Achei isso tão fofo, ela que sempre tomava partida das diretas esta assim toda entregue.

Me aproximei dela, coloquei a mecha de cabelo que lhe caia sobre os olhos para trás da orelha, ela fechou os olhos e eu fiquei admirando sua beleza de perto.

Ela abriu os olhos rápido e pareceu voltar a si, abriu um sorriso lindo e safado, segurou minha nuca e me puxou para um beijo quente, forte e delicioso.

O beijo dela era muito envolvente, gostoso e eu não queria sair dele tão cedo.

Ficamos nos beijando por muito tempo até nos afastarmos devagar com um selinho demorado.

- Nossa, eu imaginei que o seu beijo seria bom, mas não sabia que seria esse espetáculo, mas eu ainda quero mais. – Luana

Dizendo isso, ela foi ficando por cima de mim, empurrando meu corpo até eu deitar no sofá e ela deitar sobre mim me dando um beijo, dessa vez mais rápido, mais intenso, mais quente.

Com o nível de álcool que já tinha no meu sangue eu já nem queria saber o que estava fazendo, deixando de fazer ou o que seria do dia de amanha. Me entreguei a aquele beijo e ela compreendendo as deixas do meu corpo foi prontamente levantando meu vestido até tira-lo.

A noite foi toda assim, trans*mos, foi quente, mas sem sentimento algum, apenas tesão. E depois do cansaço adormeci ali mesmo.

Acordei sentindo um cheiro de café delicioso. Me levantei, fui até o banheiro tomei um banho rápido, me vesti e fui para a cozinha.

A Luana estava preparando o café, a mesa muito bem posta tinha uma variedade enorme de pães e doces.

- Bom Dia. – disse me aproximando

- Bom Dia dona dorminhoca. Dormiu bem? – Luana

- Muito bem e você?

- Depois de uma noite maravilhosa daquelas, dormi perfeitamente bem. Vem, senta aqui, preparei um café reforçado pra você.

- Nossa, que prendada.

Tomamos café conversando sobre as cirurgias que eu teria. O papo com ela realmente fluía de uma forma que nem vimos o tempo passar e já estávamos atrasadas.

Fomos juntas pro hospital e na entrada ela me parou.

- Bom, chegamos, não sei pra você, mas eu adorei a noite. Espero que a gente possa repetir, ou se você não quiser, pelo menos sairmos mais vezes pra conversar, eu realmente adoro a sua companhia. Obrigada pela noite maravilhosa.

- Eu também adorei a noite Luana, a gente pode sair qualquer dia. 

Ela veio se despedir de mim e me deu um selinho rápido e saiu em direção ao seu consultório.

Quando me virei dei de cara com a Natacha que assistia tudo.

Ela me olhava de um jeito estranho, não consegui decifrar suas expressões naquele momento, mas com certeza não era nada bom.

Fui pra perto pra falar com ela e ela saiu.

- Natacha espera.

Ela me ignorou completamente, então eu a segurei pelo braço fazendo ela ficar de frente pra mim.

-- Espera Natacha! – eu

-- Você passou a noite com ela?

- Err... – fiquei sem jeito de dizer que sim

Normalmente eu contaria pra ela como foi a noite, afinal ela era a minha melhor amiga, mas fiquei com medo de magoa-la ainda mais contando.

Ela respirou fundo e seu olhar mudou.

- Bem, espero que você saiba o que esta fazendo. Eu lhe avisei que a Luana não presta, mas pelo que vi foi fácil pra ela te levar pra cama.

- Natacha!

- Estou falando alguma mentira? Enfim... Não tenho nada a ver com a sua vida. Nem sei por que me estresso com isso ainda, faça o que quiser, não darei mais palpite.

- Claro que tem, você é minha melhor amiga. Para com isso.

- Espero que você se divirta e aproveite enquanto pode, ou enquanto não aparece carne nova no hospital, por que ai a você vai conhecer a verdadeira Luana.

Não disse nada, não sabia o que dizer. Não sabia como reagir a esse ataque de ciúmes da Natacha.

Meu dia já começou mal, e ainda teria uma cirurgia muito delicada para fazer a tarde.

Fui para o meu consultório e fiquei por la sem receber ninguém até a hora do almoço.

No restaurante me encontrei com a Bia.

- Oi Bia, preparada para a cirurgia?

- Preparadíssima. Essa cirurgia é muito rara e auxiliar você nela ainda, será um prazer imenso.

- O prazer é todo meu. Sabe que me encho de orgulho em ver você se tornando uma médica excelente.

- Aprendi com a melhor.

- Vixi, vai começar a puxar o saco agora é? haha

- Você sabe que é verdade. Mas mudando de assunto, me diz uma coisa, fiquei sabendo que você saiu com a Luana. Rolou alguma coisa?

Era muito estranho conversar sobre essas coisas com a Bia e será que a Luana já foi falar pra ele o que aconteceu?

- Ela já te contou? – eu

- Não, eu só perguntei se ela tinha saído ontem, por que não consegui falar com ela a noite e ela me disse que tinha saído com você, não quis contar detalhes, mas você vai me contar.

-  Saímos sim.

- E...?

- E... ficamos.

- Sério? Nossa que legal Cah. Espero que de certo vocês duas.

- Não sei não.

- Ué, mas por que? Não gostou dela? 

- Não é isso. São outras coisas que estão acontecendo. Acho que não quero me envolver com ninguém agora.

- Você quem sabe, mas você merece ser feliz ao lado de uma pessoa legal. Conheço pouco a Luana, mas pelo que vejo ela é uma ótima pessoa. Por trás daquele mulherão sensual e sedutor tem uma mulher frágil, doce e carinhosa, mas ela não mostra esse lado dela pra qualquer pessoa.

- Ela parece mesmo ser muito especial, mas não sei...

Ficamos conversando mais um tempo e depois fomos para a cirurgia.

La, correu tudo bem. A Bia me auxiliou em vários procedimentos e me surpreendeu com suas habilidades e competência.

A Luana acompanhava tudo da galeria onde estavam mais alguns internos e residentes que não quiseram perder a oportunidade de acompanhar a cirurgia.

Foram 9 horas de cirurgia e tudo correu como o esperado, ao sair da cirurgia fui para o meu consultório ajeitar minhas coisas pra ir embora, estava exausta.

Fiquei sentada na cadeira com o pensamento longe, mas em uma só pessoa, Natacha.

Eu sentia muito a falta dela, tudo isso que tem acontecido tem mexido comigo, nos últimos dias estávamos tão distantes, e tenho sentido saudade o tempo todo, vontade de estar perto. Eu sei que posso estar sendo uma idiota e magoando ela, mas eu realmente estou meio perdida nisso tudo.

Decidi ir até o seu consultório e convidá-la para irmos no barzinho perto do hospital, fazia muito tempo que não saiamos juntas. 

Encontrei com ela no corredor conversando com uma enfermeira.

- Oi, posso falar com você? – eu

- Só um segundo. – Natacha

Ela continuou a falar com a enfermeira e enquanto eu esperava a Luana apareceu ao meu lado.

- Oi, que bom te encontrar aqui. Queria te convidar para ir ao meu apartamento hoje de novo. Vou comprar aquele vinho. O que acha? – disse com um olhar de segundas, terceiras, quartas intenções.

A Natacha conversava com a enfermeira ao nosso lado, certamente estava ouvindo tudo. No momento que a Luana disse aquilo a enfermeira saiu e a Natacha se virou para mim.

- Com licença, não quero atrapalhar. O que você quer comigo Camila?

- Er... Bem, eu queria te convidar pra irmos no bar aqui perto depois. – eu

- Não vai dar, tenho um encontro hoje à noite.

- Encontro, com quem? – meu coração quase parou

- Uma garota, por que o espanto?

- Não, éé... É que você não tinha me falado de nenhuma garota, só fiquei surpresa.

- Pois agora já sabe, pode fazer o que quiser essa noite. – Natacha

- Viu, agora não tem mais desculpas, vamos pro meu apartamento. – Luana

Eu estava me sentindo estranha, não gostei nada de saber que a Natacha iria sair com outra garota. 

- Camila? - Luana

- Oi.

- Ta viajando?! Vamos pra la então? – Luana

- Não vai dar Luana, eu lembrei que tenho que fazer umas coisas hoje e não vou poder sair.

- Sei... marcamos outro dia então.

Nem respondi direito e sai atordoada para o meu consultório.

Que sensação esquisita, que medo louco que me deu agora.

Eu sei que não posso impedir a Natacha de sair com quem ela quiser, mas eu não estou suportando a ideia de vê-la com alguém.

Eu sei que pode parecer egoísmo, mas eu não quero que a Natacha fique com essa garota.

Fiquei um tempão no meu consultório e depois de um tempo matutando tudo aquilo na cabeça resolvi ir ao bar sozinha mesmo, precisava espairecer um pouco, afogar os pensamentos malucos.

Quando cheguei ao bar dei de cara com a Natacha sentada em uma mesa conversando com uma morena alta, bem arrumada, realmente era muito bonita.

Senti um frio na barriga que parecia que eu ia ter um treco.

Me sentei em uma mesa mais afastava e pedi um whisky. Enquanto eu bebia, não tirava os olhos da Natacha e ela mesmo sabendo que eu estava ali, me ignorou completamente. 

Estava rindo horrores com a tal morena, parecia estar se divertindo e bem a vontade.

Por que não sou quem esta ali proporcionando aquelas risadas nela?

Por que você é burra, Camila! 

Fiquei um tempão olhando a felicidades das duas e me torturando com o sentimento de perda. Eu posso estar sendo muito egoísta, mas eu não posso perder a Natacha.

Depois de algumas doses de whisky a garota foi até o banheiro e tomei coragem e fui até a mesa delas.

- O que você esta fazendo aqui? – Natacha

- Só bebendo. E você, ta gostando da morena?

- Muito. Ela é super divertida.

- Vocês já ficaram?

- Por que do interrogatório? 

Fiquei calada, não sabia mais o que fazer. Queria tirar ela dali.

- Por que não saiu com a Luana? - Natacha

- Por que eu queria estar com você esta noite. Estou com saudades.

Sua pose de durona se desarmou um pouco depois disso e deu um sorriso de canto, mas logo voltou a cara de indiferença e tomou mais um gole da cerveja, ignorando tudo que eu disse.

- Nat, eu preciso conversar com você, vamos sair daqui e ir para outro bar. Queria sua companhia essa noite.

- Desculpa Camila, mas eu já tenho companhia pra essa noite.

Toma essa Camila!

- Tudo bem, não vou mais te incomodar. Divirta-se!

Sai da mesa dela e voltei para a minha, fiquei o resto da noite de olho nela e ela parecia que estava até se divertindo com isso.

Depois de um longo tempo, as duas se levantaram e saíram do bar. Eu saí logo atrás e fui pra casa para enfim conversar com a Natacha.

Cheguei em casa e fiquei no sofá esperando por ela. 

Depois de algum tempo a porta se abre e eu já me levanto toda ansiosa pra falar com ela, e vejo o que eu realmente não estava preparada para ver.

Ela trouxe a tal morena pra casa.

As duas entraram na maior alegria, dando gargalhadas e quando me viram com aquela cara de tacho as duas pararam e a Natacha veio falando como se nada fosse nada.

- Ah você esta ai?

- Estou, estava te esperando pra conversarmos.

- Sinto muito, vai ter que ficar pra outro dia.

- Posso saber, quem é ela pelo menos?

- Ah, esqueci de apresentar vocês. Camila, essa Cris. Cris, essa é a Camila, uma amiga.

Uma amiga! Essa doeu.

- Muito prazer, Camila. – Cris

- Oi. Já que ela veio só te trazer, você poderia ter vindo comigo.

- Não, ela vai ficar aqui hoje.

Depois de ouvir isso eu não consegui ouvir mais nada, sabe quando a gente fica meio que em stand by? A coisas vão acontecendo e a gente fica só ali em um mundo paralelo.

- Camila?

- Oi.

- Estamos indo pro quarto, você vai ficar ai igual um 2 de paus?

- Não. Eu vou sair.

- Vai aonde? São 3 da manha.

- Não sei, preciso sair.

- Bem, você quem sabe.

“Você quem sabe?” E aquela preocupação que ela tinha antes?

Gente o que ta acontecendo com a Natacha?

As duas foram pro quarto, ela fechou a porta e eu fiquei ali ainda mais alguns minutos tentando processar tudo aqui.

Era tanta coisa rolando na minha cabeça que tudo estava rodando.

Eu deveria estar feliz por que minha amiga arrumou alguém, mas eu estou em pedaços, na maior crise de ciúmes que eu já tive na vida e querendo arrancar todos os cabelos daquela morena desgraçada.

Saí de casa e fui pra praia, eu precisava da energia do mar, pra tentar achar uma solução pra isso.

É fato que a Natacha estava gostando de mim e eu fui uma filha da puta com ela, mas não foi por querer, eu só queria preservar nossa amizade, e agora é como se o jogo tivesse virado e eu to sofrendo.

Não tem mais o que negar, o que pensar. Eu to apaixonada por ela, e não é nenhuma paixãozinha boba, é forte, tão forte que eu to me sentindo extremamente mau só de imaginar o que ela pode estar fazendo com aquela mulher no quarto dela a esse momento.

É Camila, você bateu seu record de lerdeza dessa vez, vai perder o amor da Natacha sem nunca ter sequer provado dele.

Fim do capítulo