Capítulo 45 - Ameaças
A vida realmente queria me enlouquecer, essa era a única explicação para tudo que estava acontecendo. Mas apesar de tudo eu estava confiante de que encontraria Malu e que tudo ficaria bem, mas no momento em que li aquele pequeno pedaço de papel deixado bem ali em cima do microscópio que minha doutora costumava usar eu notei que as coisas poderiam estar ainda mais complicadas.
“Se quiser ver a sua doutora viva e sem faltar nem um pedacinho, darei a você apenas mais uma semana pra juntar suas tralhas e pegar essa corja de viadinhos e ir embora dessas terras, não bote mais os pés aqui! E não duvide que sua namoradinha poderá ter o mesmo fim que seus pais. Nada de avisar a policia ou pedir ajuda, não quero ter que começar a entregar as partes de sua doutorinha junto ao próximo bilhetinho.”
O pior era saber que a pessoa que estava me ameaçando provavelmente também estava me seguindo, tanto que sabia exatamente que o meu habito de visitar a sala onde Malu costumava ficar vendo suas plantinhas. Poderia ser qualquer uma das pessoas que estava ali comigo. Fiquei mais um tempo ali tentando por meus pensamentos em ordem e deixando que as lágrimas represadas por todos aqueles dias viessem à tona. Queria tanto a minha doutora de volta. Talvez fosse mesmo o melhor ir embora daquele lugar.
- Menina o que esta fazendo aqui escondida? Eu estava sua procura.
Levei um susto com a entrada nada delicada de Duda, tentei esconder o bilhete e parecer menos abalada, afinal não queria por a minha Malu em risco eu precisa convencer a todos que o melhor era sair daquele lugar e assim garantir a segurança de todos e em especial a da minha doutora. Mas não tive muito sucesso em disfarçar o que sentia. Logo ela fechou a porta atrás de si e me abraçou.
- Poxa amiga você não tem que se esconder pra chorar, imagino o quanto esteja difícil, sei que tem tentando se manter forte, mas que deve estar meio desesperada. Estamos todos preocupados com Malu. Jana tem andando como uma louca em meio à mata se bobear até debaixo das pedras ela tem procurado.
Deixei-me ficar naquele abraço, ouvindo a minha amiga maluquinha falar que nem uma matraca, tentando me ajudar. Eu sofreria muito se algo acontecesse a qualquer um deles. E Jana minha prima, que passei tantos anos sem ver e voltamos a nos encontrar num momento tão difícil. Lembrei que ainda não a tinha visto no sítio.
-Duda, por que Jana ainda não veio me ver? Há dias que não nos falamos.
-Bom ela anda meio ocupada com as buscas...
-Ei você é uma péssima mentirosa! Sei que mesmo com as buscas ela arrumaria um tempinho ao menos de passar e me dar um abraço. Anda mocinha diga logo a verdade!
-Olha Iara eu não sei explicar, por que no fundo nem entendo bem, só sei que ela tem estado perto por todos esses dias e tomado conta de você de longe, mas ela se recusa a entrar aqui. Ela me falou algo sobre não se sentir bem aqui, por conta de algo que aconteceu quando era criança, mas que ela nem lembra direito, mas que sabe que foi bem ruim.
- Como assim? A Jana com medo, mas ela nunca teve medo de nada, e pelo que me lembro até fomos felizes por aqui. Não me lembro de nada ruim. Preciso conversar com ela, onde posso encontrá-la?
-Quando ela não esta nas buscas, ela fica perto da cachoeira, diz que prefere ficar ao ar livre.
Eu precisava contar a alguém sobre aquele bilhete e Jana era quase minha irmã, talvez ela até me ajudasse a pensar em alguma coisa. Deixei Duda conversando com os rapazes na varanda e segui a caminho da cachoeira. Estava mais uma vez sozinha e meus pensamentos voltaram para o conteúdo do bilhete e meu coração ficou apertado e as lágrimas voltaram a surgir.
- Iara!
Putz era tudo que eu precisava naquele momento, Pedro Mala, na minha cola. Nem dava pra disfarçar as lágrimas.
- O que foi Pedro?
- Nossa! O que aconteceu por que esta chorando?
- Qual a parte de Malu ter sido raptada e estar correndo perigo, que você ainda não percebeu Pedro?
-Desculpe Iara sei que foi uma pergunta idiota, mas é que não sabia por onde começar uma conversa com você, já que nunca me mostrei nada amigável.
-Bom que tal começar, por voltar ao sítio e me deixar em paz.
-Acha mesmo seguro ficar por ai andando sozinha?
-Vai querer bancar a babá agora? Posso me cuidar e tudo que preciso agora é ficar um pouco sozinha e pensar.
- Tudo bem eu não queria te irritar mais, só quero dizer que apesar de nossas brigas eu vejo o quanto você fez bem a Malu e ela estar feliz é algo que me agrada muito apesar de minha implicância.
-FAÇO BEM? Por minha causa ela foi seqüestrada e eu nem sei como fazer pra trazê-la de volta.
- Seqüestrada? Mas não pediram resgate e nem fizeram contato. E não foi sua culpa.
-Quer saber Pedro valeu pela solidariedade, mas quero mesmo ficar sozinha.
Sai e continuei a caminhar. Definitivamente eu não estava com paciência pra mais nada. Aff e por que Jana, não poderia ficar mais perto? Por Que tinha que ficar escondida longe, era mesmo um bicho do mato!
Já estava na metade do caminho quando mais alguém resolveu me incomodar.
-Iara aonde vai sozinha?
-Putz! Será que todo muito resolveu bancar a minha babá hoje?
-Desculpe minha sobrinha eu só estava pensando em sua segurança.
-Padrinho me desculpe eu não reparei que era o senhor.
-Tudo bem minha menina, mas diga pra que tanta pressa?
-Nada demais eu só estava à procura da minha prima Jana.
-Jana? Há sim a sua prima índia. Mas por que ela não quis ficar com gente no sítio?
-Nada demais ela é só meio bicho do mato mesmo.
- Hum, tudo bem. Mas aconteceu mais alguma coisa você parece tão abatida?
Eu estava mesmo com sensibilidade à flor da pele e estar ali diante de meu padrinho, que me lembrava tanto à figura de meu pai, me deixou ainda mais sensível e recomecei a chorar. Logo fui abraçada, eu realmente queria ser confortada.
-Venha minha menina, vamos nos sentar e você me conta o que realmente esta acontecendo, pois bem sei que você é forte e algo a mais deve ter acontecido para que você tenha desabado assim.
Sentamos e acabei mostrando o bilhete e contando todo meu desespero pro meu padrinho. Ele me olhava com muito carinho e meio que um pouco de culpa por achar que havia sido a idéia dele que nos colocou naquele perigo.
-Mas diga minha menina o que pensa fazer?
-Não sei tio, eu tenho medo de ir embora e eles não me devolveram a Malu. Tenho medo de que ela nem esteja mais viva.
- Calma minha filha se eles entraram em contato é sinal que é de interesse deles, mostrar que Malu esta viva, e devem saber que usando ela podem conseguir tirar você daqui.
-Eu nunca quis essas terras. Eu perdi minha família aqui e agora estou correndo risco de perder a mulher que eu amo. Não quero ser dona desse lugar, por mim isso tudo já teria sido vendido ou mesmo doado pra reserva.
-Mas aqui existe um pouco de seus pais acha justo entregar isso não mãos de qualquer um?
- Que diferença faz tio. Eu não quero esse lugar, apesar de ter aprendido com Malu a gostar daqui, eu não quero perder mais ninguém, e também não posso pedir ao senhor que assuma esse risco por mim.
- Minha menina eu amo você e quero sua segurança se for necessário eu posso assumir esse fardo.
- Mas tio pode ser que se voltem contra você!
- Bom esse é um risco que correrei, mas seus pais eram minha família também, nada mais justo que manter o que resta deles.
- Seria mesmo bom se eu pudesse ir embora com meus amigos e com Malu. Ela arranjaria outro lugar pra fazer suas pesquisas.
- Viu minha menina como nem tudo esta perdido.
- Mas não me sinto a vontade em deixar essa responsabilidade em suas mãos.
- Não se preocupe, nesse momento é melhor se concentrar em salvar a sua namorada. E é melhor não falar alarde sobre essa decisão, apenas tire seus amigos daqui, e acho melhor ninguém saber se serei responsável por essas terras, assim terei tempo de investigar quem são essas pessoas.
- Cuidado, minha mãe tentou fazer isso e olhe o que lhe aconteceu. De verdade agora tudo que quero e ter Malu de volta.
- Vai ter minha menina vamos confiar. Ainda essa semana acertamos essa papelada de passagem das terras pro meu nome. Assim você vai embora e fica livre desse fardo, e terá dinheiro pra investir em seu futuro com Malu, quando conseguir vender essas terras pra você a sua parte não será esquecida.
- Obrigada padrinho. Conversarei com meus amigos sobre a nossa partida.
- Não vai mais conversar com sua prima?
- Não vou deixar pra Duda avisar a ela, assim ela amima a ir me ver lá no sítio.
Fim do capítulo
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