-- Oi! -- Bruna falou assim que me viu entrando no apartamento.

 

-- Oi, estou precisando conversar com você -- falei super segura, só que não.

 

-- Quanta formalidade -- riu -- Como foi lá? -- ela perguntou.

 

-- Foi estranho, vou te contar direitinho -- contei toda a historia, inclusive sobre eu precisar casar -- Depois disso tudo que você ouviu, quero te fazer uma proposta, na verdade não pensei o que te oferecer em troca, podemos negociar algum valor caso você queira, que é super justo, não tem problema nenhum, é seu direito caso não aceite, mas quero pedir... Quer se case comigo? -- meio que fechei um olho e fiquei a olhando com o outro -- Preciso receber o dinheiro, preciso ficar com minha herança, eu não conheço outra pessoa que poderia fazer isso por mim.

 

-- Nossa fiquei surpresa com isso! -- ela sentou-se, que até o momento estava em pé.

 

-- Você pode pensar o tempo que quiser, é um decisão radical na sua vida.

 

-- Nem tanto, já moramos juntas, devo tudo que sou agora a você, não teria porque dizer não, claro que aceito seu pedido -- sorriu -- Não quero nada em troca, você já fez muito por mim.. Nossa! Nunca pensei que casaria um dia -- riu, possivelmente imaginando.

 

Meu sorriso foi tão grande e minha alegria por ela aceitar que pulei sobre ela abraçando-a, beijei muito seu rosto agradecendo.

 

-- Então, estamos noiva tá? -- falei.

 

-- Vamos comunicar nosso casamento a todos?

 

-- Sim, além de irmos a um cartório.

 

Meu telefone começou a tocar, era meu avô.

 

-- Filha parabéns!

 

-- Oi, vô! Obrigado!

 

-- De nada filha, quero que venha jantar conosco!

 

-- Tá bom, também estou precisando conversar o com o senhor.

 

-- Estarei aguardando.

 

-- Temos um jantar de noivado hoje! -- falei olhando Bruna.

 

-- Já, você é rápida hein?!

 

-- Vovô convidou para jantarmos lá, então vou aproveitar a oportunidade.

 

-- Hum... Irei sair para reunião da peça, nos vemos mais tarde tá?

 

-- Ok! Vou sair para almoçar, preciso de comida de verdade.

 

-- Tá bom então, qualquer coisa me liga.

 

--

 

Estava escolhendo meu almoço no shopping quando meu celular tocou.

 

-- Parabéns, amiga!

 

-- Obrigada, Gabi! Você não deveria tá fazendo outra coisa?

 

-- Por você faço um intervalo.

 

-- Sei... Quando a festa de vocês acaba? Estou passando fome, agora mesmo vim ao shopping almoçar.

 

-- Acho é pouco, pois saiba que estou comendo é muito bem viu?

 

-- Mas é safada viu?! 

 

-- Nem te conto minhas aventuras de mulher casada, Neide tá bem mais liberal.

 

-- É?

 

-- É, e as novidades aí?

 

-- Tá sentada?

 

-- Deitada e de conchinha, minha esposa tá dormindo!

 

-- Hum... Ainda bem, porque a novidade é que irei me casar.

 

-- O quê? -- gritou, Neide deve ter acordado.

 

-- O que foi amor? -- ouvi a outra com voz sonolenta perguntar.

 

-- Põe no viva voz que ela já fica sabendo também.

 

-- Coloquei, agora explica!

 

-- Meu pai colocou no testamento uma condição que poderia apenas receber a herança caso casasse, então não tenho outra opção.

 

-- Mas com quem criatura? Nem namorando você tá!

 

-- Com a Bruna, e adiantando, ela já aceitou!

 

-- Como é? Vai casar com a Bruna? Isso mesmo? Se deu bem!

 

-- Como Gabi?!

 

-- Nada amor -- disse para Neide -- Conte mais Lívia!

 

-- Vou jantar com meus avôs e oficializar o noivado.

 

-- Já que está no shopping, passe no cartório para saber detalhes da solicitação do civil e também veja as alianças já que vai oficializar.

 

-- Voltem logo, você precisa me ajudar com essas coisas!

 

-- Preciso mesmo amiga, você tem um péssimo gosto, mas em relação a Bruna depois te digo, porque se não apanho aqui.

 

-- Doida, vou desligar, até mais!

 

-- Comprei seu presente, mas como vai casar vou comprar um para lua de mel.

 

-- Opa! Quem sabe eu use!

 

-- Depois eu que sou safada né? Beijos amigas.

 

-- Aprendi com você!

 

-- Mentira Lívia, foi você que me ensinou.

 

-- Sei... Beijo, amiga!

 

-- Beijo, loira!

 

Enfim, fui almoçar.

 

--

 

Entrei no cartório primeiro, procurei algumas informações, como já imaginava, precisava dos meus documentos junto com os de Bruna, após darmos entrada, esperaríamos por volta de trinta dias para a oficialização.

 

 

Saí do cartório e fui em busca das alianças.  

 

 

Entrei em duas lojas, na terceira gostei de um par de alianças, eram fininhas e douradas. Não pensei muito e as escolhi, fiquei em dúvida no tamanho da aliança de Bruna, mas levei assim mesmo, caso não fosse o tamanho Bruna trocaria.

 

---

 

Meu celular tinha muitas chamadas de amigos e eu nem tinha como retornar, pois estava dirigindo, iria para casar me arrumar para o jantar.

 

-- Ei, já em casa? -- encontrei Bruna no corredor dos nossos quartos.

 

-- A reunião foi rápida.

 

-- Deu tudo certo?

 

-- Deu sim, a reunião foi mais geral, definir personagens, valores, patrocinadores.

 

-- Que bom né?!

 

-- Sim, enquanto vou ensaiando a nova peça a outra vai sendo finalizada.

 

-- Legal que vai conseguir encaixar.

 

-- Sim, agora vou tomar banho.

 

Ela entrou no quarto e eu no meu, me joguei na cama e cochilei um pouco, ainda era cedo.

 

Por volta das dezoito Bruna bateu em minha porta.

 

-- Já está pronta? -- ela abriu a porta -- Estava dormindo?

 

-- Cochilei! -- sorri.

 

-- Melhor cuidar!

 

-- Já vou indo -- levantei-me -- Você tá linda!

 

Ela usava um vestido preto, sandálias de salto alto fino, uma maquiagem básica, mas com os olhos bem marcados, os cabelos lisos soltos, um perfume que dava para sentir de longe.

 

-- Obrigado! -- ela disse meio tímida.

 

Até entendi a timidez dela, porque não desfazer meu olhar de cima a baixo, não que eu fosse daquelas pessoas que olham descarada, mas... Ela estava linda! Não é porque vou casar com ela que não posso olhar né?! Além do mais, sempre achei ela linda, só que nunca senti nada a mais para avançar nossa relação, não sabia se queria avançar, amizade para mim sempre foi mais importante, mas agora poderia ser diferente.

 

Ela saiu do quarto e eu entrei no banheiro.

 

 

Minha arrumação foi rápida, jeans, jaqueta e meu coturno favorito.

 

 

-- Ficou gata! -- Bruna disse.

 

-- Obrigada, vamos?!

 

Seguimos no meu carro por algumas ruas, logo entramos no condomínio dos meus avôs, era bem mais luxuoso que o meu.

 

Quando saia com Bruna do carro lembrei das alianças que tinha deixado na caixinha no banco de trás em uma sacola.

 

-- Que sacola é essa?

 

-- Nossas alianças!

 

-- Sério que você comprou?

 

-- Sim -- ri.

 

-- Não esperava por isso -- sorriu discretamente.

 

-- Posso surpreender viu?!

 

-- Eu também tá?! -- piscou.

 

-- Em qual sentindo? -- fiz uma cara de safada, mordi meus lábios nada discreta.

 

-- Vamos, Lívia!

 

--

 

Vovó e vovô me receberam muito felizes, se animaram com Bruna, eles adoravam ela. Surgiam muitas conversas entre nós, bebemos um vinho antes do jantar para acompanhar o papo. Depois de um tempo vovô me chamou de lado, queria uma conversar em particular.

 

-- Filha, sua mãe é muito sínica! Não acredito nas atitudes dela.

 

-- Vovô nem vale a pena falar dela, vamos falar de com coisas boas, tipo meu casamento -- percebi Bruna me olhando mais intensamente.

 

-- Pode contar comigo filha.

 

-- Obrigado vovô, mas agora, quero aproveitar e pedi a mão da Bruna em casamento, antes do nosso jantar.

 

-- Bruna, vovó! – chamei-as.

 

Elas se aproximaram e ficamos nós quatro próximos a varanda.

 

-- Fale filha!

 

-- Como conversamos mais cedo Bruna, e como já é conhecimento dos meus avos, quero te pedir em casamento oficialmente diante dos meus familiares, quer se casar comigo? Você sabe que sou boa pessoa, sou até bonita -- ri -- Tenho muitos planos e objetivos, não sei bem como será daqui para frente, mas não tenho medo em descobrir com você.

 

-- Aceito! -- ela me abraçou, ficamos nos olhando por uns segundos e me atrevi a dar um selinho, percebi sua surpresa ao ver seus olhos bem abertos.

 

-- Desejamos felicidades meninas, quero que der certo, sei como vocês duas são centradas -- vovô falou e me abraçou -- Não me decepcione -- disse em meu ouvido.

 

-- Em relação ao que vovô?

 

-- Despois conversamos -- ele finalizou.

 

Trocamos alianças.

 

-- Agora, acho uma boa hora para cantarmos parabéns! -- vovó pediu que trouxessem o bolo.

 

Cantaram parabéns, ganhei dois presentes, um anel da minha avó e um carteira de colocar dinheiro do meu avô, deixamos o bolo para a sobremesa e fomos jantar.

 

Depois do bolo me despedi.

 

-- Adorei os presentes, vovô amanhã conversamos, tá?! -- os abracei -- Meus amores vou indo.

 

Quando entramos no carro, Bruna colocou sua mão esquerda sobre a minha direita que estava ao volante.

 

-- Ainda falta meu presente -- disse e eu a olhei.

 

-- Hum... Eu vou gostar?

 

-- Sua mente tá poluída hoje né? Mas te respondendo, acho que vai sim. Agora passa sua chave que eu irei dirigir.

 

-- Faz parte da surpresa?

 

-- Claro!

 

Trocamos de posição e ela partiu.

 

Saímos andando pela cidade e seguimos na avenida mais agitada.

 

-- Meu presente é uma festa surpresa! Convidei alguns amigos seus, meus, pouca gente, mas a festa vai ser boa.

 

-- A casa tá fechada? -- perguntei saindo do carro.

 

 

-- Sim, só para sua festa.

 

Fim do capítulo