Despedida por Lily Porto
Mudanças...
Capítulo 59 - Lourenço
Tem um tempinho que não apareço por aqui, né?! Muitas coisas aconteceram na minha vida ao longo desses três anos morando aqui no Brasil.
Como contei pra vocês, me envolvi com uma galera meio barra pesada, fui preso e quase morri. Daí abalei a relação com a mãe Bah e ela “cortou” tudo pra mim. O que serviu para que eu abrisse os olhos pra grande merd* que estava fazendo com a minha vida.
Lembram que no dia do casamento da minha mãe eu me declarei pra Dona? Então, naquele dia não consegui mais falar com ela, na verdade naquela semana ela sumiu. Tentei conversar com a Anna pra me ajudar, mas ela se recusou, disse que não ia se meter nessa história. Preferi agir sozinho, e assim fiz.
Estamos às vésperas de fazer dois anos de namoro, no início era tudo muito bom. Eu sentia que a gente se completava, se entendia e que ela seria a minha companheira. Há mais ou menos seis meses as coisas passaram a esfriar entre nós. Ela passou no vestibular de Artes Plásticas e começou um papo de que queria ir embora, que estava se cansando da cidade e tal. Até ai tudo bem, mas de uma hora pra outra ela começou a agir como se fossemos apenas amigos, ou seja, de uns três meses pra cá o máximo de contato que mantemos é um selinho, e só. Nem me lembro quando trans*mos pela última vez.
Sinto dizer, mas eu acho que a minha namorada perdeu o interesse em mim. Sempre que posso tento conversar com ela, mas estrategicamente ela sempre consegue fugir do assunto. Não sei, mas começo a achar que não havia sentimento suficiente para iniciarmos uma relação amorosa. Acho que posso ter perdido uma grande amiga por pura afobação da minha parte.
Preciso resolver logo essa situação, gosto muito da Dona e não quero vê-la infeliz ao meu lado. Se for pra gente ser apenas amigos, aprenderei a conviver com isso. Sei que pode até não ser nada fácil no início, mas mesmo assim, se for o melhor a fazer. É o que farei, amanhã converso com ela. Hoje fiquei de cozinhar com o Ju, é aniversário de casamento das nossas mães e resolvemos cozinhar para as mulheres da casa.
O jantar não saiu do jeito que esperávamos, sem falar que fizemos uma mega bagunça na cozinha tentando fazer massa fresca, a Cléo entrou lá pra beber água e quase caiu pra trás coitada. Estávamos eu e o Ju cobertos de farinha de trigo, ela olhou e balançou a cabeça como quem diz, se vocês não limparem isso agora eu como o fígado dos dois. Olhei pro Ju e acho que ele pensou o mesmo que eu, ele correu pra pia e eu peguei a vassoura pra varrer a cozinha e passar pano, enquanto ela saiu sem olhar pra trás.
A Cléo e o Ju são pessoas maravilhosas, a nossa convivência em família é bem harmoniosa, eu e a Anna decidimos que ajudaríamos elas quanto aos horários do Ju. Fizemos até um esquema de rodizio de carros durante a semana. A mãe Bah devolveu meus cartões e me deu um carro um ano depois de ter sido preso. Na verdade, ela passou um ano acompanhando os meus passos cautelosamente, já tinha me acostumado com minha nova rotina até o dia que ela me chamou no escritório que tem em casa para conversarmos. Lembro como se fosse hoje.
Bati na porta antes de entrar: – Mãe a Anna disse que a senhora queria falar comigo, posso entrar?
– Pode sim.
Sentei no sofá e esperei ela terminar o que fazia no computador. Alguns minutos depois ela terminou e sentou ao meu lado.
– Filho, esse último ano foi meio complicado entre nós. Passei todo ele analisando seus passos, precisava saber o que você andava fazendo. Sei que o seu desempenho no estágio melhora a cada dia, que suas notas na faculdade voltaram ao normal e que você não encontra mais aqueles rapazes. Fico muito feliz que você tenha feito a melhor escolha pra sua vida. Por esses motivos resolvi lhe entregar seus cartões e as chaves do carro. Tenha cuidado meu filho, eu te amo muito, mas qualquer deslize seu agora me fará perder totalmente a confiança em você.
– Desculpa mãe, eu sei que pisei feio na bola com a senhora. Perdão, isso não vai mais acontecer, eu prometo. Agora tenho total certeza do que quero pra minha vida, e ser preso ou perder sua confiança não faz parte do que quero.
Ela me abraçou e me deu um beijo no rosto, passamos aquele final de semana na antiga casa dos meus avós, tinha anos que minha mãe não ia lá. Como meu tio tinha programado de ir, ela se animou depois que dissemos que queríamos conhecer a casa onde ela nasceu. A Cléo também deu a maior força pra ela ir, aquele foi um dos únicos, se não foi o único passeio que eu e a minha namorada fizemos na companhia da minha irmã e do namorado dela.
Não sei bem o porquê, mas o Beto não gosta da Dona e ela por sua vez também não o suporta. A Anna e eu evitamos mantê-los juntos no mesmo ambiente. É claro que nunca contamos as nossas mães a real verdade sobre eles não estarem presentes em muitas das coisas que fazemos. Como hoje mesmo, no meio do jantar, a mãe Bah perguntou por eles e nós desconversamos.
Falei pra vocês do rodizio de carro que eu e Anna fazemos, né! Ele funciona da seguinte maneira, em uma semana 3 dias eu do carona pra ela e pro Ju, e ela nos dá carona por 2 dias. Na semana seguinte a gente inverte os dias e quantidade deles também. Hoje era dia dela nos dar carona, mas deixou recado com a mãe Bah que precisou sair mais cedo. O Ju tem natação hoje, mas a mãe Bah pediu apenas pra que eu o levasse, que ela iria busca-lo que no final da tarde eles tinham campeonato de judô.
Fim da tarde cheguei em casa e tomei um banho, precisava organizar minhas ideias pra poder conversar com a Dona, queria conversar com a Anna antes de ir na casa dela, talvez ela me ajudasse de algum jeito, mas já são sete horas e ela ainda não chegou. Deixa pra lá, vou lá, chega de ficar adiando isso.
Cheguei na casa dela, toquei a campainha, e fiquei esperando ela abrir, a moto tava na garagem, sinal de que ela está em casa. Não demorou muito ela veio abrir.
– Oi, tudo bom? – ela falou me dando um beijo no rosto.
– Tudo sim, eu vim conversar com você.
– Entra ai, estou terminando uma encomenda pra entregar amanhã de manhã.
– Prometo não demorar, não quero te atrapalhar.
Ela me levou até a sala, sentei em um sofá e ela sentou no outro de frente pra mim.
– Dona, eu não sei nem como fazer isso, por isso me desculpe desde já. Mas eu não estou aguentando mais a forma que estamos levando o nosso namoro. É nítido que nos dávamos muito melhor como amigos do que como namorados. E eu vim aqui fazer isso, acabar com esse peso que o nosso namoro virou pra nós. Você é uma mulher maravilhosa, mas eu sinto falta da moça que me fazia sorrir, que sentava do meu lado pra assistir e que vivia sorrindo. Não quero atrapalhar sua vida, algo me diz que eu não te completo mais, e não quero me tornar um empecilho na sua vida, muito pelo contrário. Eu agradeço por tudo que você fez por mim, mas não tenho mais forças pra continuar sendo o seu namorado.
Ela ficou me olhando por alguns minutos sem dizer nada, depois levantou do sofá e veio na minha direção me puxando pela mão e me envolvendo num abraço afetuoso. Sorri aliviado com a ação dela.
– Obrigada Lourenço, você é um parceiro e tanto. Teve coragem de fazer o que eu venho tentando a algum tempo já. Por isso sempre fugia do assunto quando você começava a conversar sobre o “nosso namoro”. Como você disse, somos bem melhores como amigos do que como namorados.
– Você merece alguém que te entenda e lhe complete por inteiro Dona, é uma pena que esse alguém não seja eu. Mas tenho certeza que o cara que conquistar o seu coração, será um cara de muita sorte. – ela sorriu ainda abraçada a mim.
Sai da casa da Dona com a alma leve, acho que acabei confundindo a atenção que ela me deu no momento em que mais precisei com uma paixão, no início até sentia aquele frio na barriga quando a via e tal, mas depois como disse pra vocês voltamos a ser apenas bons amigos que se acostumaram com o relacionamento. Não me arrependo do que fiz, tenho plena consciência de que foi a coisa certa. Ainda mais agora, depois do que ela me disse. Segui pra casa com minha consciência tranquila.
Fim do capítulo
É meninas, e o relacionamento chegou ao final...
Bjs!
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Bia Ramos
Em: 27/06/2017
Oiie Boa tarde Lily!! Tudo bem?? rs
"Você merece alguém que te entenda e lhe completa por inteiro..."
Um belo resumo do que a vida as vezes nos joga na cara... Muitas vezes com força e mesmo assim não coseguimos enxergar com clareza...
O Lourenço é um cara bacana e merece ser feliz também... Estou torcendo para ele encontrar alguém que o complete por inteiro...
;)
Bjs
Bia
Resposta do autor:
Oi moça!
Quanto tempo hein?! Por aqui tá tudo bem.
O Lourenço é um cara gentil, se "perdeu" em um certo momento da vida, mas agora se reencontrou e não deixaria alguém "preso" a si infeliz. Vamos ver o que o destino reserva para ele.
Bjs Bia.
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Julia_Sz
Em: 23/06/2017
Gente queremos Ana e Dona aqui pra comentar essa história, tudo levando elas a ficarem juntas, anciosa pra saber como será o desenrolar dessa história, beijo autora o conto está lindo.
Resposta do autor:
Jullia querida, pedido atendido. Proximo cap sera narrado por uma delas, da uma olhada, e se possivel diz o que achou dele, tá.
Bjs querida, se cuida.
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Thaci
Em: 22/06/2017
Boa tarde,Lily!!
Como já disse que adoro seus contos. As perguntas que não quer calar: A Anna vai casar com Beto? A Dona vai seguir o seu coração e vai se declarar pra Anna? Aguardando cena do próximo capitulo.
Resposta do autor:
Bom dia querida.
Thaci as coisas estão acontecendo viu, e suas perguntas tem respostas concretas, mas se eu responder perde a graça nas "cenas dos proximos capitulos" rs', logo todas elas serão rspondidas tá.
Bjs querida, se cuida.
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