@mor.com por Carla Gentil
Capítulo 18
Capítulo 18
Laura olhou para onde sua mãe apontava. Seus olhos se prenderam em um brilho verde hipnotizante. Não captou naquele olhar nenhuma imposição, nenhum questionamento... Parecia navegar pelo mesmo universo distante que os seus próprios. Um misturar, envolver, completar...
- Não sei como fui viver tanto tempo sem você... – murmurou baixinho, sabendo que seria mais percebida do que ouvida por Sam.
Letícia também ouviu e um sentimento de impotência fez seus braços caírem, antevendo a resposta que ouviria.
- Seria muito bom mesmo nós dormirmos aqui – Sam antecipou.
- O quê? – por motivos diferentes mãe e filha se espantaram.
- Hum... Eu acabei bebendo um pouco do licor... Bem, de todos os tipos de licores que seu pai faz. Acho que não conseguiria dirigir em linha reta – brincou, aproximando-se de Laura e a enlaçando pela cintura.
- Podemos chamar um taxi para você – tentou ainda a sogra.
- Mainha!
- Tá bom... Foi só uma ideia – virou as costas resmungando. – Vou arrumar uma cama para você no quarto dos meninos. Laura, meu anjo, deixe a porta do seu quarto trancada.
- O que foi que deu nela? – perguntou uma Laura embasbacada, queixo caído olhando para o corredor por onde sua mãe sumia murmurando sozinha.
- Tá protegendo a virtude da filhinha mais nova, esse “anjo” inocente e puro – respondeu Sam achando muita graça em tudo, certamente efeito dos licores que foi obrigada a provar.
Ficaram conversando até muito tarde, Laura alternando entre o colo do pai e o banco ao lado de Sam, que estava sentada em uma namoradeira de vime... com dona Letícia ocupando o assento ao seu lado.
- Vai dormir, mulher! – Gilberto pediu novamente para a mulher que “pescava” no banco.
- Não! Eu nem to com son... – a cabeça pendeu novamente, e ela só a ergueu rapidamente ao sentir o ombro de Sam amparando sua testa, como já vinha acontecendo há um bom tempo.
Enfim, quando o sono começou a chegar para todos, Letícia pegou a mão de Sam, não carinhosamente, parecia mais com... Segurança.
- Agora você vai escovar os dentes e depois vai dormir no seu quarto... E não esquece de trancar sua porta, Laura! – falou enquanto levava Sam para o quarto dos gêmeos.
- Larga a moça, Let! – interveio Gilberto. – Você tá muito estranha! – foi na direção dela e colocou a mão em sua testa.
- Sai, sai velho! – tocou. - Eu to só sendo gentil com a visita!
- Mas mulher! Você vai por a menina pra dormir com os moleques? – perguntou abrindo os braços sem entender a lógica da esposa.
- Mainha... Não tem prob... – Laura começou.
- Já escovou os dentes? – a mãe ralhou, interrompendo-a.
- Ain! A senhora tá muito estranha! – resmungou rumando ao banheiro.
- Eu vou dormir – resolveu Sam que no meio da discussão tinha se encostado na parede para cochilar.
Entrou no quarto dos meninos, onde tinha um colchão arrumado entre a cama deles, fechou a porta e voltou logo em seguida só para falar:
- Não esquece de fazer gargarejo, anjinho! – voltou rindo para o quarto e se jogou no colchão. No final das contas, sentia que precisava mesmo dormir por algumas horas.
Laura foi dormir muito brava. Apesar de estar com muito sono, rolava na cama, deitava nos pés e nada da raiva passar. “Mainha queimou meu filme! Mané ‘anjinho’”. De repente, pulou da cama.
- Mas é claro! To perdendo a prática – falou abrindo uma gaveta e retirando dela uma chave de fendas. – Agora vamos à minha velha amiga, a grade!
Depois de quinze minutos cutucando velhos pontos muito conhecidos, a grade da janela estava solta em sua parte de baixo, por onde uma morena muito alta saiu sem fazer barulho.
- Recordar é viver! – falou muito feliz por estar novamente fazendo das suas artes. – Prova viva que não engordei – falou sem notar que um pedaço de sua camiseta estava pendurada na janela.
- Sam... – chamava baixinho. – Samantha! – jogou uma pedrinha na janela, que logo foi aberta.
- Volta outra hora, Romeu, tá cheio de Montéquios no quarto.
- Então sai você! Eu sei abrir a grade, é rapidinho – falou sacando orgulhosa sua chave de fenda.
- Com essa chave? – perguntou baixinho. – Perai um pouco...
Laura olhou para a chave em sua mão. Duvidava que Sam tivesse visto alguma ferramenta tão eficaz.
- Prontinho! – falou Sam batendo em suas costas, assustando-a.
- Oxe! – falou apenas, seu olhar questionando “Como?”
- Porta da cozinha! – respondeu com um sorriso de gênio, pegando a mão de Laura e a conduzindo até o quintal.
- Perdeu toda a graça! – conseguiu enfim reclamar.
- Tá bom, Mcgiver! Na próxima você me mostra os truques da super chave de fenda... Agora me ajuda a armar a rede.
Laura resmungou, mas logo se ajeitaram na rede, podendo sentir o conforto de estar uma nos braços da outra. Dormiram abraçadas e tranqüilas.
Acordaram com o senhor Gilberto chacoalhando a rede e conversando:
- Daí eu comprei aquele terreno lá do fundo da pousada e fiz uma quadra de misturobol – falou piscando para a filha, que o olhava como se fosse um ET de três cabeças.
Logo Letícia chegou por trás dele, parecendo muito agitada.
- Elas não estão nos quar... Ah, estão ai? Já? – perguntou espantada. – Ou ainda? – fechou a cara.
- Ah, eu chamei elas pra cá – Gilberto contou. – Estou contando da quadra... Podemos levar a Sam pra conhecer o jogo hoje, vai ser divertido.
- Sei... – ela resmungou em dúvida, tentando olhar para Laura, que não conseguia manter os olhos abertos.
- Eu já coloquei a mesa do café – Gilberto informou para mudar o rumo da conversa.
Laura pulou tão rápido da rede, que derrubou Sam.
- To louca de vontade de tomar o seu café! – ajudou Sam a levantar.
- Que boa notícia! Você sabendo o motivo da loucura quem sabe não ajude a resolver o problema, né! – reclamou limpando a calça.
- Laura Sanches! – dona Letícia falou alto, com as mãos na cintura.
- Ui, nome inteiro é grave! – falou agarrando o braço do pai.
- O que aconteceu com a sua camisa?
Laura se olhou, procurando algo errado. Até que encontrou o enorme rasgo nas costas. Ao imaginar onde poderia ter ocorrido o acidente tentou encontrar uma desculpa e começou a rezar para que a mãe não visse o retalho que deveria estar pendurado na grade.
- Ah há! – gritaram os gêmeos, exibindo o pedaço de pano na mão. – A gente disse que ia tirar um pedaço da sua camisa sem você ver!
A história deles convenceu dona Letícia, que só resmungou um “pestinhas!” e seguiu o marido para a cozinha. Ao passar por eles, Laura deu uma piscada e ouviu o preço:
- Cinema – murmurou Mateus.
- E McDonalds – completou Marcos.
- Chantagistas – resmungou Laura.
O resto da manhã passou sem muitos incidentes, algumas artes, alguns gritos, marcação cerrada... Resolveram almoçar na pousada e antes de sair, Sam foi buscar sua bolsa no quarto de Laura.
Parou mais uma vez para olhar as telas. Era um material de muita qualidade, uma combinação de cores expressiva, traços bem marcados, chamava a atenção, entretanto, por uma postura de quase desafio, que ela não notava nas telas mais antigas que também estavam pelas paredes.
- E então...? – Letícia, encostada no umbral da porta observava atentamente suas reações, buscando ler ali mais a fundo do que poderia ser expresso em palavras. A pergunta pareceu vir em tom carregado de ansiedade e... “ressentido?”, Sam se perguntou.
- Achei estas telas emocionantes... Comoventes – diante do olhar mais amistoso que recebeu, que pedia para ouvir mais, Sam sentiu vontade de contar. – Minha mãe era crítica de arte. Depois que ela morreu, eu sempre me refugiava no escritório dela e ficava lendo suas anotações. Sei de cor todas elas... Eu lia, relia, até que não precisava mais do papel, ai era só fechar os olhos e... Ouvir.
Letícia tinha se aproximado. Olhava para a mesma tela que Sam, uma que tinha pintado há mais de vinte anos.
- Que tipo de sentimento você lê nesta tela? – perguntou baixinho.
Sam olhou para ela, em dúvida sobre o que dizer. Optou por ser sincera, dizer o que captava.
- Medo, angústia e... Desejo.
Letícia não comentou. Deteve seu olhar na tela, nos elementos espalhados, nas cores que gritaram para sair. Respirou profundamente.
- Venha, filha... Vamos conhecer a pousada, tenho certeza que você vai gostar.
Fim do capítulo
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Zaha
Em: 20/05/2017
Boa tarde,Carla!Tudo bem?
Nossaa,morri com " Tá bom... Foi só uma ideia – virou as costas resmungando. – Vou arrumar uma cama para você no quarto dos meninos. Laura, meu anjo, deixe a porta do seu quarto trancada."
Nao posso com isso!! kkkkkk. Muito engraçado!! A sogra nao pode com a meiguice de Sam. Boa Sam!!! Aquele momento quando vc conhece a sogra e ela n gosta de vc...huahuahauha.
Sobre a tret aque rolou no orkut com suas amigas, por que nao manteve e resolveu fazer outra versao ? Eu final chegou e eu fiquei:Queria que mostrasse elas numa nova aventura,mas tudo termina um dia,mas estou ansiosa para conhecer o novo final. Foi massa a anterior tb.
Sobre sua resposta ao meu contário de Lupe,em minha opiniao e é o que faço,porque já aconteceu,qndo gosto de añguém,quero bem,quero ver feliz e dou todo meu apoio,nao importa quanto vou sofrer,estou ali,no caso que a pessoa queira ser minha amiga,como já passou que a pessoa pediu que eu ficasse porque queria ser minha amiga.
Bom,tem vezes que acontece o contrário,mas vai ser o mesmo,apenas acho que devemos sempre ser delicados e amável com o sentimentos alheio,nao importa o lado!!
Nao se preocupe, entendi,o ser humano é confuso!!:P
Revotril com Laura? Ela já é uma dopamina!!rs
Lindo finde pra você!
Obrigada pelos desejos!
Beijos
Resposta do autor:
Na primeira versão eu passei muito superficialmente pelo caso materno. Nessa aprofundei um cadim mais. No fim das contas, gostei dessas senhoras :-)
(que bom que entendeu aquela confusão toda. Ufa!)
IzaHass
Em: 23/05/2017
Lembro que quando li, na primeira versão, a revelação desse mistério que envolve Letícia, me surpreendi e fiquei com gosto de quero mais... Bom saber que agora essa estória vai render. Na expectativa... :)
Resposta do autor:
Eu tb fiquei com essa história enroscada na garganta na primeira versão. Nem consegui represar na segunda versão. Espero que vc curta o/
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Sem cadastro
Em: 20/05/2017
Boa tarde,Carla!Tudo bem?
Nossaa,morri com " Tá bom... Foi só uma ideia – virou as costas resmungando. – Vou arrumar uma cama para você no quarto dos meninos. Laura, meu anjo, deixe a porta do seu quarto trancada."
Nao posso com isso!! kkkkkk. Muito engraçado!! A sogra nao pode com a meiguice de Sam. Boa Sam!!! Aquele momento quando vc conhece a sogra e ela n gosta de vc...huahuahauha.
Sobre a tret aque rolou no orkut com suas amigas, por que nao manteve e resolveu fazer outra versao ? Eu final chegou e eu fiquei:Queria que mostrasse elas numa nova aventura,mas tudo termina um dia,mas estou ansiosa para conhecer o novo final. Foi massa a anterior tb.
Sobre sua resposta ao meu contário de Lupe,em minha opiniao e é o que faço,porque já aconteceu,qndo gosto de añguém,quero bem,quero ver feliz e dou todo meu apoio,nao importa quanto vou sofrer,estou ali,no caso que a pessoa queira ser minha amiga,como já passou que a pessoa pediu que eu ficasse porque queria ser minha amiga.
Bom,tem vezes que acontece o contrário,mas vai ser o mesmo,apenas acho que devemos sempre ser delicados e amável com o sentimentos alheio,nao importa o lado!!
Nao se preocupe, entendi,o ser humano é confuso!!:P
Revotril com Laura? Ela já é uma dopamina!!rs
Lindo finde pra você!
Obrigada pelos desejos!
Beijos
Resposta do autor:
Na primeira versão eu passei muito superficialmente pelo caso materno. Nessa aprofundei um cadim mais. No fim das contas, gostei dessas senhoras :-)
(que bom que entendeu aquela confusão toda. Ufa!)
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