- Bruna, olha pra mim. - Lívia pediu séria - Você não tá fazendo isso por ciúmes, né? Esse pedido não é pra suprir um capricho seu? 

 

- Não! - a ruiva respondeu rápido, mas Lívia revirou os olhos, não levando muito a sério - Ok, também é por isso, Lívia! - confessou sem jeito - Mas eu não menti, comprei essas alianças desde que nos reconciliamos, só estava esperando a hora certa. E não tem como não sentir ciúmes, por mais que você ache desnecessário, é outra mulher morando com você, e uma mulher que você já se relacionou. Será que você não consegue se colocar no meu lugar um pouco e tentar entender? 

 

Era uma pergunta retórica, Lívia entendeu isso, mas sentiu vontade de expor seu ponto de vista. Não queria dar um passo maior do que a perna apenas por um capricho de Bruna, por mais que a amasse e quisesse aquilo tanto quanto ela. 

 

- Eu estive nessa mesma posição por um tempo mais que suficiente, Bruna! Aliás, para mim era ainda pior, você era casada, e eu não tenho nada além de amizade com a Rafaela, é só... 

 

- Lívia! - a ruiva interrompeu parecendo irritada - Esquece a Rafaela! Eu acabei de dizer que quero ter um futuro com você, eu te pedi em casamento. Será que a Rafaela pode ficar de fora desse momento?

 

- Eu só não quero que você se precipite justamente por ciúmes da Rafaela, porque é por causa disso que você resolveu me pedir em casamento. - a morena se justificou.

 

- Lívia, meu amor, agora é minha vez de te pedir pra olhar para mim. - a ruiva teve seu pedido atendido e continuou - Talvez você tenha razão, mas não da forma que pensa. Eu resolvi fazer esse pedido agora por causa disso também, essa história toda de Rafaela só influenciou no momento em que resolvi fazer esse pedido. Mas não é, Lívia, nunca foi esse o motivo do pedido, você entende?

 

Lívia assentiu, mas ainda parecia um pouco receosa. Bruna segurou sua mão e continuou.

 

- O motivo desse pedido é e sempre foi você! - esclareceu sorrindo - O motivo desse pedido é o amor que você despertou em mim, Lívia. Esse sentimento tão bom de sentir, que me faz tão bem, que tudo que eu quero é viver sempre isso. Eu te amo demais, morena, e esse é o motivo que me fez comprar alianças mesmo sem saber quando iria entregar, esse é o motivo de eu estar aqui agora pedindo que você se torne a minha mulher!

 

A morena prestou atenção em cada palavra dita por Bruna, sentiu seu coração acelerar com a sinceridade da ruiva e por sentir que correspondia tudo aquilo na mesma intensidade.

 

- Tudo bem! - afirmou por fim.

 

- Isso é você dizendo que aceita casar comigo? - Bruna perguntou curiosa e rindo da forma como a morena falou.

 

Lívia pegou uma aliança e com carinho colocou no dedo da ruiva, dando um beijo em seguida. Esperou que Bruna repetisse o processo e voltou a falar.

 

- Você acha mesmo que eu recusaria um pedido de casamento feito pela mulher da minha vida? - aproximou-se de Bruna, passando a fazer um carinho singelo em seu rosto - Tudo que eu mais quero na vida é acordar todo dia e ficar te admirando enquanto dorme do meu lado. Eu te amo tanto que apenas expressar em palavras parece muito pouco!

 

- Você pode me mostrar de outros jeitos. - Bruna falou puxando a morena para um beijo cheio de amor e emoção.

As duas realmente acabaram não saindo do quarto tão cedo, fizeram amor até estarem exaustas e ainda dormiram um pouco antes de finalmente Lívia acordar a ruiva pois já passara da hora do almoço.

 

Com tudo aquilo acontecendo, só quando desceu para almoçar que Bruna lembrou-se que permitiu que Afonso saísse com sua avó. Ainda era cedo, mas a ruiva sentiu um aperto no peito ao pensar no filho e resolveu ligar para saber se estava tudo bem. Várias tentativas foram feitas, mas a ligação sempre chamava até cair, o que passou a preocupar ainda mais a mãe do pequeno.

 

- Amor, fica calma! - Lívia e Nina tentavam acalmar a ruiva, que já estava muito nervosa - Eu vou continuar ligando até ela atender, as vezes eles estão ocupados.

 

- Eu não deveria ter permitido isso! - falou agoniada - Meu coração está tão apertado, algo me diz que tem alguma coisa de ruim acontecendo.

 

Lívia continuou ligando incansavelmente, mas depois de tantas ligações estava começando a concordar com a ruiva. Aquele sumiço estava muito estranho.

 

- Já sei! - Lívia falou chamando atenção da agora noiva. - Vou ligar para o seu pai, talvez ele nos ajude.

 

Bruna concordou com ela e ficou atenta a conversa de Lívia com o sogro. Para sua tristeza, ele concordou que Eliana havia pegado o menino assim que o jogo de futebol dele acabou e que não fazia ideia de para onde eles foram.

 

- Ela fez tudo de caso pensado! - Bruna falou triste - Passou um mês se fazendo de boazinha para ganhar nossa confiança e agora está aprontando algo com meu filho, com certeza tem dedo do Eduardo nessa história.

 

- Também acho que tem, mas vamos tentar manter a calma, seu pai já está vindo para cá. Ele vai nos ajudar, meu amor, e logo nosso pequeno estará aqui com a gente. - falou segurando a mão da ruiva, que suava de nervoso.

 

Enquanto tentava acalmar a ruiva, Lívia continuou ligando incansavelmente para o celular de Eliana, que não atendeu nenhuma das ligações. Cada minuto que passava era uma eternidade para Bruna, que sentia-se desesperada só de imaginar que poderia perder novamente o filho que havia acabado de encontrar.

 

- Mãe! - a ruiva correu para os braços de Cristina assim que a viu entrando em sua casa, acompanhada do marido.

 

- Oi, minha filha, a gente chegou para te ajudar! - abraçou a filha tentando diminuir um pouco de seu nervosismo.

 

Todos se cumprimentaram e Nina pediu licença para preparar um café para eles.

 

- Vocês precisam me contar direito tudo que aconteceu. E acalme-se, minha filha, nós faremos até o impossível para trazer meu neto de volta!

 

- Nós estávamos conversando no quarto da Bruna quando o celular dela tocou e era a Eliana pedindo permissão para passar a tarde com o Afonso, ela disse que o levaria para o parque. - Lívia se prontificou a explicar, uma vez que Bruna estava muito nervosa - A Bruna deixou ela pegar o Afonso assim que acabasse o seu jogo e nós nos distraímos e depois voltamos a dormir em seguida. Só que isso já faz algum tempo e ela não deu notícias, então resolvemos ligar para a Eliana. Acho que já liguei mais de 30 vezes e nenhuma foi atendida.

 

- Isso só pode ser coisa do Eduardo, esse sumiço dele estava mesmo muito estranho. - Marco comentou.

 

- E agora, pai? E se ele fizer alguma coisa com meu filho?

 

- Eu vou contatar algumas pessoas, filha, ligarei agora mesmo para o secretário de segurança e sei que ele colocará os melhores homens à nossa disposição. Como eu disse, vou fazer até o impossível para que o Afonso volte para casa o mais rápido e em segurança!

 

- Viu, meu amor? - Lívia beijou a noiva - Daqui a pouco ele estará aqui correndo pela casa atrás do cachorrinho outra vez. Eu vou continuar ligando, tá?

 

A morena se afastou da ruiva e voltou a ligar para o celular da mãe de Eduardo, estava com esperanças de que ela ou até mesmo o filho atenderiam em algum momento.

 

De repente, ela já estava perdendo as esperanças quando escutou a voz de Eduardo do outro lado da linha.

 

- Atendeu! - ela falou, tampando o microfone, para chamar atenção de todos.

 

 

 

Eduardo escutou a buzina do carro da mãe e saiu para o quintal do chalé de sua família, onde estava ficando desde que descobriu que Marco Antônio estava em sua cola.

 

- Ele dormiu no caminho, tire ele do carro com cuidado! - a mulher ordenou.

 

Eduardo obedeceu a mãe e levou o menino para dentro do chalé, colocando ele deitado no sofá. Em silêncio, os dois foram para a cozinha.

 

- Obrigado, mamãe, pode ir que daqui eu assumo.

 

- De jeito nenhum! - a mulher negou - Eu estou tão encrencada quanto você e não vou te deixar sozinho com o Afonso, apesar de tudo, não quero que faça mal ao meu neto.

 

Eduardo gargalhou e revirou os olhos.

 

- Não venha fazer o papel de vovó dedicada, não para mim! - falou grosso - Ele é meu filho, faço com ele o que bem entender.

 

- Você disse que não machucaria o garoto, Eduardo. Eu só concordei em trazê-lo por causa disso!

 

Os dois pararam de conversar quando notaram Afonso chegando na cozinha com a cara amassada devido ao sono. O menino olhou para Eduardo e o reconheceu do dia em que esteve no orfanato.

 

- Oi, campeão, que bom que você acordou. - falou tentando se aproximar do garoto, que saiu logo de perto, com medo.

 

Eliana observou as atitudes do filho, ele parecia fora de si, dominado pela raiva e pelo rancor.

 

- Ei, não precisa ter medo de mim, cara. A gente pode ser amigos, não é?

 

Afonso olhou para Eliana, como se pedisse socorro com o olhar.

 

- Eduardo, dá um tempo para ele, depois vocês conversam.

 

Eliana tentou se aproximar do neto para tranquilizar a criança, mas foi empurrada pelo filho.

 

- Mãe, não se intromete nisso. Ele é meu filho! - falou gritando - Ouviu bem, Afonso? Eu sou seu pai! Sua mãe nunca te disse que você tem um pai, né? Sabe porque ela nunca disse, Afonso? Por que ela preferiu ficar com aquela vagabunda da Lívia!

 

O pequeno começou a chorar, encolhido perto da parede sem saber o que fazer.

 

- Vovó, eu quero a mamãe! - o menino implorou, olhando para Eliana.

 

- Esquece sua mãe, Afonso! - Eduardo falou amedrontando ainda mais o garoto. - Ele vai ficar sedado, não vou aguentar esse chororô o tempo inteiro.

 

- Eduardo, por favor, meu filho, não faça nada com o menino, ele não tem culpa dessa confusão que vocês arrumaram.

 

- Cala a boca, mãe! - gritou mais uma vez - E desliga essa droga de celular, não aguento mais!

 

O toque insistente do celular de Eliana estava irritando cada vez mais Eduardo, que já sentia vontade de jogar o aparelho longe.

 

- É a Bruna que está ligando! - falou chamando a atenção do filho e de Afonso - Ela está preocupada com o filho de vocês, Eduardo. Pelo amor de Deus, pensa bem no que vai fazer.

 

Eduardo ignorou as preces de sua mãe e tomou o celular de sua mão. Seus olhos brilhavam de raiva e seu sorriso mostrava o quão transtornado ele estava, assustando até mesmo sua mãe.

 

- Chegou a hora do show! - ele falou antes de atender o celular.

 

- Alô, Eliana?

 

Imediatamente, Eduardo reconheceu a voz de Lívia ao telefone.

 

- Não acredito! - falou debochado - Isso está ficando melhor do que imaginei.

 

Lívia tremeu do outro lado da linha, assim como Bruna, já que a morena havia posto a ligação no viva-voz.

 

- Eduardo? -  ela perguntou mesmo já sabendo da resposta.

 

- Sentiu minha falta, minha vadia preferida? - ele gargalhou debochado - Você achou mesmo que iria tirar minha família de mim, não é? Primeiro a minha mulher, agora o meu filho. Achou mesmo que iriam ser felizes para sempre depois de me descartarem?

 

Eliana finalmente conseguiu se aproximar de Afonso e abraçou o garoto. Quando o filho pediu ajuda para pôr esse plano em prática, ela não percebeu o quanto ele estava fora de si e agora ela temia pela vida de seu neto.

 

- O que você quer, Eduardo? - Bruna perguntou entrando na conversa.

 

- Meu amor! - Lívia revirou os olhos ao escutar e Bruna se limitou a não responder - Tudo que eu quero é a nossa família de volta. O nosso filho já está aqui comigo, só falta você para tudo ficar perfeito outra vez!

 

- Você ficou louco, Eduardo? - ela perguntou perplexa - Não existe família nenhuma, muito menos nosso filho, o Afonso é meu filho! Devolve meu filho, por favor, Eduardo. Se um dia você realmente me amou, não machuca meu filho.

 

- Eu jamais faria mal ao nosso menino, meu amor. Tudo que eu quero é que você venha nos encontrar pra gente retomar nossa família!

 

Na casa de Bruna, todos estavam apreensivos com aquela conversa. Lívia já tremia com o celular na mão, enquanto Bruna tentava se manter calma para conversar com Eduardo.

 

- Onde, Eduardo? Me fala onde vocês estão que eu vou!

 

Ele gargalhou, fazendo a ruiva se arrepiar de temor.

 

- Isso você vai ter que descobrir sozinha, meu amor!

 

Eduardo desligou antes que ela pudesse responder. Todos ainda estavam em choque na casa da ruiva. O olhar de Lívia estava perdido.

 

- Isso é culpa minha! - ela falou baixo, porém Bruna escutou.

 

- Ei, olha nos meus olhos, Lívia! - Bruna ordenou - Você não tem culpa nenhuma do que está acontecendo, ninguém tem culpa da loucura do Eduardo! Eu não quero que você fale isso nunca mais, entendeu?

 

- Mas, Bruna... - a morena calou-se sem saber o que falar.

 

- Você é minha mulher, e nem o Eduardo vai destruir isso. - falou, dando um beijo nela - Nina, pegue um copo d'água para ela.

 

Bruna sentou ao lado de Lívia, lhe abraçando, mas sua mente estava pensando onde Eduardo poderia estar com Afonso.

 

- Filha, você faz ideia de onde ele possa estar? - Cristina perguntou.

 

- Ele quer que você vá até ele, Bruna, então é um lugar que você sabe, pense um pouco, filha. - Marco Antônio acrescentou.

 

Bruna abaixou a cabeça, que já doía de tantos pensamentos. E, então, ela lembrou-se de um lugar e teve certeza que era onde encontraria seu filho.

 

 

- O chalé, pai! - falou alto, chamando atenção de todos - O chalé da família deles. Eduardo sempre me falou que um dia levaríamos nossos filhos lá, é lá que ele está com Afonso! 

Fim do capítulo