Isabella abriu os olhos e sentiu a cabeça pesar, lembrou-se imediatamente o motivo, tinham tomado, ao que lembrava, ao menos três garrafas de vinho e sem comer nada, quando se mexeu sentiu o corpo todo dolorido e o sorriso foi inevitável. A noite tinha sido maravilhosa, mesmo sob efeito do álcool havia tido muita entrega, havia tido sentimento. E tinha que admitir para si mesma, Laís era sexy como o inferno, tinha um fogo que por vezes era difícil de apagar. Sutilmente levantou tentando não acordar a outra, vestiu-se e foi até o quarto, pegou uma coberta na cama e voltou, colocou cuidadosamente sobre Laís, que abriu os olhos devagar: _Onde você vai a essa hora?_ Perguntou com a voz sonolenta. _Tudo que houve aqui não mudou nada, nós ainda precisamos de um tempo, de arrumar as nossas vidas. _Você estava fugindo de mim? _Fugir de você é impossível, eu só acho que precisamos pensar. Agora dorme tranquila. Laís obedeceu sem questionar, estava cansada demais para discutir com Isabella. Quando acordasse pensaria no assunto. Isabella foi caminhando para casa, passava pouco das quatro da manhã, mas a praça ainda estava lotada, parecia que ninguém ali se cansava. Era madrugada de segunda feira e todos ali estavam muito animados. A jovem foi cumprimentada por alguns amigos que estavam por lá. Assim que entrou em casa percebeu que tudo estava silencioso, procurou o celular no bolso e notou que não andava com ele, encontrou o aparelho ainda encima da mesa, havia algumas ligações perdidas da mãe, outras tantas de Carol e até algumas mensagens de convites para sair. Estava completamente sem sono então por isso jogou-se no sofá e ligou o vídeo game, perdeu a noção do tempo. Quando olhou pela janela viu que o dia já estava amanhecendo, então desligou o jogo e foi para a cozinha fazer café da manhã. Depois de colocar tudo na mesa decidiu que era melhor acordar logo a irmã e a cunhada. Bateu na porta, depois do que tinha visto na tarde anterior não arriscaria de jeito nenhum entrar de uma vez. Isabella esperou paciente, mas depois de bater algumas vezes se cansou e foi entrando devagar, tentando fazer o máximo de barulho possível. _ Eu vou entrando, podem começar a se cobrir. _Isa..._ Foi a voz de Carol um pouco sonolenta. Isabella abriu um olho e viu as duas embaixo da coberta, não pensou duas vezes, jogou-se entre as duas. _Bom dia meninas, eu vim acordar vocês porque não se vive só de amor, eu imagino que vocês devem ter gasto muita energia então eu fiz um café caprichado. _Onde diabos você se enfiou ontem?_ Carol perguntou. _Como vocês estavam muito ocupadas para cuidarem de mim eu fui dar uma volta._ Ana Victória ficou vermelha. _E passou a noite fora cunhada? Tentamos te ligar até tarde e você não atendia. _Pois é meninas, eu fui dar uma volta e acabei encontrando a Laís, ela gentilmente me acolheu na casa dela._ Isabella deu um sorriso, as lembranças da noite insistiam em lhe voltar com riqueza de detalhes. _Parece que o tempo longe não durou..._ Carol comentou com malícia. _Foi apenas uma recaída, ainda não voltamos. Na verdade enquanto ela não se livrar do encosto da ex mulher ficaremos assim. _Recaída, sei..._ Ana Victória tinha um sorriso travesso. _O papo está ótimo, mas agora levanta e vai esperar a gente lá embaixo, vamos nos vestir e dar uma volta. _Por favor não demorem tanto, já me largaram ontem, eu ainda preciso ser consolada e ficar de vela não é algo lá muito interessante. Isabella saiu do quarto ainda sorrindo. Carol virou-se para a namorada e a beijou docemente. _Bom dia meu amor, desculpa deixar a Isa acordar você. _Mas até que ela tem razão, nós viemos porque você sentiu que ela estava precisando. E a deixamos sozinha. _A culpa foi sua, de repente resolveu provocar._ Carol falou já agarrando novamente Vivi. _Eu tive os meus motivos, agora para de ser tão safada, sua irmã está nos esperando. _E não vai me contar esses motivos?_ Carol já descia a boca pelo pescoço da outra. _Se comporta Caroline._ Ana Victória falou se levantando e indo até o banheiro. O casal ainda demorou um pouco no banho, quando desceram Isabella dormia no sofá. _Amor eu tenho que ir para casa._ Ana Victória falou baixo. _Seu pai não sabe que você chegou. Você pode ficar comigo._ Carol falou no mesmo tom. _Eu vou avisar que cheguei, compreenda amor, papai também precisa de atenção, diga a Isa que deixei um beijo, eu prometo que volto mais tarde. As duas trocaram um beijo e Ana Victória foi para casa. Carol sentou no sofá perto de Isabella: _Acorda Isa, vamos comer. _Vocês demoraram, eu acabei cochilando. _A Vivi foi para casa, somos só eu e você. _Parece que vocês enfim consumaram o namoro, eu vi vocês no corredor ontem a tarde._ Isabella falou sentando no sofá. _Eu não esperava, ela entrou na cozinha e foi logo me agarrando. Aconteceu de uma forma inesperada, mas foi muito melhor do que eu imaginei. Acho que se tivéssemos planejando eu teria ficado muito nervosa, mas foi tão natural, romântico. Isa, eu preciso te confessar._ Carol falou baixo, ruborizando._ Eu acho que amo a Vivi, nunca senti nada parecido antes. Com nenhuma outra eu senti tanto prazer. Isabella arqueou uma sobrancelha, jamais tinha visto Carol daquela maneira, sempre vira a irmã com muitas garotas diferentes, mas com todas era claro que só queria se divertir, mas naquele momento via no olhar de Carol um sentimento puro, verdadeiro. Mas uma vez se sentiu mal por em algum momento ter tido sentimentos por Ana Victória, suspirou sentindo-se um pouco melhor por nunca ter alimentado aquele sentimento, jamais seria capaz de destruir aquilo que via no olhar de Carol. E naquele momento prometeu a si mesma que seria sempre a primeira defensora daquele relacionamento. _Tudo bem?_ Carol perguntou preocupada._ Isa, você está bem? Ficou calada. _Sim, eu nunca vi você assim. Fico orgulhosa da minha irmãzinha está crescendo e amando. A Vivi parece a pessoa certa. _Laís também tem um sentimento muito forte por você. _Mas o meu caso é mais complicado Carol, há muitos problemas entre a gente. _Porque vocês duas são cabeça dura e não conseguem admitir que se querem com loucura. _Carol, eu gostaria de te pedir algo. _Tudo que você quiser Isa. _Cuida sempre da Vivi, ela tem muitos traumas, sei que as vezes ela pode ser difícil, mas tenha paciência. Quando o amor é verdadeiro como o de vocês tudo pode ser superado. Eu sempre estarei aqui para quando vocês precisarem. As irmãs se abraçaram com cumplicidade, todo o amor que sentiam uma pela outra estava ali. _Eu prometo que sempre estarei aqui para quando você precisar. Eu sempre estarei do seu lado._ Carol prometeu estreitando o abraço.

Fim do capítulo