Capítulo 22
POV Amanda
Os policiais chamaram um helicóptero para nos levar ao hospital e prenderam Elizabeth em flagrante. Ganhei 10 opontos na perna e 6 na cabeça, me obrigaram a fazer diversos exames para verificar se sofri algum trauma, por sorte não.
Não fisicamente, mas emocionalmente estava um caco e desconfio que terei longos anos de terapia para superar aquele horror, como imaginei, Elizabeth drogou a Adriana.
Pedi que me chamassem assim que ela voltasse ao estado normal, sabia que quem tinha que contar o ocorrido era eu. Tive que esperar o efeito da droga passar, o que levaria algumas horas.
Me sedaram e só assim consegui dormir, acordei horas mais tarde e Adriana ainda não estava completamente em si, me fizeram comer, mas a comida não descia.
Acho que os médicos se sensibilizaram com o nosso caso, pois me colocaram em uma cadeira de rodas e me levaram até ela, olhei seu belo rosto e meu coração se encheu de serenidade ao ter certeza que ela estava segura.
Coloquei a cabeça em seu ombro e chorei, chorei como nunca havia chorado antes.
- Eu queria poder te dizer que ficará tudo bem - lamentei - mas não posso, por minha culpa você está aí e o seu amigo morto, espero que um dia você possa me perdoar.
Beijei seu rosto e sua mão, a enfermeira me pediu para voltar ao meu quarto, retornei com o coração na mão. Passei as horas seguintes olhando o teto branco e esperando a Dri acordar.
- Ela acordou - o enfermeiro entrou no meu quarto gritando.
- Vamos lá então - sorri.
Ele me ajudou a sentar na cadeira de rodas e me guiou até o quarto da Adriana, parou em frente a porta e se abaixou em minha direção.
- Sua amada estava muito agitada, o doutor a sedou, mas logo ela acordará novamente. Boa sorte.
Abriu a porta e me empurrou, a fechando logo em seguida, encarei a porta e quase ri. Me voltei para a minha amada que parecia um anjo dormindo, rodei a cadeira para perto dela e encarei seu rosto, sem resistir selei nossos lábios levemente.
Quando desfiz o contato, grandes olhos castanhos me encaravam, suspirei sem conter o meu fascínio.
- Olá, bela adormecida. Sou sua princesa - mexi as sobrancelhas brincando.
- Estou morta? - tocou meu rosto - você se parece com um anjo, Amanda. Sempre soube que você era pura, como é o céu?
- Você não está morta, aliás, não estamos mortas. Não é dessa vez que conheceremos o céu.
- Mas eu vi você morrer! - chorou - eu te matei.
A olhei sem entender e logo me dei conta que deve ter sido uma alucinação, o aparelho ao lado começou a apitar rapidamente, seu batimento cardíaco estava subindo.
- Calma, está tudo bem - Adriana pareceu não me ouvir, me abraçou da forma que pode e chorou no meu ombro - você não me matou, como pode ver, estou bem viva - acariciei seu cabelo.
- Pareceu tão real, o que aconteceu?
- Depois de você fugir sorrateiramente da minha cama? - corou - fui atrás de você, Elizabeth nos pegou e te drogou, o resto te conto depois. Quando você estiver bem.
- Se isso for verdade posso estar alucinando agora - declarou chorosa.
- O que eu posso fazer para você acreditar em mim? - fiz com que olhasse nos meus olhos.
Adriana me fitou profundamente, quando me olhava dessa forma parecia enxergar minha alma. Limpei suas lágrimas, mas novas brotavam.
- Não sei, onde está o Dan?
- Mais tarde responderei tudo o que você quiser, mas agora as enfermeiras precisam cuidar de você.
- Quando sairemos daqui?
- Provavelmente ainda hoje, mas tenho que chamar as enfermeiras agora, tudo bem? - Adriana assentiu e apertei o botão as chamando.
A deixei com elas enquanto o enfermeiro engraçado trocava meus ferimentos, recebemos alta ainda naquele dia. Chamei um táxi e fomos para a minha casa, Adriana não me questionou sobre nada.
Ainda estava confusa sobre o que foi real e o que não foi, enquanto isso me preparava para lhe contar sobre a morte do Daniel.
A sentei no sofá e fui fazer um chá, lhe entreguei uma xícara e bebia outra, Dri me fitou curiosa e doce ao mesmo tempo.
- Ele morreu, não é? - se pronunciou.
- Sim.
Adriana abaixou a cabeça, quando me olhou novamente tinha dor e culpa em seus olhos.
- A culpa não foi sua - segurei suas mãos - foi minha!
Contei tudo o que aconteceu depois que batemos o carro, Adriana me esperou concluir minha narração e a coisa mais inacreditável aconteceu, ela sorriu.
- Por um momento quando eu acordei, pensei ter perdido vocês dois - falou - Daniel era um irmão, um amigo, companheiro, ele sem dúvida é e sempre vai ser especial, só estava aqui por minha causa e sei que a culpa não foi minha e muito menos sua por não ter conseguido o salvar - respirou fundo - não temos culpa pelos atos da Elizabeth, ela é uma sádica, assassina e foi ela que o matou, não nós.
- Achei que você me odiaria - confessei.
- Jamais - sentou mais perto de mim - durante todo o tempo que estive alucinando, eu só queria te ver e ter tempo para te dizer que eu amo você. Achei que nunca teria a oportunidade de te dizer isso, mas Amanda eu amo você, amo muito.
- Ah Adriana, eu também te amo tanto - tomei seus lábios com fervor.
Nos beijamos de um jeito novo, foi o beijo mais profundo e intenso que já compartilhamos e no entanto, era um beijo calmo, só nossos lábios se tocavam, mas o sentimento por trás do nosso gesto era o que tornava ele único.
Assistimos o sol se pôr, a abracei forte, eu seria a força que ela precisava para passar por todo esse trauma e sua presença me guiaria para fora do meu.
Fiz sopa para nós duas, a alimentei e banhei, ela trocou meus curativos e deitamos agarradas. Não tem nenhum outro lugar no mundo onde eu poderia estar que me fizesse mais feliz.
O dia seguinte foi difícil, por mais que ela tentasse me passar uma imagem forte, eu sabia que ela estava sofrendo. O enterro do Daniel seria naquele dia, velamos seu corpo e o enterramos, os parentes e amigos foram todos até Londres.
O nariz da Adriana estava vermelho, mas em nenhum momento a vi chorar, imaginei que ela estava fazendo isso escondido. Quando ela foi ao banheiro a segui e ouvi seu choro sofrido Entrei e a abracei por trás.
- Não se esconda de mim, estou aqui para você - beijei o topo da sua cabeça.
- Eu sei, só não queria te preocupar. Ele não gostaria de me ver assim, mas é difícil.
- Sempre irei me preocupar com você, já está na hora de irmos. Você quer ficar um pouco com ele?
Ela assentiu, a deixei lá e fui até a sepultura dos meus pais.
- Oi - falei ao parar próximo da sepultura deles, meus pais foram enterrados juntos - faz tempo que não venho aqui e agora acho que vai demorar muito mais, quero dizer que amo vocês. Se passou tanto tempo e hoje finalmente estou em paz com a partida de vocês, Elizabeth foi presa e irá pagar pelo mal que fez. Mãe, você me disse que eu saberia quando encontrasse o amor e eu encontrei. Vocês foram o meu maior exemplo disso e eu amo vocês, adeus.
Deixei algumas lágrimas caírem e fui até Adriana, ainda a ouvi dizer:
- Você estava certo, meu sentimento por ela é mais forte e eu te amo, obrigada por não desistir de mim e nem me deixar desistir.
Se virou e me sorriu, a abracei de lado e fomos para a delegacia, fizemos um maçante depoimento, acharam a coleção horripilante da Elizabeth, provavelmente ela nunca sairia da prisão.
Já na minha casa, arrumamos nossas coisas e nessa mesma noite voamos para o Canadá.
POV Adriana
Sabe quando é necessário que algo aconteça para você valorizar o que realmente importa? Pois é, passei por isso. E ao analisar minha vida, percebi que o que importa é a Amanda e o futuro que quero construir com ela.
Não vou dizer que foi fácil, pois não foi, sinto muita falta do Daniel, mas depois da Elizabeth ser presa, fechei mais essa etapa na minha vida e agora estava totalmente pronta para viver.
Já fazia uma semana que eu e a Amanda nós mudamos para o Canadá, uma perda é sempre dolorosa, mas com ela ao meu lado, tornou o processo bem menos doloroso.
Preferi voltar ao trabalho para tentar ocupar minha mente, mas em todo lugar do meu trabalho eu tinha lembranças do Daniel, ao entrar na minha sala, sempre esperava que ele estivesse sentado lá, sendo assim hoje conversei com o Charlie e pedi meu desligamento.
Olhei pela janela do carro e avistei uma floricultura, resolvi parar para pegar um buquê para a Amanda, escolhi um clichê, rosas vermelhas. Ela tem sido uma fonte inesgotável de amor e paciência e eu faria qualquer coisa para retribuir.
Fim do capítulo
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