Capítulo 48 - Equipe de Resgate
Definitivamente aquele lugar só poderia estar amaldiçoado, pois não fazia sentido que tantas coisas ruins pudessem acontecer ali. Primeiro a perda de meus pais e agora o desaparecimento de Malu. Por mais que a minha conversa naquela tarde com meu padrinho houvesse me tranqüilizado um pouco, eu simplesmente não conseguia tirar de meu coração a sensação de algo ruim estava acontecendo com a minha doutora. Sem contar esse sumiço de Jana, justo quando mais precisava de seu apoio. E agora com aquele maldito bilhete a minha mente estava dando mil voltas pensando em quem poderia ser o autor de tamanha maldade, não havia ninguém da equipe que pudesse levantar alguma suspeita, sem contar que não havia nenhum motivo que justificasse uma ação como essa. Por mais que houvesse suspeitas sobre possíveis vizinhos interessados em tomar posse das terras, eram só suspeitas e nenhuma delas me ajudava a encontrar Malu, que simplesmente ter sido tragada pela floresta, ou simplesmente estava invisível aos nossos olhos, já que por mais que procurássemos nenhum um simples sinal de sua presença tenha sido encontrado. Quanta saudade e quanto medo povoavam a minha mente.
No meio de todo o turbilhão de emoções vividas eu nem se quer conseguia conversar com os outros membros da equipe, apesar de todo meu sofrimento eu sabia que eles também deveriam estar passando por uma situação complicada, afinal eram todos amigos de Malu, e Arthur por mais que estivesse lutando pra manter o otimismo estava muito abalado, mas eu não tinha forças para ajudar ninguém, já que mal conseguia me manter firme em meio a tudo isso. Resolvi dar uma olhada neles quem sabe se eu ao menos eu me socializa-se um pouco com eles conseguisse me acalmar e pensar um pouco melhor.
Passei pela sala e alguns meninos estavam por lá, até o ar parecia pesado, estavam todos quietinhos e nem pareciam aquela equipe animada e barulhenta ,quando estavam juntos. Eduardo e Felipe estavam sentados juntos e abraçados num sofá, Diego com um livro na mão parecia nem saber o que estava escrito ali te tão distante que seu olhar e Arthur nem conseguia mais manter seu ar alegre e quando viu me olhou com tanta tristeza que nem pude me conter e uma lágrima teimosa rolou por meu rosto, e ele como sempre gentil se levantou e me abraçou com força.
- Vamos encontrar minha irmã, eu acredito nisso. Minha tristeza é pela falta dela, mas sei que ela vai voltar pra nós.
Eu queria muito acreditar naquelas palavras. Notei que quase todos estavam na sala, mas faltavam Pedro e Duda. Duda na certa estaria com Jana, mas e Pedro onde estaria. Logo que Arthur voltou pra perto do resto do grupo, resolvi procurar pelos que faltavam, afinal não queria correr o risco de que mais alguém desaparecesse. Caminhava pela varanda quando ouvi a voz alterada de Duda, seguida pela voz de Pedro.
-Chega Pedro já passou da hora! Não da mais pra esperar, ele acabou de sair daqui às pressas, se demorarmos demais pode ser tarde e eu não quero que nada aconteça a Jana e nem a Malu.
-Acalme-se temos que fazer as coisas de forma correta, não queremos tornar as coisas ainda piore pra Iara.
Não entendi nada do que eles estavam dizendo em meio aquela conversa maluca, mas a menção do nome de Malu, fez com que meu coração disparasse e aquele tom de voz parecia indicar que as coisas não estavam bem. Meu desespero aumentou e nem pude ficar mais quieta e apenas ouvir eu queria respostas e eles pareciam saber de alguma coisa. Antes que eles pudessem notar a minha presença eu já disparei minhas perguntas.
-O que vocês sabem de Malu que eu ainda não sei? E quem saiu daqui às pressas?
Falei isso de forma tão brusca e num tom alto e ameaçador que o restante do grupo que estava na sala acabou vindo verificar o que estava acontecendo. E logo Duda e Pedro estavam cercados, e as minhas perguntas foram seguidas pelas de Arthur.
-Vocês sabem onde a minha irmã esta?
Diante da cara de espanto deles a minha paciência desapareceu completamente e logo minha mente imaginou o pior.
-Aconteceu algo a minha Malu? O que você sabe sobre ela Pedro? Quero saber agora!
Essas palavras foram acompanhadas por uma ação e logo eu estava encostando Pedro na parede de forma bruta e ele não esboçava reação alguma, apenas me olhava com certo pesar. E foi Duda que me trouxe a realidade.
- Calma Iara, ele não sabe ao certo onde ela esta, mas temos umas suspeita de onde posso estar e quem a levou pra lá.
Soltei Pedro e olhei pra Duda a espera que ela continuasse a história.
-Na verdade eram Jana e Pedro que estavam suspeitando, mas hoje a noite ele ouviu uma conversa estranha e acabaram por descobrir que ela pode estar em uma cabana perto de um riacho, que era de sua Mãe e a desesperada da Jana foi conferir essas suspeita, mas até agora ela não apareceu e estamos com medo de que algo ruim possa ter acontecido.
- Se já suspeitavam disso por que não me disseram antes?
-Por que a pessoa que pode estar envolvida é muito próxima a você e não gostaríamos de levantar uma suspeita infundada que a fizesse sofrer ainda mais.
- Como assim sofrer eu só quero a minha namorada de volta e vocês sabem quem a levou e onde esta e não me contaram. E a louca da Jana quem ela pensa que é pra esconder algo assim de mim e ainda mais se expor dessa forma?
Minha irritação era visível, tanto que eu já tremia e Arthur se aproximou e me abraçou tentando me acalmar.
-Iara se você não se acalmar e deixá-los falar não saberemos onde Malu esta e nem quem a levou, deixe que eles continuem.
Logo Pedro começou a contar as suspeitas, já que Duda estava tão nervosa que mal conseguia dizer algo que pudéssemos entender. Minha mente ainda estava uma imensa confusão e tudo que conseguia pensar era que Malu estava o tempo inteiro por perto e eu não havia notado. Mas em meio a confusão de minha mente as palavras finais me trouxeram completamente a realidade, que por sinal era bem pior do que a minha mente seria capaz de imaginar e eu senti meu estômago doer, diante da possibilidade de que tudo aquilo fosse verdade, e em minha mente algumas palavras ficaram gravadas e ecoavam de forma atordoante em meus ouvidos.
- Malu suspeitamos que foi seu padrinho que levou Malu, e temos que agir rápido pois ele saiu as pressas aqui depois de uma ligação em que parecia muito irritado dizendo que já nem se importavam se capturassem a doutora viva ou morta.
Enquanto a minha mente parecia em transe eu vi Arthur e os demais rapazes tomarem a frente e colocarem os amigos investigadores de Jana a par da situação e decidirem uma forma de irem busca de Malu e possivelmente de Jana, de maneira que assegurasse que elas ficassem bem, pois uma ação não planejada poderia gerar maiores problemas e a segurança delas era o mais importante no momento, pois diante daquela situação eles sabiam que estavam lidando com pessoas perigosas que seriam capazes de tudo.
A equipe já estava organizada estava decidido que cercariam o local evitando a fuga e isso seria feito sem alarde pra que o elemento surpresa os favorecesse, até mesmo alguns índios haviam se unido a equipe, pois Jana era muito querida, já que eram um deles e sempre procurava ajudá-los e Malu já também já era muito querida, ainda mais depois do período que havíamos passado na tribo e eles a haviam adotado como a doutora curupira.
Logo depois de meu estado de choque passou eu pude organizar meus pensamentos e comecei a participar de tudo, pois queria a minha doutora de volta e faria tudo para resgatá-la. Por mais que o meu coração estivesse completamente ferido por ter sido traída de forma tão covarde por meu padrinho, naquele momento a minha prioridade era salvar Malu e Jana. E pra isso eu precisaria estar bem, pois provavelmente as coisas ficariam ainda piores e eu teria que estar preparada pra manter a calma e agir e forma correta.
Não havia tempo suficiente pra montar estratégias sofisticadas, mas em pouco tempo conseguimos nos organizar, pois a nossa demora poderia ser crucial para o desenrolar daquela busca, ainda mais diante do que Pedro e Duda haviam relatado, definitivamente tempo não era algo que nos sobrava e tudo o que eu queria ela ver a minha amada sã e salva nos meus braços.
Toda a equipe improvisada para o resgate se dirigiu a cabana, por um momento senti como se todos ali fossem apenas sombras que passavam pela noite, ocultando seus rastros e não emitindo sons que denunciassem sua presença, estavam todos empenhados em salvar a moças e prender o cretino que havia enganado a todos bem debaixo de nossos narizes. Fomos de carro apenas até parte do caminho e o restante fizemos a pé, a fim de que pudéssemos verificar se não haviam outros comparsas vigiando o caminho. Mas pelo que constava meu “querido” padrinho considerava seu plano tão perfeito que nem precisava manter seguranças por perto, ele parecia ter certeza de quem nunca seria descoberto.
Chegamos próximo a cabana e as luzes estavam acesas e havia apenas um homem próximo a porta, ele estava armado, mas não parecia ser alguém que pudesse gerar grande ameaça diante do preparo que os nossos homens tinham. Se eu não estivesse tão tensa naquele momento teria notado o empenho e organização da equipe que pareciam mais estar numa tática de guerrilha, alguns estavam deitados no chão a espreita e haviam índios em cima das arvores com seus arcos e flechas e alguns com zarabatanas, todos equipados pra salvar Malu e Jana. Não foi necessário muito esforço para que o primeiro capanga fosse imobilizado, antes mesmo de dar tempo de ela avisar sobre nossa presença no local a ação foi rápida e o que mais me surpreendeu foi ver a forma rápida como Eduardo ajudou os investigadores a tirá-lo do caminho. Mantiveram-no amarrado em meio às árvores. Logo o cerco continuou sé que agora bem mais próximo à cabana. Meu coração estava disparado, pois toda essa falta de vigilância poderia indicar que Malu não estava mais ali. Aproximamos-nos da casa e ouvimos vozes vindas lá de dentro, apesar do medo me senti aliviada, pois tudo indicava que chagamos a tempo de encontrá-las por ali ainda.
Estavam todos posicionados para que a ação fosse rápida e efetiva assim não haveria tempo para que eles reagissem, alguns homens estavam ao redor da casa e alguns dos índios tentavam escalar o teto da cabana e o faziam sem dificuldade e de forma quase imperceptível, pois precisamos manter o elemento surpresa. As vozes que ouvimos pareciam apenas de mais duas pessoas, dois homens na verdade e eles pareciam discutir. Não conseguíamos ouvir as vozes das meninas, mas não queríamos pensar no pior, era melhor manter a calma pra que tudo desse certo. Um dos investigadores derrubou a porta com o auxilio de mais um homem e logos estavam dentro da cabana, com o susto os homens acabaram ficando sem ação e não foi difícil imobilizá-los também. Um deles era um homem muito bem vestido e o desespero era visível no seu rosto o outro parecia mais um desses homens broncos mesmo. Era bom vem que estavam presos, mas eu queria mesmo era ver as meninas e elas não estavam na sala e também não havia sinal de meu padrinho.
Mantivemos a estratégia de fazer tudo com a maior segurança e notamos à porta de um quarto aberta e foi de lá que ouvimos a som que nos deixou apavorados, aquela não podia ser a voz do homem que havia me criado como se fosse uma filha era sim a voz de um monstro sem coração.
- Se entrarem aqui eu mato a doutora e a bugra idiota que veio salvá-la!
Meu corpo gelou e ele parecia não querer parar de me aterrorizar. Aproximei-me da porta junto com Duda e o que vimos nos deixou completamente desesperada. Minha doutora estava amarrada no canto da cama enquanto ele mantinha Jana próxima com uma arma em sua cabeça. Fiquei sem chão embaixo de meus pés e não tive reação enquanto Duda coitada desmaiou e foi acudida por Felipe, que apesar de também estar em pânico, queria ajudar e a que a levou de volta pra sala. Enquanto eu unia todas as minhas forças pra conseguir negociar a vida de minha amada e de minha prima com aquele maluco que não parecia nem um pouco interessado em sair perdendo naquela história.
Fim do capítulo
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