Capítulo 15
15.
O sol bateu suavemente no meu rosto, despertando-me do sono profundo. Esfreguei os olhos, ainda sonolenta, e virei-me para o lado. E lá estava ela. Claire dormia serenamente, os cabelos espalhados pelo travesseiro, ligeiramente bagunçados. Os seus olhos mantinham-se fechados, a respiração ritmada e tranquila. Os seus lábios carnudos, entreabertos, convidavam ao toque. Era uma imagem que eu já conhecia. Contudo, por alguma razão, naquela manhã, senti como se a estivesse a ver pela primeira vez.
O meu olhar percorreu o seu corpo coberto pelo lençol, e, num instante, as memórias da noite passada invadiram-me, fazendo-me prender a respiração. O calor subiu pela minha pele, e o desejo voltou a despertar de forma avassaladora. Engoli em seco, tentando ignorar as sensações que ameaçavam consumir-me novamente. Apressadamente, levantei-me, recolhi as peças de roupa espalhadas pelo chão e saí em direção à cozinha.
Queria surpreendê-la.
Queria prolongar aquele momento perfeito. Abri o armário, reunindo os ingredientes para preparar o pequeno-almoço. Tostei o pão, espremi laranjas para dois copos de suco fresco, cortei pedaços de fruta e organizei tudo cuidadosamente num tabuleiro. Cada detalhe importava. Queria que Claire soubesse, sem precisar de palavras, o quanto era especial para mim. Peguei no tabuleiro e voltei para o quarto, abrindo a porta com cuidado.
Ela ainda dormia.
Aproximei-me em silêncio e inclinei-me sobre ela, os meus lábios encontrando a sua pele quente. Depositei beijos suaves no seu rosto, no seu pescoço, deixando um sussurro junto ao seu ouvido:
— Bom dia…
Claire gem*u preguiçosamente, movendo-se ligeiramente antes de abrir os olhos verdes, ainda pesados de sono.
— Bom dia, amor… — Murmurou, alongando-se lentamente, o seu corpo movendo-se sob o lençol de forma hipnotizante.
Sorri, sentindo o coração apertar com carinho.
— Muitos parabéns! — Sussurrei, aproximando-me para beijá-la.
O seu sorriso foi a coisa mais linda que vi naquela manhã.
— Fiz o pequeno-almoço para ti. — Acrescentei, pegando na bandeja.
Claire ergueu-se um pouco na cama, olhando para o que eu tinha preparado.
— Não era necessário tudo isto…
— Claro que era. — Respondi de imediato. — Quero que te sintas especial. Quero que saibas o quanto és especial para mim. Mereces isto e muito mais.
Os seus olhos brilharam com algo profundo antes de sorrir novamente. Tomámos o pequeno-almoço na cama, entre risos e conversas leves. Era um momento simples, mas carregado de significado. Cada olhar, cada toque, cada gargalhada partilhada reforçava o que existia entre nós. E eu não queria que aquilo acabasse.
Depois de recolher os pratos, sentei-me na beira da cama, mordendo o lábio antes de perguntar, timidamente:
— Queres tomar um banho?
Claire inclinou a cabeça ligeiramente, os olhos dançando de malícia.
— Vais acompanhar-me?
A minha respiração falhou.
— S-se quiseres… — Gaguejei.
Um sorriso provocador surgiu nos seus lábios.
— Eu iria adorar.
Aproximou-se lentamente e mordeu o meu lábio inferior antes de se levantar. Sem conseguir evitar, os meus olhos desceram pelo seu corpo nu, absorvendo cada detalhe. O desejo reacendeu-se instantaneamente, fazendo o meu coração acelerar. Claire não demonstrava qualquer embaraço. A sua confiança deixava-me ainda mais rendida.
Ela estendeu-me a mão.
— Vamos?
Não respondi. Apenas apertei a sua mão e deixei-me guiar por ela. Assim que entrámos na casa de banho, Claire virou-se para mim e, sem hesitar, puxou-me contra o seu corpo quente. O choque da nossa pele nua fez-me suspirar. O seu toque queimava. As suas mãos exploravam-me com urgência, apressando-se a desfazer-se da pouca roupa que eu ainda usava.
Beijámo-nos com desejo, os nossos corpos colando-se ainda mais. Cada toque, cada movimento parecia incendiar-me por dentro. Entrámos na box, e liguei o chuveiro. A água quente escorreu pelos nossos corpos, misturando-se com os beijos, os toques, a excitação crescente. Claire pressionou-me contra a parede, os seus lábios deslizando pelo meu pescoço, descendo pelo meu colo, traçando um caminho de prazer que me fez gem*r.
Eu já não pensava em nada. Apenas sentia. E, naquele momento, não havia hesitação, não havia receio. Havia apenas Claire e eu. E tudo aquilo que nos pertencíamos uma à outra.
— Bih, almoças comigo? — Perguntou Claire enquanto se vestia, o seu tom suave, mas carregado de expectativa.
Observei-a por um instante, ainda deitada, apreciando cada movimento seu enquanto vestia a blusa, o corpo iluminado pela luz suave que entrava pela janela.
— Nós ainda temos algum tempo antes da festa começar. — Continuou lançando-me um olhar cúmplice. — A Mari mandou mensagem a avisar que a festa só começa às 15h, e ainda é meio-dia.
Sentei-me na cama, esticando os braços num leve espreguiçar.
— Por mim, tudo bem. Mas antes de irmos para tua casa, preciso de passar na minha primeiro.
Claire parou de ajeitar o cabelo e virou-se para mim, curiosa.
— Por alguma razão em especial?
— Preciso de trocar de roupa… e de cumprimentar o meu primo. Prometi à minha mãe que o ia ver antes.
Os olhos dela brilharam com reconhecimento.
— O teu primo de Inglaterra?
Assenti.
— Sim, o Phil. Ele é um pouco tagarela, já estou a preparar-me mentalmente para um interrogatório.
Claire sorriu, parecendo genuinamente interessada, inclinando-se de seguida para me roubar um beijo breve.
— Tenho a certeza de que ele vai gostar de te rever. — Murmurou, pegando na bolsa. — Agora vamos almoçar? Estou a morrer de fome.
Ri, sentindo a leveza do momento.
— Sim, vamos antes que desmaies aqui no quarto.
Claire revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o sorriso enquanto saíamos juntas, de mãos entrelaçadas.
Depois do almoço, sentia-me um pouco cheia devido à Paella. O peso agradável da refeição contrastava com a leveza do momento ao lado de Claire. Caminhámos de volta para o apartamento e, sem perder tempo, seguimos diretamente para a garagem. Montei na moto e dei o arranque, sentindo Claire segurar-se firme a mim enquanto nos dirigíamos para minha casa.
Assim que chegámos, tirei o capacete, imitando Claire, que fez o mesmo. Caminhámos juntas em silêncio, a familiaridade dos nossos gestos criando uma espécie de bolha confortável ao nosso redor. Porém assim que abri a porta da entrada, algo quebrou essa tranquilidade. O som de vozes vindo da sala de estar fez-me franzir o cenho. Pousei o capacete sobre a mesinha e segui diretamente para a sala, sentindo Claire acompanhar-me de perto.
E foi então que parei abruptamente. Claire, distraída, esbarrou nas minhas costas, murmurando um "Ai, Bih", mas eu já não conseguia reagir. A confusão instalou-se no meu pensamento no instante em que os meus olhos se cruzaram com um olhar castanho, um olhar familiar.
Ashley.
O seu sorriso surgiu de imediato, e aquilo só me fez sentir um nó no estômago. Senti um movimento ao meu lado e, por instinto, olhei para Claire. O seu rosto estava fechado. Contudo não era só irritação. Era algo mais. A forma como os seus olhos se fixaram em Ashley, como a mandíbula se contraiu ligeiramente, como os dedos das mãos se apertaram discretamente, todos sinais de que algo se passava dentro dela. E esse silêncio dela incomodava-me ainda mais. Engoli em seco e tentei apressar-me a explicar, sentindo um desconforto insuportável crescer dentro de mim.
— Eu… eu não sabia que ela também vinha…
Claire desviou o olhar de Ashley e encontrou o meu. No entanto não disse nada. Apenas me estudou. A tensão no ar era palpável. Fiquei ali, presa naquele olhar dela, tentando compreender o seu silêncio. Até que a voz da minha mãe quebrou aquele instante sufocante.
— O que estão a fazer? Venham, entrem.
O meu corpo reagiu antes da minha mente, movendo-se automaticamente para dentro da sala. Mas cada passo parecia um erro. À medida que me aproximava do meu primo, senti a indignação crescer dentro de mim.
Phil.
Claro que isto tinha dedo dele. Quando cheguei perto, forcei um sorriso tenso.
— Como estás, Bia? — Perguntou ele, em inglês, com um sorriso que parecia forçado.
Abracei-o por obrigação, sentindo os seus braços tensos ao meu redor.
— Bem… — Murmurei secamente.
Assim que me afastei dele, a voz da minha mãe soou novamente, sem noção alguma da carga emocional presente no ambiente.
— Beatriz, já conheces a Ashley?
O meu estômago revirou-se.
— Sim, já. — Respondi, tentando parecer natural, cumprimentando-a rapidamente.
— Como estás? — Perguntei, sem emoção.
— Tudo bem… — Respondeu ela, o sotaque carregado tornando-se ainda mais irritante aos meus ouvidos.
Todavia antes que qualquer outra troca de palavras acontecesse, a voz de Claire cortou o momento.
— Não me vais apresentar, Bih?
O tom dela era estranho. Suave demais. Desviei o olhar para ela, tentando decifrar o que se passava na sua mente. Mas a sua postura continuava calma. Excessivamente calma. Claire sorriu de leve, mas havia algo nos seus olhos que me deixava inquieta.
— Sim, claro… — Engoli em seco, tentando recompor-me. — Claire, este é o meu primo Phil.
Os dois trocaram um breve aperto de mão, trocando algumas palavras educadas em inglês. Depois, olhei na direção de Ashley.
— E esta é a Ashley.
Observei tensamente enquanto ambas se cumprimentavam. A forma como Claire manteve o seu olhar fixo em na outra durante um segundo a mais do que o necessário me deixou desconfortável. O seu sorriso era polido. No entanto os seus olhos… Esses carregavam um desafio silencioso.
— Claire, minha querida, muitos parabéns! — A voz da minha mãe soou, quebrando a tensão.
Ela aproximou-se para beijar Claire no rosto, e esta sorriu educadamente.
— Muito obrigada.
Aproveitei a deixa para tentar sair dali.
— Bem, eu vou trocar de roupa para sairmos. Ficas aqui à espera? — Perguntei a Claire apressadamente.
Porém antes que ela pudesse responder, a voz da minha mãe interveio novamente.
— Beatriz, por que não levas o teu primo e a Ashley para a festa?
O meu coração falhou uma batida. Pisquei, perplexa, sem saber o que dizer. Phil sorriu de canto, Ashley manteve-se impassível, mas senti o seu olhar em mim.
— Acho que a Claire não irá importar-se, não é, minha querida?
Engoli em seco e virei-me para Claire, esperando que ela recusasse. Porém, para minha surpresa, Claire sorriu.
— Claro que não. Será um prazer tê-los na minha festa.
O seu tom era gentil. Todavia eu conhecia-a bem demais para ser enganada. Esta virou-se para Phil e Ashley, convidando-os diretamente.
— Acho que vocês vão-se divertir bastante. Vou adorar ter-vos lá.
Os seus olhos encontraram os meus rapidamente, apenas por um segundo, suficiente para eu perceber que aquilo não era apenas um convite cordial. Ela queria ver até onde isto ia. Suspirei e caminhei apressadamente para o meu quarto. A confusão na minha mente aumentava a cada passo. Ashley estar ali não fazia sentido. E o facto de Claire não reagir como eu esperava deixava-me ainda mais inquieta.
Quando desci as escadas novamente, pronta para sair, vi os três a conversarem na sala. E, pela primeira vez desde que chegámos, Claire parecia genuinamente confortável. Ela ria de algo que Phil tinha dito, e Ashley observava a interação com um pequeno sorriso.
O que se passava ali?
Aquela proximidade repentina fez-me sentir um nó no peito. Assim que me viram, levantaram-se.
— Vamos? — Perguntou Claire, com um olhar enigmático.
Assenti, sem dizer nada. Caminhámos até à porta, e Claire roçou a sua mão na minha enquanto andávamos lado a lado. A vontade de segurá-la foi imediata. Contudo algo dentro de mim hesitou. Porque, pela primeira vez, eu não sabia o que se passava no seu pensamento. E isso assustava-me.
Assim que chegámos ao destino, Claire tocou à campainha, e Mari abriu-nos a porta. O seu sorriso desfez-se no instante em que os seus olhos pousaram no grupo que a acompanhava.
— Acho que estou apaixonada… — Murmurou, deixando-me intrigada.
Segui o seu olhar e percebi que estava fixado em Phil. Claire gargalhou, claramente divertida, e apressou-se a entrar.
— Mari, ele não fala português.
— Não?! Ainda bem, seria embaraçoso se ele me tivesse ouvido… Bia, eu nunca te peço nada, mas desta vez ajuda-me com o inglês, sim? — Pediu, num tom quase suplicante.
Ri e acenei a cabeça.
— Tudo bem…
— Quem é a garota ao lado dele? — Perguntou, subitamente interessada.
— Ela chama-se Ashley. É amiga dele…
O sorriso de Mari desapareceu de imediato. Observou os dois por um momento, depois examinou-me com atenção, os seus olhos arregalaram-se.
— Eu não acredito! Convidaste a tua ex-namorada para o aniversário da tua atual?!
O tom de Mari era uma mistura de choque, escândalo e puro julgamento. Revirei os olhos.
— Ela não foi minha namorada…
Mari cruzou os braços, inclinando ligeiramente a cabeça, com a expressão de quem estava prestes a dar uma palestra.
— Desculpa, deixa-me reformular para ver se soa menos absurdo. Convidaste a tua ex-ficante, rolo, enrosco, ou seja, lá o que foi para o aniversário da tua namorada oficial?!
Suspirei, impaciente.
— Eu não a convidei. A Claire convidou.
O queixo de Mari caiu dramaticamente, e por um segundo, achei que ela ia cair para trás.
— Ah tá. E tu achaste que isso não teria mal nenhum?! Tipo, "ah, vamos ignorar o elefante na sala e fingir que uma fatia de bolo resolve rivalidades emocionais!"
O sarcasmo escorria das suas palavras, e eu sabia que não ia sair ilesa desta conversa.
— Mari…
— Bia, por amor de Deus! Queres também oferecer-lhe um lugar de honra na mesa e um brinde especial com direito a discurso?! "Ashley, obrigada por apareceres para tornar esta noite ainda mais embaraçosa!"
Fechei os olhos, respirando fundo.
— O que querias que eu fizesse? A minha mãe sugeriu, e antes que eu pudesse dizer algo, a Claire convidou.
Mari arqueou uma sobrancelha, os braços ainda cruzados.
— E tu não achaste estranho?! Tipo, nada suspeito?! A Claire, a mesma que te agarrou numa boate só para mostrar domínio territorial, agora resolve que a tua ex-ficante é super bem-vinda no próprio aniversário?!
Bufei, passando a mão pelo rosto.
— Eu não sei o que pensar, Mari. Mas acho que isso tem a ver com o meu primo…
Mari colocou as mãos na cintura e olhou para Phil, que estava alegremente entretido com algumas garotas.
— O teu primo é um gato, mas, sinceramente, ele é tão sem noção que se vendesse essa habilidade, ficava milionário.
Suspirei, olhando novamente para Ashley, que se mantinha tranquila, como se a sua presença ali fosse completamente natural.
— Que tal tentarmos ignorar que a minha ex-ficante apareceu na festa da minha namorada? — Murmurei, decidida a não dar mais importância ao assunto.
Mari revirou os olhos dramaticamente.
— Claro, Bia. Vamos fingir que isto não é o plot twist de uma novela mexicana.
Decidi não responder e, em vez disso, olhei ao redor. Mari tinha realmente caprichado na decoração.
— Já chegou mais alguém?
— Ainda não. Receber os convidados sem a aniversariante seria como abrir presentes de Natal no Halloween.
Soltei uma risada.
— Tens razão… — Murmurei, afundando-me confortavelmente num dos sofás.
Mari sentou-se ao meu lado, mexendo no celular.
— Onde foi a Claire?
— Não sei… deve ter ido mudar de roupa ou fazer alguma entrada triunfal.
No momento em que terminei de falar, senti braços rodearem-me por trás. O perfume familiar invadiu os meus sentidos antes mesmo de ouvir a sua voz.
— Convidaste muita gente, Mari? — Perguntou Claire, ainda com os braços entrelaçados no meu pescoço.
Mari, que até então mexia no celular, ergueu a cabeça lentamente, fitando Claire com um olhar de quem foi apanhada em flagrante.
— Não. Apenas conhecidos teus… — Disse num tom inocente.
Claire arqueou uma sobrancelha.
— Imagino… — Murmurou, com um tom desconfiado que me fez conter um riso.
A campainha soou, interrompendo o momento. Mari sorriu torto e ergueu-se num salto.
— Está na hora de ires receber os teus convidados.
Claire suspirou teatralmente, como se estivesse a caminho de um sacrifício.
— Até já, amor. — Sussurrou no meu ouvido antes de beijar levemente o meu rosto.
O calor subiu-me à pele, e eu sabia que estava a corar. Mari riu.
— Tens de aprender a disfarçar mais, Bia. Coras muito facilmente.
Levantei-me rapidamente e caminhei até à mesa, pegando um salgadinho para desviar a atenção. Em poucos minutos, a casa começou a encher. Observei os convidados, contudo não reconheci muitas caras. Dirigi-me ao bar e pedi um suco de laranja ao barman. Encostei-me a um canto, observando a multidão animada que já dançava, tentando distrair-me dos pensamentos que fervilhavam na minha mente.
Até que uma voz familiar soou atrás de mim.
— Queres dançar?
O copo nos meus lábios ficou suspenso no ar por um instante. Virei-me lentamente, tentando conter a irritação antes mesmo de vê-la.
Ashley.
Dei um gole demorado da minha bebida antes de responder, a minha voz saindo num tom firme e desinteressado:
— Tu sabes que eu não danço.
Ela sorriu, mas havia algo nos seus olhos que me deixou desconfortável.
— Pelo menos tentei… Ou estás preocupada que a tua amiga se chateie?
A forma como enfatizou amiga fez-me cerrar os dentes. Respirei fundo antes de ser direta:
— O que fazes aqui, Ashley?
O sorriso dela diminuiu ligeiramente, mas não desapareceu.
— Phil convidou-me, e eu aceitei. Sabes que adoro viajar…. Achei que esta seria a oportunidade perfeita para conhecer um novo país.
Inclinei a cabeça, cruzando os braços.
— Sim. Claro. Viajar até aqui, bem na altura do aniversário da Claire. Muito conveniente…
Suspirou, duvidando por um momento antes de continuar.
— Eu queria saber como estavas…
Engoli em seco, sentindo uma mistura de frustração e cansaço.
— Eu estou bem. Obrigada pela preocupação, mas podias ter perguntado pelo Facebook ou algo assim.
O brilho nos seus olhos vacilou, e pela primeira vez, vi uma pequena hesitação.
— Eu não te esqueci… — Murmurou. — O Phil achou que seria bom eu vir até cá. Achei que pudesse… ajudar a voltarmos.
O meu corpo ficou rígido. A minha mão apertou o copo com mais força.
— O Phil achou? — Repeti, com incredulidade na voz. — Eu não sei qual é a ideia dele, mas achei que já tinha sido bem clara contigo.
Ela baixou o olhar por um instante, mas logo ergueu a cabeça novamente.
— Foste… Mas o Phil disse-me que as coisas aqui estavam complicadas com a tua amiga…
O sangue gelou-me nas veias. Um frio subiu pela minha espinha.
— O quê?
Ela hesitou, contudo, manteve-se firme.
— O Phil achou que a tua relação com ela não estava tão estável quanto querias fazer parecer…
Ri, sem humor.
— O Phil achou muita coisa, pelo visto.
Passei a mão pelo rosto, respirando fundo antes de virar o olhar para o meu primo. Lá estava ele, rodeado por algumas garotas, rindo como se nada estivesse a acontecer. Completamente alheio à confusão que tinha causado.
— Eu namoro. — Afirmei, a minha voz cortante. — Não sabia que precisava de relatar cada passo da minha vida ao meu primo.
Ashley tentou sorrir, porém vi o conflito nos seus olhos.
— Não fiques chateada com ele…
A gargalhada seca escapou-me antes que eu pudesse evitar.
— Não fico chateada? Ashley, não é a primeira vez que o Phil decide agir como quer. Ele acha que pode brincar de cupido sem pensar nas consequências.
Ela desviou o olhar, mordendo o lábio, incerta.
— A culpa é minha. Eu é que fiquei iludida…
Suspirei profundamente.
— Sim, mas pelos vistos o Phil ajudou-te e incentivou-te nessa ilusão.
Ela abriu a boca para responder, mas fechei os olhos por um segundo e levantei a mão, interrompendo-a. Eu não queria ouvir mais nada.
— Vamos acabar com esta conversa. Aproveita a festa. Falamos noutra altura.
Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, virei-lhe as costas e caminhei novamente até ao bar. Sentia o peito apertado, o sangue a ferver nas veias, a respiração pesada. Essa conversa tinha deixado um gosto amargo na minha boca. Eu não queria que aquilo estragasse a noite.
Não ia estragar a noite.
Pedi uma caipirinha, tentando acalmar a tensão que se instalara dentro de mim. O álcool queimou-me a garganta quando dei o primeiro gole. Contudo não queimava o suficiente para apagar a inquietação que se espalhava pelo meu corpo.
Olhei em volta, à procura de Claire. Precisava vê-la.
E então vi-a entrar na sala.
O meu peito apertou de imediato. Ela caminhava abraçada a um rapaz de cabelo ruivo.
Quem é ele?
A pergunta ecoou na minha mente antes que eu pudesse processar qualquer outra coisa. No entanto antes que pudesse reagir… atrás deles, como um fantasma do passado que se recusa a desaparecer…
Michelle.
Os seus olhos encontraram os meus num instante. Um segundo congelado no tempo. E então, um sorriso cínico surgiu nos seus lábios.
Sarcástico.
Provocador.
Como se soubesse exatamente o que estava a fazer.
Como se já tivesse vencido um jogo que eu nem sabia que estava a jogar. O desconforto transformou-se em algo mais denso. Algo mais corrosivo. Algo que eu ainda não sabia nomear.
Mas que, com certeza, não era bom.
Fim do capítulo
Boa tarde gente
Alex e Michelle nos próximos capítulos irei começar a explicar o porquê deles rodearem a Claire. Se quiserem dizer o que acham desses dois gostava de ouvir as vossas teorias.
Aproveito para agradecer os comentários.
Beijos e boa semana para vocês
Comentar este capítulo:
Dudinha_CR
Em: 15/05/2017
Acho que a autora já conseguiu fazer todo mundo querer odiar a Clarie, caso faça a a Bih Sofrer. Não estraga a personagem não autora ...
Resposta do autor:
Eu não quero que odeiem a Claire rsrs
[Faça o login para poder comentar]
patty-321
Em: 15/05/2017
Não sei pq mas não confio totalmente na Claire.creio q ela ama a bih. Mas não acho ela muito madura, confiável. E esses irmãos q a rodeiam tb não são. Talvez ela tenha de envolvido com drogas. Bih ainda vai sofrer e a Ashley veio de longe para vê-la. Ah o.coracao, e traiçoeiro e desobediente. Bjs
Resposta do autor:
Vamos ver como as coisas se desenrolam
beijo
[Faça o login para poder comentar]
Julia_Sz
Em: 14/05/2017
Pra mim a Ashley é inofensiva, mas esse ruivo e principalmente a Michele não valem nada, vão aprontar alguma.
Essa Claire também hein, sabe das mas intenções e fica ali rondando, abre o olho Bih.
Beijos, não demora
Resposta do autor:
Esses dois vão aprontar sim e a Claire tem as suas razões que começaram a ser explicadas nos proximos capitulos
beijos :)
[Faça o login para poder comentar]
FahSwanMills
Em: 14/05/2017
Ninguém merece Ashley rodeando a Bih de novo, afff as pessoas gostam de viver na ilusão.
Sobre Alex não tenho uma opinião formada, mas essa Michele está mostrando que não presta e está de más intenções com Claire e está se não abrir os olhos vai perder o pouco que construiu com Bianca até agora, Alias elas irão conversar em algum momento sobre esse tempo que ficaram afastadas? Pq não entendi a Claire ter reagido com tranquilidade com Ashley, ela não sabe o papel desta na vida da namorada? Afinal elas nao parecem saber muito uma da outra nesse período em que estavam afastadas, A Bianca sabe um pouco e a Claire?
Resposta do autor:
Elas conversaram no capitulo 9 (se não estou em erro) sobre o afastamento da Bia e nesse mesmo capitulo a Claire interrogou a Bia sobre o envolvimento desta com a Ashley.
[Faça o login para poder comentar]
Japa
Em: 14/05/2017
Até que vai ser bom a Ashley por perto, pelo visto vai estragar o pouco que Bih conseguei com a Clarie ne autora? Sem falar que to achando que essa Clarie é uma sonsa! Vai ter que sofrer um pouquinho com a ex da Bih por perto.
Resposta do autor:
Acho que os irmãos irão estragar mais ;)
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]