mulheres surpresas.
-- O que lhe faz pensar que Isadora ligou? – Bruna perguntou espantada com o namorado.
-- Mel só se irrita assim quando discute com Isa, e como ela não “tá” aqui e o telefone quebrado... – deduziu, mas parou de falar ao se deparar com os olhos azuis que lhe investigava.
-- Ela ligou Cristina? – Ester perguntou, recebendo um aceno da filha que baixou a cabeça com vergonha.
-- Júnior, com essa dedução você me surpreendeu. Mais uma vez você tem bônus. – Melissa brincou desconversando, fazendo com que as duas mulheres percebessem que aquele assunto estava encerrado.
-- Não preciso mais desses negócios, meu pai tem me dado dinheiro e as aulas que estou dando de taekwondo têm suas coisas boas.
-- Não é bônus de dinheiro amor, é de amizade. – Bruna explicou.
-- Sério? Eu sabia que você sempre foi minha amiga, mesmo quando dizia que ia enfiar minha cabeça na privada. – explicou sorrindo, fazendo todos caírem na gargalhada, e Melissa não resistiu, abraçou o amigo.
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Os meses se passaram com uma rapidez incrível. Adam estava cada vez mais apaixonado por Isadora, que via com indiferença a paixão “platônica” do editor. Francisco tentava inutilmente animar a amiga, que fingia alegria, mas toda noite chorava até adormecer.
Melissa saiu do circuito das noites paulistanas, quase não era vista. Ela e o pai haviam cortado relações com José, deixando o velho homem isolado. Nas horas de folga se dedicava ao haras, e uma vez por mês, visitava o avô Eliezer, ou enviava um motorista para pegá-lo e leva-lo ao haras. Ela cumpriu seu juramento de não chorar mais por Isadora e seguiu com sua vida. Havia retirado à aliança, o que deixou o velho Eliezer triste, pois sabia que as duas se amavam, mas não entendia a atitude da neta, estava decepcionado com ela. Melissa nunca perguntou sobre a loirinha, e ele entendia o silêncio, evitando tocar em seu nome. Algumas vezes Ester, ou Júnior perguntavam como Isadora estava, e ele relatava sobre os telefonemas, mas, sempre na ausência da morena.
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-- Oh garota, você tem trabalhado muito. Prometo que vou reavaliar suas matérias. – afirmou após pegar a jornalista se espreguiçar em frente ao computador.
-- Não Adam, o trabalho me ajuda muito. – respondeu envergonhada.
-- Fica linda envergonhada. – colocou as mãos nos bolsos da calça. - Então... – aproximou-se - Aposto que não almoçou o que acha de jantarmos? – fez um carinho no rosto de Isadora.
-- Não estou no clima Adam...
-- Clima? Desde quando se precisa de clima para comer? – fez alguns gestos engraçados, fazendo-a sorrir.
-- Tudo bem, mas só um simples jantar, nada sofisticado.
-- Palavra de escoteiro. – levantou a mão esquerda.
-- E tenho que dormir cedo. – afirmou sorrindo.
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-- Não acredito que você come pouco assim? – brincou.
-- Na verdade não estou com fome. – respondeu após deixar de brincar com o garfo.
-- Hum... Isso requer medidas emergenciais. – pegou o garfo e levou a comida até a boca da loirinha.
-- Adam! As pessoas estão olhando... – advertiu
-- E o que tem? Uma loira linda, digna de parar o trânsito, besteira! Isso é inveja. – permaneceu brincando, o que deixou Isadora mais descontraída.
Após o jantar, preferiram caminhar até a casa de Isadora. Em frente ao prédio da loirinha, os dois permaneceram conversando por mais algum tempo, até que Adam resolveu aproveitar aquele momento e se declarar. Ele se aproximou e a beijou. O primeiro pensamento da loirinha foi empurrar aquele homem para longe, mas aos poucos foi cedendo ao que não passou de um simples e casto beijo.
-- Adam... – disse após interromper uma segundo beijo.
-- Desculpe Isadora, mas não conseguia mais ficar perto de você, sentir seu perfume, ver sua boca e não chegar perto, experimentar... – afagou o cabelo loiro e liso. – Estou gostando de você desde que a vi.
-- Adam, eu amo outra pessoa. – explicou com cuidado, acariciando o rosto do moreno.
-- Eu sei, tem Cristiano. – concluiu com tristeza.
-- Tem ele, principalmente ele. – pensou em Melissa – Mas tem o jornal. Adam, isso pode gerar comentários – gesticulava com as mãos – Não posso me envolver com ninguém agora.
-- Vamos aos pouquinhos... Isadora, podemos nos conhecer melhor intimamente, e depois você vai aliviando a tensão e...
-- Adam... Adam... – tentou chamar atenção do rapaz que não parava de falar – Vamos pensar melhor sobre isso?
-- Você não quer? Não gosta nem um pouco de mim? – perguntou de cabeça baixa e com tristeza.
-- Eu gosto Adam, mas como amigo. Admiro seu trabalho, mas...
-- Mas só isso. – completou com uma voz baixa.
-- Não... Adam, ainda amo Cristiano, apesar de estarmos tão longe, não posso arrancar esse sentimento de dentro do meu coração.
-- Eu só peço uma chance. – pediu apontando um dedo e fez uma cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança.
-- Seu bobo... – abraçou o moreno e sorriu. – Melhor ficarmos por aqui, ou terei de levar este pobre animalzinho que caiu do caminhão de mudança para uma clínica.
-- Não teria mesmo lugar para ele em sua vida? – perguntou com um ar travesso.
-- Primeiro não tenho espaço em meu apartamento... – sorriu – Segundo, não tenho tempo em minha vida... – permaneceu sorrindo e franziu o nariz – Terceiro e último, estou criando um porquinho bagunceiro de nome Francisco que consome todo meu tempo livre. – com isso encerrou o assunto e não foi indelicada com o homem.
Isadora entrou e Francisco a estava esperando, deitado no sofá lendo um livro.
-- Estava começando a me preocupar. – com um gesto exagerado completou - Quase chamei o FBI.
-- Engraçadinho. – jogou-se na poltrona. – Meu dia foi horrível!
-- Babado forte? – ajeitou-se no sofá.
-- Fortíssimo Fran. – respondeu revirando os lindos olhos verdes.
Isadora contou tudo para o amigo, todos os detalhes, inclusive o beijo e a declaração de amor do chefe.
-- Sabe que por mais ético que o Adam possa ser, só e apenas, somente por causa da declaração preconceituosa eu acho que isso vai ser uma verdadeira roubada para você. – falou com preocupação.
-- Eu sei Fran, por isso quero levar em fogo baixo até as coisas se acalmarem e eu encontrar uma saída. – respondeu com uma expressão cansada, os braços caídos e as pernas abertas em sinal de completa rendição a tudo.
-- Ei, e a história com Melissa? – foi até onde a amiga estava sentada e ficou ao seu lado - Isadora, eu iria lá, ou pelo menos ligaria para ela, esquece tudo e se joga.
-- Não posso Francisco. – passou a mão pelo rosto – Estou louca para ver Mel, ou falar com ela, mas se fizer isso, ela vai interpretar tudo errado e me pedir para voltar.
-- Então vai criatura! Melissa lhe ama e você mais ainda... – colocou a mão sobre a mão da amiga – Isadora, eu não sei que chantagem lhe fizeram, mas volta para mulher que você ama. Cara esquece isso... Isadora você vai ser muito mais rica do que o dono do jornal, então não é grana... – levantou e caminhou ao redor da sala - O que vale uma carreira de sucesso sem a pessoa que você ama ao seu lado?
-- Não é por dinheiro ou carreira, tem muito mais coisa suja nisso. – baixou a cabeça apoiada em suas mãos.
-- Essa mulher lhe ama, admira, lambe o chão que você passa e deduzo isso por tudo o que você já falou dela, e o brilho que seus olhos mostram quando falam nela... – saiu da sala e foi até o quarto de Isadora, onde pegou uma foto das duas em cima da cômoda – Por isso. – colocou a foto na frente da amiga – Olhar diz tudo e o dela por você é de adoração. Pensa nisso, ou logo vem outra pessoa para consola-la e você vira passado.
-- Eu sou passado. – falou baixinho – Esqueceu o que fiz naquela noite? – referia-se a noite que havia ligado para Melissa e ela tinha se humilhado por um “oi”.
-- Pois pense em um passado beeeemmmm distante, talvez um passado “A.C.”, antes da era de Adão e Eva. – foi irônico – Pense nisso.
Isadora foi para o quarto e não parava de pensar em Melissa. Queria telefonar, mas faltava coragem. Tentou dormir sem sucesso, remexia-se na cama, resolveu se levantar e procurar alguma coisa para ler, não tinha cabeça. Foi até a cozinha e pegou um copo de leite, lembrou-se dos hábitos noturnos da morena, e sorriu. Retornou para o quarto, parou quando viu a foto que mais cedo Francisco havia lhe mostrado, contornou a imagem, assim como contornava os traços marcantes do rosto angular, e isso a levou de volta ao início do namoro, fazendo-a reviver o momento mais feliz de sua vida: o dia em que havia ganhado e perdido a aposta, e fizeram amor pela primeira vez.
--“Quanto tempo perdemos por medo.” – Melissa afirmou abraçando-a mais forte.
-- “Eu não suportaria perder sua amizade.” – declarou olhando-a nos olhos – “É muito difícil ficar sem seu amor, mas eu não conseguiria ficar sem sua amizade Mel”.
-- “Nada de medo então, a partir de hoje, vamos ser sinceras e confiar uma na outra.” – beijou o topo da cabeça loira – “Eu te amo Isadora e quero gritar isso para o universo ouvir.” – revelou levantando os braços e pulando depois para cima da loirinha, fazendo cócegas e enchendo-a de beijos.
As lembranças gritavam dentro da cabeça de Isadora, e então ela resolveu fazer o que achava certo.
-- Hoje não tenho sua amizade, muito menos seu amor. – beijou a foto – E nem fui sincera. – suspirou – Não tenho mais nada a perder.
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-- FRANCISCO!!!! – gritou entrando no quarto do amigo.
-- Fogo? Aonde? – pulou – Vamos para saída de emergência. – abriu a janela pulando para a escada externa do apartamento.
-- Não tem fogo. – revirou os olhos verdes e puxou-o pelo braço fechando a janela em seguida. – Calma!
-- Isso... – colocou a mão sobre o peito tentando regular a respiração – Tenho problemas cardíacos, sabia disso?
-- Não, você não tem problemas cardíacos. Tem problemas com drama. – beijou o amigo na bochecha e sorriu.
-- Agora que ligo mesmo para o um nove zero, aliciamento de amigos gay não vale garota. – falou com os olhos estreitos limpando o rosto – Cospe logo, felicidade exagerada no início da madrugada não é meu forte. – reclamou com total fingimento.
-- Pensei no que você me disse e resolvi lutar por minha mulher. – falou rápido, com um sorriso no rosto e um brilho nos olhos que ele jamais havia visto. Francisco correu para frente do espelho pegando alguma coisa por baixo do seu queixo.
-- O que foi? – Isadora ficou intrigada.
-- Quero ver quantos metros minha barba cresceu, assim tenho uma ideia de quantos anos passei dormindo.
-- Seu bobão! – brincou pulando por cima do amigo e repetiu – Eu e Melissa ficaremos juntas.
-- O QUE? – esfregou os olhos – “TÁ” FALANDO SÉRIO? – gritou de forma afetada e recebeu um beliscão. – Só você duvidava disso. – colocou a mão no queixo e pensou – Acho que ela pensa coisas piores.
-- Eu fui uma idiota mesmo, e a resposta estava bem na minha frente.
-- Estava?
-- Sim. E agora eu sei como farei, e logo estarei em casa, o melhor lugar do mundo. – afirmou pensativa.
-- Morar em um haras, no topo da serra, próxima a cidade grande, deve ser maravilhoso mesmo. – disse com fingida empolgação.
-- Não é esta a casa que me refiro. – empurrou o amigo – Estou falando dos braços de Melissa, ali sim, estou no meu verdadeiro lar. – respondeu pensativa se abraçando ao travesseiro do amigo.
-- Espera Isadora, o que você vai resolver? – sentou-se ao lado.
-- Quem me chantageou, pensei sobre isso depois que você veio dormir... – olhou no vazio e voltou a olhar o amigo – Fran, ele juntou coisas sobre alguém que considera importante para mim, por que não faço o mesmo?
-- Investigar alguém que ele ame?
-- Não. Investigá-lo.
-- Como Isadora? Lembra que estamos nos Estados Unidos e você é uma jornalista e não detetive?
-- Lembra-se que vim com emprego garantido neste jornal? Fran, quantas pessoas conseguem um “pistolão” em um grande jornal americano? Ele tem alguma ligação aqui e isso eu vou investigar?
-- Como?
-- Fran, eu sou uma jornalista e quero ser grande na profissão, mas uma jornalista investigativa.
-- Hum... – colocou a mão no queixo – Sabe que isso pode ser perigoso?
-- Humhum.
-- Sabe que pode sofrer represálias se for descoberta?
-- Sei.
-- Mesmo assim vai levar sua “vingança”... “contra ataque” adiante?
-- Isso vai me deixar livre para amar Melissa, valerá a pena. – estava com um imenso sorriso no rosto.
-- Conte comigo. – abraçaram-se – Mas por onde vamos começar?
-- Pelo chefe – disse com uma falsa inocência no olhar.
-- Seria capaz de usar o Adam?
-- Vai contra meu caráter, mas como já disse, pela Mel vale tudo.
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-- Isadora já se passou quase duas semanas e não conseguimos quase nada. – falou em tom de derrota.
-- Mas conseguimos alguma coisa, tirando seu otimismo do “quase nada”. – respondeu com ironia.
-- Tudo bem, você tem um fundinho de razão lá dentro, bem dentro onde quase não é perceptível.
-- Amo seu otimismo Francisco. – beijou o homem – Agora vamos neste endereço, poderemos colher mais informações lá.
-- ESPERA! – falou alto chamando atenção de algumas pessoas na redação e foi repreendido por duas bolas verdes – Desculpe. – falou baixinho - Isso... Isso aqui é em Chinatown.
-- Isso mesmo, e aqui é Little Italy.
-- Você sabe que a pessoa que lhe chantageou pode estar em uma tremenda “encrenca”? – passou a mão pelo rosto – Isadora aqui tem muita gente de países da América do Sul e Central, apesar de ser um bairro oriental. Não vou generalizar, mas tem muita gente envolvida com coisa grande. E na “pequena Itália”? – sacudiu a amiga – Máfia?
-- Francisco, eu não vou passar nomes para você agora, mas se concentra aos mecanismos que descrevi. Foco na forma como eles recebem as mercadorias e enviam para Países da América do Sul, principalmente. – beijou o amigo – Vamos começar nossa pesquisa? – neste instante o telefone tocou.
-- Isadora Marcondes – disse após atender ao telefone.
-- Isadora quando terminar o que está fazendo, quero conversar.
-- Adam estava saindo para um estudo de campo com Francisco.
-- Deixe-o ir, depois se encontram.
-- Ok. – olhou para o amigo com desânimo – O chefe quer conversar, não posso ir com você.
-- Não pode ser depois?
-- Quer agora. – revirou os olhos – Disse que me encontrasse com você depois.
-- Quer que vá e depois nos encontramos?
-- Faria isso?
-- Sem problemas, assim posso comer sem você me regular e ainda matar meu desejo de camarão empanado.
-- Havia esquecido esse detalhe. – piscou. Neste momento ouviram alguém bater a porta.
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-- Doutora Cristina?
-- Sim. – respondeu sem olhar para secretária.
-- Tem alguém que deseja falar com a senhora. – Melissa levantou a cabeça e por segundos imaginou que poderia ser Isadora, seus olhos brilharam e suas mãos suaram.
-- Quem é? – antes que Ada respondesse, José entrou de forma tímida, em nada parecia o homem arrogante que conhecia. – E desde quando o senhor se anuncia? – perguntou com ironia. – Não costuma lembrar que tudo isso é do senhor?
-- Esse prédio é do seu pai. – respondeu com um fio de voz.
-- Engraçado, antes, quando lembrávamos esse detalhe, o senhor respondia que ele só tinha conseguido por causa do seu dinheiro.
-- Cristina, eu não vim aqui discutir.
-- Veio para que? – empurrou a cadeira da mesa e cruzou as pernas.
-- Conversar com você.
-- Sobre? Não me lembro de ter assuntos em comum com o senhor. Acho que meu pai devolveu o comando da sua empresa.
-- Sobre isso. – levantou a mão e lhe entregou uma pasta.
-- O que é isso?
-- Leia. – Melissa abriu a pasta e folheou.
-- O que significa isso? – perguntou surpresa.
-- Tudo o que tenho, agora é seu. Isso é uma procuração, nela lhe dou todos os poderes de gerir os negócios. Agora você pode comprar ou vender, passar tudo para seu nome ou me expulsar de casa.
-- Por que isso? – perguntou assustada.
-- Eu construí tudo isso para meu filho, e depois para meus netos. – deu de ombros – Seu irmão morreu, mas Deus nos deixou você, que é muito mais forte que seu pai. Minha filha, vocês são tudo o que mais amo, e fiz tudo pensando em você.
-- Fez o que? – levantou-se, encarando-o.
-- Eu coloquei Joaquim por perto, queria que se interessasse por ele. – permanecia sentado, segurando firme, os olhos da neta que o encarava. – Eu investi pesado na ideia de afasta-la daquela loirinha...
-- Aquela loirinha tem nome. – interrompeu falando entredentes. – E conseguiu: o senhor me afastou dela.
-- Não. – afirmou sem deixar de encara-la. – Investi por mais de dois anos, mas seu pai foi até minha casa e me fez jurar que não intrometeria mais.
-- Quer mesmo que acredite nisso? Que não rompeu com essa promessa?
-- Quero, porque essa é a verdade. Eu não fiz nada que as separasse depois que Daniel conversou comigo. – levantou-se e ficou de frente para neta. – Por favor, acredite em mim... Cristina, eu posso confessar tudo o que fiz de errado nesta vida, mas não a separei da sua namorada. – neste momento Daniel entrou e viu o pai próximo à filha, olhou de um para outro.
-- O que ele faz aqui?
Fim do capítulo
Meninas, desculpem, mas ando cansada e precisava de um dia tranquilo, sem computador. Este capítulo foi todo escrito hoje, novinho em folha, então é inédito. Faz parte de algumas mudanças. Beijos e não fiquem chateadas se atrasar amanhã, ou deixar para segunda, estou precisando desse descanso. Beijos no coração de todas.
Comentar este capítulo:
Sam Sampaio
Em: 16/07/2017
A melhor coisa dessa separação da Isa e da Mel é, sem dúvidas, o Francisco. Adorei a personagem. Espero mesmo que a Isa seja mais "arretada" depois desses anos de separação. Até porque para reconquistar a Mel ela terá que resolver algumas coisas, principalmente consigo mesmo. Mas seria legal ver a Mel se apaixonando novamente, só que agora por uma pessoa mais segura de si e confiante, que é o que as passagens, na qual elas aparecem depois dos anos de separação, mostram da Isa. Estou esperando ansiosamente. E bom descanso!!!
Resposta do autor:
O Francisco é ótimo, e ainda vai aprontar, agora imagina ele e Júnior juntos. Ela terá de ser muito mais forte, porque Melissa, depois de vê-la aos beijos com Adam, ela vai virar uma pedra de gelo para loira. Até o próximo capítulo. Beijos
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Mille
Em: 16/07/2017
Bom domingo Rafa e descanse e renove as forças aguardamos a qualquer dia.
Quanto a Mel e Isa o anos será amigo e inimigo delas, e ainda bem que elas tem amigos para dar força a Mel tem a família. Francisco vai ajudar bastante a descobrir a verdade e meu palpite é qud Adam sabe mais coisas sobre a Isa.
Como as leitoras comentaram sobre a gravidez da Mel lembro que o fruto e a chegada do Enzo na vida dela vai amadurecer ainda mais ela, bom lembro que foi com a confirmação da gravidez que ela deixou claro para o Joaquim que não teria casamento que ele tanto deseja.
Bjus e até o próximo capítulo.
Resposta do autor:
Obrigada Mille! Para você também, bom domingo e boa semana. O tempo será um bom conselheiro, com seus benefícios e momentos ruins, claro. Ambas irão aprender e amadurecer. Muito mistério nisso tudo, e como dizia dona Milú em Tieta: "Mistério!"
Beijos
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Lta
Em: 16/07/2017
A primeira vez que li essa estória ainda não havia me apaixonado, então fiquei um pouco revoltada com algumas atitudes da Isa e da Mel.
Hoje depois de conhecer a paixão, o sentimento de revolta só aumentou numa proporção gigantesca, tem inúmeras situações que a atitude da Isadora me incomodou muito, a primeira de todas foi sua falta de coragem em se declarar, mesmo com todos os sinais gritando na cara dela que Melissa também estava interessada, segunda essa covardia dela é muito irritante, terceira e última, sucumbir a uma chantagem tão besta, isso é o que me causa mais chateação, pq o Senhor José Alcântara sempre foi um inimigo declarado, não havia surpresa nenhuma que ele iria fazer alguma, fora que ela podia ter devolvido a chantagem, ela tinha a informação que ele havia estuprado a própria mulher, e ainda tinha o fato do pai dela poder responder a acusação em liberdade em decorrência da doença que supostamente ele tinha.
Sendo assim refletindo sobre todos os acontecimentos, Isadora realmente merecia sofrer, amadurecer, parar de ser sombra, aprender a ter uma postura mais firme, a encarar os problemas e a pensar e avaliar melhor suas atitudes.
Já a Melissa por diversas vezes me surpreendeu com sua perspicácia, de pose de pouquíssimos fatos ela conseguia interpretar corretamente as informações chegando bem próxima da realidade, no entanto ela não preparou e nem reforçou suas defesas. Porém de tudo o fato dela ter casado com o Joaquim é o que me deixa mais triste, pois ela mesma havia levantado a hipótese dele ter se unido ao seu Avô e querendo ou não ela foi conduzida a fazer exatamente o que o senhor José queria desde o início.
Esse casamento é o que me causa mais frustração, se Melissa tivesse casado por vingança pra mim teria sido muito melhor.
O que me anima é que o desfecho de tudo será o melhor.
Resposta do autor:
Olha, apaixonar e amar são duas coisas distintas, mas essenciais e coisa boa! Algumas mudanças aconteceram, e outras ainda estão por vir, espero que vá comentando a medida que senti-las. Isadora agiu como uma menina imatura, típico da idade. Melissa se acostumou a conhecer mais o carater das pessoas, teve ajuda dos pais para despertar esse "clic" nela, a exemplo o próprio avô que ela sabia quem era, e soube preservar o pai. O desfecho de tudo, talvez mude. kkkkkk... Beijos
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