Capítulo 43 - Reforços Inesperados
A cada hora que passava meu desespero aumentava não saber onde Malu estava era realmente torturante. Aquele sem dúvida estava sendo um dos piores dias de minha vida. Os índios estavam incansavelmente a sua procura, mas a mata parecia ter devorado a minha doutora.
Estava imersa em meus pensamentos quando ouvi o barulho de carros.
-Viemos o mais rápido que pudemos. Trouxemos reforços.
Ao mesmo tempo em que fiquei feliz por rever Arthur e seu entusiasmo, senti medo por ter que contar a ela sobre o desaparecimento de Malu. Ela era sua irmã e isso o deixaria em pânico. Eu não tinha idéia de que Jana já havia avisado a ele.
Fui apresentada a Carlos e Fabio investigadores, que me asseguraram que ao sinal deles o resto da equipe policial apareceria. Colocamos os dois a par do resto da situação mostrando o restante das provas que havíamos conseguido. Eles disseram que seguiriam as pistas e fariam o possível para encontrar Malu. O que eu queria ouvir era que eles fariam até mesmo o impossível para trazerem a minha doutora de volta, isso era tudo que eu mais queria.
Depois da conversa com os investigadores, decidi voltar ao rio e tomar um banho, a minha mente estava em frangalhos, mas eu não conseguia descansar. Deixei que a água lavasse meu corpo e quem sabe acalmasse a minha alma. Sentei-me na margem e finalmente dei vazão a minha dor, deixei que as lágrimas escorressem, meu corpo estremecia e me sentia completamente só mais uma vez. Em meus pensamentos desejava que as histórias dos índios fossem verdade e desejei que os espíritos das matas zelassem por minha doutora, e que nos ajudassem a ficar juntas.
Estava distraída quando senti alguém se aproximar, era Arthur que apesar de todo seu cuidado, acabou por denunciar sua presença, ele sentou a meu lado e abriu os braços me oferecendo conforto, eu aceitei aquele abraço e estava mesmo precisando dele.
-Sei que agora tudo perece meio confuso e perdido, mas vamos encontrá-la. Sabe somos irmãos e algo me diz que ela esta bem.
- Foi minha culpa Arthur!
-Não Iara, nós conhecemos a Malu, ela fez o que julgou correto, e ela não deve culpar você.
-Onde será que ela esta? Meu coração fica desesperado de saber que ela pode estar correndo algum perigo.
-Ficar imaginando o pior não vai ajudar, eu também estou com medo, mas se fosse ela em nosso lugar se manteria firme pra poder pensar na melhor forma de nos trazer de volta em segurança.
-Mas diga Arthur o que veio fazer aqui? Ou veio especialmente me consolar.
-Bom isso também, mas é que acabei não tendo tempo de avisar que aproveitei que estávamos na cidade e entrei em contato com seu padrinho. Ele ficou muito preocupado e disse que apenas resolveria algumas coisas mais urgentes e logo estaria aqui. Ele sugeriu que organizássemos tudo no sítio, pois lá teríamos mais recursos.
-Meu padrinho? O que disse a ele.
-Contei sobre as nossas descobertas e que poderíamos estar correndo algum perigo e ele ficou muito preocupado com a nossa segurança, se sentiu culpado por ter permitido que viéssemos até aqui. Disse que fará o possível pra resolvermos tudo. Ele deve chegar hoje ainda.
Resolvemos voltar à tribo ele poderia já ter chegado e tudo que eu não queria era deixar meu padrinho mais preocupado, justo ele que esteve sempre a meu lado todos essas anos e sempre fez de tudo pra me ajudar, já tinha até mesmo se oferecido pra cuidar das fazendas e assim me deixar livre. Apesar de não querer voltar ali também não gostaria de vender as terras, afinal eu havia sido feliz por um tempo naquele lugar e era tudo que restava de meus pais.
Quando voltamos ele realmente já havia chegado e quando me viu correu a meu encontro e me abraçou.
- Minha filha que bom que esta tudo bem com você, me desculpe por tê-la obrigado a vir pra cá e colocar vocês todos em perigo.
-Não foi sua culpa todos nós queríamos estar aqui, não viemos obrigados. E eu agradeço por estar aqui pra nos ajudar.
-Que isso minha menina eu prometi a seus pais que cuidaria de você na ausência deles e é isso que sempre tentarei fazer. Mas agora vamos nos acalmar e me conte o que andam fazendo pra encontrar Malu? Eu já soube que ela foi raptada, temos que agir rápido, pois não sabemos com que tipo de pessoas estamos lidando. Acho uma boa idéia manter as buscas por toda a mata, mas acho melhor voltarmos ao sítio, pois lá estaremos melhor alojados e com mais recursos.
- Não sei se seria bom me afastar daqui agora e se quiserem entrar em contato e não nos
Encontrarem?
-Acho mais provável que te procurem na casa, afinal sabem que você é a proprietária de tudo.
Acabamos aceitando a idéia e nos preparando pra o retorno, apesar de ainda estar relutante eu sabia que essa seria a melhor solução.
******************
-Que foi Jana por que não esta com os outros se preparando pra retornar ao sítio.
-Eu não irei Duda, nunca gostei daquele lugar e não tenho a intenção de voltar lá agora.
-Não diga isso Iara precisa de nós nesse momento, temos que estar juntas, sem contar que eu não quero ficar longe de você.
-Duda, sei que vai parecer estranho mais eu simplesmente odeio aquele lugar, lembro de que quando era criança eu me sentia mal sempre que aparecia por lá, e sei que algo ruim aconteceu comigo naquela casa, mas eu simplesmente não consigo lembrar. Quando penso em voltar lá muitas imagens meio sem contexto surgem em minha mente, fragmentos de lembranças que não consigo conectar, mas nelas sempre me vejo chorando e vejo a imagem de minha tia gritando com alguém e chamando essa pessoa de monstro, mas não sei o que aconteceu.
- Nossa amor! Mas será que tudo não passou de um sonho, ou algo assim? E se algo aconteceu foi no passado e Iara precisa de nós agora.
-Pode ser só impressão minha, e talvez eu deva mesmo ir com vocês, afinal, pode mesmo se a minha imaginação e não acho uma boa idéia deixar Iara sozinha, nem sabemos se a pessoa que levou Malu pode estar por perto e tentar mais alguma coisa. Mas não quero ir hoje ainda quero ficar por aqui um pouco.
-Posso ficar com você, iremos juntas amanhã.
A malícia no olhar de Duda não passou despercebida.
-Ei mocinha o que é isso? Estamos aqui em uma tensão danada e você consegue pensar em algo assim?
-Bom se levar em conta que na situação atual sempre corremos o risco de ser a última vez eu não vejo maldade em querer morrer feliz.
Não havia como não rir da cara de pau de Duda, mas no fundo ela estava correta, por que não aproveitar. Deixei que ela e sua carinha de sem vergonha se aproximassem e tivessem de mim o que desejava. Seu corpo tinha o dom de deixar minha mente mais calma e afastar meus medos. Logo cedo eu estaria novamente ao lado de Iara como sua guardiã, mas naquele momento meu corpo e minha mente pertenciam completamente àquela morena, que me devorava com muita fome.
Estar com Duda era simplesmente uma loucura, éramos completamente diferentes e ao mesmo tempo tínhamos tanto em comum, mas naquele momento nos completávamos e a cada dia eu estava mais perdida por aquela mulher tão maluquinha. Torcia pra que tudo se acertasse e assim que todas as coisas estivessem em ordem eu não a deixaria mais se afastar de mim
************************
Com as caminhonetes turbinadas que meu padrinho havia levado acabamos chegando bem depressa na fazenda. Já era madrugada e todos estavam exaustos, eu apesar de cansada não conseguia me acalmar pra dormir, as meninas haviam ficado na tribo e chagariam apenas na manhã seguinte. Eu daria tudo pra poder estar com a minha Malu, da mesma forma que elas deveriam estar juntas, estava com saudade da minha ruivinha, do seu jeito tão empolgado de falar de suas plantinhas e até do seu jeito meio mandão. Pensei em caminhar até o rio e quem sabe me acalmar, afinal as águas tinham esse poder, mas acabei encontrando com meu padrinho no caminho.
-Pelo visto você também não esta conseguindo dormir não é minha criança. Eu estava aqui me lembrando do quanto já me diverti com seu pai nesse lugar. Éramos inseparáveis e terríveis, seu avô adorava a nossas traquinagens, seu pai apesar de mais novo era um amigo e tanto pra mim.
- Por que você não vinha aqui mais vezes tio, tenho certeza que meus pais adorariam ter você aqui por perto.
-Sabe como é minha menina, a vida na cidade sempre foi corrida e sua tia nunca gostou muito de lugares assim, como ela costumava dizer, tão selvagens. Mas agora vamos voltar, temos que estar descansados pra pensar no que fazer.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]