Capítulo 35 - Tratado de Paz
Acordar ao lado de Malu era algo que sempre me deixava bem humorada. Eu não a sentia como uma estranha que havia esquecido de sair sorrateiramente durante a madrugada eu a observava com muito carinho e imaginava o quanto a queria por perto todas as manhãs pra que eu pudesse sempre ter a bela visão de seu corpo e de seus cabelos de fogo espalhados pelo travesseiro de uma forma tão natural e encantadora. Putz, que conversinha mais de super apaixonadinha logo pela manhã.
Decido parar minha contemplação um pouco e descer pra comer alguma coisa antes que eu a acordasse com o ronco do meu estômago. Desci e encontrei Eduardo muito concentrado arrumando uma bandeja com direito a flores e tudo. Achei tão lindo que não pude deixar de comentar e quase matei o rapaz de susto.
-Bom dia Eduardo, que café da manhã, mais bem elaborado.
- Bom Dia Iara! Resolvi descer bem cedinho pra fazer uma surpresa pro Felipe, ele acorda cedinho então se eu quiser surpreende-lo tenho que levantar antes. Aprovetei que o resto do povo ainda não voltou da farra, pra fazer um agrado. E você moça por que tão cedo fora da cama?
-Bom tivemos a mesma idéia, mas como sou uma faminta de manhã comerei algo primeiro e deixarei ela dormir um pouco mais. Estou pensando em fazer algo pra todos almoçarem juntos hoje o que acha.
-Ótima idéia, eu adoro cozinhar, podemos fazer uma lasanha juntos o que acha? Mas o Lipe não vai ajudar muito, só na hora de comer mesmo, mas ele ajuda na limpeza sem reclamar.
Achei muita graça naquela conversa logo pela manhã, e isso fazia meu carinho pelos rapazes crescer ainda mais.
-Tudo bem rapaizinho combinado, agora melhor você subir se não seu amado acorda e você esta por aqui batendo papo.
Antes de se afastar completamente ele ainda me fez uma recomendação.
-Iara cuida bem da nossa doutora, eu e Lipe temos muito carinho por ela, que sempre nos ajudou desde o começo do nosso namoro.
-Pode deixar que cuidarei sim Dudu.
Ainda fiquei por ali comendo um pouco e depois ajeitando um pouco de café e umas torradinhas com um pouco de mel, já que essa era praticamente a única coisa que a minha doutora comia pela manhã. Subi e ela ainda estava linda dormindo. Coloquei a bandeja de lado e voltei a deitar na cama e ela logo se aconchegou e me abraçou. Ela abriu os olhos e me olhou com carinha de sapeca.
-Amor por que você já esta vestida.
Achei muita graça no seu jeitinho sonolento e dengoso e sorri. Despi-me enquanto ela se espreguiçava na cama e logo ela estava sentadinha me abraçando por trás, com o queixo encostado em meu ombro, eu adorava ficar assim com ela.
-Bom dia amor! Por que acordou tão cedo.
-Fome amor, ontem você nem me deu tempo de jantar lembra. E trouxe algo pra você comer também.
Passamos o resto na manhã naquele dengo todo, aproveitando ao máximo o nosso tratado de paz. Depois de um banho juntas bem demorada e como costuma dizer Malu “gastando a água do planeta com nossa pouca vergonha”. Minha nerd favorita eu deveria escrever um livro sobre essa mulher tão única.
Nosso almoço foi um sucesso. Eduardo era todo metódico na hora de ajeitar as coisas pra cozinha, tudo certinho e o Felipe adora zuar com a cara dele por conta dessa organização toda e as vezes bagunçava uma coisinha ou outra pra ver a cara de irritadinho dele. Parecíamos quatro crianças na cozinha, tivemos direito até a sobremesa, um pudim que de verdade era a única sobremesa que eu sabia fazer e agora tava de bom tamanho pra mim, já que era o preferido de Malu.
Era incrível o carinho que eles tinham um pelo outro e toda a cumplicidade, mas eram oito anos de união e isso ajudava bastante a ter todo esse companheirismo, afinal já tinham passado por muita coisa juntos. Nessa nossa conversa acabei descobrindo que logo que eles começaram a namorar e as famílias não aceitaram a Malu teve a idéia de alugar um apartamento e fazer dele meio que uma republica, assim eles teriam onde morar enquanto terminasse a faculdade, o que foi algo bem generoso já que ela não cobrava o aluguel alegando que eles a faziam um grande favor impedindo que ela morasse sozinha e que quando eles estivessem trabalhando poderiam comprar um apartamento pra morarem juntos, mas que por enquanto eles ficariam com ela que não aceitaria uma recusa. Mais pontos pra minha doutora que a cada momento me surpreendia mais.
Ficamos por ali assistindo filmes juntos e logo o restante do povo começou a chegar, pois tínhamos que deixar tudo pronto pra retornar a campo na manhã seguinte e dessa vez iríamos pra área limítrofe com a reserva indígena, queria muito não precisar voltar aquele lugar, mas já tinha notado que isso seria inevitável.
-Que gracinha os casaizinhos mais fofo da nossa equipe colorida.
Foi o comentário da Duda que já chegou se jogando entre nos na maior cara dura e continuou sua falação.
-Nossa meninas, que bom que vocês se acertaram viu meus ouvidos já não agüentavam mais as resmungações de Iara nem a cara de poucos amigos da Malu. Sério meninas, já estava ficando bem complicada a minha vidinha.
-Sua vidinha Duda? Você quase enlouquece a gente com essa sua rede de arrasto querendo que uma de nós caísse.
- Calminha Maluzinha também não é pra tanto eu estava só sendo eu, e não é minha culpa ser tão irresistível assim.
A Duda estava mesmo impossível, mas sabíamos muito bem que ela falava a verdade, não tinha intenção alguma de criar confusão ela só estava sendo a Duda e isso já era complicação suficiente pra quem não estava acostumada, mas eu e Malu nos saímos muito bem. E a conversa era em tom de total divertimento, mas Duda estava agitada demais na certa deveria ter aprontado horrores durante a noite, pra estar com toda aquela empolgação.
- Diga nos Duda qual a razão de todo essa seu bom humor tão evidente?
Ela nem teve tempo de responder, pois logo Pedro apareceu e deu a resposta, e por incrível que pareça até ele estava de bom humor.
-Pois é descobrimos que a Duda é um excelente atrativo e apesar dela jogar no mesmo time que nos ela não concorrer de forma desleal e até ajuda o restante já que parece ter mel pra atrair mulher bonita e acabou que todos os que estavam solteiros se deram demos muito bem, o que me inclui.
Acho que ficou bem entendido que a Duda quis ajudar a grupo todo com isso, pois ter Pedro de bom humor por um tempo era algo que todos nós precisávamos, nem eram necessários detalhes desde que ela conseguisse mantê-lo com aquele sorriso e sem sua implicância usual, já tava de bom tamanho.
Eu estava surpreendida ao notar o quanto o tempo perecia passar depressa quando estamos realmente envolvidos em algo interessante, já estávamos a seis meses naquele lugar ao qual eu disse que nunca mais voltaria e que agora eu adoraria simplesmente nunca sair dali e poder curtir todo esse clima de amizade e companheirismos, desde que meus pais haviam morrido era a primeira vez que finalmente me sentia em casa e querida e eu adoraria ter isso sempre em minha vida, mesmo que fosse naquele lugar que eu já até estava começando a amar também.
Passamos o resto do dia nesse clima divertido aproveitamos pra jogar cartas e conversar um pouco sobre cada um, paramos apenas pra arrumar o material que levaríamos no dia seguinte, aquele sim havia sido um tratado de paz selando a união daquele grupo, e isso séria essencial diante de tudo que ainda teríamos que viver naquele lugar.
Fim do capítulo
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