Capítulo 14
14.
A faculdade tinha começado e, apesar de frequentarmos o mesmo estabelecimento de ensino, era raro cruzar-me com Claire devido às nossas diferenças de horários. O aniversário dela estava cada vez mais próximo, mas, com a adaptação à nova rotina, ainda não tinha pensado numa forma de celebrar esse dia especial.
Mari: Bia!!!! Sabes o que está prestes a acontecer?
Li a mensagem de Mari enquanto almoçava.
Eu: Estás a falar do aniversário da Claire?
Mari: Sim!! E então, vamos organizar uma festa?
Eu: Já falaste com ela sobre isso?
Mari: Não. Não vale a pena, já sei a resposta. Por isso, nós duas vamos organizar um festão! Sim?
Eu: Desculpa, Mari, mas estou fora.
Mari: Como assim?
Eu: Já me comprometi a organizar a minha própria surpresa e, infelizmente, estou sem ideias. Para além disso, ando demasiado ocupada com o ténis, o karaté e a faculdade para te ajudar.
Mari: A culpa é tua por teres voltado a praticar karaté quando já tinhas o ténis. Que tipo de surpresa estás a pensar fazer?
Eu: Algo…
Mari: Muito específica… Tudo bem, se não queres participar, tu é que sabes…
Eu: Só me avisa em que dia estás a pensar fazer a festa, para a minha surpresa não ser no mesmo dia.
Mari: Tudo bem. Estou a pensar fazer no sábado, no próprio dia do aniversário.
Eu: Não! Eu vou fazer no sábado. Prepara a festa para o fim de semana seguinte.
Mari: Nem penses, Bia! Que piada teria de festejar uma semana depois?
Eu: Mari, nem penses.
Mari: Por que não aproveitas a sexta-feira, que será feriado, e organizas algo de sexta para sábado?
Eu: Mas para isso teria de esperar até à meia-noite para lhe dar os parabéns…
Mari: Aposto que as duas saberiam aproveitar bem essas horas antes das 12 badaladas.
Olhei para o ecrã do iPhone e ponderei a ideia dela.
Segunda-feira
— Mãe, como está a reforma do apartamento que vocês me ofereceram? — Perguntei casualmente.
A minha mãe levantou o olhar por cima dos óculos e respondeu sem hesitação:
— Acho que está tudo pronto. Só falta colocarmos o anúncio de arrendamento.
— Posso usá-lo na sexta que vem?
Ela arqueou uma sobrancelha, curiosa.
— Podes. O apartamento é teu. Até arranjarmos alguém para o arrendar, podes usá-lo. Posso pelo menos saber para quê?
Mordi o lábio antes de murmurar:
— Estava a pensar festejar o aniversário da Claire de sexta para sábado…
Ela observou-me atentamente.
— Tudo bem, vou dar-te a chave.
— Obrigada.
— Beatriz, não te esqueças de que o teu primo Phil chegará no próximo sábado.
O meu estômago revirou-se.
— Mas no próximo sábado é o aniversário da Claire, e a Mari está a pensar fazer uma festa… — Respondi sem pensar.
A minha mãe inclinou a cabeça, estreitando os olhos.
— Mas tu não acabaste de dizer que irás fazer uma festa de sexta para sábado no apartamento?
Engoli em seco.
— S-sim… — Gaguejei, tentando disfarçar o constrangimento. — De sexta para sábado será apenas nós as três, enquanto que no sábado será uma festa para o resto dos amigos da Claire…
Ela continuou a olhar-me, avaliando as minhas palavras.
— Vão dormir lá?
— Sim… era esse o plano. Depois, no sábado, iríamos para casa da Claire.
O seu olhar permaneceu fixo em mim por alguns segundos antes de finalmente assentir.
— Tudo bem, Beatriz. Mas lembra-te de passar por aqui para receberes o teu primo.
Quarta-feira
— Meu Deus, Bia, realmente tu és uma sortuda. — Comentou Mari, enquanto olhava em volta, admirada.
Já estávamos a meio da semana, e para minha infelicidade, ainda não tinha conseguido pensar em algo que pudesse realmente surpreender Claire. Por isso, combinei encontrar-me com Mari para que ela me ajudasse.
— Aposto que os meus pais não me teriam oferecido este apartamento se soubessem que eu ia estudar desporto.
— Nem toda a gente tem a sorte de ter uns pais como os teus.
Suspirei, sabendo que ela tinha razão.
— Vamos falar de coisas importantes? — Perguntou, sentando-se no sofá de couro preto. — Conta-me, o que estás a pensar fazer?
Mordi o lábio, hesitante.
— Eu tinha pensado num jantar… Mas não sei cozinhar…
Mari revirou os olhos dramaticamente.
— Bia, tu tens uma cozinheira. Podes perfeitamente pedir à dona Francisca que prepare algo. Além disso, há imensos restaurantes com serviço de entregas… Preciso de te explicar tudo?
— Já entendi… — Murmurei, sentindo-me estúpida por não ter pensado nisso antes. — Vou pedir à dona Francisca que prepare algo e ao Patrick para entregar.
— Enquanto isso, podias criar um clima romântico, com música de fundo…
— Achas que a Claire iria gostar?
Mari encarou-me como se eu fosse uma alienígena.
— Bia… onde está o teu lado romântico? Claro que ela vai gostar!
Suspirei, sentindo-me nervosa.
— Eu estou nervosa!
Mari sorriu, divertida.
— Dá para notar. Imagino como será na hora H.
— Hã!?
Ela cruzou os braços e encostou-se no sofá com um sorriso torto.
— Espero que tu não estejas a preparar isso tudo para depois fazerem uma luta de almofadas e irem dormir…
Abri a boca para responder, mas fechei-a de imediato. O calor subiu-me ao rosto, e Mari soltou uma gargalhada ao perceber o meu embaraço.
— Tu és mesmo um caso perdido…
Cobri o rosto com as mãos, rindo junto com Mari. No entanto, por dentro, só conseguia pensar numa coisa:
Desta vez, eu queria fazer tudo diferente.
Eu queria que a Claire soubesse, sem sombra de dúvidas, o quanto eu a queria.
— Tudo bem, Mari. Eu quero que seja especial… Mas estou um pouco perdida. Não sei o que fazer. Eu ainda sou vir…
— Virgem? — Interrompeu Mari, fazendo-me acenar com a cabeça.
Ela suspirou e ajeitou-se no sofá, avaliando-me.
— Queres que procure um filme lésbico com cenas de sex* para assistirmos?
Arregalei os olhos.
— Mari!
Ela riu.
— Calma, Beatriz, estou a brincar.
Suspirei, aliviada.
— Bia, tens de te acalmar. Se te preocupares demasiado com a tua falta de experiência, isso só vai prejudicar o momento.
Mordi o lábio.
— A Claire parece tão tranquila…
— E ainda bem! Imagina se as duas estivessem com o teu nervosismo? Iria ser um desastre.
Soltei um riso nervoso.
— Bia, apenas deixa-te levar. Relaxa e aproveita o momento. E aproveita também para usar a jacuzzi antes… pode ser que te ajude a descontrair. — Piscou-me o olho, divertida.
Seguindo os conselhos de Mari, comecei a preparar a noite com todos os detalhes que imaginei que pudessem surpreender Claire. Falei com a dona Francisca, passando-lhe uma lista do cardápio que serviria no dia seguinte. Decorei o apartamento com velas aromáticas e pétalas de rosa espalhadas cuidadosamente pelos cómodos, criando um ambiente acolhedor e íntimo. No quarto, fiz questão de tornar tudo ainda mais especial: lençóis suaves de seda, travesseiros macios e um edredom em tons quentes e sensuais.
Preparei a mesa com pratos sofisticados, talheres elegantes e um toque clássico. Por fim, selecionei uma playlist perfeita para a ocasião. Mari ajudou-me até ao último detalhe e, antes de sair, lançou-me um olhar cúmplice.
— Boa sorte, Bia.
E saiu com um sorriso malicioso.
Sexta-feira à noite
Ouvi a campainha tocar e corri até à porta. Recebi de Patrick os sacos com o jantar e levei-os até à cozinha, seguindo à risca as instruções da dona Francisca ao colocar a lasanha no forno. Olhei para o relógio.
20h00.
Acendi as velas pelo apartamento, deixando a luz suave criar um ambiente mais intimista. Quando Patrick me informou que já tinha chegado com Claire, dei mais uma vista de olhos ao espelho, sentindo o coração acelerar. Liguei a aparelhagem e deixei a voz de Sam Smith preencher o ambiente com "Writing’s On The Wall". Respirei fundo e encaminhei-me até à porta. Ao abri-la, fui recebida pelo sorriso iluminado de Claire. Ela entrou, fechando a porta atrás de si e, sem hesitar, capturou os meus lábios num beijo lento e envolvente.
Afastei-me apenas o suficiente para poder contemplá-la. O vestido simples que usava abraçava o seu corpo de forma perfeita, realçando cada curva.
— Estás com fome? — Perguntei, tentando conter a vontade de puxá-la para mais perto.
— Muita. — Sussurrou, os olhos presos nos meus.
O nervosismo apoderou-se de mim, fazendo-me suar. Respirei fundo e levei-a até à sala. Ao entrarmos, Claire parou, surpreendida com o cenário. A luz baixa, as velas espalhadas delicadamente pelo ambiente, a música suave a preencher o espaço.
— UAU! — Exclamou. — Realmente, tu esmeraste-te.
— Gostas? — Perguntei, ansiosa pela sua resposta.
Ela voltou-se para mim com um sorriso que aqueceu cada parte do meu ser.
— Adorei.
O alívio e a felicidade fizeram-me abrir um sorriso enorme. Puxei-lhe a cadeira e esperei que se sentasse. Fui até à cozinha e preparei as entradas, servindo-as com cuidado.
— Sangria? — Perguntei, enquanto enchia o meu copo.
— Sim, por favor.
Verti o líquido no copo dela e sentei-me à sua frente. O jantar seguiu num ritmo agradável, recheado de conversas, sorrisos e olhares roubados. Por fim, servi a sobremesa, uma mousse de chocolate com pedaços de morango.
Claire provou e sorriu.
— Estava tudo ótimo, mas duvido que tenhas sido tu a cozinhar.
Baixei a cabeça, envergonhada.
— Não fui… só meti no forno. O resto foi a dona Francisca.
Ela soltou uma gargalhada.
— Não tem problema. O que interessa é a intenção. E, sem dúvida, tu surpreendeste-me.
A felicidade aqueceu-me o peito. Levantei-me e comecei a recolher os pratos.
— Queres ver um filme?
— Pode ser… — Respondeu, caminhando até ao sofá.
Enquanto arrumava a louça, ouvi a sua voz vinda da sala:
— Este apartamento é fantástico. Aposto que a vista do terraço é magnífica.
Aproximei-me por trás dela. A brisa noturna envolveu-nos no instante em que saímos para o terraço. A lua refletia-se no mar ao longe, e a cidade brilhava como pequenas constelações espalhadas pelo horizonte. Claire aproximou-se da grade, apoiando-se nela enquanto contemplava a paisagem. A luz suave iluminava o seu rosto, destacando cada traço, tornando-a ainda mais hipnotizante. Aproximei-me lentamente, os meus passos leves sobre o pavimento. Sem dizer nada, envolvi-a pela cintura por trás, puxando-a delicadamente para mim. Ela relaxou nos meus braços. O seu perfume misturava-se com o cheiro da noite, criando um aroma viciante.
— Está lindo… — Murmurou.
— Sim… — Respondi, mas não estava a olhar para a vista.
Caminhámos lentamente pelo terraço, sentindo o vento tocar a nossa pele. Claire encostou-se ao parapeito, os olhos perdidos na imensidão do céu estrelado. A sua presença deixava-me em êxtase. Cada movimento dela, cada olhar, cada gesto me envolvia num misto de desejo e ternura.
— Nós nunca definimos a nossa relação como sendo namoro. — Comentei, chamando a sua atenção.
Ela virou-se para mim, um sorriso brincando nos seus lábios.
— Precisa?
O meu coração disparou. Engoli em seco e, num fio de voz, perguntei:
— Namoras comigo?
Claire não respondeu de imediato. Os seus olhos fixaram-se nos meus, brilhando com algo que não consegui decifrar. Então, em vez de palavras, sorriu e aproximou-se, roçando os seus lábios nos meus de forma lenta e provocante. O meu corpo reagiu ao toque dela antes mesmo de eu conseguir pensar.
— Bih…
O seu tom carregava algo diferente. Algo denso, intenso, carregado de sentimento. Levantei uma mão e acariciei o seu rosto, sentindo a suavidade da sua pele sob os meus dedos. Ela inclinou-se para o meu toque, fechando os olhos por um breve instante antes de os abrir novamente. Os seus olhos estavam fixos nos meus, e no instante seguinte, os nossos lábios encontraram-se.
Dessa vez, o beijo não foi suave.
Foi profundo.
Foi intenso.
Os meus dedos deslizaram para os seus cabelos, puxando-a mais para mim, enquanto as suas mãos encontravam o meu rosto. O mundo ao nosso redor desapareceu. Ali, no terraço, sob a luz da lua, tudo o que existia era Claire e eu. O desejo misturava-se com o amor, e naquele momento, soube sem dúvida alguma:
Não havia mais barreiras.
Eu estava pronta para dar a Claire exatamente o que ela queria.
Eu estava pronta para me entregar.
Beijei-a apaixonadamente, pousando gentilmente uma das minhas mãos na sua cintura e colando os nossos corpos. Ela correspondeu com a mesma intensidade, invadindo a minha boca com a sua língua quente. Deixei-me levar pelo sabor dela, pelo ritmo do nosso beijo, pela necessidade avassaladora de senti-la ainda mais.
Quando nos afastámos ligeiramente, os nossos olhos permaneceram presos um no outro, os corações pulsando no mesmo compasso acelerado.
— Vamos para dentro? — Perguntou, num sussurro rouco.
Assenti, sentindo a eletricidade no ar entre nós. De mãos dadas, caminhámos de volta para a sala. Assim que entrámos, os nossos lábios encontraram-se novamente. Os beijos tornaram-se mais intensos, mais desesperados, como se ambas soubéssemos que nada poderia parar o que estava prestes a acontecer. As mãos de Claire deslizaram pelo meu corpo, explorando-me com uma confiança que me incendiava por dentro. Ela passou a atenção para o meu pescoço, beijando-o lentamente, provocando-me arrepios a cada toque. Quando senti uma mordida de leve no lóbulo da minha orelha, um gemido escapou dos meus lábios.
O meu sangue fervia.
O meu coração martelava contra o peito.
Tomada pelo desejo, agarrei-a pela cintura e puxei-a para mim, apertando-a contra o meu corpo. Entre beijos, tentei guiá-la em direção ao quarto, evitando esbarrar nos móveis pelo caminho. O nervosismo começou a surgir no momento em que entrámos no cômodo. Claire afastou-se ligeiramente, os seus olhos cravados em mim, avaliando-me.
O silêncio da mudança de faixa na playlist logo foi dissipado pelo começo de "High For This", do The Weeknd.
Claire aproximou-se da cama e olhou-me com ternura antes de esticar a mão na minha direção. Vacilei apenas por um segundo antes de entrelaçar os meus dedos nos dela. Fui puxada suavemente na sua direção. As nossas bocas encontraram-se novamente, mas dessa vez, não havia hesitação. O desejo transbordava, apagando todas as inseguranças. Claire sentou-se na ponta da cama, e eu aproximei-me, posicionando um joelho no colchão, ficando na altura do seu rosto. Os seus olhos verdes hipnotizavam-me. Ela começou a desapertar lentamente os botões da minha blusa, provocando-me. Cada movimento era calculado, feito para me deixar ansiando por mais. Quando o último botão foi desabotoado, apressei-me a tirar o tecido, ficando apenas de sutiã.
Os olhos de Claire percorreram o meu corpo, e mordeu sensualmente o lábio inferior. Senti o seu toque quente na minha pele e fechei os olhos por um instante, absorvendo a sensação. As suas mãos deslizaram pelas minhas costas, desabotoando o sutiã com facilidade. Deixei o tecido escorregar pelos meus braços. No instante em que senti a sua boca quente num dos meus seios, gemi e joguei a cabeça para trás. A sua língua deslizou delicadamente, ch*pando-me com um ritmo torturante, enquanto a sua mão massajava o outro seio. A intensidade do momento fez-me estremecer.
Sentia-me completamente entregue. Sem oscilar, sentei-me no seu colo, entrelacei os dedos nos seus cabelos e puxei-os de leve, ch*pando o seu lábio inferior. A urgência dentro de mim aumentava a cada segundo. Levantei-me e puxei Claire para se juntar a mim. Desci o fecho do seu vestido lentamente, saboreando cada centímetro da sua pele que ia sendo revelado. Os nossos corpos encaixavam-se perfeitamente, moldavam-se um ao outro como se tivessem sido feitos para isso. Os nossos suspiros, os nossos toques, os nossos gemidos misturavam-se numa melodia perfeita. E naquela noite, sob a luz suave do quarto, entregámo-nos completamente.
Sem medo.
Sem barreiras.
Apenas amor.
Fim do capítulo
Boa noite gente
Capítulo 14 está ai! Espero sinceramente que tenham gostado.
Desejo uma boa semana para vocês
Beijo**
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lay colombo
Em: 07/05/2017
Eita q eu tbm qro um presente de aniversário desses kkkkkk
Ótimo capítulo, agora deixa eu ir ali toma um banho gelado kkkkkkkkk
Bjos linda e até o próximo.
Resposta do autor:
Até eu queria um presente desses kk
Fico feliz que tenha gostado obrigada mesmo kkk
beijos :)
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FahSwanMills
Em: 07/05/2017
Ótimo presente de aniversário heimm Claire hummm kkk
Quero mais dessas duas se entregando uma a outra.
Mari é uma figura adoro essa menina kkkkk amigona dessas duas.
Pra que jantar com os irmãos cabelos de fogo, eles estarão na festa surpresa?
Resposta do autor:
Mari é amigona mesmo. Tenho que começar a pensar numa pessoa para ela senão ela irá ficar sempre de vela kkk
É parece que iram estar presentes.
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