--Oi Ash! -- Oi! Era estranho ficar frente a frente com Anne, meu peito aqueceu com as lembranças de nossos momentos bons, a mulher que estava diante de mim tinha o mesmo brilho no olhar de quando nos conhecemos, porém mais madura, mais mulher. E que mulher! Não sei quando aconteceu essa transformação de visual e estilo, mas lhe caiu muito bem. -- Hum, Anne nos acompanha? - Hanna interrompeu minha inércia momentânea convidando Anne para sentar conosco. -- Fica para outra oportunidade, estou com meu avô. Chegaram hoje cedo e nós dois viemos comprar o presente de Kelly. - Sorriu para Hanna meio triste, constrangida- Foi bom te ver, muito bom! A gente se fala hoje à noite. -- Claro. - Cumprimentou a ruiva com dois beijinhos. -- Eu... Foi muito bom ver você também Ash. Anne se afastou tão rápido como chegou, não tive tempo nem de cumprimenta-la direito e Hanna me fitou de um jeito inquisidor. -- Ok, que foi isso? -- Eu que pergunto. O que foi essa historia de "nos acompanha"? -- Você queria o quê? Fica ai parada como uma boneca de cera, nem responde o cumprimento da outra. Demorasse mais um pouco, cada uma de nós iria procurar um buraco para enfiar a cabeça. Além do mais eu sinto saudade da ruiva e cedo ou tarde vocês terão que aparar as arestas. Se não por vocês, por Liz e Kelly. -- Não vou negar que fiquei magoada com Anne depois da traição, eu estava brava com ela e comigo por deixá-la ir tão fundo no meu coração a ponto de machucar de uma maneira absurda, quando a vi com Júlia no apartamento do café, mas o tempo cura tudo. Hoje eu não sinto raiva dela. Os momentos felizes que tivemos pesam mais na minha cabeça e eu sou grata, principalmente por ter aprendido que vale a pena arriscar, apostar no amor, ainda que as coisas não aconteçam como desejamos. Há sempre a possibilidade de seguir em frente, dar uma nova chance ao coração. -- Então o que foi aquele oi seco? -- Surpresa, eu me preparei para encontra- la na festa, não aqui. Estar diante dela me intimidou e fiquei sem ação. Você acha que passei uma impressão equivocada? -- Se eu vi como má vontade de manter contato, pela quase fuga creio o que ela também viu. -- Não sei se algum dia chegaremos a ser melhores amigas, mas não vejo motivos para animosidades, em nome do que vivemos e da minha amizade com as meninas. Teremos a oportunidade de desfazer o mal entendido. Terminamos o "almoço" e rumamos para o estúdio, precisávamos concluir um trabalho que ficou pendente, depois nos prepararíamos para a festa de Kelly. Liz tirou o dia de folga para ajudar a receber a família da ruivinha e verificar os últimos preparativos da noite. XXXXXXXXXXX -- Já estou descendo! - combinei com minha irmã e cunhado de ir com eles para a boate, não achei prudente ir de moto, pois não tinha hora para voltar. Chegamos por volta da meia noite e o espaço já estava relativamente cheio, revi alguns conhecidos, encontrei Mari, amiga de Anne e Kadu, e alguns funcionários das cafeterias. Depois de um tempo localizamos Rique e Kadu, eles estavam numa mesa no pavimento acima do andar térreo de onde se podia avistar a pista de dança. Ficamos na mesa conversando enquanto João foi pegar bebidas para nós, de vez em quando passava os olhos na pista buscando por Lara, apesar de não ter me avisado, sabia que ela já estava na cidade e pelo adiantado da hora na Vibe's.Não sabia se teria cara de pau para ir falar com ela, mas apenas saber que ocupavamos o mesmo espaço provocava em meus olhos o impulso incontrolável de buscá-la. Não demorou muito e as meninas chegaram, parabenizei Kelly perguntando se seus avós ainda estavam na festa, pois queria cumprimenta-los. -- Dona Marcela vem queria ir embora, mas meu vô diz que tem muita lenha pra queimar ainda. - Apontou a mesa mais afastada da aglomeração. - Estão lá com Maria que está de pesagem pela cidade. - Ao entender meu olhar confirmou - Aquela Maria. Fazer o quê. Não deveria bancar a mal educada por receio de que ela fosse tão desagradável quanto a filha. Ir ate lá era o mínimo que poderia fazer em consideração aos avós de Anne. Ainda me ajudaria na difícil tarefa de acalmar meus pensamentos sem relação à Lara. -- Boa noite. - Falei simpática focando nos dois senhores à mesa. -- Ash minha filha, não sabia que você tinha voltado! - Seu Augusto se levantou e me abraçou sendo seguido por dona Marcela que completou- Não cuidaram bem de você nessa viagem. Olha como está magrinha! - Sempre os mesmos, fico feliz que eles não se sintam constrangidos comigo. -- Deixa a menina, Cela. Ash, senta um pouco com a gente quero te apresentar Alguém. - Nos aproximamos mais mesa onde estava a mulher de aspecto jovial e sorriso fácil.- Essa é Maria, nossa filha do coração. -- Bom finalmente conhecer a famosa Ash - Me cumprimentou com dois beijinhos - Esses dois falam sempre com muito carinho sobre você, tinha curiosidade de te conhecer. -- Também ouvi muito sobre você. -- Soube que você esta para publicar um livro. - Perguntou, não sabia se a simpatia era forçada, mas acabei respondendo e fiquei um bom tempo ali conversando com os avós de Anne e a mãe de Júlia. Fato que não cogitaria algum tempo atrás. Voltando para onde meus amigos e irmã estavam eu a vi. Estava linda numa saia branca e camisa 3/4 vermelha, os cabelos soltos e lisos. O salto 15 a tornava mais sexy, enquanto se movia sensualmente ao som de Let me love you, deixando a mim e muitas pessoas na pista hipnotizadas. Enquanto o refrão ecoava em meus ouvidos, nossos olhares ser cruzaram e o peso de ser ignorada por todos esses dias desapareceu. Não consegui evitar ir até ela, seu sorriso fazia meu coração acelerar, seus movimentos eram como magneto que irresistivelmente clamavam por meu corpo. Não desista, nah, nah, nah Eu não desistirei, nah, nah, nah Me deixe te amar Me deixe te amar A enlacei por trás, segurando firme a cintura e acompanhando seus movimentos sensuais. Seu cheiro me embriagava e minhas mãos, inquietas passaram a viajar por seus ombros, braços, pescoço e nuca. Naquela pista de dança não existia ninguém além de nós duas e eu tinha sede, muita. Sede do seu beijo que provei apenas uma vez e não consegui mais esquecer, quando minha boca estava a centímetros da sua ela me interrompeu. -- Não aqui, nem antes de conversarmos. -- Mas... Lara.... -- Você não faz ideia do tamanho da alegria que me deu e eu nem sequer te liguei para agradecer. Não pense que foi ingratidão, eu apenas não estava preparada pra falar contigo, assim como não poderia deixar que qualquer coisa aconteça entre nós agora sem saber o que eu significo pra você, um experimento, um estepe - Sinalizou para Anne que nos observava do bar junto a Denise. -- Você não vai me perdoar? - afaguei seu rosto - Se você pelo menos escutasse o que tenho a falar. -- Em outra oportunidade talvez, agora nos deveríamos tentar não estragar a festa de Kelly. --Que bom que você está a fim de celebrar, para mim a festa acabou. Já do lado de fora da boate sentindo uma mão em meu ombro, me voltei pensando encontrar os olhos de Lara. --Denise.

Fim do capítulo