De volta pra casa com tudo resolvido entre nós. Gente Trancoso é lindo demais, as duas semanas que passamos lá foi suficiente para resolvermos os "nossos" problemas. Foram dias magníficos.

Como disse pra vocês depois desses dias na Bahia, degustando daquela culinária magnífica e totalmente descuidada da dieta, a minha noiva voltou a pegar no meu pé quanto a alimentação.

Eu também tinha consciência de que precisava voltar ao meu foco, eu e o Ju tínhamos troca de faixa no final do mês, e essa pessoa que vos fala precisa realmente voltar a atenção para isso.

Falando no Ju e na troca de faixa, outro dia eu fui dormir na casa da minha noiva e ele quase nos pega no flagra, rsrs. Foi muito engraçado, ele entrou pra tirar uma dúvida de uma pegada do judô e nós estávamos fazendo amor.

A Cléo só pode ter sido atriz em uma outra vida, ela estava em cima de mim e assim que a porta se abriu ela deitou ao meu lado e nos cobriu como se nada tivesse acontecendo. A minha reação? Foi apenas fechar os olhos e fingir que estava dormindo, enquanto o Ju falava com ela, eu acariciava suas pernas por baixo do cobertor.

Que vontade eu estava daquela mulher. Nossa. Ela conseguiu dispensar o pequeno e eu pulei da cama para trancar a porta. Nos amamos muito naquela noite, até adormecermos.

No trabalho as coisas estão menos complicadas, o Paulo depois do susto que tomou ficou mais aberto a novas ideias e já não preciso me chatear tanto com ele.

Sobre aquele ocorrido que a Cléo contou pra vocês, tem algumas semanas que nós os maiores acionistas nos reunimos para tomar uma providência com relação ao conselho. Conto pra vocês a nossa decisão no dia da reunião final desse mês.

Acho que a Cléo deu um jeito na aproximação com a Andressa também, nunca mais vi sinais dela. Sabem gente é melhor assim, essa questão de ex ficar atravessando a nossa vida não dá certo.

Evito tanto essa aproximação com a Carla, e olhe que nós temos dois filhos juntas. Falando em filhos, estou observando o Lourenço. Ele tá andando com uma galerinha "diferente", se é que me entendem.

Vive escapando de mim, a Anna se irrita quando essas cosias acontecem, ele acha que não estou percebendo a mudança de comportamento dele, e que quando presto atenção é devido ao ciúme da Anna.

Mas eu conheço meu filho muito bem pra saber que infringir regras nunca foi da índole dele. Essa semana mesmo recebi duas multas de trânsito dele, já ameacei tirar o carro, mas ele finge não entender do que estou falando quando toco no assunto.

A Cléo como sempre fica tentando amenizar as coisas, mas não vou admitir certos comportamentos dele aqui. Não é porque estou muito feliz por ter os dois morando comigo, que vou deixar Lourenço fazer o que bem entende sem ser punido.

Adivinhem quem resolveu aparecer por aqui esses dias? Isso mesmo a louca da Carla. Ainda veio com um papinho besta de que estava sem dinheiro pra pagar hotel, e eu tive que hospedá-la aqui em casa.

Aproveitei pra passar a semana quase toda na casa da Cléo, volta e meia os meninos tentavam nos fazer compartilhar a mesa durante as refeições, claro que eu sempre fugia.

Já era demais ter hospedado ela lá em casa, daí a me alimentar olhando pra cara dela já era praticamente impossível pra mim. Só que vocês já devem conhecer a minha noiva e os meus filhos. Alguns dias antes da Carla ir embora eles resolveram fazer um jantar em família.

Bati o pé firme e disse que só estaria no jantar caso a Cléo e o Ju estivessem também, meus filhos aceitaram. Mas a minha noiva não. Eu entendo o lado da Cléo, mas queria muito que aquela cabeça dura aceitasse o meu convite.

Mas não, ela preferiu não vir. E aqui estou eu depois de um dia exaustivo no trabalho. Não comi nada hoje, me faltou tempo para isso. Tive um problema numa obra, pra completar a Juh se machucou e eu precisei sair às pressas do escritório.

Passei no hospital para ver como ela estava, uma peça de madeira caiu e bateu em seu braço, daí o problema, minha engenheira machucada e uma peça para providenciar às pressas. Fiquei lá até a Tay chegar e segui pra obra.

A nova peça ia demorar mais dois dias pra ficar pronta. E eu tinha que entregar a obra no outro dia. Rodei a cidade inteira procurando uma empresa que pudesse me entregar no máximo no outro dia pela manhã. O que consegui foi o adiantamento da empresa que tinha confeccionado a que quebrou para a noite do outro dia.

Precisei quase chorar na frente do dono da obra pra que ele me desse mais um dia de prazo. Suei pra conseguir, mas no final das contas um fornecedor dele também ia precisar atrasar uma entrega em quatro dias. Como já era final de semana, ele resolveu esperar a próxima semana para reabrir o restaurante.

Ufaaaa. Agora vocês já sabem o que me aconteceu durante esse meu dia horrível. Os meninos resolveram cozinhar pra nós, pós jantar eu vou pra casa da Cléo. Vou dormir lá.

O exame de faixa é amanhã e eu fiquei de ajudar o Ju em algumas coisas, já que amanhã ele não tem aula.

O jantar estava ótimo, mas... nossa. Eu... peraê gente... peraê. Tá tudo rodando... nossa. Que droga, exagerei no vinho, puta merd* a Cléo vai me matar, era pra eu ir pra lá. Mas eu não tô me aguentando em pé. Tentei levantar, mas a tentativa não deu certo.

– Filha – passei a mão nos olhos.

– Oi mãe. – ela encostou em mim, estava sentada ao meu lado.

– Me acompanha até lá em cima, por favor? – falei ao seu ouvido. Não queria que a Carla soubesse que eu não estava "bem".

Pedi licença a Lourenço e Carla e segui para o meu quarto com Anna, subi com o braço apoiado ao ombro dela. A cada minuto que passa eu fico mais tonta.

Enquanto entrei pra tomar banho, a Anna separou um camisetão pra mim, o qual não consegui vestir sozinha. Ela me ajudou a vesti-lo. Tentei pedir pra ela falar com a Cléo que eu não ia dormir lá, mas nem consegui. Apaguei.

Acordei as seis com o sol invadindo a janela do quarto, e sentindo uma leve dor de cabeça. Desci para pegar meu celular e não encontrei na mesa. Coisa mais estranha, jurava que tinha deixado ele aqui antes de subir.

Voltei pro quarto com um copo de água e sentei na cama pra procurar um remédio pra dor de cabeça que sempre deixava na bolsa. Tomei o remédio e deitei, quando olhei pro lado lá estava meu celular.

Muito estranho isso, não lembro de ter subido com ele. Deve ter sido a Anna que deixou ele aqui. Liguei pra Cléo e ela não me atendeu. Deve estar dormindo ainda, a última visualização dela no Whats foi as três da manhã. Resolvi mandar uma mensagem.

"AMOR, DESCULPA TER DEIXADO VOCÊ ME ESPERANDO. ACORDEI COM UMA PUTA DOR DE CABEÇA, TOMEI REMÉDIO E VOU TENTAR DORMIR UM POUCO MAIS. ASSIM QUE ACORDAR VOU PRA SUA CASA. TE AMO MEU DENGO."

Acordei já eram dez horas, mas que droga. Não vai dar tempo de passar na Cléo, o exame estava marcado para as onze da manhã.

Sai de casa voando, comi um sanduíche no caminho da academia, passei rapidamente pela arquibancada e não vi a Cléo. Encontrei com o Ju no vestiário e graças a Deus consegui tirar as dúvidas dele quanto as pegadas.

A troca de faixa foi uma maravilha. Enquanto o nosso pequeno fazia o exame para a faixa amarela eu consegui achar a mãe dele na arquibancada torcendo por ele. Acenei de onde estava e ela não respondeu. Provavelmente não viu. Meu corpo tava meio cansado ainda do dia anterior, mas consegui fazer tudo direitinho e segui para o 4° DAN da faixa preta. Exame concluído e fomos tomar banho.

Encontrei com o Ju na saída do vestiário, estávamos conversando animadamente quando encontramos a mãe dele. Fui até ela e dei um beijo em sua bochecha.

– Oi dengo, desculpa ter feito você ficar me esperando ontem. É que o vinho não me fez nada bem e eu acabei apagando sem nem falar com você. Onde vamos almoçar hoje?

– O vinho lhe fez mal, certo. E isso aqui – ela pegou o celular. – Foi antes ou depois de você apagar?

– Mas que merd* é essa? – peguei meu celular e procurei a foto que ela estava me mostrando e não achei. – Cléo eu... Não fui eu que tirei essa foto, eu estava dormindo...que... – ela me interrompeu.

– Eu sei Bárbara, é totalmente perceptível que a Carla se aproveitou da situação. Vocês precisam resolver algumas coisas. E eu não vou atrapalhar isso. Vamos Ju, nós temos um almoço na casa do seu tio André, ele acabou de ligar nos convidando. – Tchau Bárbara. – e saiu.

A Cléo saiu me deixando sem reação alguma, que droga. Eu deveria ter desconfiado quando achei o celular na cama. Aquela filha da mãe largou ele por lá depois que mandou a foto pra Cléo. Mas como ela descobriu... merd*, eu sou mesmo uma anta. Troquei de aparelho umas duas vezes depois que vim de Portugal, mas continuei usando a mesma senha, é um conjunto de números a data de aniversário dos nossos filhos e a do meu aniversário. Deixa eu trocar logo essa merd*. Chega de senhas alfanuméricas.

Segui pra casa numa raiva mortal. Encontrei os meninos terminando o café, segui pro quarto da Carla. Eles seguiram atrás de mim. Encontrei a filha da mãe dormindo. Estiquei o edredom que a cobria, ela estava de camisola, pra sorte dela não ia ser escorraçada de peças intimas.

– Levanta Carla. – falava enquanto a sacudia.

– O que? Para Bárbara, me deixa dormir.

– Levanta. Já falei.

– Mãe, o que está acontecendo? – Anna tentava em vão me afastar da cama de Carla. – Porque a senhora tá com toda essa raiva?

– Pergunte a sua mãe o que ela fez? Vamos Carla, diga a eles o que você fez.

– Mãe, calma. – Lourenço tentou intervir. – Mãe Carla o que você fez pra deixar a mãe Bárbara assim?

– Nada, eu não fiz nada.

– Mentirosa. Saia da minha casa agora.

– Para de escândalo Bárbara, daqui a pouco toda a vizinhança estará aqui na porta.

– Que venham, eu não quero saber. A única coisa que eu quero é que você saia daqui agora. – sai tirando as coisas dela da gaveta e fui jogando na mala.

– Mãe o que você fez pra mãe Bárbara ter ficado assim? – Anna perguntou.

– Nada, eu não fiz nada. Já disse.

– Você é muito cínica Carla, pegue sua mala e saia daqui agora. Vai.

– Mãe o que ela fez? – Lourenço me perguntou.

– Essa... essa... maluca. Mandou uma foto pra Cléo do meu celular. Como se nós estivéssemos dormindo juntas. Saia daqui Carla, antes que eu perca o resto de paciência que ainda tenho.

– O que eu posso fazer se a coroa não se garante, é isso que dá pegar puta velha Bárbara.

– Mãe... – Anna gritou, na tentativa de fazer ela parar de falar.

– Lave a sua boca pra falar dela sua... – Anna e Lourenço me seguraram pra que eu não agredisse Carla. – Podem me soltar, eu não vou bater nessa mulherzinha sem caráter. Pra você saber, a Cléo é muito mais mulher que você. E não ache que essa sua atitude abalou a nossa relação não, porque não abalou. Agora saia da minha casa. E se em algum dia da sua vida você pensar em aprontar pra cima da Cléo novamente eu farei questão de que você sofra todas as consequências.

– Você está me ameaçando Bárbara? Eu sou a mãe dos seus filhos, enquanto aquela velha malmente lhe satisfaz na cama.

– Já disse a você que a Cléo é muito mais mulher do que você Carla. Saia da minha casa agora e não volte aqui nunca mais. Quando quiser ver os meus filhos venha com dinheiro para hospedagem ou então não venha.

– Eu tenho certeza que meus filhos pagarão hotel pra mim quando eu vier visitá-los.

– Quando eles passarem a se sustentar sozinhos eles podem pagar o que quiserem. Mas enquanto eu pagar as contas deles eles nunca pagarão hotel pra você. E saia daqui.

– Você não é ruim assim Bárbara.

– Eu não era, agora eu sou. Vai embora. Você tem 10 minutos pra passar por aquela porta. Ou então eu mando a polícia vir lhe tirar daqui a força.

Sai do quarto dela e fui para o meu, precisava me acalmar, pensar. Falar com a Cléo. Passei uns quinze minutos no banho, a água fria caindo sobre minha cabeça me acalmava. Fui até a cozinha pegar um suco. A casa estava em silêncio, os meninos deviam ter ido levar a Carla no aeroporto.

Voltei pro quarto e liguei pra Cléo. Passei o resto do dia ligando pra ela e ela nada de atender. Mas que droga. Pensei em ir pra casa dela, mas não ia forçar a barra. Ela precisava relaxar.

Cansei de esperar um sinal dela, eu vou lá, conversarei com ela frente a frente. Troquei de roupa e sai, no caminho comprei algo pra ela e pro Ju.

Quando cheguei lá ela não estava em casa. Cobrei tanto dela com relação a Andressa e agora estava passando por uma situação pior. Resolvi mandar uma mensagem.

"AMOR, EU SEI QUE ERREI. TE COBREI TANTO COM RELAÇÃO AO LANCE DA ANDRESSA, QUASE TERMINEI CONTIGO POR ISSO. E AGORA ESTOU NUMA SITUAÇÃO PIOR, ESTOU MUITO ENVERGONHADA POR ISSO TUDO. PERDÃO. EU TE AMO MINHA CLÉO."

Minha cabeça voltou a doer depois da discussão com a Carla, deitei no sofá e acabei adormecendo enquanto esperava a minha amada.

Fim do capítulo