Olá meninas, este capitulo está um pouco grande pois trouxe memórias do capitulo 4 da história, para que dessa forma eu pudesse apresentar à vocês o ocorrido após as lembranças mostradas naquele capitulo.
E como faz bastante tempo desde aquele capitulo, resolvi trazer as memórias até vocês, ao invés de vocês terem que ir até lá para recordarem, mas sintam-se a vontade :)))
Uma ótima leitura à todas.
Capítulo 49. Pronto Zero
-- Alice, você está ai? – Uma linda garota a chamava, tirando-a do transe no qual havia sido envolvida quando as lembranças de seus momentos com Emily emergiram. Ele acenava em frente aos seus olhos.
-- Ta viajando para onde dessa vez? – Ela riu, afinal, esta era sem dúvidas a mulher mais desligada que ela havia conhecido nesse ultimo ano.
-- Já fazem dois anos... – A advogada dizia a si mesma. – Dois longos anos e você ainda não me deixou, não é mesmo, Emily? Tudo bem... Eu acho que já me acostumei com essas suas aparições repentinas. – Alice fechou os olhos, imergindo ainda mais nas lembranças dela.
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Pouco mais de Nove anos atrás.
“ -- Emily! -- Alice a interrompeu em alto e bom som.
Ambas se calaram. A troca de olhares foi inevitável. Alice nunca havia se dirigido a Emily essa forma.
-- Eu sinto muito. Por todas essas coisas. Sinto muito por nós. -- Alice aproximou-se de Emily e agachou na borda da cama. -- Nós não precisamos ser assim, inimigas.
-- E o que mais nós seriamos Alice? -- Emily observou a aproximação da jovem. -- Nós somos boas em ser rivais. -- Emily deu um sorriso breve e Alice retribuiu, entendendo a jovem.
-- Eu não sei por você, mas eu estou cansada de tantas brigas Emily.
-- Mas é você que... -- Alice a interrompeu.
-- Calma, me deixa terminar. -- Ela foi educada. -- Olha, eu preciso admitir que eu adoro te irritar, eu adoro provocar isso em você, mas gosto porque tenho a sua atenção. -- Alice admitiu. -- Eu confesso que no dia em que você teve aquele ataque asmático eu quase fiz o que finalmente estou fazendo hoje. -- Mesmo com medo da rejeição da rival, Alice tocou a mão de Emily. -- Ontem eu saí daquela festa sentindo algo diferente, eu acho que fiquei preocupada com você. Dá para acreditar? -- Alice parecia surpresa por ter se sentido assim, mas agora ela entendia o motivo. Emily pressionou os lábios, sorrindo. Ela ficou contente em ouvir isso, sentiu sinceridade em Alice. Não soltou a mão da rival, pelo contrário, dessa vez foi Emily quem deu um leve aperto na mão de Alice. -- Eu soube hoje de manhã o que ocorreu entre você e o Kevin, e foi nesse momento em que eu tive certeza de que precisava me desculpar com você. Não só por ontem, por todos os dias.—Alice olhava atentamente para a jovem, seus olhares se encontraram e ela admitiu novamente. -- Eu não quero que ninguém brigue com você, ninguém além de mim. Só que... -- Ela pausou e pensou. -- Só que eu também não quero mais brigar com você. -- Alice se embolava com as palavras, nunca havia se desculpado com alguém além dos pais. -- Você entende o que eu quero dizer? -- Emily e Alice se olhavam, era a primeira vez em que conseguiam sair de uma discussão de forma tão simples. Emily estava surpresa com o pedido de desculpas, ela não sabia se esse era mais um dos jogos de Alice, ou se realmente as coisas voltariam para o eixo.
Emily e Alice sempre tiveram todas as oportunidades para se tornarem amigas, e Emily até que tentou algumas vezes, mas as duas não tinham um segundo de trégua, nunca. Elliot, pai de Emily, era um grande amigo da família Butckovisky e embora soubessem da linha de guerra que as filhas tinham muitas festas e viagens no decorrer dos anos eram realizados com a união das duas famílias. Até as escolas em que Emily e Alice estudavam eram as mesmas. Mas embora obrigadas a terem muitos dias de convívio, Alice nunca havia se dado conta de que conhecia Emily tão bem. O olhar da jovem lhe transmitia muito mais do que todas as palavras que ela ousava dizer. A forma como movimentava a boca ao sorrir, ou como gesticulava as mãos no meio de uma conversa lhe dizia tudo, e agora ela sabia disso.
Olhando-a nos olhos, Alice sentiu que algo estava errado. Emily sorria, aparentando estar contente com a trégua, mas seus olhos discordavam do seu sorriso, seus pensamentos estavam confusos. E era verdade. Emily se sentia insegura em relação a proposta de Alice, isso lhe trazia o sentimento de medo. Ela não queria ser injusta, mas também não queria ser feita de boba. Emily odiava sofrer.
O silêncio de Emily incomodou a garota:
-- Emily, o que foi? -- Alice reduziu a distância entre elas e Emily engoliu seco ao sentir a aproximação, suas mãos ainda estavam conectadas e não demorou muito para que seus olhos se encontrassem. Alice desviou o olhar momentaneamente, a boca avermelhada e bem traçada de Emily chamou-a atenção. Ela tentou uma nova aproximação e Emily recuou, seu corpo estremeceu.
-- Alice, eu.. -- Emily foi interrompida pelo som de um molho de chaves chacoalhando. Foram questão de segundos até a porta se abrir e uma voz eclodir pelas paredes do quarto:
-- Emily desculpa ir entrando assim, eu ainda tinha a chave que você me deu e... -- Anne congelou ao ver Alice e Emily tão próximas. Seu semblante mudou completamente quando notou que a mão delas se tocava. Anne não sabia se saia de lá, ou se beliscava a si mesma, pois só poderia ser uma ilusão. Ver isso era completamente inexplicável para ela que acompanhou todas as brigas desde a sétima série.
-- Tudo bem, por essa eu não esperava. -- Anne pensou alto, e lá estava a frase mais uma vez.
Emily soltou a mão de Alice em um piscar de olhos, mas não conseguiu dizer uma palavra.
“Por essa quem não esperava era eu” -- Pensou Emily.
-- Qual a ameaça da vez? -- Anne questionava-a mantendo-se distante.
Alice a olhou, indignada.
-- É sério isso? -- Sua língua percorreu todo o interior da boca enquanto tentava manter a calma. Alice era bem estourada às vezes.
Anne ignorou Alice e deu um passo a frente, seus olhos atenciosos direcionavam-se a Emily. Não demorou muito para que ela retribuísse o olhar. Encontrar aqueles olhos sempre lhe trazia tranquilidade e Emily sabia que sempre poderia contar com aquela amizade sincera que Anne lhe trazia. Todos os seus medos eram afastados quando aquela linda garota se aproximava. Seu coração acelerou quando a voz de Anne surgiu novamente:
-- Você está bem? Ela fez alguma coisa com você? -- Sua voz corria pelos ouvidos de Emily, fazendo-a sorrir por dentro. Lá estava ela, preocupada e carinhosa como sempre. O ar lhe faltou. Emily não a tinha por perto desde o incidente do beijo, pois Anne tivera que visitar a avó doente.
O silêncio de Emily foi interpretado de maneiras diferentes. Alice acreditou cegamente que Emily estava perdidamente apaixonada por Anne assim que notou a forma como ela a olhava. Se pudesse ouvir o bater do seu coração, teria a total confirmação dos pensamentos. Anne podia jurar que Alice havia feito algo muito grave dessa vez, mas Anne nunca enfrentava a menina. Ela se considerava tão responsável e certinha que jamais discutiria com qualquer um que fosse. Anne só queria estar ali para apoiar a amiga, para protegê-la.
-- Não. Está tudo bem. -- Emily não piscou, nem sequer retirou os olhos da amiga que se surpreendeu com a resposta.
-- Se está tudo bem muita coisa mudou em duas semanas. -- Anne sorriu, mesmo estranhando a situação. Talvez fosse bom o “cessar fogo” entre as duas. Sem brigas, sem suspensão para a amiga. Ela se aproximou e Alice se levantou, estava sem jeito. -- Calma, se está tudo bem e vocês estavam daquele jeito... -- Anne organizou os fatos e ficou desconcertada com a situação. Seria possível que Emily e Alice estavam ficando?! -- Desculpe, eu atrapalhei alguma coisa?
Emily respondeu as pressas, quase que comendo as palavras:
-- Não, claro que não. Obvio que não. Claramente não. Não mesmo. -- Ela negou incontáveis vezes.
Anne respirou fundo, aliviada.
-- Nossa. Ainda bem. -- A junção de palavras escolhidas por Anne deu um duplo sentido aos pensamentos da amiga. E o sorriso de contentamento ajudou.
-- Então você também está afim da Emily? -- Alice foi direto ao ponto. -- Por isso a felicidade em não estar interrompendo nada?
-- Como assim? Você está afim da Emily? -- Anne a olhou, não compreendendo nada. Como em duas semanas tanto poderia ter mudado?
Emily arqueou as sobrancelhas, curiosa com a resposta. Seu olhar voltou-se para Alice, que foi rápida ao retrucar.
-- Qual é o problema de vocês duas? -- Alice ainda se encontrava indignada. -- Quando eu perguntei se você estava afim da Emily, não foi porque EU -- Enfatizou -- Estou afim dela. E sim por que ela logic... -- Emily a interrompeu assim que entendeu o que ela contaria.
-- Alice cala a boca! -- Emily gritou e todos se calaram.
Anne pressionou os lábios ao compreender a intenção das palavras de Alice. Emily é quem estava apaixonada pela melhor amiga. Foi difícil acreditar naquelas palavras, mas isso não diminuiu o desconforto de Anne com a possível situação.
-- Eu sabia que você não estava falando sério. -- Emily lamentou ter acreditado, mesmo que por alguns minutos, nas palavras de Alice.
-- Emily... -- Anne disse quase em um tom de sussurro enquanto enrugava as sobrancelhas. Ela estava cabisbaixa, não sabia se deveria questionar a amiga sobre o assunto e transformar aquele momento em algo ainda mais constrangedor. Seu corpo estremeceu só de pensar em questioná-la.
Emily notou o seu desconforto de imediato. Ela sabia o que lhe seria perguntado, mas respondê-la agora seria muito prematuro. Um beijo não define um sentimento e Emily não podia correr o risco de se enganar, não com ela.
Anne demorou alguns segundos até que seu olhar alcançou o da amiga.
-- O que Alice disse... -- Sua voz fraquejava, ela estava com medo da resposta.
-- Não é verdade. -- Emily não pode esperar que a amiga completasse, ela compartilhava do mesmo medo e não podia correr o risco de pensar em responder algo diferente disso. Ela desviou o olhar, desapontada por não ter contado toda a verdade a amiga, por não ter lhe contado sobre as suas duvidas. Emily odiava mentiras, odiava mentir.
Anne fechou os olhos, estava aliviada mesmo com uma leve desconfiança devido ao tom usado por Emily ao responder. Anne também a conhecia muito bem, e responder coisas sérias as pressas não era o forte de Emily. Mas talvez ela só quisesse acabar com esse mal entendido logo. E Alice, bom, quem era ela para saber de algo assim sobre Emily? Elas nunca foram amigas.
Alice mais uma vez se viu causando mal a jovem. Mesmo tentando acertar ela sempre fazia algo errado quando o assunto era Emily. Talvez Alice precisasse aprender a controlar os sentimentos e principalmente a boca.
“-- Eu não acredito que fiz isso de novo.” -- Ela se arrependeu, mesmo que em seus pensamentos.
-- É melhor eu ir. -- Alice desviou seu olhar e sentiu os olhos umedecerem. “-- Eu estou chorando? É isso?” -- Ela voltou a sentir o aperto no peito, o mesmo da noite passada, e se assustou. Ela não era assim. Não era fraca, não podia ser.
-- É melhor mesmo. -- Respondeu a ruiva.
Alice não deu tempo para que a lágrima escorresse dos teus olhos, se apressou a sair do quarto de Emily e seguiu pelas escadas.
-- Emily, ela não levou a chave. Não vai conseguir sair.
Emily respirou fundo, pegou a chave com Anne e foi até a sala, onde se deparou com Alice tentando abrir a porta.
-- Você precisa de chave para abri-la, sabia?
Alice estremeceu ao ouvir a voz de Emily, todas as suas ações congelaram e ela se manteve de costas para a jovem, ainda com uma das mãos na maçaneta. Seu rosto estava molhado por lágrimas que desceram sem nenhum motivo aparente.
-- Deixe que eu abra para você. -- Emily caminhou até as proximidades da porta e Alice quase se esqueceu de como respirar. Ela segurou a respiração para que Emily não percebesse o som estranho que o nariz fazia quando se chorava.
A ruiva precisava de espaço para alcançar a maçaneta.
-- Com licença. -- Ao perceber que Alice não iria tirar a mão de lá, ela a tocou, e bastou um toque para que Alice desabasse em um choro de soluçar. Ela recostou a testa na porta, percebendo que não havia mais como esconder tanto sentimento ruim, recolheu os braços em torno de si e por lá ficou. Emily, assustada com aquilo deu um único e curto passo para trás. Ela ameaçou colocar a mão no ombro de Alice e lhe perguntar o que havia de errado, mas recuou no mesmo instante em que iniciava o movimento. Vê-la daquela forma era novo para Emily, que podia jurar que a rival tinha um coração de pedra. Se é que ela tinha um coração. Vê-la tão frágil e vulnerável fez Emily enxergar Alice como uma garota normal, com problemas, com sentimentos, com sorrisos e também com suas tristezas. Ela podia ser sempre rude, sempre grosseira e mal intencionada, mas aquele choro mostrou a Emily um lado que ela não podia imaginar que existisse. Alice era tão humana quanto ela, tão jovem e cheia dos seus problemas adolescentes.
Será que Alice tinha algum amigo com quem pudesse conversar sobre isso? Quais seriam os seus medos? Será que sua vida era tão boa quanto parecia? -- Emily percebeu o quanto a enxergava e julgava-a de forma supérflua. Ela não sabia quase nada sobre uma pessoa com quem passava boa parte do tempo, mesmo que discutindo e mesmo que obrigada, e isso a surpreendeu. Não era comum da parte dela normalmente fazer isso com alguém, até conhecer Alice, por quem sempre teve uma aversão muito grande. Alice talvez não fosse de um todo a única culpada por tantas desavenças, e pensar sobre essa possibilidade deixou a jovem desconcertada.
Emily observou a forma como os ombros da garota tremiam quando ela puxava o ar tentando conter o choro, e também como a respiração ficava forte ao perceber que eram em vão as tentativas de contê-lo.
-- Alice? -- Emily sussurrou e ameaçou tocá-la de novo, mas não teve o tempo necessário.
Alice se virou e em um único movimento se jogou nos braços da ruiva, buscando por um abraço, por um conforto. Emily demorou alguns segundos para entrar naquele momento. Os braços de Alice cercavam o pescoço de Emily, seus soluços podiam ser sentidos através do movimentar do corpo. Uma lágrima escorreu, molhando a blusa da jovem, fazendo-a sentir-se como o único pilar de apoio da pessoa que até pouco tempo atrás ela odiava profundamente. Ao sentir toda a emoção que Alice passava, foi inevitável não abraçá-la. Os braços de Emily cercaram sua cintura, foi um toque suave, cauteloso, sem remorso.
Palavras ameaçaram sair de sua boca, mas talvez fosse cedo de mais para tentar uma comunicação. Emily aguardou até que Alice se recompusesse, o que demorou bastante tempo. Os soluços e lagrimas cessaram no momento em que Emily apertou-a em seus braços. As desavenças não pareceram sequer terem existido, e Alice também sentiu isso.
-- Alice, você não pode ficar brincando com a vida das pessoas dessa forma. -- Emily comunicou-a assim que o abraço foi desfeito. A jovem tentava ser complacente.
-- Foi um péssimo jeito de começar as coisas. -- Com os olhos ainda marejados, Alice tentava consertar as coisas. -- Me desculpe. Tipo, de novo. -- Um sorriso forçado estabeleceu-se em seu rosto.
-- Uma chance. Apenas uma. -- Emily enfatizou. -- É tudo o que nós temos. Essa chance vai definir se nascemos para sermos amigas ou não.
Alice engoliu seco. O fato de ter apenas uma chance em um milhão lhe dava medo, e pensar na possibilidade de desperdiçá-la novamente fazia seu coração apertar, lançando choques por todo o seu corpo.
-- Emily... -- A voz da jovem fraquejou, dizer aquele nome fazia seu estomago gelar. -- Você não vai se arrepender dessa chance.
-- Eu espero que não. -- Emily recordava-se das brigas sérias que tivera com a talvez ex-rival, e essas lembranças causavam-lhe falta de ar. Havia sido tanto estresse, tanta mágoa, que Emily não sabia como estava conseguindo superar. Dar uma chance dessas para alguém que lhe fazia tanto mal era com certeza botar a mão no fogo, jogar-se em um tiroteio e entrar em uma jaula de leões por motivos poucos. Mas tentar não lhe parecia errado.
Emily destrancou a porta e deu a ultima palavra:
-- Pelo visto nos falaremos depois então... -- Ela repensou a chance que iria dar a Alice. Mas se manteve firme, estava decidida a arriscar.
Alice apenas concordou com a cabeça e saiu, parecendo recomposta e contente. Ela havia conseguido o que queria: Emily como amiga.”
E de fato elas voltaram a se falar, e bem mais cedo do que Alice ou Emily esperavam. Naquela mesma noite, a mãe de Alice foi até a casa dos Harley’s e pediu para que a ruiva ajudasse a sua filha com questão escolares. Emily não teve e nem sequer tentou dizer não.
-- Eu nunca vou conseguir passar nessa matéria!!! – Alice resmungava enquanto atirava o livro para o lado, enfurecida por não conseguir aprender aquela matéria de química.
A jovem já estava se levantando da cama quando ouviu uma voz conhecida soar logo atrás dela.
-- Nossa, o que o pobre do livro fez para você? – A ruiva arqueou uma das sobrancelhas ao encará-la. – E antes que você me venha com suas gracinhas, sua mãe que me pediu para vir. – Levantou as mãos em um sinal de paz.
-- Minha mãe? – Alice sentou na cama e a olhou se aproximar. – Mas o que a minha mãe quer?
-- Provavelmente que você não maltrate os livros tão caros que ela compra pra você. – Emily sorriu para a outra, esperando que ela não levasse essa brincadeira para um lado pessoal e mais agressivo.
-- Há há há, Emily. Muito engraçadinha você. – Ela forçou um sorriso. – É sério, o que ela quer?
-- Eu também estou falando sério. – A ruiva continuou a se aproximar, e apontou para a cama. – Posso?
-- Vai em frente. Mas já vou avisando que não estou com tempo ou até mesmo paciência para as suas brincadeiras. – Alice fitou-a enquanto ela se sentava ao seu lado.
-- Tudo bem, eu entendo que você ainda tenha um livro para esfolar hoje. – A ruiva implicou mais uma vez, mas a sua tentativa de a descontrair falhou mais uma vez, deixando Alice ainda mais irritada.
-- Será que dá pra parar? Eu não sou como você, okay? Eu não pego as matérias num passe de mágica e... – Emily a interrompeu.
-- Ei, calma. Eu só estava brincando. – Os olhos da ruiva foram de encontro aos de Alice. – Sua mãe pediu para que eu te ajudasse então eu...
-- Você... Me ajudar? – Alice olhou de maneira debochada para a ruiva, prendendo um sorriso nos lábios. – Conta outra.
-- Se você não quer, tudo bem... – Emily levantou-se, mas quando ameaçou ir para fora do quarto, sentiu seu braço ser segurado pelas mãos ágeis e tensas de Alice.
-- Fica. – A jovem apertou os olhos, sentindo-se completamente envergonhada de ter que pedir ajuda à ela. – Talvez eu esteja mesmo precisando de ajuda. – Admitiu em baixo tom.
-- O quê? – Emily se fez de boba, fingindo não tê-la ouvido.
-- Não me faça repetir isso, Emily. Por favor. – Alice abaixou a cabeça.
-- Ah, então foi você quem disse isso... Achei que pudesse ter sido o pobre do livro que você arremessou no chão. – A ruiva riu, sendo acompanhada inesperadamente por Alice, que gargalhou também.
-- Eu não consigo entender essa maldita matéria. – Resmungou.
A ruiva olhou-a admitir de maneira tão vulnerável o quanto estava encrencada em química, e de certa forma, vê-la fazer isso na sua frente a deixou confiante. Seus olhos observavam cada expressão da futura advogada, e embora aquela mulher pudesse odiá-la, era inevitável o quanto aquele sorriso deixava-a estranhamente feliz.
-- Não se preocupa, eu vou te ajudar. – Emily sorriu para a advogada, e logo buscou o livro caído ao chão.
-- Então, você quer estudar aqui mesmo ou...
-- Vem logo aqui. – Alice deitou em um lado da cama e esperou até que a ruiva deitasse ao seu lado.
Elas colocaram o livro a sua frente e ficaram estudando lá por horas.
-- Então eu tenho que pegar essa equação... Balancear e depois acertar os coeficientes estequiométricos... – Emily observava-a resolver um exercício, perdendo-se completamente no rosto daquela garota a sua frente. Seus olhos percorriam todos os pequenos detalhes dela, inclusive a covinha em suas bochechas e os olhos extremamente focados no livro. Seus lábios movimentavam-se lentamente enquanto seus pensamentos soavam alto. E durante aqueles longos minutos em que se perdeu na garota a sua frente, Emily finalmente sentiu como se estivesse a um passo de começar a entender e aprender mais sobre Alice. -- Ta bem! Vamos lá C2H6O + O2 → CO2 + H2O... Agora é só balancear e estabelecer as proporções... – Alice arfou. – Ta, e como que vou fazer isso? – Ela olhou para o lado, encarando a ruiva como se esperasse que ela a ajudasse naquele exercício, mas Emily estava tão concentrada em como seus lábios se movimentavam que ela mal se deu conta de que a advogada a flagrava naquela situação. – Emily.. O que você está fazendo? – O timbre envergonhado de Alice despertou-a.
-- O quê? – Ela sacodiu a cabeça, tentando disfarçar a situação. – Eu estava... é... Bom, eu estava vendo você fazer o exercício...
-- Estava? – Alice apoiou o queixo em uma das mãos e encarou a ruiva, olhando em seus olhos e deixando-a extremamente nervosa.
-- S... Sim. – Gaguejou. – Claro. – Afinal, por quê parou? – Desviou o assunto.
-- Eu não sei como fazer essa parte. – Alice apontou para o exercício com a lapiseira que estavam em mãos.
-- Como não? A gente acabou de fazer um exercício assim.. Vamos lá. – Emily pegou a lapiseira da mão de Alice e explicou-a como resolver. – Se nós balancearmos essa equação, teremos 1 C2H6O + 3 O2 → 2 CO2 + 3 H2O... E depois é só estabelecer as proporções – Alice deixou um sorriso escapar de seus lábios ao ver a ruiva tão empenhada em ensiná-la, e era incrivelmente fascinante o quanto ela podia ser linda quando estava focada nas coisas. E pensar que talvez Emily pudesse ter pensado a mesma coisa enquanto a olhava, deixou-a completamente boba.
-- Emily? – Sussurrou seu nome.
-- Hm? – A ruiva parou de escrever no canto do livro quando a olhou, tentando decifrar o que se passava na mente daquela garota que a olhava de uma forma tão intensa e diferente do que já havia visto.
-- Você está cobrindo a minha visão. Como vou aprender se não consigo enxergar o que você escreve? – Ela riu.
-- Estou? – Emily pressionou os lábios. – Desculpa, eu... – A forma como Alice a olhava deixou-a completamente desconcertada e confusa, pois aqueles olhos dourados enfrentavam os seus diversas vezes, sendo desviados apenas quando mudavam o foco para os lábios da ruiva e por um instante ela sentiu como se Alice pudesse beijá-la a qualquer momento, fazendo seu coração disparar inexplicavelmente. Emily sentiu-se desafiada pelo próprio corpo quando seu coração pareceu, por um instante, querer que Alice o fizesse e antes mesmo que pudesse pensar no quanto aquilo seria uma loucura se acontecesse, as palavras começaram a sair de sua boca. -- E se você chegasse mais perto, conseguiria enxergar melhor assim?
Alice teve que conter o sorriso. Ela apenas consentiu com as palavras da ruiva e se aproximou, encostando seu corpo contra o dela enquanto a via terminar a resolução do exercício que ela sequer continuou prestando atenção, até porque se ela tivesse prestado, teria percebido que Emily estava com sérias dificuldades para pensar e escrever depois daquela aproximação. Seus olhos estavam bem mais preocupados em observar a ruiva ao seu lado do que o que ela escrevia. E para Alice era extremamente difícil prestar atenção em qualquer coisa quando Emily ficava assim, tão próxima dela. O coraçãode Alice quase saiu pela boca quando ela virou-se para pergunta-la se havia entendido e seus lábios quase se chocaram, deixando-as completamente estáticas diante da situação.
Olhos azuis e dourados enfrentavam-se naquele instante, ambos procurando por qualquer vestígio de sentimentos ou entrega, ambos perdidos e completamente desconsertados. Alice queria que seus pensamentos fossem verdade, ela queria que em algum momento daquele dia Emily tivesse desejado beijá-la e tocá-la de forma carinhosa, tratando-a com toda a atenção que estava lhe dando. Seu coração disparou quando sua mente a levou a imaginar como seria o beijo entre elas sem todo o álcool em seu sangue, como na noite anterior, se os lábios de Emily seriam tão gostosos quanto aparentavam, se elas teriam a conexão. Se o beijo seria daqueles que fazem suas pernas tremerem, que causa borboletas na boca do estomago, que traz arrepios na superfície da pele e que deixa nosso coração palpitando por longos segundos. Aquele beijo que nos faz até prender a respiração de maneira inconsciente, como se tivéssemos a intenção de manter aquele momento para sempre. E foram todos esses pensamentos que levaram Alice a beijar a ruiva naquela hora.
O beijo de Alice não havia sido surpresa nenhuma para Emily, que parecia já sentir que ela faria aquilo. Mas mesmo não sendo surpresa, a ruiva não teve como controlar a forma que seu coração e corpo reagiram, entregando-se completamente à aquele beijo que tão inacreditavelmente encaixava-se perfeitamente ao dela. Suas línguas tinham uma harmonia gostosa, contrariando qualquer outra imaginação ou pensamento que Emily pudesse ter tido antes desse momento. E talvez elas houvessem descobrido ali que elas poderiam ter muito mais em comum do que esperavam, mas a lembrança de Anne interrompendo-as no quarto, ainda na manhã daquele dia, fez a ruiva cair em si, percebendo que havia beijado a única pessoa que ela jamais deveria, Alice.
-- Alice, o que pensa que está fazendo? – Emily arregalou os olhos, após afastar-se dela.
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Tempos atuais.
-- Alice, o que você pensa que está fazendo? – A garota ainda olhava-a. – Nós vamos perder o vôo! Levanta logo essa bunda daí.
A advogada despertou do transe outra vez, quando a garota à sua frente alterou o tom de voz, chamando-a atenção.
-- O vôo... Claro. – Alice forçou um sorriso e se levantou. – Eu só vou pegar uma coisa que esqueci no quarto, só um momento.
Alice estava fora do Brasil há um ano, e desde que havia deixado o país, ela quase não havia entrado em contato com a família ou com Katrien, ligando para eles apenas algumas vezes em busca de alguma novidade à respeito de Emily. Mas após o fazer por todo esse tempo e obter sempre a mesma resposta, sua esperança se perdeu em meio as longas ligações que terminavam quase sempre em choro e decepções. De alguma forma, Alice havia deixado de acreditar que após 2 anos em coma, Emily poderia acordar, e perder essa esperança a fez se afastar de tudo. Depois de hoje, ela mudaria seu número, mudaria de endereço, e desabilitaria todas as suas redes sociais, e a partir de então faria de tudo para que as pessoas de seu passado não tivessem como encontrá-la. Depois de tantos meses sofrendo por ter perdido a melhor pessoa de sua vida, Alice precisava se despedir, ela precisava finalmente deixar a ruiva partir e permitir-se ser feliz. Afinal, isso realmente seria o que Emily iria querer. E pensar em todos os meses em que ela estava sofrendo, faziam-lhe imaginar o quanto a ruiva teria brigado com ela por vê-la daquele jeito.
Alice foi até o quarto, mas diferente do que ela havia dito, ela não havia ido pegar algo que esqueceu, e sim conseguir um tempo para conversar com Emily. Seja lá aonde ela estivesse.
A advogada retirou a foto da ruiva que ela sempre levava dentro da carteira e segurou-a de forma que pudesse olhá-la.
-- Olá Emily... Sou eu. – As lagrimas formavam-se nos olhos da jovem. – Desculpa por ter tentado te evitar nesses últimos dias... Mas eu acho que estou passando por uma situação aqui... E... Eu não sabia como conversar sobre isso, mas eu preciso... Eu... Eu acho que estou me segurando para não me apaixonar de novo... E eu acho que é porque eu não consigo aceitar que você não está mais aqui. Eu fico pensando que você ainda vai voltar pra mim, mas... – Alice limpou algumas das lágrimas que escorriam pelo seu rosto e respirou fundo, enquanto tentava controlar os soluços do choro. – A quem eu estou tentando enganar, Harley?! Já se passaram dois anos... E... E você não vai voltar. Não tem como você voltar. Então eu... Eu... – A advogada apertava a foto em suas mãos, seu coração doía no peito apenas ao pensar naquelas palavras, mas por mais que aquilo pudesse lhe doer, ela sentia que era o certo a se fazer. Ela tinha que se dar uma chance, dar uma chance a vida que ela ainda podia ter, dar uma chance ao amor que Emily havia lhe ensinado que era possível sentir. Ela devia isso não só à ela, mas também à ruiva. – Eu preciso perguntar... Está tudo bem se eu seguir em frente? – Alice colocou a foto de Emily sobre o busto e ficou em silêncio, como se aguardasse por algum sinal que pudesse lhe servir como resposta.
-- Alice, é sério, nós vamos nos atrasar para pegar o avi... – Quando a outra mulher ia entrando no quarto, ela se deparou com a advogada aos prantos, e naquele instante todas as suas palavras cessaram. Evellyn podia imaginar o quanto esse dia seria difícil para Alice, visto que quando se conheceram, a primeira coisa que a advogada havia dito à ela era que elas não iriam se envolver, porque ela era apaixonada por outra pessoa e que mesmo que ela não estivesse aqui, ela jamais a esqueceria. Mas os poucos dias em que Evellyn havia se dedicado a cuidar da advogada acabaram mudando seu pensamento.
-- Ali, meu bem... – Ela se aproximou de Alice, sentando ao seu lado na cama. – Você tem certeza que quer fazer isso? – O olhar atencioso da mulher de cabelos longos e loiros percorriam o rosto da advogada, buscando por seus olhos. – Sabe, nós não precisamos ir... Você não precisa deixar isso para trás.
Alice olhou-a por cima do ombro, e seus olhos avermelhados pelo choro encontraram-se com os da outra, e durante longos segundos eles enfrentaram-se, Evellyn buscando entende-la um pouco melhor, e Alice buscando forças naquela mulher para conseguir fazer com que seu amor por Emily não atrapalhasse a história que elas poderiam ter, e durante aquela longa troca de olhares, a advogada depositou a mão sobre a de Evellyn.
-- A verdade é que eu preciso. – Alice pressionou os lábios em um sorriso forçado. – Eu só não podia fazer sem antes me despedir. – Olhou mais uma vez para a foto da ruiva e apertou-a sobre o peito. – Você entende?
-- Perfeitamente. – Evellyn acariciou os cabelos de Alice, e a puxou para um abraço, tentando encontrar uma forma de confortar a jovem.
E durante aquele abraço que perdurou por longos minutos, o tão esperado sinal de Alice apareceu quando seu celular tocou e nome “Katrien” apareceu na tela. Mas o modo silencioso estava ativo, e isso não a permitiu ouvir o toque do celular. E o tão esperado sinal não aconteceu uma só vez, Katrien, diferente do que costumava fazer, ligou para a advogada mais de três vezes, porém foi em vão. Quando o abraço entre Alice e Evellyn cessou, o atraso para o vôo já era tanto que elas se levantaram as pressas e correram para o aeroporto.
O celular acabou ficando no hotel, um hotel para o qual Alice jamais retornaria.
“Você precisa me retornar, é urgente!” – A breve mensagem apareceu na tela do celular.
Poucas horas antes das ligações.
-- Eu espero que você ainda se lembre do que te contei semana passada... – Em meio a todo aquele silêncio, Emily pode ouvir uma voz fraca e sem muito ânimo soando não muito longe dela. – Eu tentei aparecer antes, mas as coisas estão complicadas sem você. – A ruiva tentou abrir os olhos para identificar a dona daquela voz feminina, mas não obteve êxcito. E embora ela não pudesse ver quem estava ali, ela podia ouvir e sentir tudo, e sentiu quando a sua mão foi tocada. – Sabe, as pessoas ainda não se acostumaram com a sua ausência. – A dona daquela voz levantou a mão de Emily e depositou um beijo demorado em sua superfície. – Mesmo depois de tanto tempo eu acho que eles ainda não digeriram o que aconteceu... Os médicos não acreditam que você possa acordar... – Naquele momento em que as palavras da mulher falharam, a ruiva pôde sentir algo úmido e morno cair sobre a sua mão, e não muito depois, pôde ouvi-la fungar, constatando que, seja lá quem fosse, estar ali, ao seu lado, lhe deixada triste. – Mas eles não são Deuses, certo? E eu não posso desistir de você. Eu preciso te pedir desculpas, Emily. Desculpas por ter vindo tão poucas vezes nos últimos meses. Mas a verdade é que tem sido muito difícil ouvir sempre as mesmas coisas... – A mulher deitou a cabeça sobre a barriga de Emily, e suas mãos, que antes seguravam a mão dela, foram de encontro aos seus cabelos, acariciando-os. – As pessoas tem tentado seguir com suas vidas... E cada vez menos eles tocam em seu nome perto de mim. É como se eles estivessem perdendo as esperanças a cada dia que você fica aqui nesse lugar, minha pequena. – Se não fosse pelas caricias que Emily recebia em seus cabelos, ou pelo choro persistente que ela ainda era capaz de ouvir, ela poderia dizer com toda certeza que aquela mulher havia ido embora, pois seu silêncio pareceu durar eternidades. Mas após respirar fundo, a mulher prosseguiu com a conversa que Emily sequer conseguia responder. – Você precisa levantar logo daí, Emily. Precisa juntar as suas forças e acordar! Precisa mostrar para eles que você ainda está aqui! Para mostrar pra mim... – A força nas palavras lhe faltou naquele instante. – Eu preciso de um sinal, qualquer um... – Durante o longo silêncio que se instalou no quarto de novo, Emily tentou falar e lutou para abrir os olhos ou até mesmo se mexer, mas foi em vão. Embora para a ruiva ela aparentasse estar lutando para interagir com a mulher, para quem via de fora, nada podia ser notado. – O Matheus se casou, sabia? Casou-se com uma linda mulher... Ele liga de vez em quando para saber notícias suas... Soube que ele se mudou para São Paulo há algum tempo. – A mulher recuperava a firmeza na voz ao falar de outras pessoas para Emily. – O Robbert, por outro lado, desistiu de se mudar. Ele está morando na minha casa, na verdade. Acho que ele tem tentado parecer forte e cuidar das coisas, sabe? Mas acho que ele fica muito sozinho por lá... porque eu não fui capaz de voltar lá desde o seu acidente... Pelo que soube, a Anne também não voltou lá desde então... E... Emily... Eu temo que ela e seu irmão estejam se divorciando, mas nenhum dos dois fala sobre isso. Ridiculo, não acha? – A mulher riu forçadamente e debruçou sobre a barriga de Emily de novo. – No fundo eu acho que ninguém foi capaz de se perdoar ainda... Porque todos nós temos nos sentido como se tivéssemos uma parcela de culpa no seu acidente... E de alguma forma, nós temos. Eu tenho pelo menos. – Emily sentiu sua mão ser segurada mais uma vez, sentindo também leves apertões a cada vez que a mulher falava algo que aparentava lhe chatear. – E é por isso que você precisa voltar Emily! Nenhum de nós teve a chance de se desculpar com você. Nós lhe machucamos tantas vezes e... O nosso tempo foi tão curto... Eu senti como se pudesse me desculpar com você a qualquer momento e fui adiando... Até que isso aconteceu e... – Respirou fundo. – O que eu estou fazendo?! Eu já deveria saber sobre quem você gostaria de estar ouvindo... Sobre a Alice, não é mesmo? – Outros longos segundos de silêncio e a tentativa falha de segurar o choro partiram daquela mulher. Suas lágrimas deixavam úmidas o robe hospitalar que a ruiva usava e todas aquelas estranhas sensações que Emily podia sentir estavam deixando-a confusa demais, tornando-a incapaz de diferenciar o que era real e o que não era. Para ela, a sensação era de que tudo isso parecia como um daqueles sonhos terríveis onde estamos imóveis e não podemos fazer nada com as coisas que acontecessem ao redor.
Emily sentiu todas aquelas informações embaralharem-se em sua cabeça enquanto ela tentava buscar por coisas que ela não sabia. Os sons do ambiente lhe pareciam mais vivos, mais altos. E além da voz daquela mulher, a ruiva agora conseguia ouvir bipes que lembravam-lhe os sons dos batimentos do coração, e também algo semelhante ao som da respiração, porém em um tom mais intenso e mecanizado. A voz daquela mulher também havia ficado mais alta naquele meio tempo e junto à ela, vários outros murmurinhos com jargões médicos.
Dentre todos os sons que agora estavam mais claros para Emily, as últimas palavras da mulher que conversava com ela eclodiram tão alto que a fez tentar responde-la de uma maneira mais feroz.
-- Eu não sei como contar isso a você agora, mas a Alice... – Naquele instante, Emily abriu os olhos, relutando continuamente contra a luz forte que insidia sobre eles, e ao conseguir mantê-los completamente abertos, ela pôde ver a mulher de cabelos ruivos que segurava a sua mão e apoiava-a em seu próprio rosto, ela estava com seus olhos fechados e o rosto rubro, por conta do choro.
Emily sentia fortes dores na cabeça, mas essas não eram literalmente dores físicas, mas sim um enorme desconforto por não entender as coisas que estavam acontecendo ali. Ela sentia-se completamente perdida e confusa. Seus olhos percorreram todo o ambiente do quarto aonde ela estava e seus corpo começava a liberar leves espasmos devido ao aumento da atividade cerebral de Emily assim que acordou.
-- Quem... – A voz da ruiva quase não saiu. Sua boca estava extremamente seca. – Quem é você? – Emily sequer tentou se mexer, seu corpo ainda estava mole.
A mãe de Emily surpreendeu-se ao ouvir a voz da filha. Seus olhos curiosos e apressados abriram-se rapidamente, e sua alegria ao ver a filha ali, viva, foi tanta que, controlar as lágrimas de felicidade que escorriam de seus olhos foi impossível, e junto à elas, um sorriso contagiante formou-se. Mas sua felicidade foi interrompida pela reação um tanto quanto surpreendente de Emily, que afastou o rosto das mãos de Katrien, quando a mesma tentou tocá-la durante um carinho.
-- Quem é você? – Katrien finalmente prestou atenção naquelas palavras, dando-se conta de que a filha estava completamente confusa após o acidente e os anos em coma.
Fim do capítulo
Meninas, boa noite! Espero que tenham gostado da leitura.
Peço desculpas por qualquer erro e ortografia ou semântica, pois não tive tempo para revisar o capitulo antes de postar. Mas assim que possível vou fazê-lo e corrigí-lo se necessário.
Peço que tenham um pouquinho de paciência comigo também e que não desanimem de deixar esses lindos comentários! Ainda não tive tempo para respondê-los com toda atenção que vocês merecem, mas venho dizer que leio cada um deles e é muito importante para mim todo esse carinho de vocês!
Um grande beijo à todas, e até o próximo capitulo.
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lay colombo
Em: 28/04/2017
Eita preula, q menina Em não lembra de nada e a Aly deu linha na pipa. Mas TD bem a Em não morreu então tá TD certo e tbm vai ser lindo ver elas se reapaixonarem.
Resposta do autor:
Oi lay!!
Com esse novo "recomeço", muitas coisas podem acontecer!
Estamos caminhando para um final de história e espero que vocês ainda se surpreendam muito com o que está por vir!
Um beijo grande e até o próximo capítulo!
patty-321
Em: 27/04/2017
TD sempre foi confuso entre Emily e Alice.agora Emily acorda e Alice some.sera q a Anne terá uma nova chance?
Resposta do autor:
Elas sempre foram dois grandes opostos, isso é verdade...
E é bem provável que Anne tente alguma coisa, vamos ver!!!
Um beijo e até o próximo Patty!
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Mille
Em: 27/04/2017
Olá Jeny
Alice deixando a Emily para tentar recomeçar, pela forma que ela estava deveria dar um último adeus pessoal, mais mesmo assim o sinal veio mais passou.
Emily voltando mais sem memória, Robert e Anne se separando acho que a Anne tentará algo com a Emy já que ela está sem memória e será nesse ponto que saberemos se os sentimentos da Alice permanece lá em seu coração.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Oi Mille!
Esse "último" adeus eu estou guardando para mostrar a vocês mais pra frente... Espero poder mostrar a vocês o quanto foi difícil essa decisão para a Alice, e o quanto ela teve que ser forte para tomá-la.
Anne amadureceu muito com tudo que aconteceu, acredito que é um tanto quanto visível que ela ainda sente alguma coisa pela ruiva... Agora o que de fato é ainda é um mistério.
Beijo grande, até o próximo
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