Despedida por Lily Porto
Capítulo 35 - Bárbara
Estou pensando seriamente em desfazer a sociedade com o Paulo. O cara é cabeça dura demais. Não aceita ideia de ninguém, só o que ele pensa prevalece. Não estou disposta a trabalhar me irritando o tempo inteiro não.
Semana cheia de problemas, e passando arrastada, nossa. No final de semana vamos visitar a mãe da Cléo, é o aniversário dela.
As coisas entre nós vem ficando melhor a cada dia, acho que de certa forma já estamos casadas. E só "moramos" em casas diferentes ainda.
Enfim o sábado chegou ensolarado. Dessa vez a Anna nos acompanhou na viagem. O Beto tinha viajado com o pai a trabalho. E ela queria conhecer a cidade onde a Cléo tinha sido criada.
Então fomos os 4. O aniversário de dona Margarida foi maravilhoso, ela me tratou bem e acreditem ou não, amou a minha filha. Chamou a Anna de neta e tudo mais. O Ju estava bem animado também.
O final de semana foi bem proveitoso para todos, visitamos a dona Margarida nos dois dias em que estivemos na cidade e o restante do tempo a Cléo nos levou para conhecer alguns parentes dela e a cidade em que cresceu.
Final de semana terminado e eu jogada no meu sofá. Deixamos a Cléo em casa, o Ju ainda tinha atividade pra fazer e ela tinha uma papelada para examinar também, pelo que entendi era algo relacionado a empresa. A Anna saiu com o Beto e eu vim assistir um filme.
Estava distraída assistindo "Meu Malvado Favorito", quando o celular tocou:
– Oi Raul, tudo bem sim. Estou em casa. Sinceramente não estou a fim de sair não. Tá, te espero aqui.
O Raul é um amigo da época da faculdade. Até onde eu saiba ele estava morando fora, ao menos foi o que disseram no dia que encontrei com o pessoal na praia. O que será que ele está querendo comigo a essa hora e em pleno domingo?
Meia hora depois o Raul chegou em minha casa, ele veio me convidar para trabalhar com ele. Estava voltando pra cidade e queria reabrir o escritório. Assim como a Júlia, aquela minha amiga engenheira, ele era engenheiro também. Segundo ele, queria montar uma equipe com no mínimo 4 pessoas, ele seria o engenheiro agrimensor, e já tinha também os engenheiros eletricista e civil. Agora pra terminar de montar a equipe só faltava um arquiteto.
A ideia era que cada um escolhesse a sua equipe e a cada projeto direcionasse o pessoal. Dividiríamos os lucros inicialmente por 5, para que uma parte ficasse no caixa da empresa e a cada projeto que precisasse de profissionais que não fossem das nossas respectivas áreas, contrataríamos com esse dinheiro. Ao invés de mexermos nos nossos bolsos para pagar. Ele já estava com duas grandes obras para executar. Faltava somente o arquiteto.
Foi ai que a nossa amiga em comum, informou a ele que eu estava de volta ao Brasil, e passou o meu contato e endereço pra ele. Pra que pudesse conversar diretamente comigo.
Confesso que fiquei tentada, a ideia do Raul era realmente muito boa, mas se no momento eu já estava quebrando a cabeça só com o Paulo, imagina trabalhar, dividir ideias e decisões com mais 3? No momento não era o que eu queria, mas deixei ele ciente do meu interesse em algum outro momento.
A semana está voando. Hoje já é quarta, enfim. Desde domingo não vejo a Cléo. Até me convidei para ir vê-la, mas ela deu uma desculpa e eu preferi não ir. Ela continua estranha, não parei de fazer meus pequenos mimos pra ela.
Pelo contrário, essa semana enchi ela de vídeos. Vou contar um segredo pra vocês, eu tenho a mania de gravar vídeos das músicas que mais gostamos e enviar pra ela no meio do expediente. Só pra me fazer mais presente, sabe?!
Como essa semana ela ficou bem "distante", sempre que arrumava um tempinho mandava vídeos desse tipo pra ela. Daí conversávamos e riamos muito das minhas “belíssimas” performances, rsrs.
Pra minha total alegria, para não dizer ao contrário, acabaram de me ligar informando que amanhã tenho uma reunião extraordinária na empresa. Lá se vai a minha manhã de folga na quinta. Aposto que a reunião deve ter sido convocada pela senhora Clarice Munhoz.
Mentira... só faltava isso pra completar o meu dia. Lá vem o Paulo gritando de novo. Eu mereço. Dessa vez ele já veio gritando do corredor e cheio de papeis nas mãos.
– Bárbara, me ajuda pelo amor de Deus. – falou com uma angústia no olhar.
– Qual o problema Paulo? Senta, e me explica em que posso te ajudar.
– Estamos sendo processados. Quer dizer, você não, digo o escritório não. Eu estou sendo processado.
– Que história é essa? Quem está lhe processando?
– Há uns dois anos, fiz um serviço em parceria com a empresa de engenharia que dispensei graças a você. E a pouco tempo parte da obra cedeu e machucou algumas pessoas. Acabei de receber a intimação para comparecer ao fórum. Eu nem sabia que isso tinha acontecido Bárbara, eu vou perder o direito de exercer a minha profissão. Eu vou perder o CAU. Meu Deus – levou as mãos ao rosto.
– Calma Paulo. As coisas não se resolvem assim.
– Bárbara eu amo a arquitetura. O que vai ser da minha vida se eu perder o meu registro?
– Paulo. Olha pra mim. Você não vai perder o seu registro, muito menos a sua carreira. Você tá nervoso agora, mas a culpa do que aconteceu não foi sua. Você tem todos os registros da obra, não tem?
– Tenho sim.
– Pronto, já é um começo pra você. Já ligou para o nosso advogado? – balançou a cabeça em sinal negativo. – Deixa que eu ligo pra ele.
Liguei para o advogado do escritório e em pouco tempo ele chegou. O Mateus conseguiu esclarecer as dúvidas do Paulo e o deixou mais calmo também. Ele aconselhou que revisássemos todos os projetos executados por aquela empresa para que não fossemos surpreendidos com mais nenhum processo.
Sai tarde do escritório, levando meia dúzia de projetos para analisar e no outro dia tinha a tal reunião, e pra completar ainda não conseguimos achar uma empresa de engenharia para firmarmos parceria.
Sai de casa voando, quase me atrasei pra reunião. Como disse a vocês a reunião foi solicitada pela Cléo, mas o teor dela tinha a ver conosco.
Alguns integrantes do conselho estavam espalhando boatos sobre a vida pessoal dela na empresa. Bando de homofóbicos. Mas a atitude da minha mulher não poderia ter sido melhor. Ela enfrentou o problema de frente e falou a "língua" deles, lucro. Era do que aquela corja gostava. E desde que ela assumiu a presidência os lucros da empresa só aumentaram.
Algumas pessoas fizeram cara feia enquanto ela falava, outras ficaram muito envergonhadas. O presidente do conselho tomou a palavra e se desculpou em nome de todos. Aplaudimos a atitude dele.
Nós acionistas achamos a atitude do conselho ridícula, não nos manifestamos naquele momento, afinal não estávamos preparados para aquela ocasião, mas um dos nossos colegas deixou claro antes de sairmos que precisávamos tomar uma atitude em relação àquele ocorrido.
Mais uma vez a minha Cléo passou por uma situação delicada e eu não soube, dessa vez ela ficou com medo da minha reação. Digamos que ela ainda não separa bem as atitudes da Bárbara namorada e da Bárbara acionista. Mas logo ela entenderá como costumo agir no meu ambiente profissional.
Tive uma conversa rápida com ela na copa, tempo de um café para um abraço e um beijo, e segui para o escritório. O Paulo estava me esperando para entrarmos em contato com os donos dos projetos que haviam sido executados pela empresa de engenharia.
Alguns meses se passaram e aqui estou eu, cheia de trabalho. Achamos uma empresa de engenharia de confiança para fazer a parceria com o nosso escritório. É a empresa da Júlia, metade das nossas dores de cabeça estavam resolvidas. O processo do Paulo era causa ganha praticamente. Faltava apenas o veredito do juiz. Ficou provado que a culpa foi apenas da empresa de engenharia, que executou o serviço de forma contrária ao que foi acordado com o Paulo.
Ah gente, lembram do Beto. Isso, o namorado da Anna. Então, realmente ele é um rapaz direito e de boa família. Volta e meia ele dorme lá em casa no final de semana, claro que num colchão no chão e de porta aberta. Quando a Cléo está por lá, ela encosta a porta para deixá-los mais a vontade, essa minha noiva não sei não viu, tem cada invenção.
Eu sei que eles mantem relações sexuais, mas é que pra mim ainda é muito novo ter o Beto passeando na minha casa depois de ter tido uma noite de amor com a minha filha... nossa. Nem gosto de pensar nisso.
Vamos mudar de assunto. Logo essa minha bobagem passa. Olha o que a minha noiva inventou, como já vai fazer 3 meses que eles estão namorando, ela marcou um almoço para conhecermos a família do Beto. Segundo ela será um dia inesquecível, percebi um certo brilho no olhar dela ao me falar do almoço. Estávamos voltando do trabalho quando ela resolveu me contar da sua brilhante ideia.
– Amor...
– Oi Cléo.
– Estava pensando, já vai fazer 3 meses que Anna e Beto estão namorando e as nossas famílias ainda não se conhecem. Estava pensando em marcar um almoço para que possamos nos conhecer melhor.
– Hum. Você e as suas ideias magníficas, né. – falava prestando atenção ao trânsito. – Já sei que não adianta dizer que não, sei bem que você fará esse almoço de qualquer forma.
– Isso foi um sim, dona Bárbara? Se foi, você já foi bem melhor com eles viu. – sorriu e distribuiu beijos no meu pescoço.
– Vai me provocando. Não lhe digo nada... – sorri. – Mas sim, o que a senhora está planejando para esse almoço?
– O almoço será lá em casa, estaremos nós, a família do Beto e a família do seu irmão, é claro. Ainda estou pensando no que serviremos, será no próximo final de semana e com certeza será um dia inesquecível pra você amor – me deu um beijo estalado na bochecha.
Era visível o brilho nos olhos dela como disse pra vocês, a Cléo está aprontando alguma coisa. Mas não vou tentar descobrir não. Por mais que eu insista ela não vai contar de jeito nenhum. Melhor esperar a semana passar e ver o que me espera nesse almoço.
Fim do capítulo
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Bia Ramos
Em: 27/04/2017
Boa noite Lily! Tudo bem por ai? :)
Começo a me arrepender de ter dito que vc deixava uma pitada de suspense nos CPT... Parece que gostou da ideia? :(
Ambas as mulheres determinas e focadas nos seus respectivos empregos... Mas, na vida pessoal isso fica a desejar eu acho! Elas praticamente casadas e ainda escondendo os problemas relacionado as duas! Tenso!!
Bom... Hoje não irei me estender... Até porque quero guardar um comentário bem propíco para a chegadao do Lourenço e da Carla!
Será que ela vai vir mesmo? Será que ela vai aprontar? E a Cleo como irá se portar? E a Bah como irá reagir?
Logo mais essas respostas serão respondidas no próximo CPT!! rsrsr
Brinks vai!!
Ansiosa para o próximo, sabe de uma coisa... Ultimamente ando mais ansiosa pelas narrações da Cleo!! por que será?? ;)
Bjs autora...
Att
Bia
Resposta do autor:
Oi moça, tudo tranquilo por aqui!
kkkkkkkk, nem estão mais assim os caps Bia, a coisa parece que deu uma tranquilizada.
A Bah e a Cléo tem dias que merecem levar uma surra de gato morto até o gato miar, estou pra ver mulheres mais cabeças duras que essas duas. Mas elas estão se reajustando quanto aos "vicios" do trabalho e da "falta" de confiança.
Menina quer dizer que já temos até planejamento para o comentário de chegada do Lourenço, é isso mesmo pessoa? kkkkkkkkkkkkk, vou esperar.
Uau, mudamos de favorita, foi isso mesmo que entendi? Quero saber também porque a ansiedade pelas narrações da Cléo.
Quanto as suas perguntas serão realmente resondidas no próximo cap.
Se cuida querida, Bjs.
patty-321
Em: 27/04/2017
Lourenço chegando. E eu querendo saber é do casamento
Resposta do autor:
Patty meu bem, o casamento vai demorar um pouquinho mais viu... as meninas tiveram alguns imprevistos para resolver antes dele, mas ao longo das narrações elas vão dizendo pra gente em que pé ele anda tá.
Bjs querida, se cuida.
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Mille
Em: 27/04/2017
Barbara estamos no mesmo barco, só que temos um passo na sua frente que sabemos sobre a vindo do Lourenço. Mais estou achando que ele não virá sozinha, Carla deve vim junto.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Mille minha querida, estamos bem perto de descobrir se ele virá sozinho ou com a mamãe Carla na mala, rsrs. Tenho minhas dúvidas... mas vamos esperar, neah!
Bjs, se cuida.
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