O restaurante em que Eliza me levou era japonês, amo a culinária, mas nos hashis eu sou um desastre.

 - Eu te ajudo - se ofereceu com um sorrisinho safado.

  Pegou sushi, mergulhou no molho shoyu e levou até a minha boca, escorreu um pouco do molho e ela capturou com o dedo e ch*pou.

 Já estava considerando a possibilidade de levar ela para a minha casa e trans*r no banheiro.

 - Se controla Adriana - pensei.

 - Gostou? - provocou.

 - Sim, sim. Obrigada.

 Ela pegou outro sushi e fez o mesmo processo, quando pegou o molho do meu queixo, tomei sua mão e conduzi até minha boca ch*pando seu dedo.

 Sua sobrancelha se arqueou e a cabeça dela se inclinou para o lado, ponto para mim.

 - Com licença - o garçom - desejam mais alguma coisa.

 - Não, obri… - fui interrompida.

 - Privacidade - rosnou Eliza - te chamaremos quando quisermos algo - deu um olhar mortal e o pobre rapaz saiu vermelho.

 - Nossa, Eliza. Calma.

 - Eliza? - sorriu.

 - Sim, seu nome é muito longo.

 - Gosto de ouvir o som na sua boca - chegou perto do meu ouvido - principalmente quando você gem* ele.

 Dei um leve tapa nela e continuamos comendo, os flertes estavam intensos e eu já estava louca para agarrar essa mulher.

 - Querem sobremesa? - outro garçom perguntou depois que terminamos.

 - Não, somente a conta - Elizabeth pediu delicadamente.

 - Eu queria - fiz biquinho.

 - Te levarei em outro lugar - resmungou - odeio os olhares deles em você.

 - Estavam olhando? - assentiu contrariada - não notei, estava ocupada te olhando.

 Pela primeira vez vi um sorriso que parecia autêntico, para afirmar isso ela me beijou.

 - Você me deixa louca - murmurou contra meus lábios - faria qualquer coisa para te ter - roçou seu nariz no meu.

 - Com licença - o garçom.

  Ela jogou o dinheiro em cima do mesmo e me pegou pela mão, saímos do restaurante com ela ainda mais emburrada.

 - O que foi? - ousei perguntar.

 - Você não tem noção do quanto é atraente - me olhou - mas é bobagem não é? Você está comigo afinal!

 Me abraçou e beijou profundamente, correspondi. Mulher possessiva, andamos até uma sorveteria e eu sendo tarada por sorvete fiz uma taça enorme.

Ela pegou apenas duas bolas de limão, típico.

 - Você come igual criança - limpou minha boca.

 - Você costuma babar em cima das crianças ? - cutuquei.

 - Não me provoca. 

 Conversamos sobre assuntos banais e ela me deixou em casa, depois de muitos beijos. Eu me sentia flutuando e foi aí que eu vi o quanto eu estava encrencada.

 Resolvi estudar mais sobre o caso, isso seria um choque de realidade e impediria esses sentimentos indesejáveis.

 Tomei outro banho e me vesti para o trabalho, quando sai de casa lá estava ela. Suas roupas negras e com óculos escuros, hoje sim ela parecia um demônio.

 - Não pensou em me ligar? - questionei.

 - Quis fazer uma surpresa - tirou os óculos - não gostou? - perguntou preocupada.

 Eu já estava cativa por aqueles olhos verdes musgo, simplesmente a beijei como resposta.

 - Acho que virei sempre - rimos - vem.

 Abriu a porta do carro e eu entrei, percebi duas coisas. Ela estava mais solta e sua guarda estava baixa.

 - Quero saber mais sobre você.

 Seu semblante mudou e o corpo ficou rígido.

 - Não tem muito o que saber.

 Resolvi deixar para depois, pelo pouco que eu já sabia dela, depois que se fechava, daria muito trabalho para descobrir algo.

 - Não sei, só sei que você gosta de sorvete de limão que é azedo igual o seu humor - mostrei a língua.

 Ela ergueu uma sobrancelha e parou o carro no acostamento.

 - Azeda? Você me chamou de azeda? - seu rosto era sombrio.

 - Totalmente.

 No minuto seguinte ela já tinha me puxado para o seu colo e me beijava, seus lábios se arrastaram para o meu pescoço, gemi manhosamente.

 - Minha boca é azeda também?

 - Hm - voltei a beija-la.

 - Por mais tentador que seja fazer sex* no carro - fez uma carinha de desgosto - precisamos ir.

 - Se você insiste..

 - Teremos tempo - me sentei no meu banco - inclusive vi que estaremos de folga por coincidência no mesmo dia.

 Estávamos na quinta e a referida folga cairia na segunda, não sei se aquilo seria coincidência, algo no seu tom me fez questionar.

 - Você quer me fazer esperar até segunda? 

 - Na verdade, estava pensando e acho que você poderia dormir na minha casa segunda e te levo para a sua casa na terça a tarde, o plantão só será no fim do dia, certo?

 - Certo.

 - O que me diz?

 - Que ainda irá demorar muito - fiz manha, mas me preocupei.

 - Isso é só uma ideia para nos conhecermos melhor, para os seus pensamentos maldosos, posso resolver hoje. Nosso plantão acaba no mesmo horário, sou sua carona hoje - piscou para mim.

 - Tudo bem, tudo bem. A doutora ganhou essa.

 O resto do caminho foi feito em silêncio, mas dessa vez um silêncio agradável. Em determinado momento ela pegou minha mão e entrelaçou nosso dedos, dirigindo o resto do percurso assim.

 Por mais que eu supostamente ficaria no mesmo setor que ela, nunca estamos de fato perto. Guardamos nossas coisas e cada uma foi por um lado, caminhei até o banheiro e me olhei no espelho. Notei o brilho nos meus olhos, mas resolvi ignorar.

 - Chegaram juntas? 

 - Amanda - revirei os olhos - não se lembra do que te pedi?

 - Não posso ficar longe de você, Lu. Não posso deixar ela te machucar - falou angustiada.

 - Você precisa entender que ela me faz bem, o que de tão ruim ela te fez para você dizer que ela é uma má pessoa?

- Não estou dizendo que ela é má, estou dizendo que ela é cruel, fria, dissimulada e manipuladora!

 - Baseado em que? Como vocês se conheceram? Eu nunca vi vocês se falando!

 - É complicado, não posso te dizer mais do que já te disse, você precisa se afastar dela.

 - Você não pode me pedir isso sem me dar uma razão plausível! 

 - Se eu te falar alguma coisa, só irei te colocar em mais perigo - pegou meu rosto - por favor.

 Ela sabia, eu tinha certeza. Qual o motivo para querer me afasta ou será que era um jogo delas? Apesar de eu conseguir ver o sinceridade nela, também senti que os momentos que passei com a Elizabeth foram verdadeiros.

 - Não posso - não controlei o impulso e a beijei.

 O que estou fazendo? Não sei, mas estou. Nos beijamos demoradamente, até o ar nos faltar e recomeçamos novamente, sua língua acariciava a minha, não tentava se impor ou controlar, só dançava com a minha em um ritmo lento e prazeroso.

 Seu gosto era diferente, uma mistura de café com bala de hortelã, descobri que esse é o melhor sabor do mundo. O carinho e cuidado que ela dedicada ao nosso beijo me fazia sentir adorada por ela.

 Desfiz o contato e os braços dela enlaçaram minha cintura, seu abraço é quente, seu cheiro doce. Me senti em casa por um momento, apertei ela mais forte e soltei.

 - Amanda - respirei fundo tentando voltar a mim - não vou te dizer que isso, você, não mexe comigo. Você sentiu, mas o que estou começando a construir com a Eliza - não suportei a dor em seu rosto e foquei na parede atrás dela - não posso abrir mão dela, estou apaixonada.

 - E o que você sente por mim?

 - Sinceramente? Não sei - joguei meu cabelo para trás.

 - Só não se esquece que estou aqui e me chame se ela fizer qualquer coisa estranha.

 - Irei chamar - não, não irei. Jamais vou te colocar em perigoso, meu doce céu.

 Seus ombros estavam encolhidos e ela saiu sem dizer mais nada, lavei meu rosto. Minha boca ainda formigava, hoje seria um longo dia.

Fim do capítulo