Capítulo 45
O Jardim dos Anjos -- Capítulo 45
Alisson acordou meia hora depois. Não conseguia entender onde estava. Na primeira vez que tentou abrir os olhos, sentiu uma dor muito forte na cabeça e um peso no corpo. Franziu a testa e gem*u. Tentou novamente e deu de cara com Pâmela.
-- PAMELA? -- tentou levantar a cabeça e soltou um pequeno grito de dor -- Aiii... minha cabeça.
Pâmela segurou o rosto de Alisson entre as mãos e beijou-a. Um beijo longo e lento. Cheio de paixão.
-- Para com isso, Pâmela! -- disse ofegante com a cirurgiã deitada sobre ela -- Estou com muita dor de cabeça. E algemada... e nua... Ai meu Deus!
Pâmela abafou as reclamações da pediatra com um beijo.
-- Estou aqui justamente para cuidar do meu anjinho -- o rosto dela estava bem perto do rosto da loira.
-- Então você é a sequestradora? Sua meliante disfarçada de cirurgiã -- tentou usar a perna para se livrar de Pâmela, mas percebeu que agora, além dos braços, também os tornozelos estavam algemados.
-- Está tudo bem agora -- ela disse, sentando-se sobre a cintura da pediatra -- Você não achou esse meu plano uma prova de amor digna de Hollywood, baby? -- dedos longos, com unhas decoradas, acariciaram o queixo de uma desesperada, Alisson.
A pediatra ficou olhando para ela completamente, embasbacada.
-- Eu já sabia que você era louca, Pâmela. Mas não imaginava que fosse tanto.
Pâmela aproximou o corpo, os olhos brilhando de desejo. Ela roçou-lhe os lábios com sensualidade. Queria ela, e tudo o que tinha a fazer era estender a mão e tomá-la para si. Uma forte onda de desejo percorreu o corpo da cirurgiã.
-- Nem pense nisso, Pâmela -- Alisson remexeu-se em vão -- Eu vou te denunciar por estupro de vulnerável. Eu juro que vou - lutava, mas, para seu desespero, sentia que sua agitação só servia para machucar ainda mais os seus pulsos.
-- Estupro de vulnerável é para menor de 14 anos - retrucou ela, dando de ombros e sorrindo com aquele seu ar de: Tô nem ai.
-- Pois nesse momento, me sinto com nove anos. Com medo de monstros, alienígenas e de você.
Pâmela admirava a beleza da pediatra. Seus cabelos loiros encaracolados contrastavam com a pele clara e os olhos intensamente azuis, o olhar dela naquele instante possuía um brilho aturdido.
-- Sabia que com medo, você parece ainda mais linda?
Alisson respondeu com outra questão:
-- Além dessa tortura psicológica, o que mais pretende fazer comigo?
Pâmela sustentou-se nos cotovelos, roçou os lábios sobre o rosto dela e beijou-lhe delicadamente os lábios.
-- Vou realizar minhas fantasias mais violentas e secretas.
Alisson engoliu em seco.
Andras olhava pela janela de seu apartamento. Era uma manhã ensolarada de domingo e mesmo após o sábado cansativo e cheio de emoções, ela acordou cedo e cheia de disposição.
-- E você acredita que a Lorraine não tem nada a ver com o desaparecimento do cabelo de mola?
Para surpresa de Beleth, Andras soltou uma sonora gargalhada.
-- Lógico que não! -- ela saiu da janela e foi sentar-se no confortável sofá -- Você pensa que eu sou boba? Foi ela quem sequestrou a Alisson -- disse calmamente, demonstrando uma calma tão absoluta quanto inesperada.
-- E você fala assim desse jeito? -- Beleth estava chocada. Como um problema tão grave, que normalmente a preocuparia e obrigaria a tomar todas as medidas de precaução, transformou-se de forma repentina em motivo de gargalhadas? -- Quer me contar o que há com você? Estou lhe estranhando.
-- Estou gargalhando porque Lorraine não faz ideia do bem que está me fazendo, mantendo Alisson longe da menina.
-- Como não havia pensado nisso? -- Beleth, deu um tapa na própria coxa -- Planejamos algo e recebemos uma bela mãozinha da doutora.
Andras meneou a cabeça.
-- Lorraine pensa estar me fazendo de boba. Quando ela descobrir que me ajudou, será tarde demais -- Andras esboçou um sorriso maldoso -- Colocam a culpa no demônio quando, na realidade, "o pecado é a causa principal de toda a miséria e infelicidade, tanto nesta vida como na vida por vir. Morte, doença, desavenças, guerra, fome, vício, famílias desmanteladas, ódio, dor, sofrimento e uma miríade de outros males, tudo isso encontra a sua origem no pecado. O DIABO É UM MENTIROSO. As mentiras são o seu principal instrumento para a ruína e destruição da humanidade. Na verdade, o diabo, assassina através das suas mentiras".
-- Em que está pensando? -- perguntou Beleth.
-- Vou buscar a garota. Com a Alisson fora do meu caminho, não preciso mais da Lorraine. Eu mesma posso me aproximar dela -- respondeu ela, com certa frieza.
-- Vai se casar com a Lorraine, mesmo assim?
-- No dia do casamento, na frente de todos, vou entregar Lorraine à polícia -- Será um espetáculo maravilhoso.
Andras pegou a chave do carro que estava em cima do balcão, caminhou até a porta e antes de sair virou-se para Beleth e disse:
-- Prepare a casa abandonada, vou roubar a menina e levá-la para lá.
Nádia tomou uma xícara de chá bem quente e, depois de alimentar o peteleco, ligou a televisão para assistir ao noticiário. Tentou concentrar-se nas notícias, mas foi inútil.
-- Por onde anda a Alisson? -- pensou alto pousando a mão no alto da cabeça.
Um barulho diferente interrompeu seus pensamentos. Priscila aproximou-se de Nádia erguendo os bracinhos gordinhos.
Ao perceber a aproximação, Nádia sorriu.
-- Olá, meu amor! -- murmurou Nádia, pegando a criança no colo -- Está com fome?
-- Tô sim -- Priscila responde, olhando para os lados -- Onde tá a Alis, tita "Náda"?
Com um sorriso, Nádia tocou a pontinha do nariz da menina e depois os cabelos, colocando-os para trás da orelha.
-- A Alis, foi viajar, mas logo volta. Ela também deve estar com muita saudade da menininha dela.
-- E quando ela volta? -- perguntou a menina com vozinha chorosa.
-- Logo, logo, meu anjo -- Nádia olhou fixamente para os olhinhos -- Quando a Alis saiu para viajar, ela disse que é para você comer bastante, senão ela vai ficar triste.
-- Eu "quelo come".
Nádia abraçou a menina.
-- Então vamos, princesa!
-- Tita Náda...
-- Hum?
-- "Po que" ela não me "levo" junto?
A criança começou a fazer expressão de choro e Nádia não sabia o que falar. Num impulso, levantou a menina em seu colo e disse:
-- Eu tenho uma ideia! Que tal se fossemos ao parque ou ao zoológico?
O rostinho de Priscila se iluminou.
-- "Loulózico" -- a menina gritou feliz.
-- Muito bem. Agora, vamos comer -- Nádia olhou para Priscila e sorriu. Como era gostoso ter uma criança em casa.
Pâmela rodeou a cintura da pediatra com as pernas e inclinou a cabeça para frente.
Alisson sentiu os dedos quentes da cirurgiã sobre a sua pele. Não sabia se tremia de medo ou de frio. A janela estava aberta e um ventinho gelado fazia as cortinas dançarem de um lado para o outro.
-- Eu sou louca por você! -- incapaz de controlar-se, Pâmela entrelaçou os dedos nos exuberantes cabelos encaracolados dela. Em seguida, puxou-a para si. Seu clit*ris pulsava e latej*v*, e os mamilos endureceram -- Vou possuí-la -- sussurrou de forma sedutora e atraente próximo ao ouvido da pediatra.
Seus lábios se moviam suavemente descendo pelo pescoço, até que repousaram sobre os seios.
-- Pâmela... Você está me machucando... -- Alisson gritou virando o rosto.
-- Grita o meu nome... Isso me excita ainda mais -- falou segurando o queixo da loira, fazendo-a fitá-la.
-- Você é louca... me solta...
-- Sua vaca! -- Lorraine puxou Pâmela pelos cabelos e a jogou no chão. Quando Pâmela ia se levantar, levou um chute na perna -- Eu vou destruir essa sua carinha de esmegma.
Alisson ficou olhando com olhos espantados, sem entender a presença de Lorraine.
-- O que você faz aqui?
Pâmela que estava se recuperando da dor, correu até a porta. Lorraine apontou para ela e avisou:
-- Não pense que terminamos. Vou bater tanto em você, que vão conseguir identificá-la somente pela arcada dentária.
Pâmela não disse nada, apenas abriu a porta do quarto e saiu velozmente.
-- Eu me nego acreditar que você tem algo a ver com isso? -- Alisson sacudiu os braços com violência -- Me solta, agora!
Lorraine apertou os olhos de forma pensativa e sem qualquer hesitação, puxou o lençol e a cobriu.
-- Desculpa -- ela murmurou com dificuldade -- Devo desculpas a você e quero dizer que sinto muito, por tudo o que está acontecendo -- ela sorriu com o canto da boca enquanto fechava a porta e sentava na beirada da cama -- Eu amo você, Alisson. Foi por isso que armei esse sequestro.
Alisson fechou os olhos e respirou fundo. Que Deus a ajudasse, pois ela não queria fraquejar. Tudo o que Lorraine havia lhe feito, lhe dito, ainda doía muito. Nossa, como doía.
-- Não, não ama.
-- Sim, amo.
-- Que sentimento é esse? -- perguntou com raiva -- Você me disse com todas as letras que não me amava mais, que gostava de mim apenas como uma amiga -- aquelas palavras foram proferidas pela loira com muita mágoa e rancor.
-- Amo você e quero me casar com você -- o coração de Lorraine batia acelerado.
-- Você só pode estar brincando -- ela ironizou, com um sorriso -- Esqueceu que está apaixonada pela Andras e que vai casar-se com ela? Esqueceu que se não fosse essa sua loucura, eu já estaria casada com a Nádia? Pare de achar que o mundo gira em torno de você, Lorraine. Você não me quer, mas não admite que eu seja feliz com outra pessoa.
Lorraine balançou a cabeça sorrindo para si mesmo. Estava com os nervos à flor da pele, no limite da exaustão desde que entrou no quarto.
-- Me solta, Lorraine! Você faz ideia da encrenca que se meteu? A polícia deve estar atrás do sequestrador. Minha mãe já deve ter acionado a polícia.
Lorraine fez uma pausa e preparou-se para falar. Ela sabia que devia contar tudo, mas antes de conseguir soltar uma palavra, ela colocou o dedo sobre os lábios da pediatra pedindo silêncio. Seu rosto uma máscara de tristeza e ansiedade. E só de olhar para a pediatra percebia que ela estava sofrendo tanto quanto ela.
-- Vou contar o motivo que me levou a essa loucura. Foi cruel, eu sei, e lamento o que fiz, mas foi o melhor.
-- Desembucha, Lorraine.
Alisson queria acreditar que era indiferente a Lorraine, que por mais convincente que fosse a sua explicação, nada justificaria a falta de confiança e cumplicidade. Mas se a espera estava sendo tão dolorosa e a esperança tão viva, isto era sinal de que o seu amor era infinitamente forte, sublime e inabalável. Certamente que sim. O amor verdadeiro que sentiam uma pela outra, continuava lá, igualzinho. Embrulhadinho e guardadinho no fundo do coração.
-- Fala, Lorraine -- Alisson já estava impaciente -- Eu não suporto mais ficar algemada nessa cama.
Estava sendo difícil enfrentar o olhar da loira. Lorraine receava que ela duvidasse de sua inocência. Isso seria pior que enfrentar a justiça.
-- Tem certeza que quer saber? -- perguntou hesitante.
Alisson bufou.
-- A questão não é se quero ou não saber -- comentou ela -- Eu tenho de saber como é que tudo veio a desenrolar-se. Afinal, você mandou me sequestrar no dia do meu casamento. Preciso de um argumento fortíssimo que afaste essa ideia fixa que estou de lhe enforcar.
-- A Andras está me chantageando -- Lorraine deteve-se, insegura de como deveria prosseguir.
Alisson olhou para ela absolutamente estupefata, surpresa demais para sequer falar.
Uma chuvinha fininha e persistente começara a cair. Nádia embrulhou Priscila na manta, pegou-a no colo e começou a carregá-la para dentro, com peteleco pulando em suas pernas.
De repente, Nádia reparou um par de faróis acesos que se destacavam no meio da chuva. Um Range Rover preto estacionou em frente à guarita do condomínio.
-- De onde eu conheço esse carro? -- Nádia fixou o olhar no automóvel e inclinou a cabeça, mas infelizmente o vidro era escuro e não conseguiu identificar o motorista.
A menina olhou para ela e, fez um beicinho.
Nádia ergueu o seu rosto, com os dedos por debaixo de seu queixo e perguntou-lhe, com carinho:
-- Sorvete de morango ou de chocolate?
-- "Chocholate"!
Nádia deu um beijo na menina e aconchegou-a contra o corpo.
-- Você é quem manda! -- olhou uma última vez para o carro preto e entrou em casa.
Créditos:
http://www.casadosenhor.com/estudos/estudo?id=202
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:

NovaAqui
Em: 27/06/2017
Aleluia Lonzinha! Espero que Ali acredite nela.
Lorraine vai matar Pâmela kkkkk isso vai ser engraçado
Espero que esse ser sem luz não consigo fazer o que pretende. Alguém tem que ajudar. Acho que Patrícia vai colaborar de alguma maneira para que Andras não sequestre a pequena.
Bom dia procê
Abraços fraternos!
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Mille
Em: 27/06/2017
Bom dia Vandinha
Diga que está bruxa não pegará a pequena????
Que tarada a Pamela mereceu e ainda merece uma boa surra.
Está na hora da verdade e espero que dê tempo da Alis captar os planos da Andras e a Lo solta-la.
Bjus e até o próximo capítulo
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