A fortiori por Bastiat
Capítulo 10 - Irmãs aventureiras
Camila
Troquei de lugar com a âncora do jornal da tarde, corri para o hotel e saí para aproveitar o resto do dia com a minha pequena. Ela está de férias, mas não tinha viajado para lugar nenhum este ano, seria interessante dar um passeio por São Paulo naquele dia gostoso, fazer com que aquela viagem pudesse ser divertida no final das contas.
Passeamos pelo Ibirapuera, mais tarde em um shopping, compramos roupas, pegamos um cinema e por fim jantamos em um restaurante maravilhoso. Voltamos cansadas para o hotel, só queríamos tomar banho e dormir. No outro dia embarcaremos cedo de volta para o Rio de Janeiro, para a nossa casa.
Laura
- Vai sair, mãe? - Marina perguntava entrando no meu quarto.
- Uhum - respondi verificando o resultado da minha produção.
- Para onde você vai?
- Vou sair com algumas amigas.
- Posso ir?
- Não, meu bem. Mas fiquei tranquila que o Sérgio vai cuidar de você e tenho certeza que vão se divertir muito.
- Mãe...- ela ia pedir alguma coisa, aquela carinha sapeca era sua marca registrada. - Eu preciso mesmo ir ao aeroporto amanhã?
- Sim. O Sérgio vai viajar e eu preciso estar lá. Patrícia vai chegar, esqueceu-se?
- E o que eu tenho com isso? Eu posso ficar aqui em casa mesmo, já sou uma mocinha, esqueceu-se? - Me remedou no final da frase.
A campainha tocou e foi uma ótima chance de escapar das inúmeras perguntas da Marina. Está para nascer alguém mais questionadora e falante que essa menina.
- Seu tio chegou, vamos descer e já falei para parar com essa mania de me remedar.
Abri a porta e o cumprimentei.
- Está gata, vai arrasar hoje.
Trocamos um olhar de cumplicidade. Ele sabia o que eu ia fazer e mesmo reprovando minha atitude, não falava nada.
- Boa noite. Cuide bem do meu bebê - abri a porta. - Tchau filha, daqui a pouco eu estou de volta. Te amo, viu?
Não ouvi a sua resposta, apenas a risada dela. Antes de parti vi Sérgio fazendo cócegas para tirar o seu bico.
Entrei no metrô perto de casa e fui direto para a Vila Madalena. Entrei em um barzinho aconchegante e ao mesmo tempo discreto. Pedi um drink qualquer enquanto tentava fazer o meu corpo relaxar.
Nesses últimos anos vivi como anônima, se eu não falasse o meu sobrenome ninguém em São Paulo ligaria a minha pessoa àquela jornalista de denúncias ou aos meus pais. Em Paris era mais seguro, ninguém fazia a mínima ideia de quem eu era no Brasil, mas em São Paulo também estava funcionando.
Comecei a olhar as mulheres em busca das características que sempre procuro quando saio para preencher esse vazio que às vezes me sufoca ao ponto de não raciocinar a minha atitude.
Observei uma mulher que me olhava de forma sedutora. Ela tinha olhos castanhos e um nariz leptorrino. Pronto, ela tinha alguma característica da Camila. Logo ofereci um drink para aquela linda mulher e foi com que quem sabia que passarei a noite.
...
Algumas horas depois, com o dia quase amanhecendo, acordei e disse para a mulher que nem me recordava mais o nome que iria para casa. Não pedi seu número e deixei claro que só queria sex*. Agradeci a noite, ela foi uma boa companhia. Saí do motel com o sol dando seus primeiros sinais e lembrei da Patrícia.
Cheguei em casa cerca de meia hora depois. Corri para o banheiro do meu quarto, tomei banho e conferi se não tinha nenhuma marca em meu corpo que denunciasse a minha noite.
Desci já toda arrumada e encontrei a minha filha e o Sérgio também prontos. Tomamos café juntos e seguimos para o aeroporto de táxi.
Chegamos no desembarque e o voo que eu estava na espera acabou de pousar.
- Mãe quero ir ao banheiro, me leva?
- Segura mais um pouco, deixa a Patrícia chegar.
- Se eu não for agora vou fazer na calça...
Respirei fundo, podia ser implicância para a Patrícia chegar e não me encontrar, mas podia ser verdade.
- Só mais um minutinho.
- Tio Sérgio? - Marina pediu a ele.
- Não, ele vai para o embarque daqui a pouco e não pode se atrasar.
- Dá tempo, Laura.
- Ela espera, Sérgio!
- Mãe, por favor!
- Vai rápido e volta correndo - autorizei olhando para o portão de desembarque.
Camila
- Mamãe, eu preciso ir ao banheiro.
- Espera só um pouco amor, tenho que fazer o check-in.
- Mas a fila está enorme.
- Você não consegue segurar só mais um tempinho?
Ela balançou a cabeça em negação.
- Eu a levo, Camila. - Tiago, o maquiador da empresa, se ofereceu e levou a Diana com ele.
- Obrigada, Tiago. Vou ficar aguardando aqui mesmo.
-- 09:23 --
- Pronto, agora você vai nessa banheiro e eu vou no outro que fica logo ali - disse aprontando para o lado esquerdo. - Quem sair primeiro espera o outro, entendeu? - Sugeriu Sérgio a pequena Marina.
- Sim tio! - Marina seguiu para a porta.
-- 09:26 --
Tiago chegou com Diana na porta do banheiro e apontou para a porta.
- Pronto, pode entrar. Vou ficar te esperando aqui fora, querida.
- Está bem. Obrigada, moço.
Diana empurrou a porta devagar e entrou.
Narradora
Dentro do banheiro do aeroporto, duas carinhas assustadas arregalaram os olhos e a boca ao mesmo tempo. Duas garotas idênticas se encaravam com um misto de medo e curiosidade.
- Quem é você? - Perguntou Marina se aproximando de sua cópia.
- Di...Di...Ana...Diana - respondeu assustada com a constatação de que aquilo não era miragem, a outra garota tocou em seu braço.
- Eu sou Marina. Você reparou que somos iguais? - Apontou uma para a outra e emendou outra pergunta - Quantos anos você tem?
- Eu tenho 8 anos.
Diana queria mesmo era correr dali, mas a curiosidade falava mais alto.
- Que dia você nasceu?
- 10 de abril, por quê?
- Eu também!
- Marina seu nome, não é? - Ouviu a confirmação e continuou. - As únicas pessoas iguais que eu conheço - seu rosto constatava pânico pela informação - é a minha mãe e minha tia. Elas também nasceram no mesmo dia. Só que... bem... elas são irmãs gêmeas.
Marina tentou assimilar a informação e deu risada de tão nervosa que estava.
- Você está insinuando que somos irmãs? Claro que não, garota! Eu tenho uma mãe e eu saberia se tivesse uma irmã!
A menina que ficou com Laura esperou alguma resposta da sua gêmea. Sua cabeça parecia uma máquina que não parava de fazer barulho de tantas questões.
- Temos que investigar isso! - Disse desesperada.
- Eu acho melhor a gente ir lá fora e perguntar. A minha mãe está no check-in - Ponderou.
- A minha está no portão de desembarque.
Marina pensou um pouco e sorriu. Como se estivesse tido a melhor ideia do mundo, pronunciou:
- Ei, eu assisti um filme uma vez em que duas meninas como a gente trocaram de lugar para investigar...
- Está louca? - Perguntou interrompendo. - Isso não vai funcionar!
- Se a gente for lá fora e sair perguntando pode ser pior, elas nem deve saber da existência de uma e da outra. - Marina estava decidida a ter uma aventura.
- Como vamos destrocar depois? - Diana cruzou os braços duvidosa.
- Você mora aqui em São Paulo?
- Não, eu moro no Rio de Janeiro.
- Depois que descobrirmos tudo, damos um jeito. Eu tenho que voltar, decide logo!
- Eu acho melhor a gente esquecer isso.
- Cagona! - Marina a provocou.
- Eu não sou cagona!
- É sim! Está com medo de ficar alguns dias longe da mamãe, bebezinho? - Marina sabia provocar.
Diana detestava ser desafiada.
- Não sou um bebê! Anda, vamos trocar então!
- Ótimo! - Marina sorriu vitoriosa. - Primeiro vamos trocar de roupa.
Seguiram para uma das cabines e enquanto se trocavam conversaram.
- Qual é o nome da sua mãe, Marina?
- Laura e da sua?
- Camila. Como eu vou saber quem é a sua mãe?
- Ela está no desembarque junto com a Patrícia. Ah, o tio Sérgio está esperando na porta.
- Mas o Tiago também está ali fora esperando.
- O tio Sérgio foi ao banheiro, se dermos sorte talvez ele não tenha chegado ainda. E a sua? Como vou saber?
- Você deve conhecer! Ela apresenta o jornal da manhã.
- A minha mãe não me deixa assistir este jornal - Marina estranhou, ela nunca conseguiu assistir esse jornal.
Marina dispersou o pensamento pois ela sempre estava na escola, mas assistir esse jornal da manhã era proibido.
- Como assim? Que estranho. Bom, de todo jeito o Tiago deve estar esperando na porta e vai te levar até a minha mãe.
- Tá. Então eu ligo para a minha casa quando chegar no Rio de Janeiro e conversamos mais. Vamos investigar com cuidado, eu vou te orientando.
Elas terminaram a troca de roupa e saíram da cabine.
- Tchau Diana, nos vemos em breve.
- Tchau, Marina - despediu-se Diana para uma Marina já dando as costas e saindo pela porta.
Marina
- Demorou, Diana! Estava prestes a entrar.
- Não demorei nada, vamos.
Esse deve ser o tal de Tiago, pensei.
Caminhei junto com ele para o embarque sentindo o meu coração saltar pela aventura. Paramos em frente a uma mulher elegante, acho que depois da minha mãe é a mulher mais linda que já vi na minha vida.
- Demoraram. Está tudo bem, amorzinho?
Com certeza essa é a mãe da Diana. Recuei com o seu toque nos meus cabelos.
- Sim. Está... tudo bem.
Por um momento me arrependi da ideia maluca, mas não dava para voltar atrás. Segui para o avião junto com aquelas pessoas totalmente desconhecidas.
Sérgio
Acabei encontrando no toalete um amigo que trabalhou comigo em uma rádio no Rio de Janeiro e o papo rendeu. Fiquei preocupado porque aparentemente a Marina não tinha saído do banheiro ainda. Ou será que já tinha saído e aconteceu alguma coisa? Imploro aos céus que não. Se alguma coisa acontecer, Laura me mata.
- Que demora Sérgio! Cadê a Marina?
Tomei um susto com a voz da minha melhor amiga atrás de mim. Não tenho certeza de que ela estava no banheiro, mas resolvi dizer que sim.
- Ainda não saiu do banheiro.
- Oi, Sérgio!
- Oi, Pati! - cumprimentei a Patrícia, abraçando-a em seguida.
Diana
Fiquei sem coragem de sair do banheiro. Preciso encontrar a minha mãe e a garota parecida comigo. Precisamos desfazer esse mal-entendido.
Quando dei o primeiro passa, vi a porta ser empurrada para em seguida entrar duas mulheres de mãos dadas.
A mulher loira, com os olhos da mesma cor que o meu, dirigiu-se a mim:
- Quer me matar de preocupação, Marina? Por que você não voltou?
Quis correr dali, mas fiquei. Não tive medo daquela mulher. Sinto... curiosidade.
- Estava admirando o banheiro, não é lindo? - disse qualquer coisa que veio na minha cabeça.
Ela só pode ser a mãe da minha cópia e a outra deve ser sua namorada já que estão de mãos dadas. Ela deve ser igual a tia Vero, gosta de meninas.
- Vamos, em casa conversamos sobre a decoração deslumbrante desse banheiro todo branco do aeroporto - ela deu risada. - Cumprimenta a Patrícia.
- Oi - estendi minha mão.
A tal de Patrícia me olhou assustada, apertou a minha mão e respondeu ‘oi' sorrindo.
- Ah, antes de irmos, temos que nos despedir do Sérgio.
Acompanhei aquela mulher que eu sentia uma espécie de ligação estranha.
Laura
Cheguei em casa com uma Marina muda. Não implicou com a Patrícia e muito menos disputou a minha atenção. Nem ao menos ligou por ela estar o tempo todo abraçando-me e nem tentou separar a gente no táxi ao sentar-se no meio como sempre fazia. Foi estranho também quando chegou no elevador do prédio que moramos e não quis apertar o botão para subir.
Para aumentar o meu estranhamento, minha filha não subiu correndo para o quarto como sempre fez, ficou parada no meio da sala parecendo olhar a decoração. A minha menina está mais que estranha!
- Está tudo bem filha? - Perguntei preocupada.
- Uhum... quero dormir um pouco.
- Quer que eu te coloque na cama? - Perguntei dando risada.
- Não. Mas gostaria que me acompanhasse.
Ela queria falar algo comigo e a Patrícia não podia ouvir. Como pensei, alguma coisa tem.
- Está bem, vamos.
Segui para o seu quarto com ela atrás de mim. Ao adentrar, notei que ela olhou tudo como se estivesse surpresa.
- O que aconteceu com você, meu amor?
- Nada... eu... eu só quero dormir, estou com sono.
- Aconteceu alguma coisa no aeroporto, filha?
- Não, não aconteceu nada.
Fiquei interrogando-a por um tempo e cheguei à conclusão de que ela estava estranha por causa da Patrícia já que sempre implicou com ela.
Deixei que a minha filha sentisse vontade de dizer o que está acontecendo no seu tempo e a deixei no seu quarto. Andei até o meu dando de cara com a Patrícia desarrumando a sua mala.
- Que saudade da minha namorada - ela disse beijando-me com carinho.
Namoro com a Patrícia há oito meses. Me encantei por ela assim que cheguei em São Paulo, quando os meus olhos bateram nela a sua beleza chamou minha atenção. Não é amor, mas eu sinto uma espécie de carinho especial.
Eu até tentei não assumir nenhum compromisso, mas ela diz me amar de verdade e insistiu tanto que acabei aceitando o seu pedido de namoro pensando em reunir uma grande amizade com bom sex*. O problema é que fui fiel só nos primeiros quatro meses, eu preciso de outras para não me apegar a Patrícia. Uma necessidade estranha, não sei exatamente o que se passava comigo. Parece ter um imenso vazio que nem ela nem os cigarros conseguem preencher.
- Trouxe um presente da viagem para você.
Patrícia disse interrompendo o meu pensamento enquanto beijava o meu pescoço.
- Hum... eu também comprei alguns para você - suspirei - eu adoraria ver o meu e entregar os seus, mas o que eu preciso agora é matar a minha saudade.
Patrícia é uma mulher incrível. Morena, cabelos longos, boca levemente carnuda e dona de um belo corpo. Eu adoro fazer sex* com ela, é um prazer enorme. Não chega a ser como a Camila, mas foi a que chegou mais perto. Pelo menos existe carinho, apego.
Camila
Cheguei no Rio e tomei um táxi com a Diana.
- Di...
Chamei pela minha filha e ela não respondeu. Observei sua distração ao vê-la olhando para a praia.
- Diana - toquei em seu braço chamando a sua atenção.
- Fala.
- Está no mundo da lua?! Sonhando acordada? Quer ir à praia hoje? Ficar olhando deu uma vontade, não é mesmo?
- Você vai me levar?
- Claro, meu anjo! Quem te levaria? Sua babá está doente.
- Minha babá? Quero dizer... está doente?
- Sim. Vamos aproveitar o domingo e dar um mergulho no mar. Tomara que sua tia tenha feito algo para o almoço.
Reparei o seu jeito confuso. Deve ser fome. Ela deveria ter aceitado o pão de queijo que ofereci no aeroporto.
Seguimos o caminho de casa em silêncio. Talvez seja apenas o cansaço da viagem.
O táxi estacionou no portão da minha casa e de mãos dadas entramos. O cheiro de comida deliciosa entrou pelas minhas narinas quando pisei os meus pés em casa e a fome apertou.
- Cadê a minha irmã linda? - Disse entrando na cozinha.
- Você só diz isso porque eu sou a sua cara - disse abraçando-me. - Oi minha sobrinha lindaaaa!
Vero já agarrava a sobrinha e a cara da Diana foi impagável. Estranhamente ela não retribuiu o abraço e saiu. Quando me deu conta da cena, já escutava os seus passos subindo as escadas.
- O que aconteceu com ela? - Verônica me questionou.
- Pudera ela ter tido essa reação, você quase esmagou a menina. Ela com certeza foi escolher um biquíni, vamos à praia hoje. Quer ir?
- Sim, mas vamos almoçar primeiro. Ajude-me a terminar de colocar a mesa.
Marina
Elas são exatamente iguais! Bem que a Diana me disse. E agora? Qual dessas portas é o quarto... Ótimo, tem o nome dela na porta, essa foi fácil. No meio do caminho peguei o telefone, tenho que ligar para a minha cópia e saber mais detalhes da sua vida senão daria vários furos.
- Alô? - Ouvi a voz da Diana.
- Oi! Sou eu, a Marina. Ainda bem que foi você quem atendeu. Confesso que estava com medo de outra pessoa atender.
- Fiquei esperando do lado do telefone. Está tudo bem?
- Sim, sim. Não vamos nos prolongar, precisamos dar detalhes uma da outra. Me diz, como é o nome da sua tia?
- É Verônica, mas eu chamo ela de tia Vero ou titia, tia, essas coisas. Patrícia é namorada da sua mãe?
- Sim, uma chata! Eu detesto ela. Você tem pai?
- Não. Sempre foi eu, minha mãe e minha tia.
- Sua mãe gosta de meninos ou meninas?
- Eu não sei... - Diana hesitou - nunca vi ela com ninguém. Mas a tia Vero gosta de meninas.
- A sua mãe não tem namorado? Nada?
- Não.
- Nossa, que estranho. Bem, que sorte a sua então! Será que sua mãe gosta de meninas? Precisamos descobrir!
- Marina, ouvi um barulho de porta abrindo. Tchau!
Desligou na minha cara e nem descobri tanta coisa sobre ela. Depois ligarei novamente, preciso descobrir por que tem uma pessoa tão parecida comigo assim.
Saí do quarto e desci as escadas maquinando um jeito de perguntar algumas coisas para a Camila e a tal da tia Vero sem parecer que não as conheço. Cheguei na cozinha e a mesa estava posta. Comida, ainda bem! Estava estou morrendo de fome.
- Está com fome, meu anjo? - A mãe da Diana perguntou.
- Estou sim.
- Então vai lavar as mãos e comer mocinha fujona de abraço de tia!
Notei logo que a tia da Diana era engraçada.
- Tá... Nós vamos à praia mesmo, não é?
- Claro, meu bem, mas só depois do almoço. A sua tia vai também.
Almocei observando tudo, Camila contou como foi em São Paulo e eu me descobri que ela também é jornalista. É aterrorizante estar longe de casa e ao mesmo tempo aconchegante estar com essas duas mulheres.
Diana
Vi a mãe da Marina e a namorada dela descendo as escadas. Elas parecem felizes, davam risadas olhando uma para a outra.
- Vou preparar o nosso almoço.
Patrícia foi na direção da cozinha dando um selinho na Laura.
- Quer ajuda, Patrícia? - Laura perguntou.
- Não amor, você sabe que só atrapalha.
Dei risada da cara da mãe da minha cópia e ela aproximou-se de mim.
- Está rindo do que mini gente?
- Nada.
É estranho estar na casa de uma completa desconhecida. Por que eu aceitei essa loucura? Pior que eu não posso dar para trás mais. Iria explicar o que para a minha mãe?
- Você está quieta assim por causa da Patrícia?
Laura perguntou baixinho olhando nos meus olhos.
- Não - respondi.
- Será que aquela conversa que tivemos em Londres não adiantou nada?
- Que conversa?
- De dar uma chance para a Patrícia...
- Ah sim. Adiantou sim, pode ficar tranquila.
Eu não fazia a mínima ideia de conversa foi aquela. Mas resolvi concordar, não posso dar bandeira da minha verdadeira identidade.
Laura
Na minha frente está uma Marina tranquila, sem questionamentos e sem implicar com a Patrícia. Se antes eu já estava preocupada, agora sinto o desespero tomar conta.
- O almoço está pronto.
Escutei a Patrícia nos chamando e observei se a Marina faria alguma careta pelo almoço ter sido feito pela minha namorada. Para a minha surpresa, minha filha não esboçou nenhuma reação. Estou começando a achar que a minha filha está doente.
Marina simplesmente se levantou, seguiu com a Patrícia que veio até a sala antes e foram para a cozinha. A vi lavar as mãos e sentar-se para comer.
- Você quer de tudo? - Perguntei.
- Pode ser.
Coloquei um pouco de tudo no prato dela e fiquei conversando com a Patrícia. Marina não falou nada, acabou de comer mais rápido do que previ e ficou parada me olhando.
- O que foi, Marina?
- Nada.
- Então por que está me olhando desse jeito?
- Desculpa. Posso me retirar da mesa?
- Pode.
- Com licença.
"Posso me retirar da mesa"? "Com licença"? Que brincadeira é essa?
- Ela está tramando alguma coisa - comentei com a Patrícia assim que a minha filha saiu.
- Poxa, amor, vai ver ela aprendeu os modos ingleses nessa viagem - Patrícia sorria da própria piada.
- Vai brincando e não fica esperta com ela. Eu tenho certeza de que ela vai aprontar alguma coisa.
- Credo amor, é a sua filha!
- Por isso mesmo. Marina é esperta demais para a idade dela. Esse teatro que ela montou é para se preocupar.
Marina
A tarde na praia foi um dos melhores dias da minha vida. Minha mãe só me levou duas vezes e nem entrou na água. Ela detesta praia, piscina e sol. Já a Camila entrou comigo no mar e até brincou de jogar vôlei.
Todos reconheciam a tal de Camila e ela até tirou algumas fotos com o pessoal da praia que pedia. Parece ser famosa.
Sentei-me perto dela e observei a Verônica conversando com uma mulher. Essa é a chance de começar a minha investigação:
- Você gosta de meninas como a tia Vero?
Fim do capítulo
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mtereza
Em: 30/07/2017
Que maravilha essa troca adorei a ideia tipo um filme de sessão da tarde que vi daquelas duas gêmeas atrizes então a Laura arranjou uma namorada enquanto a Camila parece nunca mais ter tido ninguém curiosa para saber a reação das duas quando souberem da troca
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