POV Adriana

 - Amor? - a chamei ao entrar em casa.

 - Aqui - saiu da cozinha - chegou cedo, rosas?

 - São para você - a beijei - fez o almoço?

 - São lindas, Dri. Obrigada - acariciou minha bochecha - ainda não, vou fazer agora.

 - Te ajudo.

 Amanda cozinha divinamente e eu fico responsável por limpar, somos realmente um par perfeito. Coloquei as flores em uma jarra enquanto a pediatra começava a preparar a comida.

 - Você ainda tem pesadelos? - perguntou.

 - As vezes, a terapia tem ajudado bastante.. as vezes tenho medo de acordar e me ver em Banchester com ela - Amanda parou de cortar os legumes e se aproximou de mim me abraçando.

 - Isso não vai acontecer.

 - Mas foi muito real.

 - Nós somos reais, Dri - a apertei e suspirei longamente - Adriana?

 - Oi? 

 - Casa comigo?

 Me afastei e a encarei, procurei algum vestígio de brincadeira e sua expressão não demonstrava nenhum vestígio disso.

 - Sério?

 - Sim, mas se você acha ser cedo ou- a beijei.

 - Você fala demais - bati em seu ombro - nada me faria mais feliz que isso, claro que aceito.

 - Eu queria fazer isso de outra forma - jogou o cabelo para trás - seus pais estão vindo para cá, minha filha e o Caleb também, fiz uma reserva em um restaurante, eu pretendia me ajoelhar e estar com a aliança, seria uma surpresa.

 Enquanto ainda estávamos em Londres, Amanda ligou para os meus pais, eles queriam ir correndo para o hospital, mas os convenci que não tinha necessidade. Todos os dias eles me ligavam e posso dizer que desenvolveram uma paixão enorme pela minha futura esposa.

 Já a sua filha quase enlouqueceu quando soube de tudo o que aconteceu, como ela estava em meio a provas na escola, Amanda a pediu para terminar e depois vir nos visitar.

 Caleb tem sido um bom amigo, ele me lembra o Daniel, descobri que os dois chegaram a trocar beijos, não me surpreendi muito. O Dan era um safado.

 - Nossa - foi tudo o que consegui dizer.

 - Não gostou? - sondou insegura.

 - Não, eu amei, você é perfeita Amanda. Mal posso acreditar na minha sorte em ter você.

 - Temos sorte de termos uma a outra e eu te prometo que mostrarei todos os dias da minha vida que eu e você somos reais.

 - E eu prometo te amar por toda a minha vida! - colei nossos lábios de uma maneira suave, minhas mãos se entrelaçaram em seus cabelos e ela aprofundou o beijo.

 - Minha filha chega amanhã de manhã - murmurou após nos separarmos - e seus pais a tarde, você se incomoda por eu ter chamado todos eles?

 - Claro que não - colei nossos lábios em um pequeno selinho - e esse almoço? Sai hoje?

 - Se você me soltar - sorriu convencida e só então notei que estava agarrada a ela - você ainda não me contou o motivo de chegar cedo - voltou a cortar os legumes.

 - Ah, pedi demissão - Amanda se voltou para mim perplexa.

 - Sério?

 - Sério.

 - Uau, não esperava por isso, quer dizer, ficarei menos preocupada com você agora, mas você não vai sentir falta?

 - Não, não quero mais trabalhar com isso, preciso encontrar minha vocação.

 - Que tal ser mãe?

 - Mãe? 

 - É cedo né? Eu sei, é que você ainda é muito nova, só que eu não, mas eu já tenho uma e quer dizer, quero ter um filho com você, mas se- abracei suas costas e a ouvi respirar fundo - estou falando muito, não é?

 - Sim - ri baixinho, Amanda tem essa mania quando está nervosa. Seus ombros estavam tensos, comecei a massagear o local.

 Eu nunca me imaginei mãe, é um desejo, mas me conformei que não realizaria por conta do trabalho, a CIA impossibilitava uma vida normal. E tudo mudou tão rápido, o último ano me mostrou o quanto solitária e infeliz me tornei.

 Apesar de amar meus pais e saber que sempre estarão lá por mim, eu precisava construir minha vida e única pessoa que me despertou esse desejo novamente foi a Amanda.

 Pensei rapidamente em tudo o que passamos,  não estávamos juntas à anos para dar esse passo, mas quantos casais tem filhos não planejados em uma noite de apenas sex* casual e muitas vezes nem mantém contato? Quantas mães criam filhos sozinhas, abandonam ou abortam por conta disso?

 Virei Amanda para mim e mergulhei em seu olhar, meu coração acelerou e sorri a tranquilizando. O principal eu e ela temos, amor. E com isso eu tenho certeza que podemos ter tudo.

 - Eu quero construir uma família com você, com direito a muitos filhos - uma lágrima caiu do seu rosto, limpei e beijei seus olhos - não chore.

 - É de felicidade, eu te amo tanto. Te farei feliz.

 - Disso eu tenho certeza.

POV Charlie

 - Senhor - o policial me cumprimentou - vai querer interroga-la agora?

 - Sim - ele seguiu na frente pelo longo corredor me mostrando o caminho - só entrar.

 - Tudo bem, obrigado.

 Entrei na sala indicada, Elizabeth se encontrava com uma camisa de força, foi impossível não rir.

 - Qual a graça, Charlie? - rosnou.

 - Não temos muito tempo, Liz - me aproximei e a beijei - estava com saudades.

 - Eu também, querido. Qual o plano para me tirar daqui?

 - Irão te transferir daqui dois dias.

 - Perfeito - sorriu diabólica.

 - Para onde você vai?

 - Você já sabe.

 - Essa sua obsessão pela Adriana foi longe demais.

 Levantei andando nervosamente pelo pequeno cubículo, Elizabeth​ estava fora de si, sair da cadeia para perseguir a Adriana só faria com que ela fosse capturada novamente.

 - Você tem que parar, estou me arriscando por sua causa - desabafei.

 - Char - me chamou - eu amo você, não sinto nada por ela, querido. Só preciso me vingar, mas não se preocupe, posso esperar a poeira baixar. Não quero que ninguém desconfie de você.

 - Obrigado, amor - sorri aliviado - também amo você, mas preciso ir. No dia da transferência, um dos meus vai te ajudar, sempre irei te encobrir.

 - Tudo bem, me beija - me aproximei ansiosamente e tomei os lábios da minha mulher.

 - Até breve, Liz

 - Até, agente - sorriu provocativa.

Fim do capítulo