Capítulo 19 - (Felicidade à vista)
Capitulo 19
(Felicidade à vista)
As duas adormeceram exaustas, por duas horas inteiras, Anna-Lú foi a primeira a acordar, a sala estava à meia luz, abriu os olhos vagarosamente, olhou em volta e viu Carol que a abraçava carinhosamente, acariciou seu rosto e não pode evitar o sorriso que surgiu em seus lábios, uma espécie de felicidade repentina a invadiu e Anna-Lú desejou estar assim com Carol todos os dias, olhou o relógio de pulso que marcava 22h40min, assustou-se com as horas avançadas.
- Acorde – chamou-a Anna-Lú. Ela não se moveu. - Carolina, acorde – chamou mais uma vez. Os olhos dela abriram-se.
- Oi... – disse sorrindo. Olhando para o sorriso de Carol Anna-Lú não pode conter-se, beijou-a.
- O que foi? – respondeu Carol sonolenta.
- Hora de ir – disse Anna-Lú.
- Já?! – perguntou zombeteira e agarrou-se ainda mais a Anna-Lú.
- Achou pouco é?! – disse sorrindo no mesmo tom.
- Achei, queria ficar assim pra sempre – respondeu Carol sem pensar e corou na mesma hora ao perceber o que dissera.
- Não precisa se envergonhar, eu também queria, mas... Temos mesmo que ir, afinal não vais deixar sua filha sozinha na primeira noite dela fora daquele hospital não é?! – respondeu sorrindo.
- Tens razão! Que horas são agora? – perguntou Carol.
- São exatamente dez horas e quarenta e cinco minutos, horário de Brasília – respondeu brincalhona.
- Dez e quarenta e cinco?! – alarmou-se Carol levantando-se bruscamente e passando as mãos pelos cabelos. Anna-Lú também se levantou, mas em vez de também começar a se vestir ficou apreciando Carol vestir seus trajes íntimos até que esta percebeu o olhar de Anna-Lú, e corando outra vez parou o que estava fazendo.
- O que foi? – perguntou Carol sem graça, já prendendo os longos cabelos loiros em um coque um tanto atrapalhado ao pensar que poderiam estar mais bagunçados do que de um espantalho.
- Você é linda Carolina, realmente muito linda – falou Anna-Lú sorrindo e enlaçando sua cintura. Carol que não esperava por aquilo apenas deixou-se levar e passando os braços ao redor de seu pescoço se entregou ao beijo que se seguiu “só mais um beijo” pensou Carol, demoram-se alguns poucos minutos naquele beijo que se tornaria cada vez mais ardente, se Carol não o parasse, e foi o que fez.
- Espera... Pa..para Lú... – disse Carol entre os lábios de Anna-Lú com dificuldade.
- Por quê? Está tão bom! – lamentou-se Anna-Lú deixando Carol desvencilhar-se de seus braços.
- Eu sei, mas olha só – apontou para o relógio – já são onze horas da noite agora, eu deveria estar em casa há horas!! – disse abrindo os braços.
- Tá bom! – assentiu Anna-Lú.
Depois de recompostas seguiram no carro de Anna-Lú para o apartamento de Carol, durante o trajeto o clima agradável de carinho e paixão tomava conta das duas, conversaram sobre banalidades e Carol pensou ser incrível que isto estivesse acontecendo, em outros tempos ela jamais imaginaria estar tão animada ao lado de Anna-Lú. Anna-Lú estacionou em frente a portaria de Carol e fez um grande esforço para deixar que ela se fosse.
- Tem certeza que não quer que eu suba? – tentou Anna-Lú segurando a nuca de Carol.
- Eu adoraria, mas não é o melhor momento, você sabe – respondeu.
- Por quê? Tá com vergonha de mim? – indagou.
- Claro que não Lú, mas que ideia absurda! – ralhou Carol – Eu apenas quero te preservar por enquanto, minha filha está aí e a namorada também, tenha paciência é só o que eu peço.
- Está bem, mas vou morrer de saudades e a culpa vai ser sua! – falou sorrindo. "Morrer de saudades?!" "Mas do que eu estou falando?!", pensou Anna-Lú consigo "Tô ficando melosa demais pro meu próprio gosto!"
- Sem problemas, amanhã pra me ver você ressuscita, tenho certeza – gargalhou Carol tirando Anna-Lú daqueles pensamentos.
- Convencida! – retrucou Anna-Lú – Essa fala era pra ser minha.
- Agora é minha! – disse selando seus lábios aos de Anna-Lú.
- Boa noite!
- Boa noite minha linda – respondeu Carol antes de sair do carro. Anna-Lú deixou que ela sumisse pela porta de vidro para só então partir.
Na manhã seguinte Flávia saíra muito cedo para visitar a mãe. Carol, absorta, sorria e brincava com uma fatia de bolo. A noite havia sido agitada e Carol se lembrava de cada momento com Anna-Lú. Teria dormido mais um pouco e não teria sido nada ruim, mas já era dia e precisava trabalhar e de quebra “vê-la outra vez” pensava. Carol ria-se deste ultimo pensamento quando Alicia entrou bocejando na sala de jantar, pôs as muletas no encosto da cadeira e sentou-se à mesa encarando a mãe.
- Hm, quanta felicidade, hein dona Carolina?! – perguntou zombeteira. Mas Carol nem se quer havia prestado atenção. - Ô mãe! Bom dia... Tá viajando é? Alôôô!!! Terra chamando!! – falou sacudindo o ombro de Carol.
- Ãnh?! O quê? – assustou-se Carol.
- Parece que alguém viu um passarinho verde, não é mãe? – perguntou novamente sorrindo bastante.
- Como é que é?! Repete!! – disse Carol espantada.
- Perguntei se você viu um passarinho verde? – disse pausadamente.
- Não assim, a parte em que você me chama de mãe! – falou Carol e Alicia corou.
- M-ã-e! – repetiu devagar ficando ainda mais vermelha, era estranho chama-la assim. Mas, para Carol foi um momento esplêndido, sentiu uma avalanche de orgulho maternal diante da atitude de Alicia, mesmo com todo sofrimento e o peso desses últimos dias, era muito gratificante perceber a jovem mulher em que a filha havia se transformado. Há uns dias atrás, as palavras lhes faltariam em momentos como este, porém, Carol decidiu liberar tudo que jamais deveria ter escondido para si.
- Eu te amo minha filha! Perdoa-me por todos esses anos de distância, sei que não fui a melhor mãe do mundo, mas sou eternamente grata por ter a oportunidade de te ver agora, mesmo sem ter visto você crescer. Sou a mãe mais sortuda da face da terra por ter você como filha, além de linda é inteligente, forte e decidida, enfrentou tudo como uma pessoa de atitude, é um orgulho pra mim ver a pessoa que você se tornou mesmo sem a minha ajuda - falou Carol acariciando a mão da filha.
Mesmo Alicia não tendo dito uma só palavra, o gesto que se seguiu foi o bastante para que Carol tivesse certeza que a filha também a amava. Os olhos de Alicia brilhavam, inundados de lágrimas não vertidas, no momento em que com muito esforço levantou-se e se jogou nos braços de Carol num abraço cheio de carinho, saudade... E Amor.
- É... Faz muito tempo que não fazemos isso - disse Carol quando se desvencilharam do abraço ajudando-a a sentar novamente.
- Faz... Faz sim... Mas não se acostuma não Carolina! - respondeu Alicia sorrindo.
- Pode deixar filha! - retrucou dando uma piscadela.
- Então, chegou tarde ontem! Não é? - perguntou como quem não quer nada.
- Tá me vigiando é? - devolveu sorrindo.
- Claro que não, mas é que você não chegou para o jantar! E....
- E... O quê Alicia?!
- E a Flávia viu a hora que você chegou, quase meia noite... E disse que você estava meio...
- Meio o quê Alicia?!
- Meio que descabelada, e sem os sapatos e com a blusa pra fora. Ai fiquei preocupada pensando que talvez você tivesse sido assaltada, sei lá, quase fui ao seu quarto, mas a Flávia não deixou. Sabe o que ela disse? Disse que você estava sorrindo feito uma boba e muito feliz pra alguém que tivesse sido assaltada - relatou Alicia e encarou Carol pra ver sua reação.
- Parece que a Flávia é uma boa observadora. Mas, e você porque ainda estava acordada?
- A Flávia me acordou pra tomar o remédio daquele horário, você não foi assaltada não, neh mãe?
- Não filha. Fiquei presa só isso e cheguei mesmo tarde, me desculpe pelo jantar e outro dia conto o que houve ok! - respondeu Carol corada e com o rosto queimando - Bom, tenho que ir trabalhar, qualquer coisa me liga, a qualquer hora está bem? Cuida-te bem e toma os remédios, não seja rebelde Alicia - terminou suas recomendações dando um beijo estalado em sua testa, fazendo Alicia sentir uma inundação de algo que lhe faltava há muito tempo... Felicidade.
- Tem um bom dia mãe! - desejou sem esconder o sorriso enorme.
- Você também filha! - respondeu feliz antes de pegar a bolsa e sair.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]