- Dri?

 - Só mais 5 minutos.

 - Temos que buscar minha filha no aeroporto.

 - Vai lá - virei para o outro lado da cama e coloquei o travesseiro na cabeça.

 - Nada disso! Vamos lá, preguiçosa.

 - Não se pode mais dormir nessa casa - levantei resmungando.

 - Se você não ficasse até de madrugada jogando.. - cutucou.

 - Não acredito que ouvi isso - peguei o travesseiro e bati na Amanda - foi você quem me viciou nele!

 - Mas era só para jogar uma partida, não posso fazer nada se você não sabe jogar e ficou querendo ganhar - revirou os olhos.

 - Corre - rosnei.

 Amanda arregalou os olhos azuis e pulou para fora do quarto, sorri contente e deitei. Finalmente irei dormir!

                                     *** 

 - FOGO! FOGO! SOCORRO - abri os olhos tentando entender o que acontecia.

 Um estrondo alto me fez saltar para fora da cama, vesti uma blusa grande e uma fumaça entrou pela fresta da porta.

 Abri a porta e meus olhos não queriam acreditar no que eu estava vendo, uma bomba de fumaça estava na minha frente. Gargalhadas me tiraram do topor e fitei as duas hienas, Amanda ria tanto que estava vermelha, a garota ao seu lado não estava diferente.

 Coloquei a mão na cintura, tentei ficar brava, mas foi impossível. Como ficar brava com alguém que me divertia tanto? Uma nostalgia me tomou ao imaginar o que o Daniel diria, mas me desfiz desse pensamento por saber que agora eu tenho alguém para me arrancar risos.

 E foi o que eu fiz, sorri, depois do breve momento de medo e reflexão, ri pela pegadinha delas, mas vai ter troco.

 - Filha - Amanda tentava falar entre uma risada e outra - isso foi genial!

 - Muito bem, crianças - bati palmas - já conseguiram me tirar da cama, agora vamos comer - voltei para o quarto afim de vestir uma roupa descente.

 Quando desci as duas estavam sentadas comportadas à mesa juntamente com um homem alto, a filha da Amanda é igual à ela, sem tirar e nem pôr.

 - Amor - a pediatra falou - essa aqui é minha filha, Helen, e esse é o Joseph, o pai dela.

 - Finalmente te conheci! - a garota me sorriu amistosa - não faça minha mãe sofrer ou você sofrerá - seu sorriso sumiu e ela fez uma expressão sombria.

 - Não ameaçe a namorada da sua mãe, mocinha - Joseph repreendeu - é um prazer te conhecer.

 - O que a mamãe disse sobre ameaçar a namorada dela? - Amanda também repreendeu como se falasse como uma criança.

 - Que não pode, não é educado - a garota disse como se repetisse um mantra.

 - Bom - pigarreei - não se preocupe Helen, farei sua mãe feliz. É um prazer te conhecer Joseph.

 - Nos daremos bem então - se virou para a mãe dela - o que faremos hoje?

 - Iremos buscar os pais da Dri daqui a pouco.

 - Que legal! Adriana como é ser da CIA? Vocês matam muita gente?

 - CIA faz mais o papel de investigação, não é tão agitado assim.

 - Prenderam a Elizabeth, né?

 - Sim, querida - Amanda falou - mas não vamos falar sobre isso, me conte como está na escola.

 - Um horror, mês passado me afastaram por alguns dias por bater em um garoto chato - contou entediada.

 Agora entendi o "adolescente rebelde" os olhinhos azuis e rosto de criança passavam uma impressão errada.

 - Já te falei para não brigar na escola!

 - Mas mãe..

 - Sem "mas" Helen, você precisa ser mais responsável.

 Quase bati palmas, se fosse eu, teria perguntado se ela bateu muito, até imagino nossos filhos, serei a mãe louca e a Amanda a mãe brincalhona e mandona.

 Joseph é bem humorado, muito bem casado, nós quatro, juntos fomos buscar meus pais no aeroporto, Amanda e sua filha colocavam a conversa em dia. Preferi dar a elas um momento mãe e filha enquanto aguardava meus pais chegarem.

 Pelo canto do olho notei alguém sentado ao meu lado, era o Joseph.

 - Faz tempo que eu não a vejo tão feliz - murmurou.

 - Amanda me faz feliz também.

 - Que bom, cuida dela.. - coçou a espessa barba - depois de tudo o que já aconteceu em sua vida é importante alguém que a ame para que a faça se recuperar.. só fique de olho para que ela continue tomando os remédios e-

 - Estão falando do que? - Amanda apareceu do nada, lançou um olhar para o Joseph que não soube definir.

 - Estou contando sobre a infância da Helen - sorriu descontraído.

 - Vamos para o portão de desembarque - Amanda entrelaçou nossos dedos me puxando para perto de si.

 Percebi um clima estranho e não entendi o que o ex dela queria dizer e o motivo de ter mentido, meus pensamentos foram interrompidos pela voz dos meus pais. Nos abraçamos, ouvi um enorme sermão pelo ocorrido com a Elizabeth.

 Eles não demoraram a adotar a Helen como neta e Amanda como filha, Caleb nos visitou e o meu apartamento se tornou pequeno para tanta gente.

 Apesar de eu já saber do pedido de casamento, Amanda resolveu o fazer mesmo assim. Foi clichê e lindo, em certo momento ela se levantou e voltou com um buquê em mãos, se ajoelhou e pediu minha mão em casamento.

 Confesso que chorei com o seu pedido e fiquei extremamente feliz, com meus pais não foi diferente, todos os que estavam conosco se emocionaram, aceitei seu pedido me sentimento a mulher mais sortuda do mundo.

                                    ***

 Na manhã seguinte levamos nossos convidados para conhecer um pouco mais do Canadá, ou melhor eu levei, já que a Amanda também era nova aqui.

 Só voltamos para casa a tarde, por termos acordado cedo, todos os visitantes resolveram descansar. Amanda ficou na sala enquanto fui beber água.

- Adriana, vem aqui - andei apressadamente até a Amanda que encarava a televisão.

 "Nesta manhã Elizabeth Drummond estava sendo transferida de prisão, mas o furgão que a levava caiu em uma ribanceira e pegou fogo, infelizmente ninguém sobreviveu"

 - Nossa - sussurei sem saber o que dizer - apesar de tudo, eu não queria que ela tivesse morrido assim.

 - Nem eu, mas acho que não viveremos mais com sua sombra presente - Amanda ponderou.

 - Sim, vamos esquecer isso e focar no nosso casamento, já estou nervosa. Passei a noite toda pensando qual o melhor lugar.

 - Quero um casamento simples, símbolico e você?

 - Pensei o mesmo, quero algo especial e particular.

 POV Charlie 

 Por sorte consegui que apenas um carro levasse a Elizabeth, segui o furgão a uma distância segura. Ela conseguiria sair de lá sem mim, eu só precisava ajuda-la na fuga.

 Quando pegamos a estrada era cedo o suficiente para a movimentação ser quase nula, por ser uma estrada, dos dois lados só existia um  desfiladeiro. Em um minuto de distração o furgão cantou pneu, provavelmente o freio foi acionado, mas o carro estava rápido demais.

 Ele perdeu o controle e deslizou sem direção pela pista, batendo contra a grade de proteção do lado direito que rompeu. Meu coração bateu rápido, metade do furgão estava pendurado, como  um balança, um vento mais forte poderia o derrubar.

  Estacionei o carro e me aproximei, uma descida daquela mataria qualquer um. Peguei minha arma e atirei na porta do furgão, o impacto fez o carro deslizar para frente e as rodas de trás começaram a levantar, enquanto a frente do furgão abaixava.

 As portas se abriram, Elizabeth se jogou para fora e alguns segundos depois o veículo sumiu da nossa vista, foi possível ver somente uma explosão.

 - Você demorou - Liz piscou em minha direção.

 - Você quase morreu, eu fiquei tão preocupado - a abracei.

 - Não se procure, isso não foi nada. Temos que ir. 

 Corremos para o meu carro e saímos em disparada, levei a minha doce Elizabeth para um lugar seguro e voltei para a agência, fraudei as investigações de modo que confirmassem a morte da Elizabeth.

 Voltei para a casa em que a deixei, a encontrei nua me esperando.

 - Que bela recepção - murmurei já excitado.

 - Só para você - sorriu - quero na cama.

 Me beijou e a peguei no colo, a jogando no colchão macio.

 - Esperei tanto para te ter de novo, estava uma loucura aquilo lá - confessei tirando a blusa - mas eu consegui fazer com que os idiotas comprovassem sua morte - tirei a calça me jogando em cima dela.

 - Então não tem como eles pensarem que estou viva? - ch*pei seu pescoço.

 - Não, nenhuma possibilidade - Liz me virou ficando por cima e rebolou no meu membro ainda coberto.

 - Perfeito - me beijou - obrigada. 

 Uma dor aguda fez com que me afastasse, o ar sumiu dos meus pulmões, tentei respirar e meu pulmão se encheu de líquido, tentei novamente e o sangue saiu da minha boca me sufocando.

 Liz me olhava e sorria, coloquei a mão na garganta e percebi tarde demais que ela me traiu. 

 Elizabeth o olhou sufocar e morrer, o sorriso nunca sumindo do seu rosto.

Fim do capítulo