Capítulo 6
POV Amanda
Luana. Luana era o nome que estava nos meus pensamentos, eu a queria. Estava saindo da sala em que guardamos nossos pertences e a razão da minha perdição andava com a cabeça baixa. A puxei para dentro da sala.
- Ficou com medo - debochei com um sorriso.
Ela riu, nossos olhos se encontraram e para mim só existia ela no universo.
- O que aconteceu ontem? - acariciei seu rosto.
- Como assim? - fechou os olhos.
- Seu carro estava aqui, os pneus furados - tão linda.
- Ah, isso. Peguei uma carona.
Abriu os olhos, eu a olhava de perto e não resisti ao impulso de sentir a espessura dos seus lábios, os tomei para mim e beijei com carinho, devagar, queria que ela sentisse o que eu não conseguia dizer.
- Não posso.
- Por que?
- Estou conhecendo outra pessoa - um tapa doeria menos.
- Tudo bem - olhei em outra direção - preciso ir.
Estar com ela fazia com que borboletas em meu estômago há tanto tempo mortas, renascecem, me senti frustrada e com uma leve dor no coração, ela correspondeu o meu beijo. Quem Luana teria conhecido?
Perto do final do meu plantão, andei até um barzinho próximo ao hospital afim de comer alguma coisa.
Quando entrei vi a cabeleira castanha inconfundível de costas para mim, meu coração acelerou e eu dei um passo até lá, mas a Elizabeth chegou ao seu lado e beijou seus lábios. Senti meu coração se apertar e um embrulho no estômago.
Não podia ser! Isso não, meus olhos lacrimejaram ciente do que aquilo à minha frente poderia significar, voltei para o meu plantão, meus pensamentos estavam voando longe e no fim do expediente eu já sabia o que fazer.
Entrei na casa e bati a porta, a raiva até então controlada borbulhava dentro de mim.
- Elizabeth - gritei - aparece!
Ouvi o som de passos no andar superior e ela surgiu na escada, estava de robe e cabelos molhados.
- Veja só quem está aqui - zombou - no que posso ajuda-la?
- Vim te avisar, fica longe dela! - grunhi.
Seus passos eram silenciosos, desceu os degraus com os olhos perfurando os meus. Quando estávamos de frente uma para a outra. Ela coçou o queixo como se pensasse, mas eu sabia que ela estava sempre um passo a frente.
- 1,67 de altura, cabelos e olhos castanhos? Corpo gostoso? Mais conhecida como Luana? - questionou cinicamente.
- Não seja irônica - bufei e tentei me controlar - eu a vi primeiro, deixa ela em paz.
- Não, querida. EU a vi primeiro e ela me pertence até quando eu julgar necessário.
- Por favor, não faça nada com ela - mudei de estratégia.
- Implorando? - gargalhou.
Eu sabia que não tinha muito o que fazer, ela é perigosa demais, esperta demais.
- Você se apaixonou - me analisou - o gosto dela é perfeito, sabe? - pensou - o melhor que já experimentei, meu grande prazer é matar, isso é excitante, possui-la foi tão excitante quanto. Não irei deixa-la. Sinto muito.
A verdade é que ela não sentia, parecia se divertir com o meu sofrimento.
- Não posso deixar você fazer isso - tentei ser firme, mas não saiu como eu queria.
- Hm - se afastou - entendo, e o que você pretende? Me matar?
- Isso já foi longe demais! Não sou um monstro como você - me irritei.
Em um movimento rápido ela me prensou contra a porta e apertou meu pescoço, seu semblante era frio, sem emoção, sem sentimentos.
- Me pare se puder - sorriu - você é fraca. Você teve muita sorte em ter passado mal no dia em que era para você estar no carro com - revirou os olhos - nossos pais. Pode não ser hoje e nem amanhã, mas irei ter o prazer de te matar, irmãzinha.
Soltou meu pescoço e cai no chão quase inconsciente.
- Faça um favor para mim, não se meta no meu caminho. Odiaria ter que te matar antes da hora.
Subiu as escadas tranquilamente sumindo do meu campo de visão, preferi sair antes que ela mudasse de ideia.
Entrei no carro, minha respiração ainda entrecortada, soquei o volante, só tendo certeza de uma coisa: eu não posso deixar ela matar a Luana. Mesmo que isso custasse a minha vida, não deixaria mais uma vida inocente sofrer nas mãos dela.
Sabia que agora Elizabeth estaria de olho em mim, com sorte eu conseguiria ter até o fim do dia para fazer alguma coisa antes que ela colocasse alguém na minha cola. Fui o mais rápido possível até o hospital, mandei mensagem para a Luana me encontrar no meu carro, estava escuro, seria arriscado entrar no hospital. Me certifiquei que ninguém me observava.
Não demorou muito e ela foi até o meu encontro no estacionamento, entrou e me olhou desconfiada.
- O que é tão importante para você não me dizer amanhã?
- Lu, não temos muito tempo – minha respiração estava acelerada pela adrenalina – só me escuta, a Elizabeth não é o que aparenta. Ela é uma mulher cruel e vai te machucar, fisicamente. Eu não posso te contar muita coisa, sou sua amiga e por mim seria muito mais, gosto de você, acredita em mim e se afasta dela.
- Isso é ciúmes? – seu tom era brincalhão, mas sua expressão não.
- Você vai se afastar?
- É complicado – desviou os olhos – gosto dela.
Isso foi como um soco no meu estômago, fechei os olhos.
- Ela é perigosa e muito esperta, olha pra mim – peguei no rosto dela – você consegue sentir que estou te falando a verdade, com ela você vai saber que tudo o que ela faz e diz é falso, ela não sente nada. Por enquanto, fica longe de lugares isolados, longe da casa dela, não deixa ela ficar na sua. Somente em lugares públicos, ela irá demonstrar o que é e nesse momento não hesite em me chamar.
Luana ficou me olhando e digerindo as informações, olhei em volta preocupada.
- Amanda – respirou fundo – não preciso de você para me defender, gosto da sua amizade, você confundiu as coisas. Preciso que você se afaste de mim, estou apaixonada pela Eliza desde quando a vi pela primeira vez. Só posso te prometer que se ela fizer alguma coisa irei me afastar.
Meus olhos se encheram de lágrimas, isso não estava saindo como o esperado. Ela caiu nos encantos da Elizabeth, ela seria a próxima vítima da inescrupulosa cirurgiã.
- Não, você não entende – tentei dizer.
- Não quero mais ouvir, é melhor a gente se afastar – saiu do carro sem me dar chance de contestar.
POV Luana
Meu turno acabou as 7hrs da manhã, corri até meu carro, precisava saber mais sobre a misteriosa Elizabeth Drummond. As palavras da Amanda estavam fincadas na minha cabeça.
O que será que ela sabia? O quanto ela sabia era a grande questão, já que estava claro que ela sabia de algo. Não importa se a pediatra estava do nosso lado ou jogando contra, o melhor era mantê-la afastada, se ela fosse uma ameaça seria presa também, caso contrário eu deixaria ela longe do perigo.
Cheguei na conclusão de que ela tem que estar envolvida também, era dificílimo a polícia conseguir informações, muito mais alguém de fora conseguir. Qual seria a ligação das duas mulheres? Parte do plano do que ela me disse eu iria seguir, evitar lugares isolados, no entanto evitar a casa dela eu não poderia.
A arrogância da cirurgiã seria responsável pela sua queda, ela não saber quem eu sou facilitaria as coisas, enquanto ela não desconfiar de mim, estarei um passo a frente.
Dirigi até minha casa, os pneus foram trocados com a ajuda do Caleb e seu namorado. Eu tinha muito trabalho a fazer, comecei a colocar escutas em lugares estratégicos e câmeras escondidas. Coloquei uma embutida no relógio na minha estante da sala e que daria uma visão de quem entra na casa, no andar de cima coloquei na lâmpada do meu quarto e fui colocar no outro.
Instalei e olhei em volta, a foto da Elizabeth estava levemente virada, de maneira sutil. Inclinada um pouco para o lado, tão pouco que qualquer outra pessoa não notaria, coisa de 4 cm.
Como eu era extremamente detalhista isso não passou despercebido, olhei em volta e só nisso ouve alteração.
Era uma coisa insignificante, a chave estava escondida, a porta não parecia arrombada. Eu sabia que deveria ter instalado as câmeras antes, fui em direção a cozinha e instalei a última lá.
Conectei todas e testei as imagens, estava ótimo. As imagens eram enviadas para a CIA e seria monitorado 24 horas, resolvi ignorar a leve alteração de lugar da foto.
Não me agradava ser monitorada, sem sex* pelo visto. Tomei banho e me agasalhei, o dia estava bastante frio.
Minha campainha soou e eu atendi, a cirurgiã estava linda, como sempre. Seus olhos estavam mais claros hoje.
- Não vai me convidar para entrar? - acho que fiquei tempo demais admirando.
Revirei os olhos e a deixei passar.
- Vou só pegar minha bolsa.
Deixei ela um tempo sozinha para ver se ela mexeria em algo, quando desci ela estava sentada com os olhos no relógio.
- É novo? - apontou para o relógio - gostei dele - se aproximou e tocou - não o vi antes.
- Não é novo, estava em algum lugar nas caixas, ainda não desfiz todas. Vamos?
Tentei conter meu nervosismo, ela sorriu e me acompanhou até a porta.
- Vamos no meu carro - novamente não estava pedindo.
- Ok.
Seus dedos longos e pálidos ligaram o rádio, um pendrive estava instalado, ouvir as músicas de alguém é como ler sobre ela. Uma melodia suave tomou conta do carro, parecia nostálgica.
Daughter - Medicine
Pick it up, pick it all up
And start again
You've got a second chance
You could go home
Escape it all
It's just irrelevant
Pegue, pegue tudo
E comece de novo
Você tem uma segunda chance
Você poderia ir para casa
Escapar de tudo isso
É apenas irrelevante
Tentei ler além do que a música falava, tentei decifrar seu rosto, mas é como se ela usasse uma máscara, não me deixava ver nada. Será que aquilo era um tipo de aviso?
Fim do capítulo
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annagh
Em: 10/04/2017
Olá minha doce autora...quer dizer..não sei se vc é tão doce assim, pra escrever coisas tao macabras tenho minhas dúvidas...kkkkk...brincadeira viu..
Viciei nessa história!!!
Cada capitulo uma nova surpresa!!! Amanda e Elizabeth São irmãs! !! Deixa eu vê se entendi...Eliza foi responsável pela morte dos próprios pais??? Nossa!!! Confesso que fiquei ASSUSTADA com esse capítulo...me deu raiva dessa maluca viu...tadinha da Amanda.
Adriana/Luana tem que ficar experta, pois, Eliza é muito mais experta que ela...
Com relação ao capitulo anterior...menina do céu! !! Deu um calor tao grande...que mesmo com ar condicionado ligado tive que tomar banho de madrugada...kkkkkkkkkk....foi muuuuiiiitooo bom!!!
Ganhou uma fã.
Beijão.
p.s. tenho esperanças que Elizabeth mude viu...essa mulher precisa de um tratamento urgente!!!!!
Resposta do autor:
Oláá, sou um doce sim! Ossos do ofício kkkkk
A Eliza matou os pais dela, isso vai ficar mais claro nos próximos capítulos, eu quero que ela seja boa também, muitas coisas vão acontecer e isso nao deixa de ser uma possibilidade.
Fico feliz que você gostou, não estava confiante sobre o capítulo, obrigada!
Até o próximo, beijos.
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