Capítulo 60

 

Carol demorou alguns segundos para atender o celular. 

 

-- O que tu tá querendo hein, maninha? -  disse se olhando no espelho. 

 

-- Carol você sabe onde está a Emily? 

 

-- Ué... A última vez que a vi, ela estava indo pra casa com a Anne. 

 

-- A Rebecca está desesperada querendo saber dela... Tem como você ir lá? - Luiza disse aflita. 

 

Carol franziu a testa. 

 

-- É tão importante assim? 

 

-- Sim, Carol. Por favor. 

 

-- Ok, Luh... Vou lá. 

 

-- Carol dirige com cuidado, sei que você aprendeu a dirigir a pouco tempo. 

 

-- Ok, Luh... Pode relaxar. 

 

-- Certo, vou esperar sua ligação, beijos! 

 

-- Beijos. 

 

Carol desligou e saiu do banheiro. Observou Vick que estava deitada na cama. 

 

-- Vick... Se arruma, vamos na casa da Rebecca. 

 

-- O que aconteceu? - perguntou ficando de pé. 

 

-- Sei lá... Vamos ver se elas estão bem... Parece que a Rebecca teve uma crise. 

 

-- Crise? 

 

-- Pois é...

 

-- Estranho... Tentou ligar para elas? 

 

-- Sim... Só está dando na caixa postal - disse pondo uma casaco - Vamos? 

 

-- Sim, amor.

 

Saíram e ficaram o caminho todo tentando ligar para Anne. 

 

*******

 

Anne estava tão nervosa, que havia esquecido o celular. Não lembrava nenhum número de cabeça, nada. Não sabia o que fazer. Lembrou-se que Érika tinha lhe dado o cartão pessoal. Pegou imediatamente do bolso da calça e respirou aliviada. Discou o número. 

 

Érika estava quase dormindo, enquanto Bia acariciava seus cabelos. O celular da loira começou a tocar, Bia atendeu rapidamente, não queria acordar a loira. 

 

-- Alô. 

 

-- Oi... Érika? - perguntou na duvida. 

 

-- Não, é a Bia. Quem é? - disse estranhando. 

 

-- Oi Bia... É a Anne - falou chorando. 

 

-- Anne! O que houve? - perguntou preocupada, percebendo que a jovem não estava bem. 

 

Érika abriu os olhos e encarou a mulher. 

 

-- A... A Emily... A Emily, Bia... - não conseguia parar de chorar. 

 

-- O que aconteceu com a Emily? Fica calma, Anne - Bia estava nervosa. 

 

Érika tomou o celular da esposa. 

 

-- Anne aqui é a Érika! Diz logo o que aconteceu e tente se controlar! - falou séria. 

 

Anne tentou segurar o choro. 

 

-- A Emily foi sequestrada - disse rapidamente. 

 

Érika arregalou os olhos. 

 

-- A Emily foi sequestrada? - falou para confirmar. Bia encarou a médica assustada. 

 

-- Sim! Foi... - voltou a chorar. 

 

-- Anne fica calma... Me diz onde você está - Érika tentava ser uma pessoa racional. 

 

Anne conseguiu dizer onde estava. Érika se despediu da jovem e correu para trocar de roupa. Bia a seguiu. 

 

-- Como assim a Emily foi sequestrada? 

 

-- Não sei exatamente o que aconteceu, Beatriz... Só sei que a Emily foi sequestrada, precisamos saber mais detalhes - disse vestindo a calça. 

 

-- Caramba, que absurdo! A Emily é só uma garotinha. Quem seria capaz disso? Tudo bem que ela é rica e tal...

 

-- Não foi por dinheiro... - Érika falou calçando o sapato. 

 

-- Mas o que mais séria? 

 

-- Vingança! - ficou de pé e encarou a esposa. 

 

-- Vingança? 

 

-- Sim, vamos! Depois eu te explico direitinho. 

 

Érika falou puxando Bia e saindo. A loira não demorou a chegar na delegacia onde Anne estava. 

 

A babá estava sentada em uma cadeira e de cabeça baixa, vez ou outra limpava as lágrimas que insistiam em descer. Érika e Bia a observaram, aproximaram-se lentamente cada uma sentando de um lado da loirinha. 

 

-- Anne... - Érika a chamou tocando em seu cabelo. 

 

A jovem encarou a médica, seus olhos banhados em lágrimas. Anne jogou-se nos braços da loira e chorou ainda mais. Érika esperou paciente até que a jovem babá ficasse mais calma. 

 

Demorou vários minutos, mas Anne conseguiu ficar mais calma. Afastou-se de Érika a encarando. 

 

-- Me sinto culpada - confessou. 

 

Érika negou com a cabeça. 

 

-- A culpa não é sua, Anne - disse suavemente. 

 

-- A gente não devia ter saído!

 

-- Me diz o que acontece, você já depôs? 

 

-- Ainda não... Eu estava muito nervosa, mal conseguia falar. Eles decidiram falar primeiro com o Luiz. Estou esperando para depor. 

 

-- Consegue me falar como aconteceu?

 

-- Acho que sim. 

 

-- Tente. 

 

-- A Emily queria ir no shopping comprar umas coisas, não iríamos demorar e de fato não demoramos. Não achei necessário que os seguranças fossem com a gente, afinal, nada de ruim havia acontecido durante todo esse tempo, mas hoje foi diferente - seus olhos voltaram a ficar úmidos - Ela estava me ensinando algumas palavras em português... Um carro atravessou na frente do nosso, impedindo nossa passagem e tinha um outro carro atrás, estávamos cercados, eu percebi que era algo grave quando eu vi aqueles homens todos encapuzados... Eles foram direto na Emily... Eu juro por tudo que é mais sagrado que eu tentei protegê-la - disse chorando - Mas era impossível naquele momento... Ver o desespero naquele olhinhos verdes.... Foi horrível... 

 

-- Imagino o quanto foi difícil pra você, Anne... Você tem que falar tudo para o delegado. Tudo que você conseguir lembrar... Bia fica com ela - falou se levantando e pegando o celular. 

 

Bia abraçou a babá e Érika afastou-se delas, discando um número conhecido. 

 

Carol dirigia atenta, seu celular começou a tocar e Victoria atendeu imediatamente. 

 

-- Érika! 

 

-- Oi Vick... Onde vocês estão? - perguntou séria. 

 

-- Estamos indo na casa da Rebecca, por quê? 

 

-- Victoria, estou na delegacia, a Emily foi sequestrada - Érika foi direta. 

 

Vick arregalou os olhos. 

 

-- O que?! 

 

-- Isso mesmo que você ouviu. 

 

-- Não pode ser... - a pediatra sussurrou. 

 

-- É sério, Vick! Precisamos avisar a Rebecca. 

 

Victoria suspirou. 

 

-- Eu aviso!

 

-- Não, deixa que eu falo com a Luiza. Vocês duas venham pra cá, vou mandar o endereço. Tchau, Vick. 

 

-- Tchau. 

 

Carol encarava a namorada. Percebeu que Vick não estava bem e estacionou o carro. 

 

-- O que aconteceu, amor? 

 

-- A Emily foi sequestrada. 

 

-- O que?! - disse assustada. 

 

-- Érika me mandou o endereço, vamos para lá! 

 

-- Mas como isso aconteceu? 

 

-- Eu não sei, Carol. A Érika não entrou em detalhes. 

 

A baixinha ficou pensativa. 

 

-- Tem dedo dela nessa história. 

 

-- Você acha possível? 

 

-- Sim, tenho certeza! Daniela vai usar a Emily para atingi-las. 

 

-- Por que ela não desiste, Carol? - perguntou angustiada. 

 

-- Porque a Daniela e uma maldita obcecada pela Rebecca e também pela Luiza. Ela quer acabar com a felicidade delas. 

 

-- Por que? 

 

-- É o único jeito dela se sentir bem... 

 

-- Mas por quê? 

 

-- Porque ela é louca, Vick! Agora vamos!

 

Carol deu partida no carro e as duas seguiram para a delegacia. 

 

**********

 

Emily havia parado de fazer escândalo depois que o homem negro ameaçou arrancar sua língua. A menina choramingava, tentando conter as lágrimas. 

 

André a observava do espelho retrovisor e sorria irônico. Não demorou para eles chegarem em uma casa que se encontrava na periferia da cidade. A casa parecia simples por fora, mas era um verdadeiro luxo por dentro. 

 

Daniela os aguardava ansiosa. Andava de um lado ao outro, apertando as mãos e mordendo os lábios. A morena ficou aliviada quando viu André entrando com um sorriso enorme. 

 

-- Pronto, minha delícia! Fiz tudo o que você me pediu. 

 

Logo atrás dele um outro homem vinha trazendo Emily pela manga do casaco. Quando a ruivinha viu Daniela, assustou-se e começou a tremer. 

 

A morena sorriu e aproximou-se da menina lentamente. 

 

-- Olá Emily... 

 

A ruivinha não falou nada. Estava com muito medo da mulher a sua frente. 

 

Daniela se agachou e segurou o rosto de Emily, fazendo a menina encará-la. 

 

-- Lembra das bruxas malvadas dos contos de fadas? - disse irônica - Eu sou muito pior que elas! Sei que você nunca gostou de mim e eu também nunca gostei de você. Odeio crianças! - cuspiu venenosa. 

 

Emily se encolheu. A menina morria de medo da morena.

 

-- Pode levá-la para o quarto e tranque. Depois eu irei me resolver contigo - disse ao homem que ainda segurava a menina. Ele não disse nada, apenas levou a ruivinha em direção ao quarto. 

 

Não demorou para o homem voltar. Daniela deu uma boa grana para ele, que saiu sem dizer uma palavra. 

 

André observava a jovem. 

 

-- Vai fazer maldade com uma garotinha dessas? 

 

-- Claro, porque eu não faria? - irônica 

 

-- Você é ruim mesmo! - disse rindo. 

 

-- Não tenha dúvidas sobre isso. 

 

-- Quanto tempo iremos ficar com ela? 

 

-- O tempo necessário para que a mãe dela sofra - falou com raiva. 

 

-- Já faz tanto tempo e você ainda é obcecada pela ruiva bonitona. Por quê isso? 

 

-- Não sei... Eu apenas sou. 

 

-- Isso vai te deixar melhor?

 

-- Claro - disse sorrindo - Será uma prazer ver a Rebecca e a Luiza sofrendo... Depois de me divertir muito...  A gente acaba com  a Emily - ficou séria. 

 

-- Não pretende devolvê-la? 

 

-- Nunca! - trincou os dentes - Nunca mais a Rebecca irá ver a filhinha amada dela... Eu mesma irei matá-la! 

 

André riu. 

 

-- Adoro esse seu jeito louco e decidido! 

 

-- Agora vamos esperar e nos divertir! - disse a morena triunfante. 

 

 

********

 

Luiza correu para atender o telefone. Imaginava que fosse Carol, mas ficou surpreendida ao escutar a voz da prima. 

 

-- Luiza, sou eu! A Rebecca tá perto de você? 

 

A jovem observou a ruiva, que a encarava ansiosa. 

 

-- Sim. 

 

Érika suspirou. 

 

-- Lu fica calma... Aconteceu uma coisa com a Emily. 

 

Luiza sentiu o coração acelerar, mas fez um esforço para não demonstrar. Érika foi direta e falou tudo que sabia. Rebecca observava a médica e percebeu que Luiza não estava bem. Esperou ansiosa que a jovem encerrasse a ligação. 

 

-- O que aconteceu, amor? - indagou nervosa. 

 

Luiza não sabia como falar sobre algo tão delicado para a ruiva, mas precisava agir. Respirou fundo. 

 

-- Rebecca eu estava falando com a Érika... Aconteceu algo... 

 

-- O que houve? - disse angustiada. 

 

-- Eu não sei uma melhor maneira de te falar isso... 

 

-- Emily! - disse alterada. 

 

-- Amor... Fica calma...

 

-- Diz logo, Luiza!

 

-- A Emily foi sequestrada!

 

Rebecca demorou alguns segundos para entender o que Luiza tinha dito. Sentiu o coração parar, seus olhos se encheram de lágrimas e sua visão foi escurecendo. 

 

Luiza foi rápida e segurou a ruiva pela cintura. Rebecca havia desmaiado, deixando a médica nervosa. Demorou alguns minutos para Luiza conseguir despertá-la. 

 

-- Diz que é um pesadelo, por favor... - Rebecca suplicava. 

 

-- Não fica assim, meu amor -  Luiza a apertava fortemente. 

 

-- Não pode ser...

 

Rebecca começou a chorar em desespero. Luiza não sabia o que fazer e preferiu esperar que a ruiva ficasse mais calma, isso demorou algumas horas. A médica percebeu que precisava acalmá-la, pois teriam que voltar para a casa. 

 

-- Rebecca... Temos um voo para daqui a três horas. Você precisa se acalmar, meu amor. 

 

Rebecca apertou ainda mais a mulher e ficou alguns minutos nesse abraço. Pensava em Emily, precisava ser forte, estava sendo difícil, mas a ruiva sabia que tinha que ser racional. Emily precisava de sua ajuda. Levantou-se decidida. 

 

-- Esquece o voo... Iremos no meu jatinho! É mais rápido e mais prático, dentro de duas horas estaremos viajando! 

 

Luiza ficou surpresa com o jeito decidido de sua mulher. Não disse nada, apenas fez o que a ruiva disse. Não demorou muito para elas estarem a caminho do Brasil. 

 

***********

 

Uma semana depois... 

 

 

-- Por que essa desgraçada não liga! - Rebecca gritou alterada. 

 

A ruiva estava desesperada. O que era perfeitamente normal, considerando que sua filha havia sido sequestrada a uma semana. Ninguém entrou em contato durante todo esse tempo. A polícia foi acionada, mas não conseguiram nenhum paradeiro sobre Emily. 

 

Rebecca mal se alimentava e Luiza tinha que forçá-la a comer. Não tinha um único dia que ela não chorasse no colo da médica. Luiza tinha que ser forte, pois também estava muito mal, amava Emily como se fosse sua própria filha. A mãe de Rebecca e os pais de Marcelo estavam na casa da ruiva. Todos esperavam ansiosos por alguma notícia sobre a garota. 

 

A ruiva tinha certeza absoluta que Daniela estava por trás dessa história. Haviam informado a polícia sobre suas suspeitas e eles começaram a investigar sobre a vida da morena, nada havia sido encontrado, nem mesmo Daniela e isso intrigou a polícia, que a intimou a comparasser na delegacia. 

 

Érika ficava indignada com a demora deles. Reclamava sempre com Bia. Estava preocupada com suas primas e com Rebecca. Luiza mal se alimentava e Rebecca estava no mesmo ritmo. A loira tinha que ficar no pé da prima para ela comer algo e sempre conseguia persuadir Luiza, falando que ela precisava ser forte para ficar ao lado de Rebecca. 

 

Luiza tentou acalmar a ruiva, mas de nada adiantou. 

 

--  O que essa maldita tá fazendo com minha filha? - Rebecca perguntava chorando. 

 

A médica abraçou a ruiva tentando lhe passar forças, não havia nada a dizer nesses momentos. Esperava que Daniela não tivesse feito nada de ruim com a ruivinha. 

 

********

 

Carol andava de um lado ao outro deixando Victoria nervosa. 

 

-- Carol fica quieta, por favor... 

 

-- Eu não consigo! É horrível ficar de mãos atadas! Me sinto sufocada! 

 

Victoria se levantou e abraçou a baixinha, fazendo leves carícias em seu cabelo. 

 

-- Você precisa ficar calma, meu amor.

 

-- Não consigo, Vi... Não me conformo de não ter conseguido localizar aquela louca! Eu sempre me senti tão superior a ela, mas agora... Sou um fracasso - falou tristemente. 

 

-- Não diz isso Carol, todas estão fazendo o melhor que podem... Nem a polícia conseguiu qualquer pista... Imagina você então. 

 

-- Eu não vou sossegar enquanto não ficar sabendo de nada. 

 

-- Você precisa descansar isso sim... Tem dias que não dorme direito. Estou de olho em você, não quero que tu fique doente. 

 

Carol percebeu a preocupação no olhar de sua mulher. 

 

-- Ok, amor... Prometo me cuidar melhor - disse sincera. 

 

-- Então vamos começar com você tomando a sopa que eu fiz. 

 

A baixinha fez uma careta. 

 

-- Aquilo é horrível, Vick! 

 

-- É uma sopa de legume, Carol... Isso costuma ser uma delícia, além disso, você tá precisando. 

 

-- Ahhh não Vivi... 

 

-- Nem vem com essa voz de bebê... Você vai tomar a sopa sim! - falou decidida. 

 

Carol fez um bico enorme. 

 

-- Tá... Você venceu - disse conformada. 

 

Victoria sorriu e deu um selinho na baixinha. Apesar da preocupação com Emily, ela sabia que todas precisavam se cuidar, principalmente Carol que tinha a  imunidade baixa. 

 

********

 

Daniela e André bebiam tranquilamente, enquanto Jonas andava de um lado ao outro nervoso. 

 

-- O que você pretende com isso? Que matar essa menina? - falou nervoso. 

 

-- Cala essa boca, Jonas! 

 

-- Essa garota precisa ser alimentada, Daniela! Como você acha que ela vai conseguir sobreviver com pão e água?! - disse angustiado. 

 

Daniela se levantou e fuzilou o jovem. 

 

-- Eu faço isso do jeito que EU quiser! Já disse pra você não se meter! - falou arrogante. 

 

-- É impossível não me meter quando você me envolveu nessa história até o pescoço! - se alterou. 

 

-- Pára com esse showzinho! - disse fria - Você vai fazer o que eu mandar e ficar pianinho, entendeu? - ameaçou. 

 

Jonas sentiu o sangue gelar. 

 

-- Tá bom, Daniela - falou vencido. 

 

-- Assim é bem melhor - voltou a sentar com um sorriso vitorioso. Pegou o celular - Hora de fazer o primeiro contato com a minha vermelhinha - falou irônica. 

 

André sorriu e Jonas ficou ainda mais nervoso. Daniela discou o número de Rebecca e esperou chamar. 

 

A ruiva estava sentada no sofá de cabeça baixa. Luiza estava ao seu lado segurando sua mão. Bia e Anne observavam as duas. Rosemary tinha ido descansar, assim como  os pais de Marcelo. Os policiais estavam conversando entre si. 

 

Rebecca estava fraca, seus olhos de mel haviam perdido boa parte do brilho, se não fosse Luiza não saberia como iria resistir. A ruiva sentiu seu celular vibrar e logo depois começou a tocar. Ela encarou Luiza que olhou para os policiais que fizeram sinal positivo. 

 

-- Atende, amor. 

 

Rebecca concordou e atendeu. 

 

-- Alô... - disse hesitante. 

 

-- Sentiu saudades, meu amor? 

 

Rebecca respirou fundo. 

 

-- Daniela... 

 

-- Olha só... Ela ainda lembra da minha voz - disse irônica. 

 

-- O que você quer, sua maldita?! - vociferou. 

 

A morena gargalhou. 

 

-- Uiii... Tá nervosinha? 

 

-- Desgraçada! O que você fez com minha filha?! 

 

Daniela parou de rir.

 

-- Acho bom você ficar calminha viu! Posso ser muito malvada,Você nem imagina. 

 

-- Por favor, não faz nada com minha filha - implorou. 

 

-- Acha mesmo que eu ainda não fiz nada com ela? 

 

A ruiva se desesperou. 

 

-- Você não ouse fazer nada com ela, entendeu?! Eu juro que te mato, Daniela! 

 

-- Não tenho medo de suas ameaças, Rebecca - disse séria - Depois a gente se fala, meu amor.. Um beijo nessa sua boca gostosa e manda uma lembrança minha pra sem sal da Ana Luiza - desligou. 

 

-- NÃO! por favor.... - Rebecca voltou a chorar. 

 

Luiza a abraçou e observou os policiais que fizeram sinal negativo, Daniela precisa ficar mais tempo na linha. 

 

Mais um dia se passou e Daniela não voltou a ligar. A morena era considerada foragida e todos estavam a sua procura. 

 

As meninas estavam reunidas na sala, era duas horas da manhã. Nem uma conseguia dormir. Não tinham mais esperança que Daniela fosse ligar e ficaram surpresas quando o celular da ruiva começou a tocar. Ela atendeu imediatamente. 

 

-- Nossa, que rápida - debochou a morena. 

 

-- Quero falar com a Emily! - exigiu. 

 

-- Não sei se você tá merecendo. 

 

-- Me deixa falar com a Emily, Daniela, por favor.

 

-- Assim é bem melhor... 

 

Daniela encarava a ruivinha que estava na sua frente. A morena entregou o aparelho na mão da menina.

 

-- Fale com sua mãe! - disse séria. 

 

Os olhos de Emily ganharam um brilho diferente. 

 

-- Mamãe... - disse com uma voz chorosa. 

 

-- Minha vida... - Rebecca falou emocionada. 

 

-- Estou com saudade, mamãe - a ruivinha observava a morena. 

 

-- Também estou, meu amor... Como você está? Ela te machucou? 

 

-- Sinto fome... E ela sempre me dá uns tapas, e eu nem faço nada. 

 

Daniela encarou a ruivinha ironicamente. Rebecca respirou fundo, iria acabar com a morena. 

 

-- Amor... Logo você estará em casa... Mamãe te ama muito. 

 

-- Também amo você, mamãe - disse chorando. 

 

Daniela arrancou o celular da mão de Emily e deu ordem para André levá-la de volta ao quarto. A ruivinha resistiu e gritou chamando pela mãe. Rebecca escutou os gritos da filha e se desesperou. 

 

-- O que você quer, sua maldita?! - disse chorando - não a maltrate... Você me quer? Eu fico no lugar da minha filha, mas por favor não a machuque. 

 

-- Até fiquei emocionada aqui - A morena falou irônica - Tenho uma proposta pra você.

 

-- O que você quer? Diz! Dinheiro? Não importa a quantia eu te dou.

 

-- Não se trata de dinheiro, Rebecca - falou com desprezo. 

 

-- Então do que se trata? 

 

-- Vingança! Eu nunca irei deixar você ser feliz... Principalmente com a Ana Luiza. 

 

-- Daniela... Eu me ofereço no lugar da Emily... Ela é apenas uma criança inocente... Se você quer se vingar, então que seja em mim. 

 

-- Patético esse seu discurso de boa moça... Mas eu aceito fazer uma troca. 

 

-- Ok, eu irei no lugar dela. 

 

-- Quem disse que eu quero você? - debochada. 

 

Rebecca sentiu o coração parar e imediatamente encarou Luiza, que a olhava preocupada. A ruiva entendeu o que Daniela queria.

 

-- Não... - disse desesperada. 

 

-- Eu troco a sua filha pela Ana Luiza... Mas dessa vez eu deixo você escolher... No passado eu não te dei essa oportunidade, ela foi dada a Ana Luiza ... Mas agora... Você escolhe!... A vida da sua filha pela vida Ana Luiza... Te deixo a vontade pra decidir. 

 

-- SUA DESGRAÇADA! EU TE ODEIO, DANIELA! TENHO NOJO DE VOCÊ... TENHO HORROR DE SABER QUE UM DIA EU ME ENVOLVI CONTIGO.... VOU ACABAR COM SUA VIDA! EU JURO! - Gritou histérica. 

 

-- Você tem até amanhã pra decidir, meu amor... Ou eu vou matar a sua adorável menina - desligou. 

 

Rebecca atirou o celular no chão e gritou, deixando todas assustadas. A ruiva entrou num estado de choro compulsivo. Não tinha forças, estava acabada, jamais conseguiria em sua vida decidir entre Luiza ou Emily, jamais conseguiria viver com o peso de sua escolha, preferia a morte. Seu mundo estava sem chão e Rebecca sentia um vazio dentro de si. Se a intenção de Daniela era acabar com ela, então ela havia feito isso com êxito, pois a ruiva sentia-se morta em vida. Tudo estava cinzas e talvez nunca mais voltasse a ter cor. 

 

Luiza ficou preocupada com a ruiva e por mais que tentasse acalmá-la, nada adiantou. Érika foi obrigada a dar calmante para a empresária, que depois de muito custo adormeceu. 

 

-- O que aconteceu pra ela ter ficado desse jeito? - Bia perguntou preocupada. 

 

-- Boa coisa não foi - Érika falou pensativa - Ela ficou transtornada... 

 

-- A Daniela tá conseguindo estragar toda a nossa vida - Luiza falou triste. 

 

-- Não fica assim Lu - Érika falou carinhosa. 

 

-- Olha o estado que ela conseguiu deixar a Rebecca... Eu não aguento mais. 

 

-- Luiza para já com isso - Carol falou seria - Agora temos que ser racionais... Se depender desse povo... - encarou os policiais - Nunca vamos achar a Emily. 

 

-- Ela tem razão! Bando de incompetentes! - Érika. 

 

-- Preciso resolver umas coisas e tentar entender - a baixinha falou se levantando. 

 

-- Onde você pensa que vai a essa hora? - Vick perguntou séria. 

 

-- Preciso pesquisar umas coisas, amor - disse beijando o rosto da pediatra - Depois eu volto. 

 

Carol saiu deixando as jovens perdidas em pensamentos.

 

Érika analisava a prima. Luiza estava com um semblante cansado. Seja lá o que Daniela tinha dito a ruiva, a loira tinha certeza que se tratava de Luiza, mas não quis dizer nada. 

 

Bia também estava preocupada com tudo que estava acontecendo, mas era a mais consciente de todas ali e sabia disso. Luiza não estava bem, muito menos Rebecca. Anne vivia chorando, Carol se culpava, Vick aparentava ser forte, mas também estava afetada, Érika apesar de aparentar frieza, não conseguia disfarçar nada para Beatriz. A loira estava sensível e triste. Bia era quem resolvia qualquer assunto, era a mais racional. 

 

Luiza observava a ruiva adormecida. Fazia leves carícias em seu cabelo. Rebecca parecia dormir tranquilamente, mas todos sabiam o que a ruiva estava passando. A médica chorava sozinha para demonstrar força diante de sua amada, mas isso estava ficando cada vez mais difícil. Se sentia mal em ver a dor naqueles olhos de mel e não poder fazer nada para mudar aquilo. Luiza só queria que Emily e Rebecca ficassem bem, apenas isso. 

 

*******

 

-- Eu daria tudo pra ser uma mosquinha e ter visto a cara da Rebecca quando eu falei sobre a troca - ria. 

 

-- Você é terrível, Dani - André se divertia com a felicidade da morena. 

 

-- Você ainda não viu nada, André! Esse jogo ainda não terminou. 

 

-- O que você pretende? 

 

-- Você logo saberá... Liga pro Jonas e pede para ele conseguir o número da Ana Luiza... Rebecca é frouxa demais pra fazer qualquer coisa, e eu sei que a doutora de quinta não vai titubear.

 

-- Ok Dani! - André se afastou e foi ligar para Jonas. 

 

-- Quando eu colocar minhas mãos em você... Tenho até um pouco de pena, Ana Luiza - disse rindo. 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo