Capítulo 5 - Segundo dia de aula
Eloise
Desço do carro na garagem de casa, enquanto vou recolhendo meus materiais, me vem a imagem da garota que chegou atrasada em minha primeira aula. Sinceramente não entendo porque com tantas coisas mais interessantes e necessárias, que poderiam estar nesse momento ocupando meus pensamentos, me vem a lembrança dessa menina. Que raiva daquela desaforada, me enfrentou todo o tempo. Eu via desafio em seus olhos, quem ela pensa que é?! Quem ela pensa que eu sou?! Se está acostumada com professores complacentes, vai se dar muito mal comigo. Vai aprender que tem que respeitar a mim e as minhas aulas. Mas já dei o meu recado. Tenho certeza pelo que eu vi em seu olhar, quando falei e sair sem dar tempo dela responder, que isso não ocorrerá novamente.
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Gabriela
E a semana passou como em um piscar de olhos. Eu nem acredito que terei de olhar para cara daquela enviada do satã tão rápido. Porém desta vez não darei o gostinho a ela de estar por cima; ah não mesmo! Serei a primeira a chegar. Serei sua aluna mais aplicada. Farei ela engolir aquela expressão de desdém. Quem ela pensa que é com aquele nariz empinado?! Se está acostumada com gente abaixando a cabeça pra ela, vai se dar muito mal comigo. Ah, professora Eloise, você conseguiu uma adversária a altura.
Então lá estava eu, sentada na primeira cadeira, 30 minutos antes da aula começar. Sim, eu cheguei inclusive antes dela. Agora quero ver quem é a atrasada aqui. Me distraio arrumando meus materiais na mesa e quando olho pra frente lá está ela, com as mãos na cintura, me olhando tão intensamente que até sinto um calafrio na espinha. Ficamos um tempo nos encarando sem nada a dizer, nesse momento eu comecei a repará-la, no primeiro dia não pude fazê-lo devido a raiva que sentia pelo modo que fui recebida. Senhor... ela é tão... linda. Seu rosto é delicado, seu olhar doce e ao mesmo tempo forte, determinado. Definitivamente o que ela tem de bruxa, tem de fada. Desço meus olhos, quando percebo estou encarando e admirando seu corpo - Gabriela mulher, se aprume, desde quando você encara o corpo de outra mulher - se bem que é normal né? Afinal não sou cega, e a mulher realmente é um monumento. E...
- Mas o que temos aqui?! Será que meus olhos realmente estão vendo a brasileira na minha frente 20 minutos antes da aula começar ou é uma ilusão de óptica? - Ela fala me tirando de meus devaneios, mais debochada impossível.
- Bom dia pra você também, querida professora, sim, está me vendo aqui, não é uma ilusão, a menos que a senhora esteja me imaginando por ai, não me diga que tem pensado em mim a ponto de imaginar-me nos lugares, que ficarei emocionada. - Respondo no mesmo tom de deboche que ela.
- Bom dia! É que me surpreendi com essa mudança brusca de atrasada para super adiantada. - Reviro meus olhos , eta mulherzinha difícil de agradar God.- E não, definitivamente não gastaria nem um segundo de pensamento com você. - Fala e caminha em direção a sua mesa; mais uma vez sem me deixar responder. Espero que isso não se torne um hábito. - Reviro os olhos e fico quieta, se não, ainda vôo no pescoço dela.
Faltando 10 minutos para o início da aula, os alunos começam a chegar e escolher seus lugares. Assim que dá o horário, ela se levanta, coloca-se em frente a lousa e escreve o nome de sua disciplina: Gestão de recursos hídricos.
- Bom dia turma, acho que podemos começar. – Todos respondem o seu bom dia e ela começa sua aula.
Eu juro que estou tentando me concentrar no que ela diz, mas só consigo reparar no movimento de seus lábios. Céus, Gabriela, você só pode estar enlouquecendo .
- Então senhorita Gabriela, seu silêncio significa que não sabe a resposta para a pergunta simples que lhe fiz? – Ela me questiona, parada bem na minha frente.
- Me desculpa, pode por gentileza repetir a pergunta? - Respondo com a minha maior cara de vergonha... só pode ser brincadeira.
- Repetirei brasileira, por um momento me assustei pensando que não soubesse o básico, mas vejo que foi pura falta de atenção mesmo. Com certeza, para quê prestar atenção no que a professora diz, não é? - Ela fala me encarando com um sorrisinho de canto, como se estivesse vencendo mais uma batalha. Que ódio dos meus devaneios. - Enfim, repetirei, mas que fique claro, será a primeira e a última vez que a senhorita está na minha aula e não presta atenção no que eu digo. Da próxima, ficará sem ponto de avalição. Porque sim, eu avalio absolutamente tudo em aula. A pergunta foi: No âmbito do desenvolvimento sustentável, o que compreende o manejo sustentável dos recursos hídricos? - Que bruxa. Que vontade de dar uma voadora nela. E o pior de tudo é ter que admitir que ela está com a razão.
- Dou minha palavra que, com certeza, isso não voltará acontecer. - Ah Gabriela, se situa, se não essa bruxa vai querer te arrasar sempre. - Respondendo sua pergunta: as ações que visam garantir os padrões de qualidade e quantidade da água dentro da sua unidade de conservação, a bacia hidrográfica.
- Ok. Você sabe o básico, bom pra você. - Diz e logo volta a explicar a matéria.
Desta vez não me permiti ser traída pelos meus pensamentos. Prestei atenção em cada palavra que essa enviada do mal dava. Cada suspiro era acompanhado pelo meu olhar atento. Vez ou outra nossos olhos se encontravam. Não sei porque sempre que isso acontece me sinto invadida. Porém retribuo da mesma maneira. E ela trata logo de desviar o olhar.
- Ei Gabriela, não se chateie com a Eloise, esse é o jeito dela, é meio grosso, mas ela é uma das melhores professoras daqui. Temos sorte de ter aula com ela - Comenta Juliet.
- Acho um pouco difícil não me chatear, mas sim, concordo que ela é uma excelente professora… Obrigada por se preocupar comigo. - Respondo sorrindo.
- Por nada. Eu sei que ela parece estar pegando no seu pé. - Como assim parece, ela está pegando e muito no meu pé. - Mas dizem que ela só faz isso em quem ela vê potencial. - Diz Juliet sorrindo.
- Definitivamente acho que esse não é o caso. Mas tudo bem. Ainda domo essa fera. - Respondo também sorrindo.
- Espero que a conversa das duas seja sobre os assuntos da aula. - Fala Eloise nos encarando.
- É... claro professora. É exatamente sobre isso. - Responde Juliet praticamente gaguejando.
- Imaginei que fosse. - Ela acrescenta olhando diretamente para mim. - Remanejamento/reassentamento de população. Será o tema do trabalho da pesquisa que vocês deverão apresentar na próxima aula. Estão dispensados. – Diz ela, como que combinado com o relógio que marcava meio dia em ponto.
A sala fica vazia quase que imediatamente e eu continuo sentada, pensando em tudo que aconteceu comigo desde que eu cheguei nesse país. Bagagem extraviada, professora vinda das profundezas. - sorrio com esse pensamento. Realmente não estava enganada quando pressenti que minha vida mudaria. - É claro que imaginei que fosse para melhor. Mas tudo bem, ser perseguida por uma mulher tão… Eloise, não é tão ruim assim. - Ah Gabriela, se situa, não deixe essa mulher te enlouquecer. É claro que não é nada boa essa situação.
- Algum problema brasileira? Não ouviu eu dispensar a turma?
- Ouvi sim, mas até onde sei, não terá aulas nesta sala no momento. Então nada proíbe que eu permaneça um pouco mais aqui. Ou estou enganada, professora?
- Não, não está. Pode permanecer o tempo que quiser. Nem sei porque perguntei, realmente isso não é da minha conta.
- Considerando que sua aula já acabou… mas sem problemas, não me incomodo de dar satisfações a tão gentil professora. - Respondo e sorriu para ela.
- Pois fique sabendo, que independente de estar em aula ou não, continuo sendo sua professora. Então me respeite, não tolero gracinhas. - Eloise se altera.
- Eu também não tolerarei ser desrespeitada, Eloise, se quer ser respeitada, acho bom começar a fazer o mesmo. - Respondo e quando percebo estou em pé a centímetros do rosto dela.
Definitivamente não entendo o que essa mulher me faz sentir. Nos encaramos por segundos que me pareceu uma eternidade. Meu coração estava descontrolado. Minha respiração ofegante, como se estivesse correndo uma maratona. Estranho, mas acho que o mesmo acontecia a ela. Seu peito subia e descia apressadamente e seu olhar parecia querer me devorar.
- Nunca a desrespeitei senhorita Gabriela. - Ela sussurra. Se não estivéssemos tão próximas provavelmente não teria ouvido. - Só quero que não esqueça que a autoridade aqui sou eu. – Conclui por entre os dentes.
- Autoridade? Realmente eu não sei em que mundo a senhora vive. E sinceramente não faço a mínima questão de descobrir. - As palavras saem da minha boca sem que eu consiga controlá-las. Me viro e saio sem dar tempo de uma réplica.
Finamente Gabriela, acho que esse ponto foi seu. Então até a próxima aula, Eloise!
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Eloise
Mas quem essa Gabriela pensa que é? Como se atreve a me tratar assim. Nunca em toda minha vida fui tão desrespeitada. Não acredito que isso está acontecendo. Ela me enfrenta como se eu fosse como ela, uma estudante. Não me respeita! - Não se descontrola Eloise, não deixe essa garota te tirar do prumo. Ela é apenas uma mimada que não deve saber o que são regras e o respeito pelos mestres. Eu definitivamente não acredito nesta situação. Nunca havia perdido o controle. Porém estava a ponto de calar a boca daquela desaforada com um belo tapa. - Não perca a razão Eloise, não perca a razão. Tente ignorá-la. Não caia nas provocações dela.
- Planeta Terra chamando Eloise. - Me assusto com Nicolas parado em minha frente.
- Nicolas, que susto! Desde quando está parado ai?
- Já tem uns alguns segundos. - Ele responde sorrindo. - Por onde ou em quem andavam seus pensamentos? Se é que posso saber, é claro.
- Ah amigo vou te contar tudo desde o começo.
Depois de narrar para meu amigo o meu primeiro e segundo dia de aula com a brasileira desaforada. Me sinto um pouco mais calma. Apesar dele não ter parado de sorrir enquanto eu contava minhas desventuras em série.
- Isso é mesmo sério, ma belle Está a ponto de ter um ataque de nervos por conta de uma aluna?! Nunca te vi assim Elo. Não estou te reconhecendo. - Ele comenta em tom de zombaria.
- Não me provoque você também Nicolas. Já me basta aquela garota rebelde.
- Sim senhora, não está mais aqui quem falou. - Ele fala e beija meu rosto.
- Tudo bem meu amigo. Está vendo, até falar sobre essa aluna me tira do sério. Mas vamos esquecer isso. Então, almoço ?
- Almoço!
Saio do campus e enquanto dirijo vou repetindo mentalmente que aquela garota insolente ainda vai se ver comigo.
Fim do capítulo
Olá meninas! Mais um capítulo para vocês! Esperamos que vocês gostem e comentem. =P
Beijão!
Dai e Lális
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Rayddmel
Em: 22/05/2017
Nossa, vcs cresceram mto de um capítulo pro outro, só pra constar.
Eloise toda trabalhada na ignorância, mas gentee. E eu achando que ela ia logo se render aos encantos da dona Gabriela. Bixinha é osso duro, tomara que ela não massacre muito a Gabi :O
E a Juliet gaguejando de medo foi sensa kkkk
Parabéns meninas *-*
Tá ficando muito show, to doidinha pra saber o que vai acontecer. Cêis vão postar um por semana?
Beijos!
Resposta do autor:
Olá Ray ! :))
Obrigada pelo elogio sua linda. Estamos nos esforçando para fazer direitinho rs
Sim, a Elo é bem difícil de se lidar, mas a Gabi também não fica atrás rs
Pois é , Juliet medrosa kkkk
Obrigada por acompanhar e deixar suas impressões .
Então, sobre os capitulos, tentaremos postar dois por semana,
Mas Quando não der, ao menos um sempre vai ter.:)
Beijos!
Dai e Lális .
Lins_Tabosa
Em: 21/05/2017
Oi ^_^
Mais um arranca rabo! Eita que essas duas têm sangue quente, só soltando faíscas rsrsrsrs
Abrs o/
Resposta do autor:
Olá Lins ! :))
Sim , essas duas são tem sangue quente. Rs
Beijos !
Dai e Lális.
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