Despedida por Lily Porto
Vamos ver como andam os sentimentos da Anna
Capítulo 48 - Anna
Aff... esse rolo do acidente do Lourenço deu uma bagunçada geral aqui em casa. Eu tive que assumir um pouco das responsabilidades daqui, pra mãe poder continuar trabalhando e cuidando das coisas do casamento. Eu também meio que fazia "uma ponte" entre os dois, eles ficaram bem estremecidos depois do acidente.
Ah, por coincidência ou não foi o período que o Beto deu uma afastada boa de mim. Deu um problemão lá no serviço dele, tinha dias que, segundo ele, mal dava pra parar pro almoço.
Eu aqui me dividia entre a faculdade e ajudar minha mãe a cuidar do Lourenço e daqui de casa. E adivinhem quem foi que mais me ajudou nesse período tão conturbado? Donatella!!!
Ela se mostrou tão presente, disponível. Ela trazia comida pra gente, ajudava a arrumar a casa. Nos trouxe também uns clássicos brasileiros de filmes e músicas, assim Lourenço e eu tivemos mais acesso a cultura daqui do Brasil.
Não que a mamãe não tenha feito isso, mas a Dona tinha a nossa faixa etária, 20 anos, e conhecia mais sobre o que os jovens daqui gostavam. Nossa vizinha era toda alternativa, tocava bateria, curtia esportes radicais e ainda fazia uns bicos de tatuadora. Dá pra acreditar?
Eu estava mesmo encantada com ela. Dona era tudo o que eu não era e tudo o que eu queria conhecer. Eu só não sabia até onde estaria disposta a me arriscar para matar toda a minha curiosidade.
Quer ver como a história ainda piora? Eu tinha quase certeza que meu irmão também havia se encantado por ela. Poxa, mas quem não se encantaria? A mulher era um charme só!
E ela estava sendo uma fofa com nós dois. Além de uma companhia mega divertida pra mim, ela ainda deu um monte de conselhos pro Lourenço, sabe?
Contou pra nós que no passado, ela se envolveu com um cara que mexia com coisas erradas, assim como Lourenço estava fazendo. Ela namorava um traficante que chegou até a usá-la como "mula" sem que ela soubesse e que por muito pouco ela não se deu muito mal.
Nos contou também que por isso ela tinha aquele jeito marrento e era tão sozinha. As escolhas erradas que ela havia feito na vida, lhe custaram muito caro. Ela teve que fugir, se afastando de todos os amigos, os falsos e os verdadeiros e teve que se afastar da família também. É que quando ela resolveu romper com o tal traficante, ele quis dar "um fim" nela por que ela sabia demais dos esquemas.
Hoje ela vivia aqui sem ninguém e vendia doces e salgados sob encomenda pra sobreviver.
Lourenço ficou bem impressionado com tudo o que Dona nos contou e nos prometeu se afastar dessas coisas erradas. Nem que pra isso ele tivesse que pedir transferência de faculdade. Segundo o que nos disse, ele não estava disposto a ter que abrir mão da família por conta dos amigos errados, das drogas e do álcool.
Eu estava tão feliz por ter Donatella por perto. Apesar de nova, ela tinha experiência, sabe? E falava a nossa língua. A mamãe e a Cléo tinham boa vontade, mas no fundo o discurso acabava sempre soando como bronca e cobrança e o Lourenço recuava invés de se abrir. Já com a Dona o mano se abriu inteiro.
Beto não ia muito com a cara de Donatella, dizia que achava a mulher espaçosa e arrogante e principalmente que não era boa influência pra mim e pro Lourenço.
Detestava quando o Beto me tratava igual a criança. Volta e meia eu esquecia que ele era mais velho que eu, mas as vezes ele tinha essa mania idiota de me tratar como se eu fosse um bebê influenciável. Aff, tediante.
A ansiedade para o casamento da mãe e da Cléo era enorme. Quando fomos adotados, nossas mães já eram casadas, então seria a primeira vez que eu iria ver uma das minhas mães vestida de noiva. E além do mais, eu era a que mais sabia das coisas, tipo o vestido das duas noivas, os buquês, a decoração, o menu, as músicas. Eu estava feliz e ansiosa demais.
Fui eu também que vi a roupa do Lourenço, do Beto e do Ju. E escolhi junto com a Donatella o meu vestido, ah e o dela também. Afinal, eu queria muito que ela estivesse lá com a gente nesse momento tão especial pra nossa família.
Esses dias teve prova da facul, daquelas bem difíceis sabe? Sai de lá louca por uma tigela de açaí e boa companhia. Liguei pro Beto, ele estava ocupado com as coisas do serviço. Pra quem eu liguei então? Claro, Donatella. Mas tocou, tocou e ela não atendeu. Merda, perdi a vontade do açaí. Fui pra casa de bico.
Não consegui colocar o carro na vaga, a moto da folgada da Dona estava lá estacionada. Poxa, mas o que ela estaria fazendo ali? A gente não tinha marcado nada... ah... sim... Lourenço. Merda.
Eu não sei porque tinha ficado brava, eles eram amigos. Nada mais justo que se encontrassem sem mim.
Mas espera, será que eram só amigos? Ela sempre atende o cel, estava ocupada fazendo o que? Será que ela e Lourenço estavam.... caramba...
Entrei em casa com o coração acelerado, eu estava com ciúme, sem dúvidas. Mas porquê? Por quem? Meu Deus, que maluquice é essa que está tomando conta da minha mente.
Quando os encontrei, os dois estavam no sofá, assistindo um dos filmes do "Velozes e Furiosos". O Lourenço estava deitado com a cabeça no colo da Dona e ela em contrapartida fazia cafuné na cabeça dele.
Tinha uma intimidade ali. Eu só não sabia o grau. É que a Dona é o tipo de pessoa que gosta de pegar, sabe? O abraço dela é sempre um super abraço, os beijos são sempre estalados, ela não dosa carinho não.
O que me estranhou foi o Lourenço. Meu irmão era meio bruto, raras eram as demonstrações de carinho para nós aqui de casa. Acho que ele nunca tinha deitado assim no meu colo.
Caramba... acho que eu estava com ciúme dos dois. Anna, Anna, minha nossa. Acho que vou pedir a mamãe pra marcar umas sessões de terapia pra mim também.
Eles me chamaram pra sentar no sofá e assistir o filme. Eu recusei alegando dor de cabeça. Fui pro quarto escutar música e tentar não lembrar da bela cena que havia acabado de assistir.
Eu precisava conversar com alguém ou iria surtar de vez com tanta coisa na minha mente. No dia seguinte tinha marcado com a Cléo de fazer a última prova do vestido dela. Caramba, acho que ela não poderia ter feito escolha melhor. Tô louca pra contar pra vocês o modelo, mas prometi não estragar a surpresa.
Sai pra almoçar junto com a Cléo depois da prova do vestido. Surpreendentemente ela topou minha sugestão de comermos um hambúrguer com milk shake e aproveitou pra me contar de toda a ansiedade que estava sentindo.
Acho que era sobre isso que ela falava, na verdade, eu não conseguia me concentrar muito no que ela dizia. Minha mente estava um turbilhão.
Só que Clarice tem facilidade em perceber minhas mudanças, vive dizendo que sob esse aspecto sou igual a minha mãe. Em um dado momento ela segurou em minha mão buscando minha atenção e disse:
– Ei o que tá pegando? Você passou o dia todo comigo aqui e sei lá em que lugar. Pra onde está viajando essa mente aí. Tem "a ver" com essa amiga nova que você arrumou?
– Caramba, Cléo, não dá pra esconder nada de você. Minha vida mudou muito nesse último mês em que nos aproximamos. Ela é tão diferente, independente, cheia de vida. Ela me inspira, sabe? Acho que mergulhei de cabeça nessa amizade e me perdi toda. – confessei encabulada.
– Tá, calma que agora quem ficou perdida fui eu. Como assim? O que o Beto acha dela, a aproximação dela mexeu com a relação de vocês, não é? – ela me questionou.
– O Beto não gosta dela e tá distante pra cacete. Mas tipo... eu meio que não quero resolver. Só penso em estar na companhia dela. Mas eu não sei se é só amizade, sabe? Ela e o Lourenço estavam próximos ontem. Eu quase pirei de ciúme. Vê se pode? Eu não sei o que fazer.
– Ei, Pequena. Calma. Você é muito nova, é muita novidade. Realmente a Donatella é uma moça muito interessante e claramente mexeu com você. E também tem o Beto que tem sido um baita companheiro desde que vocês começaram a namorar. Tem bastante coisa em jogo. Dê tempo ao tempo para as coisas se ajustarem.
Nossa era só aquilo que eu precisava. A certeza de que o que eu estava passando era algo normal e não uma piração da minha mente.
Bem, agora era focar no casamento e ver como a minha mente e o meu coração se comportavam no meio dessa loucura toda.
Fim do capítulo
Um excelente final de semana.
Bjs.
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 29/05/2017
Oi Lily
Como imaginei a a Anna se abriria com a Cleo.
Dar tempo ao tempo para os sentimentos que ela está sentindo pela Donatela e se confirmar como ela vai chegar na Nutella e falar? Ou ela será que nem a Barbara terá medo de se declarar?
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Eitha Mille, será que a Anna vai repetir a história da Bah... vamos ver neah. Embora as situações sejam diferentes, tudo pode acontecer. Logo logo saberemos o que a portuguesinha resolveu.
Bjs querida, se cuida.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]