Capítulo 6
Com o passar do tempo, as duas aprofundaram mais a amizade, cada dia se tornavam mais e mais unidas. Melissa havia terminado o namoro com Tiago após quase quebrar o nariz do garoto com um soco. Com término do namoro da amiga, Isadora perdeu um pouco o interesse por Bárbara. Permaneceram namorando, por insistência da mais velha, apesar de Melissa adorar às vezes em que a loirinha deixava de sair com a namorada, para sair com ela.
Melissa permanecia com sua capacidade inabalada de arrumar namorados, paqueras, e pequenos flertes, o que deixava Isadora irritada nas vezes que saiam, chegando a perder a paciência uma das vezes.
-- Olha Isa que gatinho! – observava Melissa um rapaz que lhe olhava fixamente na fila do cinema. Isadora havia deixado de sair com a namorada para ir ao cinema com a morena, e aquela situação já estava no limite de sua paciência. – Ele está vindo para cá. – disse Melissa deixando a loirinha observando até onde iria à situação.
-- Oi – disse o rapaz se aproximando da morena – Irão assistir a qual filme?
-- Ainda não nos decidimos, estávamos falando sobre isso agora – respondeu educadamente à morena, esquecendo-se da loirinha que observava a tudo.
-- Bem, posso sugerir que assistam o mesmo que irei, assim poderíamos conversar mais. – a morena sorriu e no momento que se virou para perguntar a opinião da loirinha ficou admirada com reação da mesma. – Isa o que você a...
-- Quer saber Melissa Cristina? – interrompeu a loirinha – Deixei de fazer coisas melhores para vir aqui com VOCÊ – disse apontando o dedo para morena, empurrando-a pelo ombro – Porque VOCÊ encheu minha paciência e agora quer sugerir que fique o resto da minha noite de sábado lhe servindo de candelabro? CHEGA! – virou-se e saiu andando a passos firmes. A morena ficou sem ação, mas depois que percebeu que a amiga havia saído, ficou grudada ao chão, paralisada, sem ação.
-- Irritadinha essa sua amiga – constatou o moreno, retirando Melissa da inércia que se encontrava.
-- Isadoraaa... – saiu correndo atrás da amiga, ignorando por completo o jovem rapaz – Isa, o que foi isso? Por que toda essa raiva? – perguntou após alcançar à loirinha, e segura-la pelo braço.
-- Tem certeza que não sabe? – perguntou olhando dentro das safiras.
-- Claro, caso soubesse não lhe perguntaria. – tentou retirar uma mecha loira que caia sobre os olhos da amiga, mas teve sua mão rejeitada. – O que foi isso meu anjo?
-- Não quero mais sair com você Melissa... Estou cheia de sair e você me esquecer em algum canto por causa dos seus namoradinhos... Tenho minha vida e lhe agradeceria muito que você não se metesse mais...
-- Isa eu... – não sabia o que falar, ela nunca havia percebido as grosserias que fazia e que a amiga, agora, jogava-lhe na cara – Eu sou uma idiota, por favor, desculpa... Posso me redimir... Vamos para outro lugar e...
-- Chega Melissa. – disse em um tom sério e uma expressão jamais vista pela morena – Eu não quero mais sair com você, eu não quero... Entendeu?
-- Isa eu... – baixou a cabeça e sentiu uma vontade imensa em chorar – deixa ao menos lavá-la para casa?
-- Eu não vou para minha casa – disse decidida, e ela mesma se surpreendeu.
-- Para onde você vai? – perguntou levantando a cabeça para olhar dentro daquelas esmeraldas, e percebeu um olhar duro, severo, incapaz de ser da sua meiga, doce e pequena Isadora.
-- Não lhe interessa.
-- Eu lhe trouxe, eu lhe levo – estava decidida. Isadora caminhou até um táxi, e na tentativa de abrir a porta, teve sua mão envolvida pela mão da morena – Para onde você vai?
-- Quer saber mesmo? Vou para casa de alguém que há muito tempo não tem meus carinhos como antes.
-- Os pais dela estão viajando, por isso você não quis ir lá, com medo que ela... – foi interrompida por uma súbita vergonha e medo.
-- Mas agora decidi ir e se ela quiser, eu também vou querer. – abriu a porta do táxi, entrou e explicou para onde queria ir. Melissa ficou parada, vendo o carro partir com a sua pequena dentro. Ela retornou para o seu carro, pedindo que o motorista lhe levasse de volta para casa. Naquele momento, ela queria que se abrisse uma fenda no chão e se fosse possível se esconder por um longo tempo. Uma dor lhe corroía o estômago só de imaginar Isadora sozinha com a namorada em uma noite de sábado. – “Eu só quero entender o que está acontecendo comigo? Por que tenho tanto ciúme desta garota?” – lembrando-se do que Isadora havia dito, certamente, naquela noite ela perderia a virgindade. A dor era tão forte que ela começou a chorar. Chegou a sua casa, e deparou-se com seus pais que apreciavam a noite na varanda da fazenda, logo perceberam a forma como a filha entrou.
-- Cristina – parou de cabeça baixa na tentativa de esconder dos pais o que havia acontecido – Aconteceu alguma coisa minha filha?
-- Não pai, apenas dor de cabeça.
-- Vá para o quarto que pegarei um remédio muito bom e...
-- Não mãe, obrigada. Hoje quero apenas dormir – respondeu interrompendo a mãe e subindo em seguida para seu quarto.
-- O que será que aconteceu? Nunca vi nossa filha assim.
-- Não sei, mas logo saberemos – pensou alto o pai da morena que se levantou da confortável cadeira em que estava para chamar o motorista da família. - Augusto – gritou.
-- Oi doutor Daniel, o senhor precisa de alguma coisa?
-- Augusto aconteceu alguma coisa com Cristina?
-- Ela passou na casa da amiguinha, aquela loirinha franzina, filha do doutor Timóteo.
-- Sei, e depois – estava impaciente com as explicações do homem.
-- “Levei elas” no shopping, meia hora depois ela voltou com a loirinha, parecia que elas “tavam” brigando, e depois a loirinha pegou um táxi e dona Cristina “vortou pro” carro... ela “tava” mais calada do que o normal. – Daniel olhou para a esposa e fez uma expressão de negação, logo depois dispensou o motorista.
-- Foi isso. – constatou Ester.
-- Não sei que domínio essa menina tem sobre Cristina.
-- São adolescentes, filhas únicas, elas levam uma vida parecida, essa afinidade nasceu assim. – Ester já havia observado a relação das duas meninas, e sentia que alguma coisa não estava bem explicado, mais uma vez, tentaria conversar com a filha no outro dia.
Melissa ficou no quarto, olhando a lua pela janela, retirou sua roupa, vestiu um camisão velho, o mesmo que Isadora adorava vestir quando dormia na casa da amiga. Ligou o som e ficou pensando na loirinha, as lágrimas não demoraram a cair. – “Meu Deus, explica que dor é essa... explica que vazio é esse que sinto quando não estou com a Isa... ela é minha luz, eu me torno alguém melhor ao seu lado... eu nunca gostei de meninas, sempre namorei homens, o que é isso? Anjos, estrelas encantadas, meu Deus, dê-me um sinal, apenas um sinal de que eu não estou fazendo mal em pensar na Isa.” – Melissa pensava olhando para o céu, para a linda noite de lua cheia, o céu estava todo estrelado e ela tentava encontrar as respostas as suas perguntas diante daquele cenário. Ela pensou ter enlouquecido, a rádio começou a tocar uma música de Chico César, ouviu um pouco e sentiu um aperto imenso nas palavras daquela música, será que era isso mesmo o que ela sentia quando estava com Isadora? Sentou-se na janela, com uma perna esticada e a outra flexionada, apreciando a música e lua, ela desejou intensamente que sua pequena estivesse ali. “Quando me chamou, eu vim / Quando dei por mim, tava aqui / Quando lhe achei, me perdi / Quando vi você, me apaixonei...”. – “Isa minha pequena, estou apaixonada por você? Eu não posso, não quero, sou heterossexual, isso é apenas curiosidade... só pode ser”. – novamente começou a chorar, até ser interrompida por alguém batendo em sua porta. – Pode entrar.
-- Minha linda, eu vim aqui para ver se a dor já passou? Sua cabeça ainda dói?
-- Já mãe, não se preocupe estou melhor. – mentiu tentando disfarçar o choro.
-- A dor da cabeça já passou, e a do coração? – Melissa sentiu medo e frio ao mesmo tempo, sua mãe era tão boa observadora quanto ela.
-- Não tenho dor no coração mãe, estou maravilhosamente bem neste aspecto mentiu.
-- Por que você e Isadora brigaram? – alisava o cabelo negro.
-- Aquele chato do Augusto! Por isso não gosto de sair com ele, um fofoqueiro sem precedentes. Quero que papai devolva logo Enrico para mim, além de ser meu segurança, ele é meu amigo e ainda muito discreto.
-- Independente de quem lhe acompanhe quero que saiba uma coisa, você é minha única filha, desejei muito lhe ter, e quando seu irmão morreu afogado naquele rio, eu pensei que fosse morrer, mas foi em você, no seu sorriso que encontrei forças para continuar – abraçou a filha – meu amor, eu estarei sempre ao seu lado, em todas as suas decisões, mesmo que elas não estejam de acordo com os padrões sociais. – Melissa ficou espantada com a declaração de amor feita pela mãe, além dela ter falado em seu irmão Dinho, que morreu afogado quando ela ainda tinha dois anos. Pouco se lembrava do irmão, aquele era um assunto proibido naquela casa.
-- Por que você está falando isso mamãe?
-- Meu amor, você ainda não entendeu seus sentimentos, os desejos do seu corpo, seu coração, ainda é uma adolescente, mas logo saberá do que estou falando e me entenderá. – voltou a beijar e abraçar a filha – eu lhe trouxe um copo de leite morno com mel, do jeito que você gosta, tome-o que lhe fará bem. – a mulher saiu do quarto e deixou Melissa entregue aos seus pensamentos, imaginando que naquele momento, Isadora se entregava a Bárbara, aquele corpo loiro e pequeno agora seria uma garota. – “O que isso me importa?” – voltou a chorar.
Isadora chegou à casa da namorada, Bárbara abriu a porta envolvida em um roupão, aparentemente estava nervosa.
-- Amor o que faz aqui? Você não ia ao cinema com sua amiga?
-- Quem está ai com você? - Isa entrou sem convites e cerimônias, viu a sala toda à meia luz, o ambiente propício para um jantar romântico, e foi isso que ela pagou para ver, sem prestar atenção no que Bárbara lhe falava, foi até a sala de jantar, constatando uma mesa posta a luz de velas, com restos do que deveria ter sido um jantar romântico. Imediatamente ela subiu pelas escadas, Bárbara tentou segura-la, mas foi empurrada e quando chegou ao quarto da namorada, viu sua amiga de turma, Paula, completamente nua. Ela ao perceber Isadora, enrolou-se em um lençol e tentou se explicar para a loirinha.
-- Isadora, não é nada disso que você está pensando eu apenas...
-- Cala a boca Paula – gritou – E você Bárbara, eu tenho nojo e pena, nem raiva consigo sentir agora. Não me procure mais – retornou até a porta e virou – Paula, você encontrou alguém realmente que lhe completa, a sua alma gêmea, uma pessoa que não respeita os sentimentos dos outros, igualzinho a você – saiu em seguida. Chegou a sua casa ainda era cedo. Encontrou a mãe desligando o telefone com um ar triste. – Aconteceu alguma coisa mãe?
-- Seu avô, foi duas vezes esta semana ao hospital, ficando uma delas em observação – suspirou – preciso ficar com ele, eu me preocupo, mas se sair agora da agência em licença, posso até perder o emprego.
-- Mamãe, eu posso ficar lá com o vovô, e qualquer coisa eu lhe aviso.
-- Sua escola Isadora? Você tem aulas até início de dezembro.
-- Mamãe, a senhora pode ir lá conversar com a diretora, ainda tenho duas provas, ela pode adiantá-las, mas, mesmo assim já passei de ano, minhas notas sempre foram boas.
-- Minha filha, você sempre foi um orgulho para mim, mesmo sem lhe dar a atenção merecida, tenho em você uma amiga e uma filha. Mamãe lhe ama, está bem? E obrigada por me ajudar com o vovô. – abraçou-se a filha – Segunda conversarei com sua diretora, caso ela permita, no mesmo dia você viaja, está bom assim?
-- Por mim tudo bem, mas o papai não vai interferir?
-- Deixe que com ele eu me entendo.
Melissa tentou falar com Isadora diversas vezes no domingo, sempre era Rute quem atendia e explicava que ela não estava, havia saído com uma amiga do colégio.
-- Não Melissa, ela ainda não chegou, assim que entrar eu dou o seu recado. – mentiu olhando para filha que permanecia sentada no sofá lendo um livro de Érico Veríssimo. – Tudo bem, o que aconteceu entre vocês duas? Brigaram?
-- Nada mamãe, apenas Melissa quer me convidar para uma dessas festas badaladas e eu não quero ir. – mentiu sem ao menos olhar para mãe, fingindo ler o livro.
-- Não quer falar? Tudo bem, mas se for realmente isso, não deixe seu pai saber, ele lhe forçará a ir.
-- Estou cheia disso mãe, ele acha que pode me expor como manequim de loja.
-- Eu sei minha filha, e já estou tentando resolver isso.
-- Justiça novamente? Outra audiência onde tenho que dizer ao juiz se gosto mais do meu pai ou da minha mãe? Chega! Estou cheia disso. Quero ir logo para casa do vovô, ele sim gosta de mim incondicionalmente – saiu em direção ao quarto, batendo em seguida a porta. Imaginou no quanto sua vida estava complicada: sem Melissa que ela não queria ver nem pintada de ouro. Sem a namorada, mas aquela tinha sido a desculpa ideal para terminar aquela relação que não lhe dava prazer, e agora a doença do avô. O que mais lhe faltava acontecer neste final de ano.
Na segunda, bem cedo, Rute chegou com Isadora na escola, a diretora pediu que a menina fizesse as provas que faltavam ali mesmo e já estava liberada do ano letivo. Melissa chegou ao colégio e perguntou aos amigos de turma da loirinha se alguém havia visto. Quando pensava em desistir e subir para sua sala de aula, encontrou Leia, amiga de Isadora desde o pré-escolar.
-- Olha Melissa, encontrei tia Rute lá na direção, ela disse que Dorinha estava fazendo prova, duas que faltavam pra gente.
-- Por qual motivo ela estava fazendo essas provas?
-- Não entendi bem, chegou gente lá e ficou muito barulho, além da tia conversar com a coordenadora, mas parece que Dorinha vai sair do colégio, elas falavam dos papéis de matrícula, e pra isso precisava do histórico escolar dela.
Melissa agradeceu a garota e resolveu ir até a direção, mas, no meio do caminho, encontrou a professora de inglês que lhe puxou para dentro da sala de aula.
-- Preciso ir à direção professora – pediu em inglês, já que ela exigia que se falassem assim nas aulas.
-- Depois da aula – respondeu também em inglês. Quando Melissa fez sinal em sentar, viu Bárbara se aproximando, sentiu seu sangue ferver.
-- Melissa, eu preciso falar com Isadora, sabe por que ela não veio a aula?
-- Não. – mentiu – Não conversaram o suficiente no final de semana?
-- Enlouqueceu? Isadora não pode nem me ver, eu preciso me explicar para ela. – Melissa sentiu que a amiga havia sido magoada, pensou que Bárbara havia forçado uma situação com a sua pequena. Ela se levantou e encarou a menina.
-- O que você fez? Tentou forçar a barra foi? – perguntou segurando firme o braço da menina.
-- Melissa, você está me machucando. – alguns alunos começavam a observar a cena.
-- O que você fez? Ela está querendo sair do colégio e se isso for por culpa sua... – segurava mais forte o braço da garota, levando-o para trás.
-- Isadora me pegou na cama com a Paula, e eu achei até bom, ela se faz de puritana, mas tenho certeza que já deu para você – disse sussurrando, primeiro pela vergonha, segundo para que ninguém ouvisse. Melissa soltou o braço da menina e logo em seguida lhe deu uma tapa no rosto. A professora ao ver Bárbara caída após ser agredida, não viu outra saída, conduziu Melissa até a direção. A inspetora do andar nunca tinha visto um aluno ser conduzido para direção com tanta felicidade.
Fim do capítulo
Ahhh.. Desculpem pelo atraso, mas sexta é o dia internacional da cerveja.... Beijos e aguardo os comentários. Fui!!!!!!!!!!!
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Rapha
Em: 27/05/2017
Oi autora!! Estou amando, nunca tinha lido!! Você deveria postar mais capítulos por dia :///
você é incrível, parabéns!!
beijos
Resposta do autor:
Oi Rapha, fico feliz que esteja gostando, e ainda mais, para você ela é inédita! Mais de um por dia? Assim vai rápido demais...kkkkkkkk.... Beijos e lhe espero aqui, no próximo capítulo. Bom final de semana!
AureaAA
Em: 27/05/2017
Kkkkkkk relaxa autora sei bem como são as sextas-feiras!
Que bom que ainda assim vc não nos esqueceu,bjs e esperando por mais um capítulo dessas lindas!
Resposta do autor:
Coisa boa sexta né? kkkkkkkk Claro que não esqueci: promessa é dívida! Beijos e até o próximo capítulo
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Mille
Em: 27/05/2017
Isa se esgotou e foi até bom assim pegou a namorada no flaga.
Ester é muito observadora e já deve ter percebido que Isa gosta da filha como mulher e a filha ainda está confusa sobre seus sentimentos e gosta da filha.
Mel deve estar dando um pulinho de alegria com a tapa na Barbara.
Bj e até o próximo
Resposta do autor:
A Isa deveria ter agido assim faz tempo. Melissa é muito imatura para certas coisas. Qual a mãe que não conhece a fundo o filho? kkkkkkk Beijos e até o próximo capítulo.
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lay colombo
Em: 27/05/2017
Realização da Mel esse momento né, além de ir pra diretoria q era o q ela qria desde o início ainda poder dar uns tapas nessa vaca da Bárbara, Guria rudicula.
Resposta do autor:
Oi Lay, de alguma forma Mel faria qualquer coisa para ter notícias de Isadora...kkkkk.... Beijos e até o próximo capítulo. Bom final de semana!
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