Capítulo 5
Carol estava inquieta, havia discutido com Rodrigo mais cedo, estava irritada, a presença de Luísa a deixava perdida, sem rumo. Quanto mais raiva sentia da loira, mais pensava nela e mais seu corpo ardia de saudades, não conseguia tirá-la da cabeça, olhou para o relógio, marcava 1:00 am ainda, estava a horas se revirando na cama tentando dormir, levantou-se indo em direção a cozinha, abriu alguns armários até parar em algo que chamou sua atenção, pegou a garrafa de vinho e uma taça, abriu rapidamente enchendo o recipiente, encaminhou-se para a sala aconchegando-se no sofá, pensando sobre tudo que tinha acontecido até então.
Luísa ainda estava acordada assistindo TV na sala, Courtney havia apagado no quarto, mas ela estava sem sono, viu seu celular tocando, era um número desconhecido, mas resolveu atender. – Alo.
Carol já havia bebido a garrafa toda, e mesmo sentada sentia a sala girar ao seu redor. – Oi...
Luísa demorou alguns segundos para reconhecer aquela voz, parecia um pouco diferente do normal. – Carol?
- Sou eu – começou a rir sem motivo.
- Você está bem?
- Acho que não. – suspirou.
- Onde você está?
- Em casa. – sua voz saia mais enrolada do que gostaria.
- Sozinha?
- Uhum.
- Quer que eu chame o Rodrigo?
- Não quero ele – suspirou – quero você.
Luísa chegou à única conclusão possível, Carol estava completamente bêbada. – Ok, me passa o seu endereço.
Depois de muita paciência Luísa finalmente conseguiu pegar o endereço, trocou de blusa rapidamente, pegou a chave do carro e saiu. Não demorou muito para chegar ao local indicado, não moravam muito longe uma da outra, tocou o interfone e esperou até ter sua entrada liberada, entrou no elevador, apertou o 10º andar, assim que a porta se abriu viu Carol esperando, se apoiando na porta entre aberta do apartamento para não cair, vestia uma camisola de seda preta e sorria para ela.
Luísa respirou fundo, tentando manter o foco, entrou rapidamente segurando Carol para que ela não caísse, foi guiando ela até chegarem ao sofá, porém acabaram perdendo o equilíbrio quando a morena se jogou a puxando junto, caiu por cima dela, permanecendo as duas se encarando por alguns instantes, Carol passou a fazer um carinho de leve em seu rosto – Você é tão linda.
Aquela proximidade toda estava fazendo com que perdesse o pouco do juízo que ainda tinha, tentou se desvencilhar do contato, mas Carol a segurou – Sinto sua falta – suspirou – meu corpo sente sua falta.
Luísa sentiu seu corpo todo arrepiar, respirou fundo, voltou a encarar aqueles olhos castanhos, suas bocas estavam tão próximas – Você não está bem, precisa de um banho gelado, vem. – puxou Carol a tirando do sofá arrastando-a para o banheiro.
Foi um sacrifício ligar o chuveiro, Carol não estava facilitando, ficou tentando morder o pescoço da loira, tentando provoca-la. Luísa assim que conseguiu, praticamente jogou a morena para baixo da ducha gelada, que no mesmo instante deu um grito em protesto – Sua doida, isso aqui está congelando.
Luísa não resistiu e começou a rir, irritada Carol pegou a loira de surpresa a puxando para a água gelada. Seus corpos agora colados e molhados provocavam um calor que a temperatura da água já nem fazia diferença mais, naturalmente seus lábios se aproximaram outra vez, terminando em um beijo inevitável. Seus corpos reagiram no mesmo instante. Carol passou os braços em volta do pescoço da loira de forma possessiva, não queria soltá-la, não queria que ela fugisse, só queria continuar sentindo seu corpo, seu toque, seus beijos. Luísa não resistiu, virou o corpo da morena contra o box, livrou-se rapidamente da camisola que ela usava, voltou a colar seu corpo no dela por trás enquanto mordia levemente seu pescoço passando a mão por todo seu corpo, arrancando vários gemidos da outra. Desceu com a mão por dentro da calcinha a tocando encaixando sua coxa por entre suas pernas provocando um atrito delicioso levando a morena à loucura e implorando por mais. Carol virou-se segurando o rosto da loira de forma delicada, aqueles olhos esverdeados agora a fitavam com desejo, mordeu seu lábio inferior de forma provocante, sugando-o, arrancando um gemido da loira que foi abafado com um beijo urgente. Luísa pressionava seu corpo contra o dela, desceu com a mão até sua coxa, puxando-a para si, dando espaço para que seu corpo se encaixasse ainda mais entre suas pernas, puxou sua calcinha com tanta força que acabou rasgando o fino tecido, arrancando um grito de surpresa da morena que pareceu ficar ainda mais empolgada com aquela cena, presenteando a loira com outro beijo apaixonado. Logo Carol pode sentir os dedos da loira invadindo-a em um ritmo que fazia o seu corpo todo tremer, fechou os olhos inclinando a cabeça para trás, sentindo aquela língua experiente descendo pelo seu pescoço a deixando toda arrepiada, não demorou muito para ter um orgasmo intenso que a deixou sem fôlego por alguns segundos. Ainda permaneciam abraçadas quando voltaram a se encarar, Luísa finalmente pareceu tomar consciência do que havia acabado de acontecer, seu corpo ficou tenso, seu olhar era confuso e parecia estar procurando as palavras certas para dizer. Carol percebeu a mudança no comportamento da loira, o efeito do álcool já havia passado, e apesar de ter plena consciência do que havia acontecido e que isso era mais do que errado, tudo o que menos queria naquele momento era que ela fosse embora, passou a fazer um carinho de leve em seus cabelos, nenhuma das duas parecia querer sair daquele abraço. – Vamos deixar os problemas para outro dia – voltou a acariciar o rosto da loira que parecia tentar entender o que ela quis dizer – não quero estragar esse momento – continuou – quero passar a noite com você – suspirou.
Luísa sabia que iria se arrepender, mas tudo o que conseguiu dizer foi: - Vem, vamos para o quarto.
Voltaram para o quarto aos beijos, o desejo entre as duas voltou a crescer, Luísa empurrou a morena em direção à cama, que acabou perdendo o equilíbrio, caindo, se ajeitou na cama rindo, mas logo parou quando percebeu o que a loira estava fazendo. Luísa foi tirando lentamente a blusa que estava colada em seu corpo, jogou-a em um canto qualquer, livrou-se do top e agora tirava o short e a calcinha ficando completamente nua, deixando a morena sem reação.
Carol ficou sem palavras, sentiu um frio percorrer sua espinha, a garganta secar, ela era simplesmente linda, continuou encarando-a enquanto ela se aproximava, fechou os olhos soltando um gemido delicioso ao sentir seu corpo pesar sob o seu, aquela sensação era maravilhosa, seus corpos pareciam se encaixar perfeitamente, voltou a encará-la e aquele sorriso angelical aquecia sua alma.
Luísa estava adorando ter Carol assim toda entregue, queria ama-la sem pressa, foi beijando cada parte do seu corpo, começando pelo pescoço, descendo pelo colo, parando por longos minutos em cada seio, sugava-os, mordia, provocava, deixando à morena ainda mais excitada, foi descendo dando várias mordidas de leve e beijos em sua barriga até finalmente chegar onde queria, encarou a morena por alguns segundos, que parecia estar em transe ainda com aquelas carícias todas, seu corpo se contorcia a cada toque, acomodou-se entre suas pernas dando uma bela mordida na parte inferior da sua coxa arrancando um gemido delicioso da morena. Carol estava hipnotizada com aquela cena, podia sentir a respiração da loira tão próxima ao seu sex* que estava indo a loucura, quando sentiu seus lábios roçando levemente em seu íntimo, se contorceu agarrando e revirando o lençol, aquela tortura já estava sendo demais, voltou a encarar a loira que sorria para ela de forma provocante. Gem*u sem pudor ao sentir sua língua explorando cada parte do seu sex*, era uma sensação indescritível, como se a cada toque seu corpo inteiro vibrasse, estava quase goz*ndo, puxou a loira para si, sentindo seus corpos se encaixarem outra vez, a forma como a loira se movimentava a deixava ainda mais entregue, estava atingindo o ápice quando sentiu seus dedos a penetrando outra vez, gozou imediatamente, seu corpo todo estremecia e ainda podia sentir seus dedos a invadindo em um ritmo ainda mais acelerado, fechou os olhos, se agarrou nos lençóis e gozou outra vez enquanto sentia loira sugando seu seio de uma forma que provavelmente lhe deixaria uma bela marca.
Ainda estava ofegante, mas teve força o suficiente para inverter as posições na cama ficando por cima da loira que agora a encarava com um sorriso safado no rosto. – Você não presta sabia? – Luísa soltou uma risada gostosa – Sério? – Carol fez apenas um gesto confirmando e foi descendo com a mão por entre as pernas da loira, vendo sua feição mudar no mesmo instante, amou quando pode sentir o quanto ela estava excitada. – E vai fazer o que? – sua voz mal saia, estava entregue aos toques de Carol.
A morena apenas sorriu para ela e foi descendo até se acomodar entre suas pernas, queria muito prova-la, sem rodeios começou a ch*pá-la com tanta vontade que fez a loira perder o rumo de vez, passou a penetrá-la enquanto sugava deliciosamente seu clit*ris fazendo a loira atingir um orgasmo instantâneo. Voltou a se acomodar nos braços da loira que agora enchia o seu rosto de beijos, se abraçaram com ternura, enroscando seus corpos, sentiam uma paz e uma felicidade que não sabiam explicar, naquele momento nada mais importava.
******
Luísa abriu os olhos lentamente, o quarto já estava claro, pensou por alguns instantes se tinha sonhado, mas ao sentir Carol dormindo ao seu lado com o braço envolvendo sua cintura percebeu que tudo aquilo havia realmente acontecido, ficou admirando-a, era tão linda, não queria deixa-la nunca mais. Levantou-se com cuidado para não acordá-la, procurou pelo seu celular, achou-o jogado em um canto no sofá na sala, sentou-se e começou a ver as ligações perdidas, tinha várias ligações da Courtney, sentiu a consciência pesar no mesmo instante, pois sabia que iria magoá-la.
Carol acordou, pareceu sentir o vazio na cama, olhou ao redor e não viu nenhum sinal da loira, ficou imaginando se ela teria ido embora e sentiu um aperto no peito, levantou-se devagar, pois a cabeça doía um pouco, colocou um roupão e foi saindo do quarto dando de cara com Luísa completamente nua no sofá, parecendo estar perdida em seus pensamentos, nesse instante teve duas certezas, a primeira que estava completamente apaixonada por aquela mulher e a segunda era que não tinha ideia do que iria fazer para resolver essa confusão toda em que se meteu. Luísa finalmente percebeu a presença da morena – Bom dia – sorriu para ela.
Carol foi se aproximando, sentando-se ao seu lado – Bom dia – começou a reparar no seu corpo outra vez – suspirou. Luísa sorriu percebendo as encaradas da morena e se aproximou para beijá-la, mas Carol interrompeu – Precisamos conversar.
Luísa voltou a encostar-se no sofá desanimada – Eu sei o que vai falar.
- Sabe? – Carol voltou a encará-la.
- Sim, vai dizer que foi um erro, que bebeu demais ontem e agora percebeu a burrada que fez, blá, blá, blá.. – Foi se levantando indo em direção ao quarto, mas foi interrompida por Carol que segurou seu braço.
- Calma, senta aí, vamos conversar direito.
Luísa voltou a se sentar emburrada. Carol riu, pois parecia uma criança que fica emburrada quando chamam sua atenção.
- Ok, fala – cruzou os braços enquanto encarava o chão, não queria olhar para ela.
- Você está certa quando diz que foi um erro...
- Está vendo? É perda de tempo essa conversa...
- Dá para ficar quieta e me deixar terminar de falar?
Luísa voltou a ficar calada, mas continuava emburrada.
Isso vai ser difícil, pensou a morena, respirou fundo e continuou – Foi um erro por que estamos envolvidas com outras pessoas com as quais nos importamos e gostamos muito, você sabe que eles não mereciam isso.
- Eu sei, mas a culpa não foi minha, foi você quem me ligou.
- Meu Deus Luísa, você parece uma criança às vezes, eu estou tentando ter uma conversa séria com você.
- Tudo bem, vou ficar quieta.
- O que estou querendo dizer é que apesar de gostar e me importar muito com o seu irmão e com a Courtney que é praticamente como uma irmã para mim, enfim, não posso negar o fato de que estou apaixonada por você.
Luísa pareceu não acreditar muito no que estava ouvindo – Você está o que?
Carol já estava começando a se arrepender daquela conversa, não sabia o que esperar da loira, ela parecia sempre tão imprevisível. – Estou apaixonada por você – suspirou – apesar de saber que isso é uma péssima ideia, porque é obvio que você não presta.
Luísa não pode conter a alegria que sentiu naquele momento, voltou a se aproximar da morena, fazia um carinho de leve em seus cabelos, enquanto a encarava com um sorriso no rosto. – Eu também estou apaixonada por você – dessa vez a beijou sem resistência da morena.
Carol a afastou por alguns instantes. – Mas como eu disse, estamos envolvidas com outras pessoas, precisamos resolver isso.
- O que sugere então?
- Você conversa com a Courtney e eu com o Rodrigo, mas não é para falar sobre a gente, eles vão ficar arrasados e não estou preparada para lidar com isso.
- Não entendi, eu termino com a Courtney e ainda fico sem você?
- Não exatamente, só não precisamos ficar esfregando na cara deles que estamos juntas.
- Quer ficar comigo então escondida? – começou a rir – E depois eu que pareço criança.
Carol bateu na loira com uma almofada que estava ao seu lado. – Eu estou falando sério, não estou dizendo que vamos ficar escondendo para sempre, só para dar um tempo, para eles ficarem mais de boa.
- Hum, assim fica parecendo que aconteceu naturalmente, sem o detalhe da pequena traição e nem o fato que já tínhamos nos conhecido antes lá na Austrália, saquei. – seu tom foi um pouco irônico, deixando a morena visivelmente irritada.
- Não tem como conversar com você, eu desisto. – Foi levantando, mas Luísa a puxou de volta, fazendo com que perdesse o equilíbrio e caísse no seu colo. Rapidamente a loira colou seus lábios nos dela antes que ela tentasse fugir outra vez. O beijo que começou calmo passou a se tornar mais exigente e Carol sabia muito bem onde iriam parar, recuperou um pouco o controle e voltou a encarar a loira, que sorria para ela.
- Eu entendi o que você quis dizer – fez um carinho em seu rosto – eu só acho que quando não contamos a verdade, e isso digo por experiência própria, a gente acaba se complicando mais depois. Só que eu não quero te perder outra vez, então vamos fazer do seu jeito.
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Manuela estava exausta, não havia uma parte do seu corpo que não estivesse doendo, tomou um banho rápido, se vestiu, deu um beijo em seu pai enquanto passava pelo seu escritório, dessa vez não insistiu em ficar e ajuda-lo a fechar o restaurante, pois tudo o que mais desejava naquele momento era sua cama. Estava no estacionamento em frente ao seu carro procurando a chave dentro da bolsa quando sente alguém a abraçando por trás e um perfume conhecido invadindo o ambiente. – Oi sumida – Sara depositou um beijo em sua nuca, fazendo a ruiva virar-se para encará-la.
- Oi – Manuela ainda se sentia estranha com a volta de Luísa, e depois que a viu dias atrás na praia, não conseguia mais parar de pensar na loira, de que ela talvez finalmente tivesse percebido a burrada que fez e estivesse arrependida, várias vezes se pegou com o celular nas mãos pensando em ligar para ela, talvez se conversassem poderiam se acertar outra vez, mas se estivesse com Sara isso não poderia acontecer, então ultimamente estava tentando evita-la ao máximo.
- Você está bem? Parece um pouco tensa. – fez um carinho de leve em seu ombro.
- Estou sim, só um pouco cansada. – se afastou rapidamente do contato.
- Posso te fazer uma massagem que irá te deixar bem relaxada – sorriu maliciosamente para a ruiva.
- Fica para outro dia – tentou forçar um sorriso – estou muito cansada agora. Foi entrando no carro, enquanto Sara continuava encarando-a.
- Se não quer me ver mais, é só falar, não precisa ficar fazendo isso.
- Isso o que? – suspirou cansada.
- Dando desculpas idiotas para ficar me evitando.
- Não é isso, só estou cansada, e sobrecarregada, é muita coisa para lidar, você não entenderia.
- Tenta, se você não falar, não vou adivinhar.
Manuela fechou os olhos por alguns segundos, respirou fundo e voltou a encará-la – Minha ex voltou.
Sara inicialmente ficou surpresa, e depois claramente irritada – Entendi, e agora você está louca para voltar para aquela que te traiu e não deu a mínima para o que vocês tinham, realmente achei que você fosse mais esperta Manu, mas pelo jeito me enganei.
- Ei, também não é assim, você não sabe da nossa história, não tem o direito de ficar julgando desse jeito.
- Tudo bem, só espero que não se arrependa outra vez, boa sorte ruiva. – jogou um beijo no ar em direção à ruiva e foi se afastando até o seu carro. Manuela acompanhou os movimentos da morena calada, será que estava fazendo a coisa certa, porém não podia continuar com Sara se ainda pensava em Luísa, não seria justo com ela. Voltou a se concentrar no que estava fazendo, deu partida e seguiu em direção a sua casa, havia tomado uma decisão, no dia seguinte iria procurar Luísa e ter uma conversa séria com ela, se a loira estivesse realmente arrependida estaria disposta a dar outra chance a ela.
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Carol estava ansiosa, passou o dia todo no hospital e não conseguiu falar com Rodrigo que acabou ficando preso em uma cirurgia mais demorada, então pediu para que ele passasse em seu apartamento mais tarde, não sabia como iria ter essa conversa com ele, mas sabia que não podia ficar adiando, estava andando de um lado para o outro na sala com o celular nas mãos, tentou várias vezes falar com Luísa, queria saber se a loira já tinha conversado com Courtney, mas ela não atendia, até tentou ligar para a amiga, mas ela também não atendia, suspirou, estava uma pilha de nervos com essa situação toda, ouviu o interfone tocar, se apressou para atender logo, era Rodrigo, pediu para que ele subisse.
Assim que entrou Rodrigo se aproximou para dar um beijo nela, mas Carol desviou, deixando-o um pouco confuso. – Tudo bem?
- Vem senta aqui – fez com que ele sentasse no sofá e ficou de frente pra ele – precisamos conversar.
Rodrigo logo percebeu que a namorada estava agindo de forma estranha, na verdade havia percebido essa mudança estranha já há alguns dias, estava tentando dar espaço a ela, não pressioná-la e quem sabe assim as coisas voltariam ao normal, mas já estava começando a ter dúvidas se isso realmente aconteceria.
- Aconteceu alguma coisa?
- Eu não tenho sido sincera com você ultimamente – suspirou e finalmente sentou-se ao seu lado e voltou a encará-lo – e isso está acabando comigo.
- Como assim?
- Eu não quero ficar te iludindo, você é um homem maravilhoso, eu realmente achei que poderia me deixar envolver, mas a cada dia que passa, eu sinto que estou te enganando e não posso continuar assim.
- Conheceu outro homem?
- Não, claro que não. Você sabe que eu vim para cá para tentar esquecer alguém que me magoou muito, sempre fui sincera com você em relação a isso, e de início eu nem queria me envolver, e acho que era exatamente por causa disso, por que eu sabia no fundo que não iria conseguir me envolver assim tão rápido.
- Eu sei, mas você também disse que iria nos dar uma chance, eu sei que você ainda gosta de outro, eu disse que teria paciência, que aos poucos você iria esquecê-lo, não me importo em te dar esse tempo.
- Sinto muito Rô, mas não consigo continuar fazendo isso com você, preciso de um tempo sozinha, e colocar minha vida e meu coração em ordem.
Rodrigo estava devastado, gostava tanto daquela mulher, nem tentou disfarçar sua tristeza quando voltou a encará-la – Se é isso o que você quer, tudo bem – foi se levantando ainda sem rumo quando sente o celular vibrando no bolso, não ia atender, mas quando viu que era do hospital mudou de ideia – Alo.
Carol ficou observando as reações de Rodrigo que pareceu perder o rumo de vez com aquela ligação, estava pálido, nunca o tinha visto desse jeito, algo muito sério havia acontecido. – Que horas ela chegou?
- Ok estou indo agora mesmo. – Sua voz saiu um pouco trêmula – Precisamos ir agora mesmo.
- Calma, o quê aconteceu?
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- Que cara é essa gata?
Courtney olhou para o amigo por alguns segundos e voltou a mexer no celular. – Ela sumiu, simplesmente sumiu, consegue me explicar isso?
- Quem sumiu? – Mat se aproximou sentando-se ao seu lado no sofá, passando o braço em volta do seu pescoço, fazendo um carinho de leve em seu ombro.
- A Luísa, sumiu, estou o dia todo tentando falar com ela e nada, não atende minhas ligações e agora cai direto na caixa postal quando ligo.
- Ela deve ter perdido o celular ou se distraído com alguma onda, sabe como ela é – sorriu.
- Sei exatamente com o que ela deve estar se distraindo, eu sou muito burra em pensar que ela iria nos levar a sério.
- Calma, você não sabe, logo ela aparece e vocês conversam e se acertam. Depois me conta como foi – sorriu e foi se levantando, só então Courtney percebeu que o amigo estava todo arrumado.
- Ei, onde vai?
- Uma balada que a Lu indicou – sorriu – disse que tem muitas gatas por lá.
- Imagino que tenha mesmo – suspirou irritada – me espera que vou com você.
- Vai comigo? E a Lu?
- Ela que fique esperando dessa vez. – saiu determinada em direção ao quarto, não ficaria fazendo o papel de namorada apaixonada quando a outra aparentemente não a estava levando-a sério.
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Algumas horas antes...
Luísa não conseguia disfarçar sua felicidade, estava tão animada, aumentou o volume do som, cantando alto, nem ligando para os motoristas que passavam por ela a encarando. Resolveu ir direto para casa e conversar com Courtney, se ligasse para ela, do jeito que era ela iria ficar enchendo-a de perguntas, e preferia fazer isso pessoalmente, essa era a pior parte, não queria magoá-la, mas sabia que não iria ter um jeito fácil de fazer isso, passou a pensar em tudo que tinha acontecido até então, lembrou-se de Manuela e sentiu um aperto no coração, nunca iria se conformar do jeito como as coisas acabaram entre elas, sentia falta da sua amizade, mas acabou estragando com tudo como sempre, pensou então em Carol, a forma como se conheceram, quando a resgatou do mar, tão linda, sorriu naturalmente, finalmente iriam ficar juntas.
O sinal finalmente ficou verde, prosseguiu dirigindo quando algo chamou sua atenção, um barulho de frenagem, olhou para o lado, um caminhão de carga vindo em sua direção totalmente desgovernado, não teve tempo de reagir, só observou enquanto o mesmo perdia o controle de vez tentando virar, enquanto a carga traseira seguia em sua direção, o som do impacto foi ensurdecedor, sentiu o carro se movendo tão rápido, e então tudo pareceu ficar ao contrário, de ponta cabeça, fechou os olhos e sentiu uma pressão tão forte em seu corpo que chegou a ficar sem ar, e então estava tudo calmo outra vez, não sabia onde estava, mas não sentia nada, nenhuma dor, achou estranho, queria abrir os olhos, mas não conseguia, só sentiu alguém afagando seus cabelos e uma voz doce falando: - Vai ficar tudo bem minha menina.
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Sara estava muito irritada, não conseguia acreditar que Manuela iria ceder aos caprichos da ex outra vez, o pouco que conseguiu arrancar da ruiva sobre a história delas foi o suficiente para chegar à conclusão que a garota não valia nada e só brincava com os sentimentos dela. – Vai quebrar a cara outra vez ruiva – suspirou e virou mais uma dose de tequila.
- O que você falou?
Sara voltou a reparar na mulher com quem estava conversando, uma morena muito linda, provavelmente a mais bela do local, sorriu ao chagar a essa conclusão, sua amiga a convenceu a sair ao invés de ficar em casa se lamentando pela ruiva, até que não tinha sido uma má ideia, pensou. – Que você é muito linda – sorriu e serviu mais uma dose de tequila para as duas, a morena sorriu de volta e as duas viraram outra dose voltando a se encarar. – O que acha de sair daqui?
- Ir para onde? – sorriu.
- Para minha casa, está de carro?
- Vim com o meu amigo – olhou ao redor por alguns instantes, procurando-o em meio à multidão.
- Vem comigo então, depois você liga pra ele.
- Tudo bem, vamos – as duas foram seguindo pela multidão até a saída.
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Carol ainda estava tentando processar tudo o que Rodrigo havia contado, sobre o acidente, que Luísa estava no hospital e seu estado parecia ser grave pelo o que seu amigo havia falado. Estava tão nervosa, que o ar parecia faltar, suas mãos tremiam, só em imaginar algo acontecendo com Luísa, sentia seu coração ficar apertado, era uma sensação horrível, olhava para Rodrigo e ele parecia estar do mesmo jeito, não via a hora de chegarem logo ao hospital, precisava vê-la.
Assim que chegaram, Rodrigo já foi procurando pelo o amigo e não demorou muito para encontra-lo, haviam feito faculdade juntos, porém ele seguiu o caminho da pediatria e seu amigo se tornou cirurgião geral.
- Rodrigo, aqui – acenou para o amigo.
Assim que se aproximou, deu um abraço apertado – Como ela está Gustavo?
- Ela acabou de sair de uma cirurgia, conseguimos reparar as fraturas na perna e no braço, ela teve hemorragia interna, mas também conseguimos estancar, o problema é a pancada na cabeça, ela teve traumatismo, já temos um neurologista acompanhando o caso dela, agora o jeito é esperar – fez um carinho no ombro do amigo, que parecia estar em choque ainda.
- O acidente – fez uma pausa – que horas foi isso?
- Ela deu entrada no hospital pela manhã ainda, por volta das 11h, mas só confirmaram a identidade dela a pouco tempo, foi quando fiquei sabendo e te liguei, infelizmente não consegui reconhece-la quando chegou, estava muito machucada, e faz tempo que não a vejo, acho que desde o tempo da faculdade, sinto muito.
- Posso vê-la?
- Ela está sendo levada para a UTI nesse momento, espere aqui, vou ver o que posso fazer.
- Obrigado.
- Não por isso meu amigo, já volto.
Carol continuava parada feito uma estatua ouvindo a conversa dos dois, Rodrigo finalmente pareceu perceber a presença da morena.
- Não precisa ficar, na verdade não sei por que eu te trouxe, acho que fiquei muito abalado com tudo isso, desculpe.
- Não vou sair daqui, quero vê-la, posso ir com você?
- Pode – Rodrigo respondeu um pouco confuso com a reação da morena.
Gustavo não demorou muito para voltar, e como havia prometido levou os dois até o local onde Luísa estava inicialmente se recuperando, não podiam entrar, mas podiam vê-la através do vidro.
Rodrigo não conteve o choro ao ver a irmã naquele estado, caiu de joelhos e começou a chorar copiosamente sendo amparado pelo amigo. Carol observava através do vidro e não podia acreditar. Aquela não era a sua Luísa, não tinha o seu brilho, estava tão sem vida, partia seu coração vê-la assim toda enfaixada, cheia de tubos, mal conseguia ver seu rosto, queria tanto ver seus olhos, amava se perder neles, no seu sorriso, sentiu um gosto salgado nos lábios, foi então que percebeu que também estava chorando, tocou seus lábios e fechou os olhos por alguns instantes e ainda podia sentir o calor daqueles lábios colando nos seus, seu corpo ainda tinha as marcas da noite que passaram juntas se amando, isso não podia estar acontecendo, a vida era muito injusta, pensou.
******
Manuela estava terminando de se arrumar, quando algo no noticiário chamou sua atenção, estava tomando seu café puro e forte do jeito que gostava para despertar logo de manhã enquanto ouvia atentamente a repórter: - O caminhão perdeu o controle durante a curva, atingindo um veículo que estava vindo à direção oposta, a mulher que estava dirigindo foi identificada como sendo a jovem surfista brasileira Luísa Alcântara, que até o momento ocupava a primeira posição na disputa do campeonato mundial de surf...
Não conseguia ouvir mais nada, deixou a xícara que segurava cair no chão, sentiu os joelhos fraquejarem, entrou em pânico, pegou o celular e não demorou em achar o número desejado, após alguns toques uma voz muito abatida atendeu: - Alo – nesse momento soube que tudo aquilo realmente estava acontecendo, respirou fundo, tentando manter o mínimo de controle possível e continuou: - Oi Rodrigo, sou eu Manuela, pode me dizer em que hospital ela está?
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- Courtney abriu os olhos e se arrependeu no mesmo instante, depois de tantas doses de tequila não sabia nem onde estava mais, olhou para o lado e viu uma bela morena dormindo ao seu lado, tentou colocar os pensamentos em ordem e ir se lembrando de tudo, estava com tanta raiva de Luísa que acabou fazendo uma grande besteira, pensar na loira fez bater uma saudade quase insuportável, pegou o celular, quem sabe ela tinha ligado, tinha várias ligações, mas nenhuma da loira ficou visivelmente decepcionada, seu celular tocou outra vez, era Mat, devia estar preocupado coitado, atendeu: - Oi Mat, desculpa, eu ia te avisar ontem.
- Você viu o noticiário?
- Como assim, vi o que?
- Acabei de ver na TV, a Luísa sofreu um acidente, esta no hospital, pelo jeito é grave, onde você está?
Courtney ainda estava em transe, tentando entender o que estava acontecendo, parecia que estava tendo um pesadelo e precisava acordar.
- Courtney? Está ai?
- Estou indo para o hospital, me encontra lá.
- Mas eu não sei em que hospital ela está, não falaram.
- Vou descobrir e te ligo.
Desligou e foi logo pegando suas roupas espalhadas pelo quarto, se vestiu rapidamente, e voltou a focar na moça que estava dormindo, tentava se lembrar do nome dela, pensou por alguns instantes, se aproximou, tocando em seu ombro enquanto chamava seu nome: - Sara, ei, acorda... Preciso da sua ajuda.
Sara demorou alguns instantes até finalmente despertar, a mulher com quem havia passado a noite parecia nervosa, tentou se concentrar um pouco e tentar entender o que ela falava. – Precisa do quê?
- Preciso que me leve até o hospital, é urgente, por favor.
- Você está bem?
- Estou, mas minha namorada sofreu um acidente, preciso ir lá agora, pode me levar?
- Claro.
Sara ainda tentava entender o que estava acontecendo enquanto a morena falava nervosa com alguém no celular. – Namorada? Ela falou namorada?
- Que foi? – Courtney já havia desligado e pego o endereço do hospital com Rodrigo.
- Nada não, só me da uns 10 minutos que já te levo lá.
- Obrigada.
Assim que chegaram, Courtney já foi ligando para Rodrigo, e Sara já estava indo embora, porém alguém havia chamado sua atenção, uma bela ruiva que parecia estar nervosa discutindo com alguém da recepção. – Senhora, não posso dar informações sobre os pacientes, apenas para membros da família.
Manuela ficou ainda mais irritada, tentava falar com Rodrigo, mas só dava ocupado.
- Manu?
- Sara? O que você está fazendo aqui?
- Hã... Vim trazer uma amiga... E você?
Manuela não teve tempo de responder, seu celular tocou, era Rodrigo. – Oi, onde vocês estão? – Ok, estou indo...
Sara observou Manuela se afastando apressadamente, tentou entender o que estava acontecendo, mas desistiu, o melhor era ir para casa e curar essa ressaca que começava a querer dar os primeiros sinais.
Assim que viu a amiga se aproximando, Carol sentiu o corpo ficar tenso no mesmo instante, havia passado a noite no hospital com Rodrigo, não queria deixa-la nem por um minuto, com toda essa tensão nem pensou em ligar para a amiga avisando já que provavelmente as duas estavam juntas ainda.
Ao ver a amiga, Courtney se jogou em seus braços. Carol a recebeu com um abraço apertado, podia imaginar pelo o que ela estava passando, pois estava do mesmo jeito.
- Que bom que você está aqui, como ela está?
- Só pude vê-la por alguns minutos ontem, ela está se recuperando da cirurgia, não da pra saber como vai ser depois.
- Preciso vê-la, cometi um erro terrível – desviou o olhar da amiga, não conseguia encará-la.
Carol ia perguntar o que havia acontecido, mas parou no mesmo instante assim que viu Rodrigo se aproximar com uma moça, teve uma sensação estranha de familiaridade, como se já tivesse a visto antes, iria perguntar a Rodrigo, mas foi quando o médico apareceu. – Vocês podem ir vê-la agora, ela já foi transferida para o quarto – olhou para os quatro por alguns segundos – vocês podem ir em dupla, quem vai primeiro?
- Eu, – Courtney se apressou e já foi segurando a mão da amiga, puxando-a – vem comigo?
Carol olhou para Rodrigo e a bela moça que o acompanhava, estava intrigada com a sua presença.
- Podem ir, nós vamos depois – Rodrigo sabia o quanto Courtney devia estar preocupada, nem lembrou em ligar para ela na correria.
Manuela permanecia calada, observando as duas mulheres, estavam tão abatidas quanto ela, observou enquanto se afastavam, voltou a encarar Rodrigo, nunca o tinha visto tão abatido assim. – Quem são elas?
Rodrigo respirou fundo, estava tão cansado, sabia o quanto a ruiva gostava da sua irmã. – Bom a mais alta é a Courtney – fez uma pausa – acho que é namorada da Lu, pelo menos age como tal, e a outra – iria dizer que era sua namorada, mas então se lembrou da conversa que tiveram mais cedo – a outra é a Carol, melhor amiga dela.
- Namorada? – Suspirou triste.
- Sinto muito Manu, sei que ainda gosta dela, para ser sincero eu não entendo minha irmã, desde que ela voltou da Austrália não tem sido a mesma, não sei o que aconteceu entre vocês, mas acho que ela sente a sua falta, vocês deviam conversar depois que ela melhorar. – fez um carinho de leve no ombro da ruiva, que sorriu – Obrigada por tudo.
Fim do capítulo
Meninas que estavam acompanhando a história, mil desculpas pela demora, acabei ficando sem note e isso me atrapalhou completamente..
Agradeço pela compreensão e até a próxima.. bjss!!
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