Capítulo 46 - Trio Desconfiiança
- Iara sabe que você a esta espionando?
Putz era só o que faltava, Pedro aparecer e quase me matar do coração. E ainda por cima quase denunciar a minha presença ali.
-Silencio. Fica quietinho que prometo contar daqui a pouco.
Ficamos um bom tempo ali assistindo o desenrolar da conversa entre Iara e o padrinho. Sei bem que ficar espionando assim não era nada correto, mas nada tirava da minha cabeça a idéia de que ele não era o que aparentava ser. Toda aquela conversa de que ele carregaria o fardo por ela meio que estava me deixando enojada, mas eu nem sabia dizer ao certo a razão da minha implicância.
Minha cabeça estava fervilhando com todas aquelas informações e eu já tinha até esquecido da presença de Pedro ali, quando ele se manifestou.
-Nossa que pessoa boazinha esse padrinho. Imagine só passar a ser dono de todas essas terras só pra ver a afilhadinha feliz. Muito altruísta!
Tive que rir do comentário sarcástico de Pedro.
- Sim muito bonzinho mesmo e em geral costumo desconfiar um pouco de excessos. Mas diga o que estava fazendo por aqui? Isso também é suspeito.
- Ei menina calma ai! Eu encontrei Iara mais cedo e achei estranho ela estar tão abatida e sozinha, daí falei com ela, mas ela não gostou muito. Eu iria voltar pra fazenda, mas acabei vendo que tinha alguém seguindo ela, decidi ficar por perto, afinal não precisamos de mais uma seqüestrada por aqui. Notei que era o padrinho e pra não ser visto por eles e passa por enxerido eu ficaria escondido, mas daí já tinha alguém no esconderijo que escolhi. Mas e você mocinha o que faz por aqui?
Por mais incrível que pareça aquele foi o primeiro momento em que não olhei com antipatia pra Pedro, mas convenhamos que ele com a homofobia costumeira, não ajudava muito ninguém a ter uma boa impressão dele. Mas naquele momento ele me pareceu sincero e sua atitude em de certa forma querer defender Iara, me pareceu bem nobre.
-Bom eu já estava por aqui, pois tenho ficado perto da cachoeira, e estava a caminho do sítio pra ter notícias com Duda, e acabei dando de cara com eles, e como não vou muito com a cara desse padrinho decidi dar uma olhadinha no que iria acontecer.
-Hum e o que você achou dessa conversa?
- De verdade? Achei bem suspeito. Acho uma boa idéia ficar de olho nesse cara.
- Também achei meio estranho. Pelo que sei ele foi um dos incentivadores da pesquisa, ele que procurou nossa equipe e fez questão de deixar claro que a sobrinha dele era bem difícil e que não gostava desse lugar, mas no final apesar de meio grossa e ladra de ex namorada acabei não vendo nada de mal em Iara.
- Você bem que poderia ficar de olho nele lá na casa.
-Uai, mas por que você mesma não faz isso?
-Eu não entro lá e de fora posso tomar conta de Iara sem ser notada.
- Aff pessoa estranha, mas posso sim ficar de olho nele e como faço pra te avisar caso note algo suspeito?
- Durante noite costumo ficar perto da casa, basta fazer algum sinal com uma lanterna que saberei daí eu mostro onde estarei.
- Quer saber você é bem estranha, mas tudo bem também quero resolver logo isso e voltar pra casa. To com saudade de estar entre mulheres que preferem homens.
Pessoinha irritante bastou dar um pouquinho de espaço e ele já se espalha falando bobagem, mas tudo bem, pelo visto aquele jeito implicante já era praticamente involuntário e ele parecia mesmo interessado em ajudar.
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Aquela estava me parecendo uma noite bem tranqüila, tive a impressão de estar completamente só naquela casa. Eu já sabia onde estava e se conseguisse fugir não seria complicado chegar até o sítio. Mas eu precisa arrumar uma forma de sair dali. Voltei a ouvir o capanga passear pela casa. Talvez ele tivesse apenas ido ao banheiro. Lembrei que ele nunca estava armado e me parecia um homem até humilde, talvez eu conseguisse conversar com ele ou quem sabe talvez pudesse enganá-lo e fugir. Resolvi que o melhor seria tentar, pois se continuasse ali poderia ser tarde demais pra Iara.
Tomei coragem e chamei por ele. Que não me atendeu de imediato, o que poderia indicar que ele estava cochilando, sonolento seria mais fácil de enganá-lo. Disse que estava me sentindo muito mal e com muita dor que não conseguia me levantar e que se ele poderia ao menos arrumar um remédio. Ele não gostou da idéia, mas daí eu disse a ele que o chefe poderia se irritar se algo de ruim acontecesse comigo por puro descuido dele. Isso pareceu convencê-lo.
Esperei que ele fizesse um chá que ele disse ser bom pra todo tipo de dor. Esperei no banheiro atrás da porta fingindo estar vomitando, ele entrou todo preocupado e num golpe rápido o empurrei e tranquei a porta do banheiro e logo o ouvi dizer.
- Não faça isso menina o chefe vai me matar e assim que te encontrar vai matar você também.
Eu não tinha tempo pra pensar, precisava fugir. Em geral à noite, o chefe ou o amigo dele apareciam pra ver se estava tudo bem, eu teria que correr se não quisesse ser pega no caminho e isso só me traria mais problemas. Desejei muito que estivesse uma noite bem clara que me ajudasse a enxergar o caminho de volta.
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- Como assim? Aquela VACA fugiu!
- Não sei como foi chefe. Cheguei aqui e o Zé tava preso no banheiro.
- Idiotas procurem por todo lugar ainda não posso ir até a cabana, espero que vocês a encontrem logo. Procurem perto do rio e perto da estradinha de pedras esse é o único caminho que ela pode usar pra chegar até aqui.
Vaca? Definitivamente ele não poderia estar falando de nenhum animal, ainda mais com toda aquela irritação, talvez fosse melhor avisar logo pra Jana, afinal qualquer informação poderia ser útil e no mais eu ficaria por perto caso ele decidisse sair da casa eu daria um jeito de saber para onde ele foi.
Fui com a lanterna pra parte de trás do casarão e acendi e apaguei algumas vezes, esperava mesmo que ela estivesse por ali e não apenas zuando com a minha cara. Mas pra minha surpresa ela logo apareceu de forma bem sorrateira, devolvendo o susto que havia lhe dado aquela tarde.
Contei com todos os detalhes que lembrava sobre o que ouvi.
- Não acredito, só existe uma cabana perto do rio e numa estradinha de pedras. A casa de minha Tia. Ela amava esse lugar, se isso for verdade ele a escondeu bem perto de nós. Vou até lá agora.
-Ficou louca menina vai sair daqui sozinha?
-Acho melhor assim vou mais rápido e pode ser que a encontre pelo caminho e a ajude a voltar sei de outro caminho pra voltar, assim será mais fácil escapar. E você fique por aqui e vigie. Qualquer coisa suspeita você conta pros outros tudo o que sabemos. Se eu demorar demais também. A Iara também conhece o caminho da cabana.
- Ok menina, mas tome cuidado e use o celular caso lá tenha sinal.
Ficaria de olho, qualquer ação suspeita do suposto padrinho bonzinho e logo eu comunicaria aos outros. Estava ali com meus olhos de águia atentos a todos os movimentos, quando mais uma vez tomei um susto. Putz, será que aquele era o dia dedicado a matar o Pedro do coração?!
- Posso saber o que o rapaz estava fazendo de papo com a minha namorada?
Tive que controlar muito a minha vontade de me aproveitar daquela situação e zuar com a cara daquela guria, mas usei todo meu auto controle e deixei apenas escapar uma resposta básica acompanhada de um sorriso.
-Por que não pergunta pra sua namoradinha?
- Olha vou ignorar a sua idiotice e voltar a perguntar, pois vi a minha namorada sair daqui de moto numa velocidade absurda, então estou mais preocupada com a segurança dela do que com vontade de arrumar encrenca com você.
Tudo bem tenho que admitir a guria se saiu bem, mas eu não sabia se deveria contar a ela alguma coisa,pois Jana poderia ficar bem irritada, mas pensando bem se algo acontecesse seria bom ter mais alguém informado da situação sem contar que Duda era realmente muito boa em criar distrações e chamar atenção, caso isso fosse necessário. Contei por alto as nossas suspeitas, ao que ele me olhou assustada e perguntou.
-E você deixou ela ir sozinha?
- E você acredita que alguém iria conseguir impedi-lá? Olha antes de se desesperar acho melhor você me ajudar a ficar atento, pois precisamos vigiar tudo de suspeito, pra agirmos a tempo caso seja necessário.
-Não acha melhor falarmos com Iara?
- Não acho uma boa idéia se estivermos errados corremos o risco de criar um problema ainda maior.
Decidimos nos separar e assim vigiar melhor.
Fim do capítulo
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