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She's Got Me Daydreaming por Carolbertoloto

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Palavras: 3496
Acessos: 2129   |  Postado em: 16/07/2017

Notas iniciais:

Opaaaa! Tudo bem, pessoal?Gostaria de agradecer pelo carinho, suporte e atenção que você me deram até aqui.Esse projeto, essa fanfic foi uma salvação para mim. Muitas coisas na minha cabeça, às vezes, não fazem sentido, e é por meio de palavras em "textura" branca que consigo aliviar meus pensamentos. A fic me deu bastante trabalho, foram horas e horas em frente ao computador ou uma caderno qualquer, para tentar escrever uma história que valesse a pena ser lida. Senti dores nas mãos, coluna e pescoço durante o tempo gasto nas escritas. Deixei de sair com meus amigos e com meu mozão para poder me dedicar 100%. Entretanto, faria tudo novamente. Demorei para postar esse último capítulo, não por falta de criatividade, mas por ser muito crítica. A primeira parte de "She's got me daydreaming" encerra aqui. Logo teremos mais aventuras, conflitos e muito amor entre os personagens desta trama. Gostaria de agradecer por cada comentário, cada email, cada mensagem carinhosa, foram estas coisas que não me fizeram desistir. Então não deixem de comentar, não deixem de se inspirar, e o mais importante, não deixem que as dificuldades desse mundão impeçam vocês de estar com quem se ama. Dedico essa fanfic para vocês, e principalmente para minha fonte de inspiração, meu fardo e redenção, Suellen Santana. Muito obrigada, desculpe o textão e espero que vocês curtam o final do nosso neném. Beijos <3    

Nothing But A Daydream

Nothing But A Daydream

POV- Cosima

Entendo a ligação dos termos "Acordar" e "Despertar". São verbos transitivos, dependendo do contexto, podem ser intransitivos também. São sinônimos, evitam repetição na fala ou escrita. Entretanto, no momento, os termos são opostos e totalmente adversos. Acordei, porém odiei despertar de meu sonho.

O gosto da realidade é tão amargo quanto a última dose de tequila. Desce sem rasgar, mas ainda causa uma leve pulsação na língua.

O sabor dos sonhos é tão traiçoeiro quanto o amor à primeira vista. Sabemos que é fantasia, mas insistimos em controla-lo.

O acaso tem prazo e o destino é malino. Um a rosa, o outro o espinho.

A sorte é o azar em cartas de tarô mal distribuídas.

Delphine é tão linda dormindo. Eu fico sem saber o que fazer. Quero analisar seu respirar, mas tenho medo de traze-la ao um futuro tão idealizado quanto poemas parnasianos.

Seus olhos cerrados em arames farpados não merecem experimentar a antítese do final feliz. Mesmo assim, eles insistiram em me assistir.

"Bom dia." Passeei em seu rosto sonolento.

"Bonjour, mon amour." O roco de sua voz é sinfonia à melancolia.

"Sonhou comigo?" Perguntei sorrindo.

"Sempre." Respondeu alegre.

Beijei seus lábios finos sem preocupação ou pressa. Caminhei por seu corpo com meus dedos. Senti a suavidade de sua pele e quase esqueci o que fazia ali.

"Está com fome?" Questionou ao quebrar o selo do beijo.

"Sim, e com a maior ressaca do mundo também." Lembrei da desnecessária quantidade de álcool que bebi ontem.

"Minha linda!" Sorriu, "Vou tomar um banho primeiro, depois vou em busca de carboidratos pra você."

"Por que não pedimos aqui no quarto mesmo?" Indaguei.

"Porque eu sei o quanto você ama àquela padaria da esquina." Replicou com olhos carinhosos.

"Vem comigo?" Delphine levantou, estudou minha reação, segurou minha mão e nos guiou até o banheiro.

Entramos no chuveiro. O primeiro jato de água foi assustadoramente gelado.

"Merda!" Exclamei enquanto minha namorada ria.

"Pauvre petit chiot" Ajustou a temperatura, "Pronto."

"Eu entendi, tá?" Declarei raivosa, "Você é o pobre cachorrinho!".

"Sou o que você quiser, Cosima." Ela me tem fácil demais.

Enquanto as gotas se espalhavam sobre nossos corpos colados, degustei a textura da língua, o aspecto da saliva, o ardor do desejo e todas as sensações que não sei descrever.

Com o sabonete, trilhei sua anatomia. A espuma era tão agradável quanto o cheiro que exalava nos poros. Meus movimentos eram pacientes, desacelerados, cautelosos e precisos. Limpei a sujeira passada, organizei ao desorganizar todos os sentimentos contidos em minha mulher. Ela rebol*va ao ritmo de um banho promíscuo. De olhos semiabertos, assisti os quadris e ombros em harmonia orgasmática.  Ela amava meu toque, e eu amava toca-la.

 Os gemidos e risos preencheram a atmosfera. Era a vez dela de manusear minha loucura. Seus dedos longos agarraram o sabonete com força, moderadamente, ele se desmanchou em sua mão agressiva.

Delphine passeou por meu corpo, desceu até minhas pernas, beijou meu sex*, e depois subiu com pressa. Lavou nossos cabelos, hidratou o seu, perfumou o meu. A temperatura da água começou a esfriar, porém o calor entre nós era fulminante e solar.

Busquei as toalhas, sequei e envolvi minha amada como mães fazem ao término do banho de seus filhos.

Ela fica linda quando molhada. O vapor elevava de seu corpo morno.

"Eu te amo tanto." Anunciou ao observar meu embrulho na toalha.

"Não mais do que eu." Brinquei em uma competição banal.

Dra. Cormier se vestiu rapidamente. Escolheu uma calça jeans solta e uma camisa branca em gola "v". Enquanto penteava seu cabelo, eu colocava o roupão.

"Quando eu voltar, quero você despida na cama." Ordenou com olhar apaixonado e feroz.

"Sim, senhora." Acenei em acordo.

Com um beijo suave e rápido, Delphine se despediu e sumiu.

Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto. Deitei na cama bagunçada, levei os braços até a testa, e o sorriso continuava lá. Mordi os lábios em resposta aos pensamentos cinematográficos na minha cabeça.

Cara, como é bom amar!

Tudo tá dando certo, enfim tenho ela pra mim.

Os problemas que me desculpem, mas eles não fazem mais sentido aqui.

Virei minha face para apreciar a vista das grandes janelas do quarto. Elas exibiam prédios, a longa pista de voo, a luz do sol, e uma paz imensurável. Depois de alguns minutos, voltei minha atenção às malas perto da televisão. Elas estavam tão ansiosas quanto eu.

Meus devaneios foram roubados pelas batidas na porta.

Delphine esqueceu a chave?

Levantei da cama, e até pensei em remover o roupão, mas não tive tempo, as batidas soavam desesperadas. 

Senti meu pulso cair, o ar engrossar, o arrependimento consumir e o oxigênio sumir.

"Oi, Cosima." Uma voz grossa e familiar me ensurdeceu.

"P-Paul." Gaguejei, "Hey!".

"Posso entrar?" Perguntou ao mirar dentro do quarto.

"Claro, entra!" Dei passagem e lacrei a porta.

Delphine, não apareça agora.

Porr*! O que ele tá fazendo aqui?

Merda!

Meu amigo analisou os arredores, andou até as malas, estudou o ambiente, e depois virou-se para me encarar.

"O que você está fazendo aqui?" Questionei baixinho.

"A pergunta não deveria ser essa." Retrucou, "A pergunta deveria ser: Como você não percebeu que sua namorada e eu tínhamos um caso?"

FODEU!

"Paul, eu posso explicar." Tão clichê, mas tão real.

"Cosima, eu não entendo como você teve coragem de mentir pra mim assim. Ser traído por Delphine doeu, mas ser enganado pela minha melhor amiga..." Respirou fundo, "Isso me destruiu."

"Não é assim! Olha, eu sinto muito por tudo isso, mas não planejei te fazer sofrer, não pensei em destruir você, não calculei as mentiras que contei." Me aproximei com passos angustiados.

"Todo esse tempo e vocês mentiram pra mim. Você me ouviu desabafar, e depois trans*va com a razão dos meus dias ruins. O que você espera de mim? Que eu aceite essa traição de boa? Que eu siga minha vida sabendo que MINHA MELHOR AMIGA trans* com a MINHA NAMORADA?" Sentou-se na cama e cobriu a vergonha com as mãos, "Não sou tão forte assim, Cosima."

Eu não sabia o que fazer, o que dizer. Não tem explicação o que fiz. Não tem como detalhar o que sinto por Delphine e como me sinto por ter mentido tanto.

"Como você soube?" Indaguei curiosa.

"Você só pode estar brincando! Tantas coisas acontecendo e essa é pergunta que quer fazer?" Gritou sem pudor.

"Paul, o que você quer que eu diga? Eu sei que fiz errado, te machucar não estava nos meus planos, me apaixonar por Delphine muito menos. Eu realmente sinto muito por tudo isso, mas eu não sei o que falar para amenizar sua dor." Desabafei.

"Sente muito? Imagina eu!" Levantou lentamente e andou até a janela, "Sua amiga, a ruivinha."

"Hannah? Ela te contou?" Perguntei desesperada.

Ela não teria coragem, teria?

Pensei que Shay ou Felix teriam falado alguma coisa, ou sei lá, mas Hannah?

Que merd*!

"Sim! Ela veio falar comigo no casamento. Você provavelmente não reparou, mas fui embora com ela depois do discurso. Eu só queria uma trans* fácil, mas acabei a noite com a revelação do seu segredo. Ela não me deu muitos detalhes, então passei a noite toda pensando e juntando as coisas. Cheguei à conclusão de que você foi a razão do meu término." Paul ainda olhava para fora da janela.

O silencio gritava pelos cantos.

Eu queria saber o que dizer.

"Paul, me perdoa." Caminhei até seu corpo desolado, pousando uma mão em suas costas.

"Ela tá grávida do meu filho, Cos! Vou ser pai! Você tem noção disso? Sou mais velho do que você e estou morrendo de medo! Você acabou de se formar, tem apenas 22 anos, e vai criar um filho que nem é seu?" Entendo a raiva de meu amigo, mas odiei sua ofensividade.

"E isso é motivo pra desistir de estar com ela?" Perguntei furiosa.

"Não! Mas eu estou te pedindo, devolva ela pra mim." Ele só pode estar muito louco.

"O quê? Você tá me pedindo para terminar com ela?" Questionei confusa.

"Não! Estou te implorando para terminar." Paul me olhava devastado, era nítido seu sofrimento.

"Cara, eu amo a Delphine." Declarei.

"Eu também, Cosima." Retrucou.

"Mas ela não te ama, Paul." Eu não queria machuca-lo ainda mais, porém não tive opção.

"Ela pode aprender a me amar de novo." Colocou a mão no bolso e retirou uma pequena caixa.

SANTA MERDA!

PUTA QUE PARIU!

"Cosima, vou pedir Delphine em casamento." Abriu a caixinha e exibiu um anel com um enorme diamante azul.

É a cor preferida dela.

"Pura merd*, Paul!" Suspirei alto.

"Pois é! Se você é minha amiga de verdade, se um dia você já me amou, então por favor, vá embora daqui. Vai ser difícil, mas suma, desapareça. Não tire de mim a única coisa que me faz feliz."

"E minha viagem?" Não acredito que estava mesmo considerando esse pedido doentio.

"Vocês estarão no mesmo laboratório, mas não significa que trabalharão juntas! Fique longe dela, por favor, Cos." Ajoelhou-se e continuou a suplicar.

Paul chorava feito uma criança abandonada.

Meu coração batia veloz e feroz. Meus pensamentos não entravam em acordo.

Eu não sabia o que fazer.

"OKAY, OKAY!"

Cosima, o que você está fazendo?

NÃO TÁ "OKAY"!

"Eu fico longe dela, mas e se ela ainda assim não te querer de volta?" Sou um lixo por ter sido loucamente fragilizada assim.

"Se ela não me aceitar, eu deixo ela ir." Levantou do chão e recompôs a postura.

Respirei fundo, senti uma dor monstruosa em meu pescoço. Só podia ser o estresse.

"Obrigada, Cosima." Paul me abraçou forte como nunca fez. Secou suas lágrimas e andou até a porta. Antes de partir, sorriu com os lábios cerrados e olhou para mim brevemente.

De repente meu mundo desabou.

O que eu acabei de fazer?

Por que as coisas tem que ser assim sempre?

Por quê? Por quê? Por quê?

Olhei para minhas malas juntas às de Delphine.

Droga!

Ela vai chegar a qualquer momento, tenho que ser rápida.

Vesti meu traje da noite passada, procurei por um papel e uma caneta.

Pensei ligeiramente no que escrever, mas não encontrei nenhum eufemismo para a situação. Tracei algumas palavras sinceras naquele bloquinho e fui embora sem olhar para trás.

Movida pelo medo de encontrar Dra. Cormier no elevador, corri para as escadas de incêndio. Desmanchei contra a parede gelada e fui consumida pela tristeza.

Meu coração doía, cada pulsação era um amargo diferente.

Sou fraca por desistir de um grande amor em nome da felicidade de meu amigo?

Sou ridícula ao ponto de ceder tão facilmente?

Por que não fui egoísta?

Por que não fiquei para ao menos conversar com Delphine?

Muitas vezes as perguntas são fáceis, e as respostas complicadas.

Às vezes sonhos são apenas fantasias que nunca se concretização.

Às vezes é errando que se acerta.

E a pergunta que não quer calar: Onde acertei por errar tanto?

De volta ao início, acordar e despertar são termos adversos. Ao acordar naquela manhã, eu não sabia que despertaria de um sonho que mal nasceu e logo morreu.

POV-Delphine

É impossível esconder tanta alegria, tanta felicidade. Acredito que nunca me senti assim, tão plena e serena. É inacreditável o poder que o amor nos dá, até parece que sou capaz de qualquer coisa, e o irreal passou a ser ilógico. Sinto-me mergulhada no mais doce mel de uma farta colmeia.

Dei-me o luxo de sonhar acordada pela última vez. Trabalhando ao lado de minha mulher, brincando de inventar com uma ciência maluca à prosperar. Horas tensas em momentos sábios. Dias cansativos, e noites agradáveis, nas quais cozinharemos nosso jantar ao um ritmo harmônico nos convidando para dançar. Entre risos e sorrisos, amadureceremos juntas. Descobriremos segredos, relevaremos ao mundo o quão belo é o amor, não importa a forma que ele for, ainda assim é belo, é singelo, e verdadeiro.

Despertei sem querer, mas o sabor de meu sonho açucarado permanecia inviolado.

Ao sair do quarto, cumprimentei todos que por mim passaram. Distribuí sorrisos e olhares sisos. Não fiz questão de esconder minha euforia aprazível.

Caminhei pelas barulhentas e agitadas ruas, mas não incomodei-me com apressado movimento do mundo. Sentei-me no banco em frente à padaria, apreciei o aroma dos pães assando, inalei a paz e exalei contentamento. Enquanto os pássaros acertavam a melodia, preparei-me para acompanha-los. Batiam as assas e voavam para algum outro lugar. Em um breve devaneio, imaginei-me flutuando nas nuvens, à deriva do vento pairando pelo ar feito passarinho à cantar. Cosima e eu logo estaríamos lá, voando sem pressa para pousar, devagar sucumbindo ao dom de amar.

Escolhi à dedo e cheiro quais pães comprar. Alho e manjericão, outro com sabor de doce de limão. Segui meu caminho de volta ao hotel. Cos deveria estar preocupada com minha demora.

De longe avistei uma figura meramente familiar. Não podia ser quem pensei que fosse. Não faria sentido ele estar ali. Em apreensão, apressei meu passos. Ao descer do elevador, já pude sentir a imensidão do vazio que aguardava por mim.

Nunca senti tanto medo e desconsolo. Meus músculos tencionaram-se em pavor. Meus ossos descalcificaram ao ríspido e áspero sabor do temor.

Destranquei a porta e a abri lentamente.

"Cosima?" Analisei as paredes do pequeno corredor.

"Cosima?" Em passos medrosos, adentrei a despovoada atmosfera.

A cama ainda estava bagunçada. As janelas ainda hospedavam a vista. Minha mala ainda estava lá, sozinha, sem companhia.

"Cosima!" Gritei desesperada.

Corri para o banheiro, não a encontrei. Fui até o corredor à procura de meu perdido amor. E feito cachorro desvalido, farejei pelo caminho, o vago cheiro desaparecido.

Onde você está?

O que aconteceu?

Voltei à suíte, sentei-me na cama.

Meu coração preenchia-se com o vazio enquanto minha mente ruminava por explicações. Encontrei-me perdida nas ruínas dos lençóis e travesseiros. A essência permanecia lá, intacta e intocável. Investiguei cada canto milimetricamente com olhos desolados e desprovidos de esperança. Avistei um bilhete próximo ao criado-mudo.

Reconheci a escrita desconhecendo os motivos das palavras traçadas naquele pequeno pedaço purgatório.

As lágrimas escorriam feito chuva na janela.

Os pensamentos se escondiam feito crianças encrencadas.

As lembranças eram maléficas mesmo sendo doces.

O sangue fervia em raiva e percorria apressado nas finas veias fracas.

Levei minhas mãos ao rosto meu.

Consternada em meio à dúvidas assombradas por ações não alertadas. 

"Onde errei, Cosima?"

"O que houve?"

As ligações, ela não atendia. As mensagens, ela não respondia.

Desenhei o mapa da cidade em minha cabeça. Imaginei os lugares onde Cosima poderia estar.

O loft?

O telhado?

O laboratório?

Shay?

Hannah?

Leda?

Coloquei o bilhete no bolso, busquei por minha carteira e celular. Não sabia por onde começar, mas mesmo em dúvida chamei por um táxi.

O primeiro destino foi o laboratório, não encontrei ninguém além de Ferdinand, o chefe de segurança. Apressei-me até o telhado, e lá também não havia ninguém.

MERDA!

Decidi partir até o loft. Esmurrei a porta metálica com força e sem a mínima paciência. Felix atendeu ao meu desespero com olhos preocupados.

"Delphine? O que aconteceu?" Perguntou ao dar-me passagem.

"Cosima! Onde ela está?" Questionei analisando o local.

"Não sei, pensei que estivessem juntas. O que houve, Delphine?" Abri as cortinas amarelas de seu pequeno quarto, e lá não havia nada além de deliciosas lembranças.

"Eu não sei, Felix. Tudo estava bem, sai para comprar café, e no caminho de volta ao hotel, avistei Paul saindo do prédio. Quando cheguei no quarto, as malas de Cosima não estavam mais lá. Ela sumiu! Não atende minhas ligações e não responde minhas mensagens. Estou enlouquecendo!" Informei minha angustia ao sentar-me no sofá.

"Paul sabe sobre vocês?" Ajustou-se ao meu lado, "Puta merd*!" Bufou em choque.

"Não sei, Felix! Isso não me importa, só quero saber onde Cosima foi parar. Nosso voo é em algumas horas, não sei o que fazer!" Levei minhas mãos ao rosto e permiti que minhas lágrimas caíssem novamente.

"Calma, Delphine." Senti um leve carinho em minhas costas.

"Felix, tenho que saber o que houve. Preciso saber onde ela está." Recompus minhas postura fragilizada.

"Você já tentou falar com Paul?" Perguntou.

"Se eu chegar perto dele, sou capaz de mata-lo." Minhas intenções eram tão reais quanto meu sofrimento.

"Bom, tenho outros lugares para checar." Levantei rapidamente, "Tente ligar para ela, e me avise se conseguir." Supliquei ao sair.

Chamei por outro táxi e institivamente cheguei até a kitnet de Shay. É um mistério como descobri o endereço. Às vezes sinto-me uma psicopata quando o assunto é Cosima Niehaus.

Subi o primeiro lance de escadas com o coração na mão e um gigantesco nó na garganta.

Procurei por uma porta que fosse tão brega quando a lourinha desprezível. Encontrei uma entrada com filtros dos sonhos e miçangas.

"É óbvio!" Sussurrei antes de bater.

"Delphine?" Indagou supressa.

"Shay." Retruquei, "Surpresa? Que adorável!" Provoquei sem pudor. Adentrei o local e comecei a ser invadida pela náusea. Só de pensar nas coisas que as ex-namoradas viveram entre aquelas quatro paredes coloridas, meu estômago ja revirava.

"O que você quer, Delphine?" Seguiu-me com seus olhos azuis.

"O que você fez? O que disse pro Paul? Onde está Cosima?" Metralhei-a com perguntas desconsoladas.

"Há!" Sorriu, "Não tenho nada a ver com isso! Seus problemas são apenas seus. Cosima deve ter se ligado e ido embora pro Canada sem você." Atiçou-me, destemida.

"Menina!" Busquei por seu frágil corpo, "Não estou brincando! O que você fez? Onde está Cosima?" Apertei seus braços com força desmoderada.

"Para, sua louca! Está me machucando!" Gritou para meu prazer.

"Então diga-me onde está Cosima!" Manuseei meus músculos e aumentei a pressão de meus movimentos.

"Delphine, eu não sei de nada!" Sua face ficava cada vez mais avermelhada, era nítida sua dor. "Eu juro, não sei onde ela está ou o que aconteceu! Me solta!" Implorou uma última vez.

Empurrei-a pra longe e tentei acalmar-me.

"Fique longe de mim, Shay. Fique longe de Cosima, ou acabo com você." Ameacei ao caminhar até a ridícula porta.

"Você achou mesmo que esse lance ia dar certo? Cosima é mais inteligente do que parece. Com certeza, reparou o quão louca você é, e foi embora." Por mais que merecesse, não quis agredi-la, apenas respirei fundo e, novamente, segui meu caminho.

Tive a intenção de continuar minha busca, talvez ir ao apartamento de Hannah, até mesmo ir ao aeroporto, entretanto, tive medo de buscar pelo nada e apenas encontrar desilusão, mais uma vez.

Por reflexo e falta de coragem, aterrissei no Leda.

Marion atendia sozinha.

"Francesa, não está cedo para beber?" Brincou sorridente.

"São cinco horas em algum lugar." Respondi ao analisa-la.

"Whisky?" Perguntou já sabendo a resposta, então apenas acenei com a cabeça.

A música que tocava era me familiar e contribuía com meu triste contexto, "Change Your Mind", por Boyce Avenue.

"Aqui está, Delphine." Marion pousou o drink à minha frente.

"Obrigada." Agradeci pela bebida e por seu decote.

Puta merd*, por que eu estava olhando para ela daquele jeito?

É assim que a bissexualidade toma conta?

Os minutos foram passando. O dia lá fora, com certeza, já não estava tão claro.

Eu havia passado quase a tarde toda no Leda?

Isso explica minha visão ofuscada e falta de paladar.

Não devia ter bebido, estou grávida. Todavia, o álcool era meu único amigo.

Senti meu celular vibrar, e em desespero, apresei-me para atender.

"Delphine, onde você está?" Reconheci a voz, era Felix.

"Felix, meu querido." Sim, estou bêbada, "Tô aqui no bar."

"Seu voo é em menos de uma hora! Estou indo buscar você, e não ouse beber uma só gota além do que tomou." Declarou ao meu desinteresse e desligou sem despedir-se.

Tudo bem, então.

Estudei os arredores uma última vez. Como sentirei saudade dos momentos que vivi nesse bar. Entendo que são apenas seis meses, porém, se caso não tiver Cosima comigo, não voltarei à Rhode Island. Tudo o que almejei foi por uma vida simples, mas significante. E o fantasma de minha fantasia era sombrio, mas sorria. Gargalhava de meu sofrer, fragmentava meu querer.

Não sei como descrever o que passava-se em mim. Era um filme bonito com um final horrível. Falta-me senso comum, não sei quem sou sem tê-la em meus braços. Cosima é tudo o que vejo, é tudo o que preciso. Sei que nossa história não acaba assim, e se pudesse, esconderia nosso amor em poesia, pois ela convida minha insanidade, me faz perder a razão, me permite confundir a realidade com fantasia em repleta histeria.

Terminei meu quarto copo de Whisky e procurei por minha carteira no meu bolso. Retirei-a, e sem querer, o bilhete de Cosima veio junto.

Olhei para aquele infortuno pedaço de papel.

Em traços trêmulos e desonestos, estava escrito nosso suposto fim:

"Não foi nada além de um sonho."

Cosima Niehaus, você está errada. Não vou desistir, porque não há nada nesse mundo que possa me impedir de insistir em nós.

 

Se tudo foi apenas um sonho, eu não sei ao certo. Todavia, estou acordando, despertando e continuarei lutando para ter seu amor de volta pra mim. 

Fim do capítulo


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Comentários para 20 - Nothing But A Daydream:
lidi
lidi

Em: 16/07/2017

Duas cuzonas, eu hein. 

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