Acordei 12h com Junior me pentelhando, sinceramente é difícil ser irmã mais velha viu? De adolescente então... Mais ainda. Mas na verdade estou fazendo drama. Rodrigo tem 15 anos e é um excelente garoto, nos damos super bem, ele é até que maduro para a idade dele. Acho que depois que nosso pai faleceu, ele aderiu ao posto de homem da casa. 

- Vai ficar dormindo o dia todo é? – Pergunta já me descobrindo.

- Vou, vai procurar o que fazer e me deixa em paz. - Falo e me cubro, novamente.

- Beleza então! Estamos indo na churrascaria, mas se você prefere dormir...

- Churrascaria? Ok, me convenceu, vou com vocês, espera só eu tomar um banho rápido.

- Precisa ser rápido não, cascão. A gente espera, sem problemas.

- Só não te mostro o cascão porque quero evitar a fadiga. Agora se manda. Já disse pra não entrar no meu quarto sem bater.

- Eu bati umas 10 vezes. Como você não respondeu, entrei para ver se estava viva.

- Quanta consideração, muito obrigada. Agora, desaparece!

- Credo, ingrata. Ah me empresta uma grana? Quero sair com uma gatinha ai...

- Sai fora, moleque. Que grana o que. Sua mesada cadê?! Gatinha onde? Tu não pega nem resfriado seu mané.

- Ai, ai, melhor eu ficar quieto, afinal, um cavalheiro nunca deve expor suas conquistas!

- Own seu lindo, vem aqui. Gostei de ver. Toma... Leva a gatinha no cinema e compra uma lembrancinha pra ela. – Tirei 150 reais da bolsa e entreguei para ele.

- Obrigada mana, pode deixar. Vou levar para o cinema, depois lanchar e compro uma paradinha pra ela. 

- Faça isso. Agora se manda mesmo, se não vamos almoçar na hora do lanche.

              Amo churrasco. É sério, acho que não existe ninguém tão carnívora quanto eu.

              Chegamos em casa 16h, mal entramos e escuro o telefone tocar  insistentemente.

- Alô?! – Consigo atender antes que a pessoa do outro lado desista. 

- Amor onde você estava? Porque não atendeu o celular? Está tudo bem?- Bruno dispara e até me perco com tantas perguntas.

- Estou bem e você como está? Não atendi o celular porque sai e esqueci ele em casa.

- Foi onde? Fiquei preocupado.

- Ai Bruno, me poupe né?! Menos drama, por favor! Fui almoçar com minha mãe e o Rod.

- Ok, amor. Acho que vou pra casa esse final de semana. Estou com saudades!

- Também estou amor. E os meninos, estão todos bem? 

- Estão... Malucos, como sempre, mas bem! – Diz ele sorrindo. – O Neto está mandando um beijo, e perguntando quando você vai desenrolar a Carol pra ele? 

- Mande outro beijo pra ele. E diga que nunca! Se ele não tem capacidade de chegar em uma garota, então não a merece. E outra, a Carol não é pro bico dele.

- Credo amor. O Neto é boa gente. O coitado só é tímido. 

- Tímido? Sei. Ok amor, agora vou desligar, quero tirar um cochilo.

- Vai sair hoje? Se for, juízo em mocinha!

- Ainda não sei. E não se preocupe, juízo tenho de sobra. Beijos amor.

- Beijos linda. Tchau.

              Tentei dormir um pouco e não consegui, então fiquei assistindo filmes com o Rod. Quando deu 19h, já estava estranhando que as meninas até aquela hora não haviam me ligado. Quando pego e olho o celular, varias chamadas perdidas. Eu e essa mania de deixa-lo no silencioso. 

- Alô?! – Atende a mãe da Carol.

- Oi tia, tudo bem com a senhora? A Carol está ai?

- Oi minha filha, tudo bem graças a Deus e você, sua mãe e o Rodriguinho? Carol está aqui sim, vou chama-la.

- Que bom tia, Estamos todos bem também. Obrigada tia, beijos!

- Ô sua safada, estava na zona é? Porque não atendeu seu celular? Da próxima vez, vamos sair sem você e...

- Nossa senhora, isso é abstinência sexual, Carolina? Pelo amor... e não, não estava na zona, sabe que eu jamais iria em lugares interessantes, sem você! O celular não atendi por que estava no silencioso. Quanto a sair sem mim, dúvidooo!

- Aff, eu mereço viu! Já são 19:10h e tínhamos uma social na casa no Marquinhos as 21h, agora não vai dar mais tempo de sair desse fim de mundo e chegar lá a tempo.

- E quem é esse estranho? Não frequento casas de desconhecidos!

- Que desconhecido o que... Marquinhos que estudou com a gente no Gpi, criatura.

- Ahh, Marcos Aurélio esnobe de Vasconcellos! Nem lembrava mais desse ser. Desde quando somos best friends dele? Que parte eu perdi?

- Ain, Diana, não somos best dele, e nunca seremos! Ele é esnobe, um verdadeiro manezão. Mas... Ai Di, ele arrasa nas sociais! Vamos, vai, acho que ainda dar tempo de ir.

- Carolina, Carolina, vai ficar me devendo uma em! Tá, vamos. O resto do bando já está ciente dessa bendita social?

- Te amo, Di ! Sim, estão cientes. Só estávamos te esperando mesmo.  Então se arruma e nos encontramos na casa do Léo.

- Também te amo mala! Beleza, até daqui a pouco. Beijos.

- Beijos!

              Era só o que me faltava! Social na casa do Marcos Aurélio. Esse carinha, é daquelas pessoas, que se acham melhor do que os outros por possuírem uma condiçãozinha mais ou menos.

               Não o suportava na época do Colégio. Éramos o povão e ele se considerava a elite. Mas... Enfim, vamos ver qual vai ser dessa social.

               Às 20h já estávamos reunidos na casa do Léo esperando o Uber  para nos levar ao bendito Ap do Marquinhos. Ele havia se mudado para Laranjeiras há pouco tempo. Então, partiu Laranjeiras! 

               Chegamos 20:55h, fomos recebidos com toda falsidade, digo, alegria, do mundo, pelo anfitrião. Que fez questão de nos mostrar cada cômodo do apartamento, inclusive, o quarto dos pais, que haviam viajado esse final de semana. Agora me diz, pra que diabos íamos querer conhecer o quarto dos pais dele, o dele, do cachorro, periquito, paraguaio. Fala sério! O que eu estou fazendo aqui?! E o pior de tudo é que estou me sentindo mais falsa que nota de 3 reais, porque meus queridos amigos me fizeram prometer me comportar? Ser simpática... Façanha quase impossível quando estou no mesmo ambiente que Marcos Aurélio Vasconcellos. Contudo, aqui estou eu, me segurando pra não dizer que eu vim beber, e não fazer toor, pelo castelinho dele.  

- Então bora beber minha gentee! – Diz Will, assim que o mala, ops, Marquinhos, nos deixar em paz.

- Finalmente! Estava quase dando um lance no apartamento. Com tantas qualidades, já me via disputando com os outros coitados que vieram beber, porém, o corretor Marcos chato Aurélio, estava empurrando o imóvel. – Gracejo.

- Acho que você ganharia no mole essa disputa Di. Afinal, você tem tudo que precisa para se adquirir um imóvel como este... Bem, quase tudo, só lhe falta mesmo o capital. Mas isso é apenas um detalhe. – Léo comenta sorrindo. 

- Num é ?! Certeza que levaria esse belo apartamento, super bem localizado, com três excelentes suítes, fácil! Só me falta ganhar na Mega Sena e paaaah... o imóvel é meu. – Digo também sorrindo.

- Ai gente, não aguento com o veneno de vocês. - Bianca se pronuncia.

- Aff gente, querem parar de implicar com ele?! Vamos curti a festinha e esquecer o chatinho, ops, Marquinho!- Carol fala entrando na brincadeira.

                A social seguia animada, a verdade é que parecia ter mais gente que aquela sala conseguia suportar. Lá para 22:30h eu já estava bêbada e sufocada. Olhar aquele povo dançando, se esfregando, pulando, vomitando, sim, já estavam nesse nível de embriaguez, e eu seria a próxima, se não saísse dali o mais rápido o possível! 

                Então resolvo ir para varanda, ver se lá esse enjoo passa. Porém quando chego, constato que ela está tão lotada quanto a sala. Dou meia volta e resolvo descer. Quando dei por mim já estava caminhando na calçada do prédio. Até que não conseguir segurar mais, e coloquei tudo que tinha comigo no almoço, lanche e janta, pra fora. Credo Diana, que novo!

- Não devia beber tanto! – Essa voz...

- Você? Sério cara, não estou te seguindo. Porém estou começando a desconfiar que você possa ser a stalkear. – Falo para Juh e tento forçar um sorriso.

- Eu stalkear? Bem, considerando o fato que estou em frente ao meu prédio, e já estava entrando quando presenciei uma cena lastimável e resolvi perguntar se a pessoa precisava de ajuda. Isso faz de mim uma boa alma, e não uma Stalkear!- Ela fala sorrindo.

- Jura que você mora aqui? Que mundo pequeno não? – Gracejo.- E muito obrigada pela parte que me toca, da  “cena lastimável”.

- Juro! Pois é, o mundo é pequeno, o Rio mais ainda! Já está melhor? Quer subir pra tomar um copo d’água?

- Estou melhor sim, obrigada. Vou deixar a água para a próxima. Acho que por hoje já deu. Vou chamar meus amigos e ir pra casa.

- Ok. Então nos vemos na segunda!

- Sim, até segunda Juh! – Digo e ela entra no prédio. 

Fim do capítulo