Capítulo 59

 

Rebecca conversava com Carol e Vick, mas seus olhos não se desviavam do banheiro onde Luiza estava. A ruiva percebeu que a médica estava demorando. 

 

-- Vai atrás dela - Carol falou percebendo a ansiedade da ruiva. 

 

Rebecca mordeu os lábios. 

 

-- Ela tá demorando. 

 

-- Então vai lá - Vick falou comendo um salgadinho. 

 

-- É... Vou ver o que está acontecendo - disse se levantando - Já volto! - afastou-se caminhando em direção ao banheiro. 

 

-- Essas duas não se desgrudam - Carol falou divertida. 

 

-- A gente não deve nem fazer comentários em relação a isso - disse rindo. 

 

-- Verdade, amor! 

 

Daniela mirava a arma em direção ao reservado onde Luiza estava. A morena desviou os olhos por alguns segundos e observou o papel que estava no chão. Ficou pensativa e rapidamente teve uma ideia. Correu e destrancou a porta, tentou guardar a arma atrás de sua calça, mas percebeu que Luiza já estava saindo. A morena correu em direção ao reservado e o fechou rapidamente. Ficou um tempo tentando se acalmar. 

 

Luiza lavou as mãos e ficou um longo tempo lavando o rosto para tentar espantar o sono. Estava se enxugando quando escutou a porta abrindo. Sorriu ao ver quem era. 

 

-- Amor, por quê você demorou tanto? - Daniela reconheceu a voz da ruiva. 

 

-- Eu fiquei lavando a rosto e esqueci da vida, desculpa. 

 

-- Tudo bem... Acho melhor a gente ir... Estou com sono e amanhã a gente tem que viajar. 

 

-- Sim, amor! - Luiza falou se aproximando e a beijando. 

 

Daniela percebeu que as duas estavam se beijando, respirou fundo e contou até cem, não demorou para elas saírem. A morena abriu a porta devagar e observou, não havia ninguém. Caminhou em direção ao papel que tinha visto antes e guardou em seu bolso. Para Daniela a festa já tinha acabado. Mesmo tendo desistido de acabar com a vida de Ana Luiza naquele momento, a jovem sorria abertamente, já tinha outro plano em sua cabeça, melhor que o anterior, bem melhor. 

 

*********

 

-- O que você pretendia fazer? - Jonas perguntou nervoso.

 

-- Uma coisa que não te interessa! - Daniela falou ríspida - Agora eu tenho outras coisas em mente. 

 

-- Espera que não seja alguma loucura! 

 

-- Eu não prometo nada! - debochou. 

 

-- Por que você não fez nada hoje? 

 

-- Mudei de ideia - disse pensativa - Tenho algo bem melhor pra fazer! Burrice minha não ter pensado nisso antes. 

 

-- Cuidado, Dani - falou com carinho.

 

-- Achei que a Érika fosse me reconhecer, mas por sorte a Bia a chamou. 

 

-- Ufa, muita sorte mesmo. 

 

-- Também esbarrei na Karina... Ela me olhou de uma forma diferente, mas não disse nada. 

 

-- Você se arriscou muito... 

 

-- Eu precisava vê-las! Necessitava, depois de dois anos. 

 

-- O que você sentiu? 

 

Daniela se levantou e ficou olhando pela janela do hotel. 

 

-- Não foi um sentimento bom... Preciso falar com o André. 

 

Jonas arregalou os olhos. 

 

-- O que você tá querendo com esse maluco? 

 

-- Não te interessa, Jonas! Eu quero que você ligue para o André, diz que quero falar com ele, urgente! 

 

-- Ok, Daniela - desistiu de discutir com a morena. 

 

-- Bom garoto - falou irônica. 

 

Jonas não disse mais nada, apenas saiu deixando-a sozinha. 

 

**********

 

Luiza  foi no hospital, pegar alguns documentos antes de viajar. Estava saindo quando encontrou com Érika. 

 

-- Oi Lu -  a loira falou simpática. 

 

-- Oi Érika! - Luiza a abraçou apertado.

 

-- Já está pronta para a viagem? 

 

-- Já sim, vim apenas pegar alguns documentos - disse balançado os papéis. 

 

-- Você estava precisando de férias mesmo. Boa viagem! 

 

-- Obrigada, Érika! Eu estava precisando mesmo. Quero relaxar um pouco - falou animada. 

 

-- E pra que esses papéis? 

 

-- Irei estudar um pouco... - fez careta. 

 

Érika riu. 

 

-- Depois diz que quer relaxar... Uma vez nerd, sempre nerd! 

 

-- Ai Érika, isso é mais forte do que eu – disse rindo.

 

-- Entendo.

 

-- Como estão as coisas no hospital? 

 

-- Tranquilas... Estou me preparando para um operação bem complicada. Um tumor na cabeça. 

 

-- Eita, boa sorte na cirurgia. 

 

-- Obrigada! A Bia anda me enchendo, ela diz que eu também preciso de férias, quer viajar.

 

-- Ela tem razão! Você também precisa de férias.

 

-- Assim que eu tiver tempo. Iremos para o nordeste. 

 

-- É uma boa! - Luiza falou animada. 

 

-- Eu sei... Luiza... - a loira falou pensativa - Você viu alguém fantasiado todo de preto, com uma capa vermelha e de máscara? 

 

-- Não... Não lembro. 

 

-- Hmm... Tá bom. 

 

-- Por que? 

 

-- Só queria saber quem era, enfim, tenho que ir, o dever me chama. 

 

Se abraçaram mais uma vez e Érika se despediu de Luiza. 

 

*********

 

-- Por que eu não posso ir com vocês, mamãe? 

 

-- Já expliquei isso pra você, minha filha... Você tem que estudar e tem suas aulas de piano... Na próxima férias você irá com a gente. 

 

-- Tá bom, mamãe - disse com uma voz triste. 

 

Rebecca não aguentou e apertou a ruivinha a enchendo de beijos. 

 

-- Não fica triste, meu amor. Você ficará com a Anne e ela vai te levar em muitos lugares legais. Você poderá sair com sua tia Carol. 

 

-- Com a tia Carol? - falou animada. 

 

-- Yes!

 

-- Tá bom, mamãe... Espero que você e a tia Luiza se divirtam! 

 

-- Sim, amor... Vou comprar muitos presentes pra você!

 

-- Gostei disso! - disse sorrindo. 

 

Luiza não demorou a chegar. Almoçaram juntas e depois foram para o aeroporto. Rebecca fez várias recomendações para Anne, que sorria e concordava com tudo. Elas partiram animadas com a viagem. 

 

*********

 

Daniela andava de um lado ao outro, estava nervosa, sabia que Luiza e Rebecca já tinham embarcado. A morena parecia transtornada. Seus pensamentos foram cortados pelo som da batida em sua porta. Apressou-se em abri-la e sorriu ao ver quem era. 

 

-- Finalmente, André! - disse ansiosa. 

 

Ele sorriu. 

 

-- Parece que alguém estava com saudade - disse irônico. 

 

-- Não seja patético! 

 

André era negro e tinha a cabeça raspada. 

 

-- O cagão do Jonas disse que você queria falar comigo - falou se sentando em uma poltrona. 

 

-- Sim! Preciso da sua ajuda - Daniela sentou-se de frente para ele. 

 

-- Você sabe que meus serviços custam caro. 

 

-- O preço não é o problema. 

 

-- Ok, em quem eu preciso dar o fim? 

 

-- Preciso da sua ajuda em outra coisa. Para dar o fim nos meus inimigos, eu mesma faço. 

 

-- Sempre perversa! - falou rindo. 

 

-- Tem coisas que não mudam, meu querido. 

 

-- Somos da mesma raça, Daniela. 

 

O celular da morena começou a tocar ela levantou. 

 

-- A diferença entre eu e você é que... Eu sei usar isso! - disse apontando para a cabeça. 

 

Daniela se afastou e atendeu. 

 

-- O que você quer?! - disse estressada. 

 

-- O que você pensa em fazer?! - gritou. 

 

-- Cala essa boca, pois eu não sou surda! Não te interessa nada da minha vida! 

 

-- Daniela esquece essa vingança infeliz! Você tem grana, vai se divertir e aproveitar! 

 

-- Você não consegue entender né, Fernando... Eu não consigo! Eu vou acabar com elas! Esse é o único desejo que me move!

 

-- Você vai fazer merd*! Vai estragar tua vida! 

 

-- Minha vida já tá estragada, será que você não percebe? 

 

Fernando ficou em silêncio. 

 

-- Você devia estar do meu lado nesse momento. Toda essa família virou as costas pra você. Somos dois infelizes e você sabe disso! – falou a morena. 

 

Daniela percebeu que o jovem ficou afetado. 

 

-- Me ajuda, Fernando... Vamos fazer isso juntos, como sempre foi... - falou carinhosa. 

 

-- Esquece, Daniela... Tô fora. 

 

-- Quem ver pensa até que é um santo! - irônica. 

 

-- Faz o que tu quiser - falou conformado. 

 

-- Beleza, tchau. 

 

-- Tchau.

 

Daniela desligou. 

 

"Idiota! Era pra gente tá junto nesse momento! Fraco!"

 

Daniela ficou o resto do dia conversando com André. Ele riu do plano da morena, ela era realmente louca. Concordou com tudo que ela falava, iria ganhar uma grana preta e de quebra ainda ia se divertir muito com a morena, pois depois que Daniela acabou de explicar tudo os dois começaram um amasso que terminou na cama e depois de muitas horas.

 

********

 

Bia estava montando a aula do outro dia, as vezes se perdia observando a esposa, percebeu que Érika estava preocupada. 

 

-- O que você tem, amor? 

 

-- Não sei... Estou angustiada. 

 

Bia se levantou e sentou ao lado da loirinha, segurando em sua mão. 

 

-- O que houve? - perguntou preocupada. 

 

-- Sei lá, Bia... Eu sinto que algo ruim vai acontecer... É um pressentimento. 

 

-- Amor... Você precisa relaxar um pouco... Isso é estresse. 

 

-- Claro que não. Não sou de me estressar fácil. 

 

-- Imagina - Bia debochou. 

 

-- Tá, eu sou estressada - disse sorrindo - Mas esse não é o caso no momento. 

 

-- O que aconteceu pra você ficar assim? 

 

-- Nada... Ah, esquece isso. Como anda a escola? 

 

Beatriz a encarou desconfiada, mas decidiu amenizar o clima. 

 

-- Está tudo ótimo. Estamos nos preparando para um show! Confio nas minhas crianças! - falou animada. 

 

-- E eu confio em você, meu amor - Érika falou carinhosa. 

 

Bia tocou no rosto da loira. 

 

-- Parece um sonho eu ter você aqui comigo... Desejei isso por muito tempo. Você é tão perfeito, Érika. 

 

-- Não sou tão perfeita assim, Bia - falou sorrindo - E eu nunca imaginei que poderia te amar tanto... Mas eu amo! Você mudou tanto... Eu já te achava linda, mesmo sendo aquela maluquinha... Seu modo de viver sempre foi invejável, completamente nem aí pra nada, livre! Agora você é essa mulher maravilhosa, ainda continua a mesma maluca, mas agora tem responsabilidade, o que é algo natural da vida, nós amadurecemos. 

 

-- Você me fez uma pessoa melhor, Érika. 

 

-- Você também me fez uma pessoa melhor, Bia. 

 

-- Eu te amo, minha loirinha. 

 

Érika fez careta, odiava ser chamada de loirinha. 

 

-- Loirinha não! Também te amo, minha linda! 

 

Se beijaram com carinho e muito amor, aproveitando o resto da noite. 

 

********

 

Luiza e Rebecca haviam chegado de madrugada, mas já aproveitavam o dia para andarem por Roma. 

 

-- Aqui é tão lindo! - Luiza falou encantada. 

 

Rebecca observava a paisagem e o vento bagunçava seus cabelos ruivos. 

 

-- Já estive em muitos lugares... Os mais lindos e variados... Aqueles onde só ricos podem ir... Ilhas paradisíacas... Lugares luxuosos... Mas eu nunca me encaixei... Eu aprendi a fingir... Falsa felicidade... A verdade é que o melhor lugar onde estive, onde me senti acolhida, foi naquela pequena cidade, onde eu te conheci... Eu passei a viver de verdade naquela cidadezinha... Eu só queria ser uma simples menina, mas olha como as coisas são... Eu agora ocupo o lugar do meu pai. 

 

Luiza segurou a mão da ruiva. Rebecca a encarou. 

 

-- Você é maravilhosa, Rebecca... Você é uma mulher simples, mas deixou de ser aquela garotinha, crescer faz parte... Você criou responsabilidade. Eu te admiro muito... Não deve ser fácil cuidar de todas aquelas empresas, mas você faz isso de forma brilhante... Você é uma mulher poderosa mesmo, porque não é fácil... Eu amo você exatamente pelo que você é! 

 

-- Sinto-me envergonhada por ter humilhado tantas pessoas.

 

-- Errar também faz parte do amadurecimento. 

 

Rebecca sorriu e a abraçou. 

 

-- Sou tão feliz por ter você ao meu lado. 

 

-- Eu também sou muito feliz por ter você ao meu lado, minha poderosa. 

 

-- Minha médica gata!

 

As duas sorriram e continuaram a andar pelas ruas de Roma. Aproveitando cada momento. 

 

*********

 

Carol tinha ido pegar Emily e a levou na ONG. A ruivinha estava se divertindo com as outras crianças, que a olhavam de forma curiosa, afinal, era difícil ver uma criança ruiva e de olhos verdes. Emily era extremamente comunicativa e já havia feito muitos amiguinhos. Carol e Vick a observavam. 

 

-- Ela fala muito - Vick falou rindo. 

 

-- Sim, não sei pra quem puxou. A Rebecca era extremamente tímida e o Marcelo um tampado... Então óbvio que ela tem um pouquinho do meu "gêmeo" - Carol falou divertida. 

 

-- Gêmeo né - Vick revirou os olhos - Você não tem trabalho hoje? 

 

-- Sim, mas o Jonas resolveu sumir. 

 

-- Aquela sombra te largou. 

 

-- Pois é... Acho que tem mulher na parada. 

 

-- Eu nunca escutei ele falando de ninguém - comentou a pediatra. 

 

-- Nem eu... Mas vai saber né. 

 

-- Tia Carol - Emily a chamou -  Vem contar historinhas pra gente - falou animada. 

 

A  baixinha fez uma careta. 

 

-- Vai logo, amor - Vick disse carinhosa - Suas histórias são as melhores. 

 

-- Pra que eu fui inventar isso? - resmungou -  Tô indo, povo! 

 

Carol se sentou no meio das crianças e começou a inventar muitas histórias, todas eram divertidas. Victoria ficou a admirando. 

 

*******

 

As jovens levaram Emily e Anne para almoçarem numa churrascaria. Encontraram com Bia e Érika. 

 

-- Não acredito que a Érika teve tempo pra almoçar com a gente - Carol debochou. 

 

-- Pra você ver o quanto eu tenho o que fazer da vida - irônica. 

 

-- Uii que profunda - A baixinha debochou. 

 

-- Para com isso, Carol - Vick falou séria. 

 

Carol não disse mais nada, não queria estressar a jovem. 

 

-- Como está a escola, Emily? - Bia deu atenção a ruivinha. 

 

-- Está tudo ótimo, Tia Bia. Gosto muito dela. Minha professora disse que eu sou muito inteligente pra minha idade. 

 

-- Parece que alguém nasceu com o QI da Luiza - Carol falou divertida. 

 

O celular de Vick começou a tocar. 

 

-- Falando na pessoa... - Victoria falou observando o celular - Oi Lu... 

 

-- Vick, minha querida! - Luiza falou animada. 

 

-- Finalmente apareceu hein. 

 

-- Pois é... A Carol tá aí com você? 

 

-- Sim... Tá aqui essa coisa - falou encarando a baixinha que mandou beijinhos. 

 

-- Vocês estão com a Emily? 

 

-- Sim... Viemos almoçar juntas. 

 

-- Passa o telefone pra ela,  a Rebecca quer falar. 

 

-- Ok. 

 

Vick passou o celular para a ruivinha que sorriu animada. Luiza entregou o celular a Rebecca. 

 

-- Oi meu amor! 

 

-- Mamãe! - falou feliz. 

 

-- Como está a ruivinha mais linda de todas?

 

-- Estou bem... As tias estão me levando pra sair... Está tudo divertido! 

 

-- Me sinto uma velha em ser chamada de tia - Carol sussurrou para Vick. 

 

-- É normal, Ana  Carolina - Victoria respondeu divertida. 

 

Emily conversou por algum tempo com sua mãe e depois desligou animada. As jovens conversaram e depois cada uma seguiu seu caminho. A ruivinha voltou para a casa acompanhada de Anne. 

 

******

 

Carol estava atenta lendo seu mais novo trabalho. Seu celular tocou a distraindo. A baixinha atendeu sem saber quem era. 

 

-- Quem é? 

 

-- Sou eu, Carol. 

 

-- Fala, Jonas! Qual a boa? 

 

Jonas estava acompanhado de Daniela, que sorria ironicamente. 

 

-- Estou de boa e tu? 

 

-- Tô analisando meu mais novo trabalho. 

 

-- Difícil? 

 

-- Já tive piores. 

 

-- O que você fez o dia todo? 

 

-- Sai com as meninas. A gente foi levar a Emily e a Anne pra comer churrasco. 

 

-- Legal! - disse encarando Daniela - E quando elas voltam? 

 

-- Não tenho certeza... O importante é que todo mundo tá se divertindo. 

 

-- Entendo. Isso é bom! 

 

-- Pois é. 

 

-- Preciso desligar agora. Beijos Carol. 

 

-- Tchau, Jonas. 

 

O jovem ficou um tempo encarando o celular. 

 

-- Como sempre essa tampa não sabe de nada! - Daniela falou áspera. 

 

-- Acontece que quando elas vão voltar não é da conta dela. 

 

-- Tá... Cala a boca, Jonas... Pode ir... Agora tenho outras coisas em mente. Some! 

 

-- Vê lá o que você tá fazendo - disse sério. 

 

-- Some! - falou grossa. 

 

Jonas não falou mais nada e saiu, deixando a morena sozinha. Daniela estava pensativa, já sabia o que fazer só estava esperando o momento certo. 

 

*********

 

Anne estava estudando português. 

 

-- Anne... Você pode me levar no shopping? - Emily perguntou sentando ao lado da jovem. 

 

-- Agora? 

 

-- Mas são apenas 20:00.

 

-- Mesmo assim, meu amor. 

 

-- Preciso comprar umas coisas pra mim... Prometo que será rápido. A gente pode comer também. 

 

Anne ficou pensativa. 

 

-- Ok, mas não vamos demorar. Vou chamar o motorista. 

 

-- Eee! - apertou a babá - Adoro você, Anne! 

 

-- Também te adoro, minha linda! 

 

As duas não demoraram a sair, pois Anne queria voltar cedo. 

 

*******

 

Érika estava lendo, mas Bia tirou o livro de sua mão e a beijou com carinho. 

 

-- Você fica tão linda toda concentrada assim. 

 

-- Ai Bia... Devolver meu livro. 

 

-- Devolvo não... Agora sua atenção é toda minha! Vem... Fiz uma sopinha leve pra gente. 

 

Érika franziu a testa. 

 

-- Sério isso? 

 

-- Claro amor... Uma mãe de uma aluna me ensinou. 

 

-- Estou precisando de uma comidinha leve mesmo - disse sentando na mesa. 

 

-- As coisas estão complicadas no hospital? - perguntou pegando os pratos e talheres. 

 

-- Agora que a Luiza está de férias ficou um pouco mais complicado. Tenho mais coisas para fazer, mas eu não estou reclamando. 

 

-- Você também precisa de férias, meu amor. 

 

-- Eu sei... Quando a Luiza chegar eu vou pedir as minhas. 

 

-- Eu vi o recado de sua mãe... - comentou pegando os copos. 

 

Érika suspirou. 

 

-- Ela só me procura pra isso.

 

-- Pessoas como ela, só te fazem mal. 

 

A loira permaneceu em silêncio. Bia apertou a mão da namorada. 

 

-- Eu não vou deixar que essas pessoas te façam mal!

 

-- Isso deixou de ser importante há muita tempo - disse sem encará-la. 

 

-- Sei que você aparenta ser uma mulher forte, amor... Mas comigo você nunca precisará fingir. Eu sempre estarei ao seu lado. Estou aqui pra enxugar suas lágrimas, pra te escutar. Eu te amo, Érika. 

 

Loira ficou com os olhos lacrimejados. 

 

-- Obrigada por tudo, Bia - a abraçou apertado. 

 

--Obrigada você, meu amor. 

 

-- Ela ainda consegue me machucar de uma tal forma... 

 

-- Eu te entendo, Érika... Ela foi sua mãe por tanto tempo... Só não entendo a necessidade que essa mulher tem em te machucar. Fico indignada com isso! Se ela não tem a capacidade de ser feliz, ela que não fique querendo estragar a dos outros. Da próxima vez que ela vier te xingar de alguma maneira, ela vai ter o que merece. Você pode não ter coragem de falar qualquer coisa, mas comigo é completamente diferente. A Marta vai acabar escutando umas boas. 

 

Érika sorriu. 

 

-- Que mulher protetora essa minha. 

 

-- Não imagina o quanto... Por você sou capaz de tudo!

 

Érika a apertou ainda mais e ficaram por um tempo assim, agarradinhas. 

 

*********

 

Daniela esperava ansiosa pela ligação de André. A morena estava jantando em um restaurante, seus olhos não desviavam do telefone. Não percebeu que uma loirinha bem conhecida a observava.

 

Karina trabalhava no restaurante. Só percebeu a presença de Daniela após um tempo. Ficou perplexa, seus olhos de mel não desviavam da morena. 

 

Daniela percebeu que estava sendo observada e olhou em volta. Seus olhos castanhos se prenderam nos olhos de mel de Karina. A morena arregalou os olhos ficando surpresa. Não quis terminar de comer, pagou rapidamente e saiu quase correndo. 

 

Karina pegou o celular e ligou para Carol. A baixinha estava deitada assistindo filme com Vick, quando o telefone começou a tocar. Atendeu rapidamente. 

 

-- Oi ka. 

 

-- Carol preciso te falar uma coisa! - disse nervosa. 

 

A baixinha se levantou percebendo o nervoso da amiga.

 

-- O que aconteceu? 

 

-- Eu vi a Daniela! - disse direta. 

 

-- O que?! - se exaltou. 

 

-- Isso mesmo! Quando ela me viu saiu praticamente correndo. 

 

-- O que esse cão tá fazendo aqui?! - se perguntou. 

 

Vick ficou preocupada com a reação da baixinha. Carol fez sinal para ela esperar. 

 

-- Eu não sei, mas ela ficou bem nervosa quando me viu... - disse a loirinha. 

 

-- Karina, muito obrigada por me avisar. 

 

-- Nada, sei que isso é importante para vocês. Tenho que trabalhar agora, beijos Carol. 

 

-- Beijos, Ka! 

 

Carol ficou pensativa. 

 

-- O que aconteceu, amor? 

 

-- Karina me disse que viu a Daniela no restaurante...

 

Victoria ficou surpresa. 

 

-- Pensei que ela nunca mais fosse aparecer. 

 

Carol sorriu sem vontade. 

 

-- Difícil isso acontecer, Vivi... 

 

-- O que você acha que ela quer? 

 

--  Não sei, mas boa coisa não é! 

 

As duas ficaram pensativas imaginando o que a morena poderia estar aprontando. 

 

*******

 

Emily explicava algumas palavras em português para Anne. As duas já estavam voltando para casa. A ruivinha estava animada. De repente o motorista deu uma freada brusca assustando as duas. Anne preparou-se para questionar o motorista, mas logo avistou o carro que estava atravessado na rua impedido a passagem do veículo. A loira arregalou os olhos azuis assim, que viu cinco homens encapuzados e armados descerem do veículo. Ficou assustada e agarrou Emily fortemente. 

 

Os homens tentaram abrir a porta do carro, mas estava trancado apontaram a arma em direção ao motorista. 

 

-- Abre! - ordenou um deles. 

 

Emily tremia nos braços de Anne. O carro era brindado, mas o motorista sabia que isso não iria impedi-los por muito tempo, além disso, estavam cercados. Decidiu que seria melhor ceder e destravou o veículo. 

 

Os homens rapidamente abriram a porta do lado que Emily estava e a agarraram. Anne a apertou o máximo que conseguia, enquanto a ruivinha gritava chorando. 

 

-- No, por favor... Não a leve... Eu imploro - Anne falava chorando e misturando o inglês com o português. 

 

Cansado de toda aquela enrolação um negro alto acertou um forte tapa na face da babá, que soltou a ruivinha e gem*u de dor. 

 

-- Chega vadia! Melhor você ficar quietinha aí... Senão eu meto uma bala nessa sua cabeça! 

 

-- Não, Anne! - Emily gritou chorando e se debatendo nos braços de um deles. 

 

Rapidamente os homens entraram no veículo e partiram levando Emily com eles. 

 

Anne chorava desesperada. Rapidamente um tumulto se formou. A loira e o motorista foram levados a delegacia. 

 

*******

 

Rebecca estava tomando um copo com água quando sentiu um mal estar e deixou o copo cair se quebrando em vários pedaços. Luiza aproximou-se da ruiva. 

 

-- O que aconteceu, amor? - Luiza perguntou preocupada. 

 

-- Não sei... Senti uma coisa aqui - disse apontando para o coração - Um aperto tão grande - Rebecca estava lagrimando. 

 

-- Eii, não fica assim, minha princesa... Foi apenas um mal estar... Vai ficar tudo bem. 

 

-- Eu tenho que falar com a Emily! Preciso! - disse angustiada. 

 

-- Tudo bem, amor... Se for para te ver melhor...

 

Luiza seguiu em direção ao telefone e discou o número da casa da ruiva, mas ninguém atendeu. Estranhou e decidiu ligar para Carol. 

 

Rebecca estava aflita. Sabia que estava acontecendo alguma coisa. Seu coração dizia isso. Só conseguia pensar em Emily. 

 

*********

 

Daniela estava sentada em seu escritório. A jovem já havia sido avisada do sequestro da ruivinha por André. Sorria animada, enquanto bebia uísque. Seu olhos estavam fixos no papel que havia pegado quando estava no banheiro. Era uma pequena foto de Emily ao lado de Rebecca, as duas sorriam felizes. 

 

-- Qual a maior dor de uma mãe? - sorria - Quero ver você ser feliz agora, Rebecca! Você passará o resto da vida sendo uma mulher incompleta... Desejo que você e a Luiza sejam bastante infelizes, pois a Emily você nunca mais verá! Se é pra eu ser a vilã... Então que eu seja a melhor de todas! Um brinde a minha vitória! – disse estendendo o copo e bebendo em um gole só. 

 

Fim do capítulo