POV Adriana

  No dia seguinte quando entrei na minha sala, me deparei com o Daniel sentado na minha mesa, tossi para chamar sua atenção e ele continuou mexendo no meu computador.

 - Você tem uma sala sabia? - resmunguei.

 - Eu sei, eu sei, mas lá tem câmeras - falou como se fosse óbvio.

 - E daí? Não é como se você estivesse cometendo algum crime - arregalei os olhos - você está?

 - O que? Não! Claro que não, não seja idiota - franzi o cenho - só queria ver pornô mesmo.

 - Que nojo, Daniel! - cheguei perto do computador para tirar ele de lá, mas a cena que passava me deu náusea - Argh, sai daí - pedi me afastando.

 - Que foi? Nunca usou um brinquedinho? - fez um som nasal - você é muito careta, vem aqui que te ensino. Pornô é arte, totalmente educador.

 - Me poupe, Dan. Sai já daí, espero que você não esteja se masturbando - ele deu uma risadinha sem graça - eu te mato, Daniel! - rosnei.

 - Calma amiga, nem deu tempo. Você entrou e me broxou - suspirou - pronto, já tirei. Satisfeita?

 - NÃO - praticamente gritei.

 - Não tem como ficar satisfeita com teias de aranha no meio das pernas mesmo - gargalhou.

 Não pensei duas vezes antes de jogar minha bolsa nele.

 - Calma amiga. Parei, parei.

 Depois disso não consegui tomar café, expulsei ele da minha sala e comecei a analisar os documentos, arquivando tudo no devido lugar.

 - Hey - meu melhor amigo entrou - vamos almoçar?

 - Não sabe bater não? - peguei minha bolsa e o acompanhei.

 - Não enche - caminhamos para fora do prédio e seguimos até um restaurante com comida caseira - preciso repor energia.

 - Gastou energia como? - cerrei os olhos.

 - Quem dera se fosse o que você está imaginando - pegou o cardápio - gastei energia depois de pensar muito.

 - Você só pensa em sex*?

 - Você não pensa?

 - Não! Não sou ninfomaníaca igual você. 

 - Você é estranha - me olhou em descrença - hoje vamos sair e não aceito um não como resposta. Espero que essa sua castidade não tenha nada a ver com aquela que não podemos pronunciar o nome.

 - Não tem nada a ver com a Eli-

 - NÃO FALA - gritou - e se ela aparecer? - cochichou olhando para os lados.

 - Você deveria parar de assistir Harry Potter - comentei olhando o cardápio.

 - Tanto faz, vamos pedir.

 Preferi uma salada, Daniel parecia querer comer tudo, inclusive o pobre garçom. Não tinha como sair com ele e não passar vergonha.

 - Mona - o encarei pedindo para continuar - vamos naquela boate que reformaram, fica perto da minha casa. Você dorme lá depois.

 - E ouvir seus gemidos a noite toda? - fiz uma careta de nojo - prefiro pegar um táxi até a minha mesmo.

 - Você pode levar alguém também. Depois fazemos uma troca de casais - me olhou safado.

 - E o que mais? Você pediria para a minha acompanhante usar os brinquedinhos em você?

 - Eu que não usaria o meu nela né - depois dessa tive que rir, foi por isso que eu consegui ficar bem.

 Ele é todo atrapalhado, nojento, safado, mas me faz rir como ninguém.

 - Ok, muita informação. Vou com você, mas prefiro ir para a minha casa.

 - Dri - assumiu uma postura séria - eu me preocupo com você, não saio da sua cola para não deixar você pensar demais. Faz um ano, você vai encontrar alguém que te mereça. Você precisa se permitir.

 - Você é como um irmão para mim, Dan - peguei em sua mão que estava sobre a mesa - e eu te amo por se preocupar tanto, prometo que se aparecer alguém, eu vou me permitir.

 - Fico feliz em ouvir isso, pois tem uma investigadora que me pediu seu número e eu passei - falou simplesmente.

 - Odeio encontro as escuras - bati em sua mão - vou te matar.

 - Calma, ela é linda - pensou um pouco - se eu gostasse da fruta..

 - Ta bom, ta bom. Não prometo nada, mas estou aberta a possibilidades.

 - Aleluia, agora vamos comer - sentenciou por fim.

 Passei o resto do dia tentando arrumar uma desculpa plausível para não ir, quando nosso expediente acabou, fui para o meu apartamento e enchi minha banheira.

 Joguei alguns sais de banho e separei um pijama, voltei para o banheiro e desliguei a água, meu corpo afundou nela e eu gemi satisfeita.

 Fechei os olhos e suspirei, aquilo que era vida. Sai de lá somente quando meus dedos estavam enrrugados, vesti o pijama e escovei o cabelo.

 Comi um lanchinho, escovei os dentes e sentei na minha cama. Ler ou ver um filme? Como já assisti um filme ontem, hoje irei apenas ler. Acabei montando uma pequena estante de livros, tentei ocupar o meu tempo o máximo possível para não ter meus pensamentos livres.

 - Vamos ver o que temos aqui - falei - Tristão e Isolda… me parece bom. 

 Sentei na cama e mergulhei nas palavras do livro, era uma leitura leve e romântica. Tudo que eu precisava, depois de ler algumas páginas, meu celular tocou.

 - Daniel - suspirei olhando o visor - Alô?

 - Espero que você esteja pronta.

 - Oi, para você também.

 - Não vem com esse papo mole - bufou - está pronta?

 - Para te falar a verdade, não me sinto bem. Acho que foi a salada, me deu uma diarreia terrível.

 - Ah, é mesmo? - debochou.

 - Estou falando sério, Dan. Eu queria ir, mas está impossível.

 - Ouviu isso, Lily? - quem diabos é Lily?

 - Lily? - será que ele tem uma amiga imaginária? - você já está bêbado, viado?

 - Não, Dri. Lily é aquela minha colega investigadora, ela está aqui no carro comigo em frente ao seu prédio. Está no viva voz - fez um falso tom inocente - então amiga, você está com caganeira, é isso?

 - Ah - droga, ele me paga - Oi, Lily.

 - Olá, Adriana - deu uma risadinha.

 - Dri, você vai precisar de alguma coisa para passar nele? - Se manisfestou Daniel.

 - Nele quem? - ele deve ter bebido mesmo.

 - No seu cu - falou - de cu eu entendo amiga, se você quiser um lubrificante para ajudar a deslizar mais fácil ou um talquinho - que solicito meu amigo.

 - Que? Não, estou ótima, só estava brincando, bobo - tento disfarçar - já estou quase descendo, só um minuto - desligo, filho da puta!

Fim do capítulo