Despedida por Lily Porto
Hoje teremos a narração por um olhar novo...
Capítulo 43 - Lourenço
Que dia mais complicado. Não deveria ter saído da cama. Tudo de ruim aconteceu hoje, pra completar ainda estou dentro desse aparelho sem poder me mexer, não morri da pancada, mas imagino que minha mãe deva estar querendo me matar a essa altura.
Desculpem a minha falta de educação, cheguei reclamando do meu dia de merd*, como diria a Cléo, e nem me apresentei pra vocês. Eu sou Lourenço Gonçalves Pacheco. Irmão da Anna, e filho da Bárbara e da Carla.
Deixa eu contar um pouquinho da minha vida pra vocês, enquanto esse exame terrível termina. Eu nasci e cresci em Portugal, como vocês já devem saber.
Tive uma infância bem calma ao lado da minha irmã. Nossos pais de sangue ralavam muito pra nos dar uma vida confortável. Eles esperavam um filho, só quando eu nasci que o médico informou que éramos dois. Meu pai contava que quase teve um troço na hora.
O motivo para isso foi que devido as condições deles na época minha mãe não conseguiu fazer o acompanhamento médico necessário. Sem falar que morávamos no interior e tudo era muito complicado.
Minha mãe teve um parto difícil, ela não tinha passagem e o médico precisou fazer uma cesariana de emergência. E pouco menos de dois minutos que eu vim ao mundo a minha irmã nasceu.
Nossa infância foi maravilhosa como disse pra vocês. Nossos pais estavam na faixa dos seus vinte e poucos anos quando nascemos, eles fugiram para casar. Meu avô materno não aceitava o namoro, dizia que meu pai era um vagabundo, que estavas a iludir sua filha.
Eram só eles e nós. Meus avós paternos morreram quando meu pai era adolescente. Motivo que o levou a trabalhar desde cedo. Minha mãe fora criada apenas pelo meu avô, e como disse fugiu de casa para casar com meu pai.
Foram morar no interior porque o custo de vida era mais em conta. Alguns meses depois que casaram minha mãe engravidou de nós.
Eles nunca deixaram nos faltar nada, fomos muito felizes enquanto moramos com eles. Alguns anos depois que nascemos minha mãe ficou sabendo que meu avô tinha falecido.
Estávamos a caminho de Lisboa quando meus pais vieram a óbito. O ônibus em que estávamos faltou freio e caiu numa ribanceira, eles estavam sentados nas poltronas da frente e levaram uma grande pancada. Chegamos ao hospital sem saber que eles tinham falecido. Quando soube fiquei em estado de choque.
Daí em diante me tornei uma criança introspectiva, pouco tempo depois fui diagnosticado com depressão, a Anna segurou a barra de nós dois.
Algumas famílias até se interessaram em nos adotar, mas ao saber do meu diagnóstico desistiam. Passamos quase um ano no orfanato. Até a mãe Bárbara e a mãe Carla começarem a frequenta-lo e deixarem explícito o interesse na nossa adoção. Elas não ligaram para o meu problema. Muito pelo contrário, assim que a adoção foi concluída a mãe Bah me levou aos melhores profissionais de Lisboa.
Vivemos momentos muito felizes ao lado das nossas mães também, elas fizeram questão de nos matricular nas melhores escolas e nos dar tudo do bom e do melhor.
A minha afinidade sempre foi muito grande com a mãe Carla, ela tinha um jeitão de perua sabe, mas sempre nos demos muito bem. E ela sempre deixou muito nítida a preferência dela por mim.
A mãe Bah já era bem diferente, aquela mãezona, sabe? A que dá carinho o tempo inteiro. A que chora junto com a gente, a que faz questão de conhecer todos os nossos colegas. Ah e a que dava bronca também. E ao contrário da mãe Carla, apesar da boa condição financeira, ela sempre foi uma mulher de hábitos muito simples. E nunca demonstrou qual dos dois era o filho "preferido" dela.
Sempre nos tratou de maneira igual. Ela é a preferida da minha irmã, a Anna tem uma admiração enorme pela mãe Bah, não é que eu não tenha admiração por ela. É só que quando ela resolveu pedir o divórcio, eu conheci um lado da mãe Carla que nunca imaginei existir, quanto mais conhecer. Então de certa forma nesse momento a minha admiração pela mãe Bah diminuiu por fazer a mãe Carla sofrer daquela forma.
Daí as brigas entre nós passaram a ser constantes. Ela não brigava comigo, eu que esperneava, gritava, dizia um monte de besteira e ela ficava sentada olhando pra mim. Eu fazia isso por conta do sofrimento da mãe Carla. Não gostava de vê-la daquela forma, não queria que elas se separassem, e achei que agindo dessa forma pudesse fazê-la mudar de opinião quanto ao divórcio.
Mas esquecia que com aquele jeito de agir eu magoava a mãe Bah também. Hoje em dia estamos bem melhor. Quer dizer, acho que estamos. Eu andei me metendo com umas coisas erradas ai. E ela já deve estar sabendo.
Mesmo porque, outro dia respondi a Cléo muito mal, ela me leu inteiro. Nossa. O olhar dela era penetrante, parecia que ela estava lendo a minha alma. Ela citou algumas coisas das quais estava fazendo e eu simplesmente não aguentei a pressão.
Respondi ela de forma grosseira e sai. Bem provável que ela tenha contado a minha mãe o que eu fiz, e principalmente as suspeitas que ela anda tendo.
Ah, o que estou fazendo? Eu disse pra vocês que depois que meus pais biológicos morreram eu fiquei introspectivo. A depressão foi controlada, mas eu sempre vivi assim em Portugal, muito quieto, calado, totalmente tranquilo.
Tive uma adolescência bem calma. Minhas mães se separaram e eu fiquei em Portugal e a Anna veio para cá. Em uma das minhas visitas me apaixonei pela empresa em que a Cléo trabalha, ali eu me realizaria profissionalmente.
Conversado com ela resolvi aceitar o convite para vir morar aqui com a mãe Bah. Era só concluir mais um semestre e poderia começar o estágio.
Só que nesse meio tempo eu conheci uma galera bem animada, que me mostrou como é viver a vida. Confesso que estou realmente metido em coisas erradas, experimentei algumas drogas leves, mas isso não é a minha praia, sem falar que outro dia a mãe Bah me contou a barra que a Cléo passa com a mãe dela por ser dependente química.
Por mais que eu queira curtir a minha vida, não quero estragar a vida da minha família por conta das minhas loucuras. Nessa de curtir eu acabei perdendo o foco da minha vinda ao Brasil, que era o início da minha carreira profissional no estágio oferecido pela Cléo.
Ela andou me ameaçando, disse que com as minhas notas baixas provavelmente eu não conseguiria o estágio. Mas sabem de uma coisa, não estava nem mais preocupado com isso.
Sabia que de qualquer forma a mãe Bah ia dar um jeito pra que eu conseguisse um bom estágio. Quanto as minhas notas também não estou ligando, coisa mais chata passar o dia enfiado dentro daquela faculdade assistindo aquelas aulas insuportáveis.
O melhor mesmo era sair com a galera pra curtir e espairecer a mente. Hoje foi um desses dias. Não levantei com saco pra ir pra aula, a galera ligou me chamando pra dar um role.
Rodamos pela cidade, fazendo umas coisas. Na verdade, na hora em que perdi o controle do carro estava dando fuga aos meus amigos.
Eles assaltaram uma loja de conveniência, em plena luz dia. Parei pra abastecer e quando vi eles vieram correndo na minha direção e gritando pra que eu desse partida no carro.
Voltando ao acidente, estava me saindo até bem na direção. Mas ai fiz uma ultrapassagem com o sinal fechado e um carro bateu em cheio no meu.
Só me lembro de ter levado uma grande pancada na cabeça e acordar aqui nesse aparelho enjoado. Tô meio sonolento ainda. Dizem que a vida passa como se fosse um filme diante dos nossos olhos antes de morrermos, será que essa é a minha hora?
Pronto, acho que eu não morri. Isso aqui parece...um quarto. Acho que ainda estou no hospital. O médico disse que apesar da pancada, eu estou bem. Levei apenas alguns pontos na testa, e se entendi bem quebrei uma perna, vou passar a noite em observação e amanhã poderei ir embora.
Fim do capítulo
Bom dia meninas, hoje quem narra pra gente é um dos gêmeos, ele tem algumas coisas para nos contar...
Bjs.
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patty-321
Em: 16/05/2017
É Lourenço vc se perdeu de si mesmo. Terá uma segunda chance, já q vc tá vivo. Vamos ver se vc aprende com a dor, pq com o amor não deu. Bjs, boa semana.
Resposta do autor:
As coisas complicaram pra ele, parece meio perdido mesmo Patty. Mas como você disse a segunda chance ele recebeu. Agora basta que ele saiba utiliza-la da melhor forma. Vamos ver no que dá.
Se cuida, bjs.
Resposta do autor:
As coisas complicaram pra ele, parece meio perdido mesmo Patty. Mas como você disse a segunda chance ele recebeu. Agora basta que ele saiba utiliza-la da melhor forma. Vamos ver no que dá.
Se cuida, bjs.
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Bia08
Em: 16/05/2017
Bom dia, LiLy.
Que bom que o Lourenço está bem.
Mas acredito que essa atitude dele tenha resultado em sérias consequências .
Bjs
Resposta do autor:
Boa tarde Bia.
O Lourenço escapou mesmo viu. Quanto as consequências, eu creio que realmente existirão após esse ato dele... amanhã saberemos alguma coisa sobre isso.
Bjs, se cuida.
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