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Boa leitura!
Capítulo 48. . O primeiro despertar
Minutos após o acidente.
-- Alguém... Socorro... – A voz do motorista envolvido no acidente, ao presenciar o carro de Matheus e Emily completamente destruído, soava completamente trêmula, assim como seu corpo estava, e embora seus olhos vissem claramente o acidente, sua mente não conseguia assimilar os fatos, deixando-o completamente estático com a situação.
Aquelas palavras não faziam muito sentido agora, mas de certa forma, foram elas que impulsionaram Emily a tentar manter-se acordada naquele instante, e mesmo com a visão turva e sem entender de fato o que estava acontecendo, ou onde estava, ela lutava para se manter ali, intercalando seus momentos de consciência o máximo que podia. Ela ouvia o homem pedir por ajuda, mas a voz do mesmo soava baixa demais para que alguém pudesse ouvir.
De onde estava, Emily apenas conseguia enxergar a parte inferior do corpo do homem, que encontrava-se parado próximo à frente do carro.
-- Ei... – A ruiva tentou atrair a atenção dele para si, mas sua voz falhou quando sentiu um filete de sangue escorrer pelo seu rosto, passando pelos seus olhos e obrigando-a a fechá-los. – Ei... – Ela tentou aumentar o tom de sua voz ao máximo, mas aquilo parecia lhe machucar ainda mais, pois a cada vez que precisava de uma respiração mais profunda, uma enorme dor em toda a sua região torácica irradiava. – Me ajuda... – Emily esticou o braço, arrastando sua mão pelos cacos de vidro que estavam no chão enquanto movimentava a ponta de seus dedos em direção ao homem, buscando um meio de fazer qualquer tipo de som que mostrasse a ele que ela estava viva e que precisava sair dali. – Ei... – Emily não tinha noção do tempo que se passava enquanto ela inutilmente tentava atrair a atenção para si, e cada segundo do tempo que perdia ali era extremamente valioso. Seus olhos pareciam cada vez mais pesados, e manter-se consciente parecia-lhe impossível, e foi em seu último momento de consciência que o homem finalmente a percebeu e baixou-se para tentar ajudar, mas embora os olhos da ruiva permanecessem intercalando entre estarem abertos e fechados, seus momentos de lucidez acompanhavam uma intensa fraqueza e também dores, e isso fazia-lhe preferir estar inconsciente.
-- Você está acordada!!! Meu Deus, você está acordada!! – O homem repetia aquelas palavras enquanto olhava-a de maneira afobada.
Embora seus olhos fitassem o homem a sua frente, parecendo-lhe estar prestando atenção em tudo que ele dizia, ela não conseguia ouvir e muito menos falar nada.
O motorista agachou-se a sua frente, não se importando com o fato de estar apoiando seus cotovelos em um chão repleto de cacos de vidro e sangue, ele podia enxergar o desespero e a confusão nos olhos da mulher de cabelos ruivos. E quando a viu tentar alcança-lo com uma das mãos, ele as segurou, tentando confortá-la em um momento como aquele, enchendo-a de perguntas que ela não podia ouvir ou responder.
Emily estava cansada de lutar para manter-se ali com ele. Ela precisava descansar um pouco, precisava de uma forma para fazer toda a dor sumir, e foi questão de tempo até que a exaustão do seu corpo lhe levasse a perda da consciência, deixando o homem que segurava a sua mão completamente desesperado ao achar que estava a perdendo.
-- Eu vou te tirar daí, tudo bem? – Ele aproximou-se da jovem, repetindo aquelas palavras para si mesmo enquanto se enfiav* em meio as ferragens do veículo, e sem perceber que a jovem encontrava-se com o tórax preso a um delas, ele segurou por de baixo dos braços dela e tentou puxá-la dali, falhando na primeira tentativa. – Calma, eu já vou te tirar dai... – As pessoas que se aproximavam no local do acidente insistiam para o rapaz deixa-la parada, para não tocá-la, mas o motorista estava tão em choque pelo acidente que sequer prestou atenção no que eles falavam, insistindo na ideia de tirá-la de lá, puxando-a com toda força que podia, fazendo com que o corpo da jovem se movesse pela ferragem, mas continuasse preso à ela.
A insistência do homem em tentar tirá-la de lá a fez despertar durante um grito desesperador de completa dor, assustando-o e fazendo soltá-la. E embora a atitude dele houvesse sido completamente estúpida, aquele choque de diversas dores despertou a ruiva de uma forma que antes ela não estava, permitindo-a ter um breve momento de completa consciência. As pessoas ao redor aproximaram-se do motorista, segurando-o pelos braços na tentativa de arrastá-lo de lá, mas ele teimou em sair, ficando sentado ao chão, próximo a jovem.
Emily olhava por todos os arredores do acidente de maneira apressada e nervosa. Seus batimentos cardíacos acelerados interferiam em sua respiração, deixando-a ofegante e com a boca extremamente seca. Emily esticou a mão, segurando em um dos braços do homem enquanto tentava lhe dizer alguma coisa.
-- Você está gelada... – Afirmou o motorista.
-- Alice... Ela... Ela está na festa. – A ruiva tinha seus pensamentos e palavras interrompidas pelos espasmos musculares que todo o seu corpo liberava em função do frio que começava a sentir. – A festa... – Emily tentou erguer a mão para aponta-lo a direção, mas seu corpo tremia de forma constante e intensa, e antes que pudesse completar o que dizia, ela engasgou com o pouco de sangue que subia-lhe até a boca, expelindo-o.
-- Moça, não se mexa, por favor. A ajuda já está chegando... – Uma mulher de cabelos longos e cacheados aproximou-se dela, mantendo-se em uma distância segura para que não se machucasse nos cacos de vidro e nem encostasse na jovem.
Ouvir a ruiva mencionar a festa fez o homem perceber de que eles haviam vindo exatamente do mesmo lugar, uma vez que ele dirigia o caminhão do bufe que serviu a festa onde ela se encontrava anteriormente ao acidente, e a coincidência dos fatos deixou-o ainda mais abalado, fazendo-o negar-se a sair dali e deixa-la sozinha.
Mais pessoas começavam a se aproximar do local do acidente, cercando-o os veículos envolvidos com uma barreira humana de curiosidade e aflição. O rapaz sentando ao lado do corpo ensanguentado da ruiva chamava-os atenção, uma vez que ele tinha apenas algumas luxações pelo corpo.
-- Por favor... – Implorou ao homem, segurando em sua mão e dando-lhe um leve aperto.
O motorista teve uma longa discussão interna sobre o que deveria fazer, mas ao ver tantas pessoas já se aproximando do local, e muitas delas com telefones celulares em ligação com a emergência, ele optou por avisar a única pessoa que poderia provavelmente conhecer os dois envolvidos no acidente, a tal de Alice.
-- Fica com ela, não deixe ela morrer. – O homem segurou no braço da mulher que havia se aproximado, e seus olhos amedrontados transmitiam toda a aflição e culpa que sentia naquele momento... Eu vou...
-- Senhor, você não pode deixar o local do acidente! Você está machucado, precisa de atendimento. – Insistiu a mulher.
-- NÃO! Eu estou bem! Eu preciso avisar à ela, preciso avisar a família da moça. – O homem disparou em direção à festa.
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-- Eu não acredito que a ligação foi falhar logo agora... – Alice olhava decepcionada para a tela do celular quando a ligação foi encerrada do outro lado da linha. Seu coração estava apertado por não ter conseguido ouvir o que a ruiva queria dizer. – Maldita vivo. – Ela resmungava enquanto discava o número da ruiva novamente. Mas foi durante o tempo de levar o celular até o ouvido novamente que ela, assim como todos na festa, foram surpreendidos pelo homem que entrou pela porta principal de maneira afobada e desesperada, contrariando a vontade dos seguranças.
-- Senhor, você não pode entrar aqui!!! – Eles gritavam com o homem que parou logo à frente da porta principal após adentrar no salão, ele estava ofegante por ter percorrido tantos quilômetros até chegar ali.
Alice, que estava de costas para a entrada, virou-se de repente, curiosa com a confusão que o rapaz estava provocando, e no instante em que o viu, com as roupas imundas em sangue seu coração gelou, apertando-se no peito de uma maneira inexplicável. Era como se seu corpo pudesse pressentir que algo muito ruim havia acontecido, e que de alguma forma ela podia estar envolvida nisso.
-- Senhor! Venha conosco! – Os seguranças se aproximaram do homem, tentando convencê-lo a ir para fora da festa, mas o homem não entregou-se facilmente, ele gritava forte para que todos ali pudessem o ouvir, inclusive a pessoa que ele queria, Alice.
-- ALICE? – O homem se esgoelou ao chamar por aquele nome, esperando que a jovem fosse até ele.
-- Não... – O celular chegou a escapar das mãos da advogada quando o ouviu. Sua mente negou-se a acreditar que aquele homem procurava justamente por ela. Como poderia ele saber o seu nome? E porque ele estava tão sujo de sangue? – Não, não, não... –Seu coração disparava de forma descompassada, enquanto sua mente encarregava-se de imaginar todas as possibilidades para os fatos. Seus olhos rapidamente preencheram-se com lágrimas, e embora ela não soubesse ao certo o que tinha acontecido, as roupas ensanguentadas e o corpo machucado do homem a sua frente lhe diziam tudo. Seus passos apressados levaram-na de encontro ao homem, e com as mãos trêmulas pela agonia que já sentia, ela segurou nos ombros dele. – O que aconteceu? – A voz fraca e receosa da advogada entregavam o medo que ela sentia da reposta. – Como você sabe meu nome? Quem é você?
-- Eu sinto muito... Eu não queria ter batido neles... O freio do caminhão falhou e... Eu não consegui desviar... Eu... Eu... – As palavras daquele homem ecoaram em seus ouvidos, e quando tudo pareceu lhe fazer completo sentido, Alice desabou. Suas pernas perderam a força, e quando seu corpo caia ao chão, um dos seguranças que estava próximo a segurou.
-- Senhora, você está bem? – Ele a tinha nos braços. – Senhor, aonde foi esse acidente? Você já ligou para a polícia? Você está bem?
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Tempos atuais.
-- Eu não quero que você pense que estou abandonando vocês, Katrien. – Alice olhou-a. – Vocês são a minha família. – Ela segurou nas mãos da mulher de cabelos ruivos enquanto a olhava atentamente. – Mas eu preciso de algum lugar aonde eu possa recomeçar, aonde eu possa deixar toda essa dor para trás. – Ela respirou fundo enquanto tentava conter as lágrimas novamente. – Você deveria fazer isso também, encontrar a sua mãe... Deixar que ela cuide de você agora... Permitir que o amor deles possam lhe trazer algum conforto...
Katrien sabia que Alice estava certa e que ela precisava da atenção e do amor de familiares agora, mas ela não estava disposta a partir dali, a deixar aquela casa com todas as lembranças de sua filha.
-- Você ouviu o que os médicos disseram, Katrien. – Alice respirou fundo, tomando coragem para repetir aquelas palavras. – Infelizmente não há mais nada que possamos fazer agora... Depois de um ano, as chances dela... – A mãe de Emily a interrompeu.
-- Eu sei. – Apertou as mãos da advogada e a puxou para um abraço demasiado.
Aquelas mulheres transmitiram durante aquele abraço uma moção de sentimentos, buscando conforto uma na outra.
-- Eu não posso deixa-la, Alice. – Os olhos da mulher mais velha estavam vermelhos pelo tanto que lutava para não chorar. – Eles podem dizer o que for, podem dizer que minha filha nunca mais irá acordar ou que se acordar pode nunca mais falar ou se mexer... Isso não me importa! Enquanto houver vida, eu vou ter esperança. – As palavras fortes da Katrien demonstraram para Alice o tamanho do amor que uma mãe pode ter por sua filha, e naquele instante ela sabia que Katrien nunca deixaria Emily sozinha, mesmo naquelas condições.
-- Eu queria ter ao menos metade da força que você tem, Katrien. – Lágrimas escorreram dos olhos da advogada, enquanto ela lamentava-se e sentia-se terrível por querer ir embora daquela forma.
-- Não diga uma coisa dessas, querida. – A mãe acariciou o rosto da advogada, enquanto enxugava as lágrimas dela. – Você ainda é jovem, e tem o direto de ser feliz e de recomeçar...
A advogada foi tomada por um choro compulsivo ao ouvir aquelas palavras. Ela abaixou a cabeça e cobriu o rosto com as mãos, buscando esconder-se dos olhos atentos e preocupados de Katrien.
-- Emily iria querer que você fosse feliz, Alice. – A ruiva apoiou a mão no ombro da advogada. – Ela não se perdoaria se você desperdiçasse o resto de sua vida aqui, vivendo nas sombras do que foi o amor de vocês. – Katrien puxou-a, colocando a cabeça da advogada em seu ombro enquanto a envolvia em um afago. – Você sempre a conheceu tão bem quanto eu... Você sabe que ela odiaria ser lembrada dessa forma. – Ela acariciava os cabelos de Alice. – Ela gostaria que você se lembrasse dela como vocês eram quando ela ainda.... – Katrien não conseguiu terminar a frase, seu coração apertou-se só de pensar na junção daquelas palavras.
-- Eu nunca vou esquecê-la, Katrien. – A advogada murmurou durante o choro. – Emily foi e sempre será o meu primeiro amor. – Deixe-me olhá-la um pouco... – Os olhos quase dourados da advogada percorreram todo o rosto de Katrien. – Vocês sempre foram tão parecidas... – Ela sorriu quando lembrou-se do rosto da mulher que amava.
-- Ela odiava quando dizíamos isso... – Katrien deu um breve riso.
-- Eu nunca entendi o porquê... Você é uma mulher tão bonita. – Alice elogiou-a enquanto lhe afagava o rosto.
-- Você sempre foi um doce... Mesmo nas horas difíceis.. Não é mesmo? – Katrien sorriu para a advogada, e embora aquele momento fosse maravilhoso, ela sabia que Alice estava prestes a partir, e seus olhos não negavam a despedida eminente.
-- Eu mandarei notícias quando me arranjar por lá. Eu prometo. – Alice pegou a mala e sorriu para a mulher, evitando uma despedida mais prolongada e dolorosa.
-- Esperarei ansiosa. – Katrien acenou enquanto observava a advogada se afastar. – Alice? – Chamou-a por uma última vez.
A advogada virou-se novamente para ela, e antes mesmo que ela dissesse alguma coisa, seu coração acelerou no peito, como se ela já esperasse pelas palavras que viriam da mãe da ruiva.
-- Você vai visita-la antes de ir?
O coração da advogada batia em proporções agoniantes só de lembrar que a veria pela última vez. Vê-la daquela forma lhe trazia uma angustia enorme, e embora tê-la em seus braços pudessem de alguma forma deixa-la em paz, o fato de Emily não ser ela mesma naqueles momentos causavam-lhe grande sofrimento também.
Alice pressionou os lábios e apenas consentiu ao balançar a cabeça, respondendo à pergunta de Katrien e partindo logo em seguida.
Fim do capítulo
Meninas, meu coração está partido por vocês viu?!
Não tenho gostado de escrever sobre isso também, mas,
tudo tem o seu porquê. Posso garantir isso.
Um grande beijo a todas. E, espero que estejam pegando um pouco do que quero dizer para vocês.
Obrigada à todos os comentários e carinho!
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patty-321
Em: 17/04/2017
Muito triste. Não consegui ler completamente as cenas do acidente, fico mal. Tadinha dá Emily, um ano em cima, só uma mãe para ainda ter fé q ela vai se curar. Muito sofrimento para a Alice, ver a Emily desse jeito, inerte. To torcendo pra q venha muitas emoções positivas ainda nesta estória. Bjs
Resposta do autor:
Ei patty! Tudo bom?
Desculpe-me se algumas cenas do acidente foram pesadas... Eu tentei reduzir alguns detalhes para evitar que as pessoas se sentissem desconfortaveis com as cenas.
E concordo contigo, só uma mãe para ter tenta de assim depois de tanto tempo
Espero que você ainda se surpreenda muito com o que quero mostrar para vocês.
Um grande beijo
JeeOli
Em: 15/04/2017
Eu tô amando a história mesmo ela estando num momento difícil, acho que Alice não deveria ir embora, mas veremos o que essa visita pode proporcionar, fico ansiosa esperando a continuação
Resposta do autor:
Oi Jee! Fico contente por saber que está gostando!
Obrigada pelo carinho, um grande beijo e até o próximo.
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