Paloma

Eu estava vindo da cozinha com um lanche que havia preparado para a Cássia, quando uma cena me fez paralisar. Samantha e Ana Clara pareciam em um duelo, mas eu não sabia se de olhares ou de quem iria beijar quem primeiro.

Decidi interromper.

- Tudo bem por aqui? - olhei para Sam que segurava a ruiva pela gola da camisa. Elas me olharam e eu sorri.

- Tá tudo bem sim Paloma. – ela a soltou, em seguida dando a costa para a ruiva.

- Ela só estava me ajudando. Não é loira? - minha prima olhou para Ana Clara com um olhar assassino.

Ui, tesão sufocante no ar.

- E a Mel, como ela estava quando a encontraram? - perguntei tentando amenizar a tensão ou tesão, eu não sei, pois Sam parecia querer matar alguém.

- Ela agora está bem. – Samantha me encarou. - Só não sei amanhã quando acordar com uma tremenda de uma ressaca.

Nunca vi minha prima tão séria.

- Garotas, eu já vou pois a Lívia deve está me esperando. – a ruiva olhou com um sorriso cínico para Sam. - Boa noite esquentadinha...

Depositou um beijo no rosto de Sam e saiu como se o clima de instantes atrás nem houvesse ocorrido. Meu queixo quase foi ao chão.

- É parece que encontrou alguém a sua altura. - falei sorrindo, tocando em seu ombro.

Não podia deixar aquela passar.

- Não me enche. Garota maluca... Se acha toda gostosona, mas vai ver uma coisa... - ela saiu resmungando.

- Já sou fã dessa ruiva.

Falei para mim mesma.

- Espera, eu também vou subir. Sabe nem brincar... – falei um pouco mais alto para ela ouvir e a resposta foi aquele dedo do meio.

Subi e fui direto para o quarto. Desde que Jaque, Marcela e Nando se foram, voltamos a dividir o quarto naquela tarde. Entrei, encontrando Cássia brincando com o meu violão. Camila estava com os fones e rabiscava algo em seu caderno.

- Tá aqui seu lanche... – sentei ao lado de Cássia.

- Obrigada amor... – ela me beijou a bochecha.

- O que deu nela? – perguntei baixinho para a minha namorada. Ela olhou para Cami e depois para mim.

- Ela tá assim desde que foram buscar a Mel. – franzi o cenho. – Acha que a Cami sente algo pela Melissa?

- Tá ai uma boa pergunta... – coloquei a mão no queixo. – Mas, acho que perguntar pra ela não vai adiantar...

- Tenho quase certeza que o motivo de a Mel ter enchido a cara foi a senhora rabugenta ali...

- Acha mesmo? – franzi o cenho.

- Sim... A Samantha com certeza sabe de algo...

- Eu sei de quê? – a gringa entrou e eu nem sequer ouvi a porta se abrir.

- Sua ruiva já foi? – a loira me lançou um olhar nada amigável.

- Que história é essa de ‘sua ruiva’? – Camila tirou os fones a atenção de seu caderno também.

- Não é nada de nada... Não liga pra fofoqueira da Paloma...

- Ei!!

 

Nicole

- Não sei o que deu nela. Melissa jamais fez isso... – Sofia estava visivelmente preocupada.

- Quando ela acordar vocês conversam, Sofia. Mel é uma boa menina... – minha mãe comentou.

- Carolina tem razão. Melissa é uma boa menina e o que aconteceu hoje não mancha a imagem dela... Amanhã, com calma vocês conversarão... – tio Renato segurou a mão da namorada.

- Tenho certeza que foi só um momento. Melissa é uma garota madura... Não se martiriza tanto. – Sofia concordou com um aceno de cabeça.

- Quem está com ela? – minha mãe perguntou.

- A Amanda e a Flávia... Suas filhas e noras são uns amores de pessoa... – nesse momento o Diego fez um som de risada. Olhamos para ele que brincava com o Douglas nos braços do meu pai. – Vocês também...

Rimos.

Levantei e beijei o topo da cabeça dos dois.

 – Vou procurar a Isa...

Sai da varanda, onde meus pais, Sofia e o tio Renato conversavam. Isabela estava na beirada da praia. Podia avista-la em meio a escuridão da noite. Caminhei em sua direção e logo me sentei ao seu lado. Ela me olhou com aquele sorriso maravilhoso e me beijou os lábios com toda calma do mundo.

Eu suspirei.

- Vamos jantar amanhã? Você, eu... Esse céu... – perguntei ainda de olhos fechados.

- Eu vou adorar... Podemos ir dançar também? – deitei e trouxe Isa para meu peito.

- O que você quiser... Quando vou poder ver aquele quadro que você esconde com tanto cuidado? – ouvi sua risada e novamente suspirei.

- Você ainda terá de esperar um pouco... – sorri.

- Como sou sortuda... Minha namorada é uma artista, futura dentista e a mulher mais linda desse mundo... – Isabela me encarou.

- Você é a mulher mais linda do mundo... É o melhor de tudo... – beijou a ponta do meu nariz. – É somente minha...

Abri um sorriso e coloquei uma de minhas mãos em sua nuca.

- Então me mostre o quanto sou sua... – pisquei para ela que mordeu o lábio inferior.

Isa colocou-se sentada sobre minha barriga. Seu dedo indicador passou a fazer caminhos imaginários por meu colo e barriga que estava a mostra. Suspirei, sentindo meu corpo ficar arrepiado com o toque. Ela projetou-se sobre mim, jogando seus cabelos para o lado de uma forma tão sensual, que acabei ficando excitada.

- O que tá fazendo? – perguntei em um suspiro a vendo colocar as minhas mãos sobre a cabeça.

- Te mostrando como você é minha... – fixei meus olhos em sua boca. – Mostrando que é a mim que tudo de você responde...

- Desde quando é tão convencida? – ela soltou uma risada baixa.

Isa não me respondeu e grudou sua boca na minha, a explorando tão lentamente, que deixou o meu corpo com a sensação de estar levitando. Ela parou de repente e saiu de cima de mim.

Franzi o cenho, não entendendo a interrupção.

- Eu não disse? – mordi meu lábio.

- Ah, então é assim...

Levantei.

- Vem cá...

Isa saiu correndo a minha frente, enquanto eu a seguia... Parecíamos duas crianças brincando na areia.

 

Amanda

Estávamos no quarto de Mel, que depois de chamar algumas vezes por Camila, agora dormia tranquilamente. Foi inevitável olhar para ela e não lembrar da época em que coloquei meus medos acima do amor que sentia por Flávia, se ela não tivesse me perdoado por isso, eu não sei o que seria de mim hoje. Senti o peito apertar só de pensar nessa possibilidade.

- Um beijo pelos seus pensamentos. - Flávia sussurrou em meu ouvido.

- Estava pensando em quanto sou sortuda em ter você na minha vida. - ela me presenteou com um sorriso maravilhoso, meu coração acelerou.

Era sempre assim.

- Sortuda sou eu por mergulhar nesses olhos todos os dias. - ela me beijou delicadamente.

A porta se abriu e Sofia entrou acompanhada de Renato.

- Podem ir descansar meninas, que  vamos ficar aqui com ela. - Sofia falou sentando ao lado de Mel.

- Obrigado por tudo meninas. - Renato  agradeceu.

- De nada tio. É uma por todas e todas por uma. - Flávia respondeu segurando em minha mão. Saímos do quarto e a vontade de ter Flávia em meus braços foi às alturas.

- Vem comigo. - puxei ela pela mão, descendo as escadas quase correndo.

A empurrei para o banheiro que havia na parte de baixo da casa.

- Lembra da época que vivíamos nos encontrando nos banheiros da faculdade, no shopping?

Ela balançou a cabeça confirmando.

- Quando você ainda fugia de mim. - ela revirou os olhos, me fazendo sorrir.

- Pois hoje vou fazer com você tudo que eu tinha vontade. - tranquei a porta e caminhei em sua direção me livrando da minha blusa.

- Aí, e o que seria senhorita Amanda? - ela me agarrou pela cintura, me puxando para seus braços.

Não perdi mais tempo e a beijei com toda vontade que meu corpo pedia. Ch*pei sua língua com fome e Flávia gem*u me levando a loucura. Com uma facilidade impressionante, ela me ergueu e me fez sentar na bancada da pia, ficando entre minhas pernas.

- Eu te amo tanto. - ela falava, enquanto descia sua boca distribuindo beijos pelo meu pescoço e orelha. Retirei sua blusa querendo sentir ainda mais contato com sua pele. Cobri seus seios com as minhas mãos e senti uma das dela invadir meu short.

- Tem alguém aí? - alguém bateu na porta.

- Agora não. - Flávia falou com uma voz chorosa que me fez sorrir.

- É caso de vida ou morte. - só aí percebemos que se tratava de Cássia. Desci da bancada, apanhando minha blusa e a vestindo, Flávia também já estava com a sua.

- O que é agora Cássia? - Flávia abriu a porta indignada.

- Opa! Desculpa aí gente, mas eu preciso usar o banheiro, pois acho que o lanche que a Paloma vez não me caiu muito bem. - ela segurava a barriga. – Só não contem nada pra ela...

- E por que você não usou o lá de cima? - Flávia a fuzilou com os olhos.

- Por que será? Juliane e a Mica acabaram de entrar lá também. – ri da cara que ela fez.

- E sobra pra gente, sacanagem isso. - Flávia segurou minha mão e fomos tomar um ar na varanda, pois o calor estava insuportável.

E eu não falava do tempo.

 

Juliane

- Fica assim... Adoro te ver assim. Me deixa louca.

Micaela se apoiava na bancada da pia, ficando totalmente empinada para mim. Passei minhas mãos pelas laterais de sua cintura, chegando ao quadril e colando no bumbum bem feito. A ouvir gem*r baixinho quando minha mão cobriu seu sex* e um de meus dedos escorregava na carne quente, molhada.

- Você tá tão molhada... – gemi em satisfação.

- Estou querendo você... Ah, dentro de mim... – esfreguei meu sex* encharcado em suas nádegas. – Você também tá... Muito molhada...

Sua voz saiu fodidamente rouca e sexy, fazendo meu sex* latejar e querer mais contato. A penetrei com um dedo, sendo bem recebida e acolhida. Micaela gem*u baixinho, ficando ereta e segurando com as duas mãos as minhas nádegas, enquanto roçava cada vez mais forte em meu sex*. Se ela continuasse daquela forma, me faria goz*r antes dela.

Com muito esforço, parei os movimentos e antes de ouvi-la reclamar, a fiz subir na bancada, abrindo suas pernas e deixando sua intimidade totalmente exposta. Meu corpo iria entrar em combustão a qualquer momento.

Me ajoelhei diante dela e a encarei e quase g*zei só em ver a sua expressão.

Micaela mordia o lábio inferior, enquanto sua sobrancelha esquerda estava erguida. Seus olhos estavam com tanta malicia, que me fez ofegar.

- Você gosta assim... – ela ergueu uma das pernas, a colocando sobre o balcão.

Sorri, passando o dedo indicador da entrada quente até o clit*ris inchado.

- Aaah... Juliane. –passei a brincar com aquele ponto. – Quero sentir sua boca... Aah, me ch*pando como só... Você consegue... Agora.

Adorei a ordem e segurei suas coxas, mergulhei minha boca no sex* que enlouquecia a cada segundo um pouco mais. Micaela segurou meus cabelos, passando a rebol*r preguiçosamente contra a minha língua, enquanto falava coisas sem nexo.

A deixei ditar o ritmo que lhe satisfazia, sendo presenteada pelos gemidos. O atrito com seu clit*ris aumentou, mas tive de interrompe-lo. Fiquei de pé, fazendo Micaela entrelaçar suas pernas em minha cintura e sem aviso, lhe penetrei.

- Ah...

Primeiro com um dedo e depois com dois.

- Mais... Mais... – ela mandou e eu a obedeci.

As estocadas ganharam velocidade, enquanto Micaela ch*pava descontrolada o meu lábio inferior. Meu polegar massageava o clit*ris que a cada segundo parecia mais inchado. As paredes de sua intimidade apertaram os meus dedos e foi quando o seu gozo veio. Aos poucos parei o vai e vem, permanecendo com meus dedos dentro dela.

Micaela me encarou.

O rosto suado, cabelos bagunçados e a boca entre aberta. Eu passaria a minha vida olhando para ela.

- Me beija...

 

16 de julho de 2016.

Sábado.

Melissa

“Por que eu estou com a sensação de que um trator passou e repassou em minha cabeça? Preciso abrir meus olhos, mas eu não consigo. Aonde será que eu tô? Eu sai pra esfriar a cabeça, mas e o que mais?”.

Abri meus olhos com certa dificuldade e demorei a me acostumar com a claridade. Olhei ao redor, buscando saber onde eu estava. Sentei na cama e com o ato, senti minha cabeça dar um giro de 360 graus.

Levei a minha mão a mesma.

- Essa ressaca é da boa... – cerrei os olhos e olhei para a dona da voz.

A voz de Sam soava mais com um trovão.

- Aqui... Toma isso... – ela me deu um comprimido e um copo com água. Os peguei, entornando todo o liquido.

- Como voltei pra casa? – Samantha sentou a minha frente.

- Olha... Você tá muito encrencada, Mel. – franzi o cenho.

- Me diz, por favor, que eu não fiz nenhuma burrada... – implorei.

- Deixa eu pensar... Você saiu pra encher a cara. Flávia, Amanda, Camila e eu saímos a sua procura. Quando chegamos lá, você estava com uma morena que só de olhar a gente goz*, em seu colo... Cara, você precisava ver a cara da Camila quando viu você e a morena pedaço de mal caminho se engolindo... Ah, e vomitou no banheiro também...

Arregalei meus olhos.

- Eu... Eu... Fiz mesmo isso? Só lembro de ter ido pro banheiro e depois... Depois... – eu transei no banheiro. – Angélica...

- Lembrou direitinho... – ela gargalhou.

- A Camila... Ela... – coloquei a mão na cabeça, querendo bater ela na parede.

- Aham, viu tudinho... Você me deixou de cara, Mel. Danadinha... – encarei Samantha.

- E a minha mãe? – perguntei cedo demais. Dona Sofia entrou no quarto, carregando uma bandeja. Por sua feição, eu sabia que estava muito ferrada.

Samantha saiu, fazendo um gesto de “tá morta”. Engoli em seco.

- Finalmente acordou... – ela colocou a bandeja sobre minhas coxas. – Come tudo.

Não ousei dizer uma única palavra. Passei a comer tudo, pois estava com uma fome monstruosa. Sabia que não tirava os olhos de mim. Me preparava mentalmente para todo o bombardeio que viria.

Coloquei a bandeja de lado.

- Agora quero que me explique o que aconteceu e acho melhor não me esconder nada. – limpei a garganta.

- Tem certeza que quer saber tudo? – ela ergueu a sobrancelha.

Aquilo era um com certeza.

- Mãe, eu tô apaixonada pela Camila. – dona Sofia franziu o cenho. – Desde que a vi naquele jantar, não tem um dia que não pense e queira estar com ela... Mas, ela não sente o mesmo e isso me dói... Dói muito... – meus olhos arderam.

- Por que não me contou? Será que não mereço saber o que se passa com a minha própria filha? Me responde... – respirei fundo. – Por quê?

- Eu não sei, mãe. Tá? A minha cabeça tá uma confusão. Eu quero manter distancia, juro que quero, mas eu sou louca por ela, mãe... – o choro fez um nó em minha garganta.

- Melissa... A Camila tem namorado. Não faça isso consigo mesma. Talvez seja melhor você passar um tempo com sua vó. – ela levantou no mesmo momento em que Flávia entrou no quarto.

- Opa... Eu não queria interromper. – ela me olhou rapidamente.

- Eu já estava de saída... Toma um banho gelado. – foi somente o que minha mãe disse antes de sair.

- Queria conversar com você... – Flávia fechou a porta.

- Vai me passar sermão também? – franzi o cenho, fazendo-a gargalhar.

- Quase isso... – ela sentou a minha frente. – Escuta, quando eu conheci a Amanda, ela era noiva... A gente teve vários desencontros. Uma vez, eu fiz o mesmo que você...

- Encheu a cara? – perguntei curiosa. Ela sorriu.

- Sim... Lembro que comprei várias bebidas, entrei no meu carro e dirigi até um lugar afastado. Lá descontei toda a minha frustração por ser rejeitada por Amanda... – ela não desviava o olhar do meu. – Foi uma ideia estupida, mas que também me aliviou. Sabe do que eu me arrependo, Mel?

- Do quê?

- De um dia ter pensado em desistir de Amanda. – comprimi meus lábios um ao outro.

- O que quer dizer com isso? – Flávia tocou em uma das minhas mãos e a acolheu.

- Que se o que sente por Camila for mesmo de verdade, que persista. Não diga nada a ninguém, mas eu percebi que ela estava morrendo de vontade de entrar aqui e te ver. – abri a boca levemente. – Leve o tempo que precisar... Só não desiste.

Ela levantou.

- Promete? – sorri tímida.

- Prometo. – ela me mostrou o polegar.

- Quando quiser conversar, eu sempre estarei aqui. – Flávia abriu a porta.

- Obrigada, Flávia...

- Não por isso, gatinha... – ela piscou e saiu do quarto.

Levantei, ainda sentindo a cabeça latejar, mas com menos intensidade. Entrei no banheiro e assim como minha mãe mandou, tomei um banho gelado. Fique debaixo do chuveiro por vários minutos, pensando nas palavras de Flávia, até senti os meus dedos enrugarem.

Me enrolei na toalha e sai do banheiro. Coloquei algo fácil de tirar e decidi descer, mesmo com muita vergonha. Ao chegar no último degrau, vi que Samantha estava jogada no sofá com Cássia e Paloma. Caminhei em direção ao cômodo e foi quando percebi que Camila estava deitada no outro sofá.

Meu coração reagiu e em meu estomago aquela sensação de borboletas fazendo rebelião. Nossos olhares se encontraram e foi como se eu sentisse um choque me atravessar.

Sabe quando parece que o mundo dá pausa e parece existir só você e a pessoa que gosta? Foi assim.

O som da campainha me tirou das nuvens.

- Eu atendo... – Camila levantou, caminhando com certa dificuldade.

- Como você tá? – Paloma me puxou para sentar com elas.

- Tô bem...

- Amor... Que saudade!

As meninas e eu olhamos para a porta e foi como se um soco me acertasse bem no estomago.

O tal a beijava como se ela fosse sua propriedade.

 

Camila

Como isso pode parecer tão errado, quando era o que eu sempre quis? Era? Será que eu não já me sentia da mesma forma? Ele estava aqui, me beijando com todo o carinho e amor, mas eu me esforçava para retribuir, quando aquilo deveria ser totalmente e inquestionavelmente reciproco.

Eu tive de interromper o contato.

- Pensei que viria só à tarde... – ele me abraçava pela cintura.

- Quis te fazer uma surpresa. – Vini sorriu e tentou me beijar novamente, mas eu não permiti.

- Tem outras pessoas aqui... – falei em um sussurro. Ele olhou para a sala.

- Desculpem... Acho que me empolguei. Bom dia meninas. – não queria, mas tive que me virar.

- Bom dia...

Olhei para Melissa e ela me encarava fixamente. Aquilo me doeu de uma forma inexplicável. Não suportei e desviei para outro ponto qualquer. Sentia-me tão desconfortável, que a vontade que eu tinha era a de sair correndo.

- Vinicius... Que bom revê-lo, rapaz... – meu pai entrou na sala acompanhado de Sofia. Ela trocou olhares com a filha, me fazendo ficar curiosa.

- Olá senhor Renato. Desculpe aparecer assim. – eles deram um aperto de mão.

- Que nada, rapaz. Fica pra almoçar conosco. – olhei para o meu pai.

- Se não for incomodo...

- Fica à vontade... Bom, vim saber como você tá, Melissa... – sentei com Vini no sofá em frente ao que Sam, Paloma, Cássia e Mel estavam.

- Eu tô bem. Me perdoem se dei trabalho. Não voltará a se repetir...  - respirei fundo, a olhando.

- O importante é que você está bem. Bom, vamos deixa-los conversar. – meu pai se retirou, deixando um silencio esquisito.

- Você veio sozinho? – perguntei a ele.

Minha mente estava um pouco embaralhada. Ontem, na escada, se a mãe de Melissa não houvesse interrompido, teríamos nos beijado e eu... Eu queria muito ser beijada por ela. A noite toda, rolei na cama me culpando por ter admitido a mim mesma aquilo. Eu, mesmo sem ter a beijado, me senti culpada.

Culpada por ter desejado que ela me pegasse nos braços e me tirasse o folego, quando eu estava comprometida com o Vini. Por que logo agora? Deveria ser tudo perfeito. O homem que chorei por várias noites e sonhei incansavelmente estava bem a minha frente, me olhando da forma que eu sempre imaginei, mas a única coisa que eu conseguia pensar era: como teria sido se Sofia não houvesse interrompido?

- Amor, você está me ouvindo? – sacudi a cabeça.

- Desculpe, eu acabei viajando... – ele sorriu, passando o dorso de sua mão em minha face.

- Sam, vamos surfar um pouco... – olhei imediatamente para Melissa, que estava de pé.

Eu não podia ver sua face.

Sam me olhou rapidamente.

- Vamos sim... Vocês também querem vir? – Samantha perguntou a Cássia e Paloma.

- Sim... Vamos deixar o casal namorar um pouco... – franzi o cenho.

Elas saíram da sala e Melissa nem sequer olhou para trás. De repente, uma sensação de vazio me incomodou. Peguei a mão de Vinicius, o fazendo me seguir escada a cima. Abri a porta do quarto e ele estava vazio, o fiz entrar e fechei a porta.

- Me beija... – ele sorriu.

Sem dizer absolutamente nada, Vinicius me segurou pela cintura e tomou a minha boca. Em poucos segundos, estávamos quase despidos. Ele me pressionava contra o guarda roupa, beijando o meu pescoço. Fechei meus olhos e como se fosse ela, em carne e osso, Melissa me assombrou. Empurrei Vinicius, que me olhou sem entender nada.

- Cami, o que houve?

Passei a mão em meus cabelos, sentindo um nó em minha garganta.

Alguém bateu na porta e eu rapidamente passei a me vestir, sendo acompanhada por ele. Arrumei meu cabelo e abri, quase aliviada pela intromissão. Isa e Nick nos olharam, visivelmente sem graça.

- Desculpem... A gente só veio buscar o biquíni... – sorri.

- Não, tá tudo bem. Vini, vamos pegar um vento... – segurei sua mão.

Saímos do quarto e descemos em silencio, cada um em seus pensamentos. Sentamos em uma espreguiçadeira na beira da piscina. Tentei dispersar aquele clima estranho, puxando algum assunto. Ainda buscava dentro de mim uma explicação para o que aconteceu no quarto e a resposta estava me deixando muito apavorada.

Alguns momentos depois, nos sentamos ao redor da mesa. Flávia fez Melissa sentar ao meu lado e Vinicius do outro lado da mesa. Sofia olhava insistentemente para Melissa, me deixando cada vez mais curiosa.

- Jaque ligou agora há pouco. Disse que tá morrendo de saudade. – tia Carolina colocou uma travessa com peixe na mesa.

- Ela já resolveu o problema com a empresa? – tio Henrique perguntou.

- Ainda não... Mas, disse que tá com saudade...

- Estamos morrendo de saudade também... O Nandinho me mandou isso... – Flávia mostrou uma imagem em seu celular. Era um desenho que o loirinho havia feito.

- Que saudade desse garoto... – Cássia pegou  o celular.

- Emily, devolve isso... – Nick e Emi brigavam por causa de uma concha colorida.

- Mas, eu vi primeiro... – Becca ria da esposa.

 Minhas mãos estavam suadas e quando fui enxuga-las em meu shorts, meu braço roçou em Mel, que rapidamente me encarou.  Foi quando senti a sua mão segurar a minha por baixo da mesa. Eu não esperava uma atitude dela, não dessa forma. Eu deveria ter cortado o contato, mas me deixei sentir a textura da pele, sua temperatura.

Ela apertou forte...

“Deus, o que eu tô fazendo?”.

A campainha tocou e tia Carol levantou para atender. Melissa ainda segurava a minha mão, me fazendo senti sensações malucas pelo corpo. Respirei fundo, engolindo em seco, baixando a cabeça para olhar para elas unidas.

- Mel... Essa moça quer falar com você... – levantei a cabeça, olhando para a mulher que estava ao lado de tia Carolina.

Era a mulher de ontem... A mesma que...

Me desfiz do contato bruscamente, sentindo um pressão sobre o peito.

- Angélica...

 

 

 

Fim do capítulo