Capítulo 30 - Ciumezinho Básico
Sabe aquele momento em que o improvável se faz presente e você leva um baita susto e nem sabe como agir, afinal as chances de algo do gênero ocorrer eram tão remotas que você até riria se alguém dissesse que poderia ocorrer. Maldita lei de Murphy, nas certa eu devo tê-lo chamado de viadinho em outra encarnação e agora ele veio se vingar.
Juro que tentei disfarçar meu total desagrado com as escolha de Arthur, mas acho que a Iara notou o clima estranho, tanto que nem queria ir com os rapazes durante a noite. Senti até vontade de rir da carinha que ela fez na hora de ir com eles, mas eu estava tão tensa com a presença de Duda ali quem nem conseguia manter o bom humor.
Depois que Iara saiu aproveitei que Eduarda havia ido ajeitar a barraca e o material que havia trazido e fui atrás de Arthur.
-Ta maluco menino, por que trouxe justo a Eduarda.
-Desculpe maninha, mas não é tão fácil assim achar um herpetólogo de urgência e ainda por cima bem qualificado, considere uma sorte eu ter encontrado a doutora Eduarda disponível.
-Mas Arthur você bem sabe que tenho razões pra não querer a Duda por perto.
-Me poupe Malu cadê seu profissionalismo? Só por que você e a moça tiveram um casinho no passado, você ta cheia de paranóias, a Duda nem se importa mais com isso. Terá que superar isso e tem que ser logo por que se você continuar com essa cara de quem comeu e não gostou a sua namoradinha vai perceber e pode interpretar mal a situação.
-Acha que a Iara pode ficar chateada comigo?
-Não acho que ela ficaria chateada se soubesse que algo aconteceu entre vocês, mas ficaria sim se pensasse que seu desconforto é por que você anda sente algo pela Duda.
-Mas eu não sinto nada, foi só a curiosidade e nem fizemos nada eu juro!
-Maninha não é a mim que você tem que explicar nada. Boa sorte com essas duas mulheres espetaculares em sua vida. Juízo viu mocinha.
Eu naquela situação e Arthur ainda ficava me zuando, mas enfim eu não deveria me preocupar afinal não havia feito nada errado, e se fosse analisar a minha amada também não parecia nada a vontade com a Duda por ali. E de onde será que as duas se conheciam?
As horas pareciam não passar, eu já tinha dado todas as instruções necessárias para Eduarda e tentado evitar ao máximo entrar em qualquer assunto mais pessoal, por que eu bem sabia que ela não perdia uma oportunidade de provocar. Já tinha caído na sua lábia, não que tivesse algum arrependimento, pois toda experiência é válida, eu apenas não tinha a intenção de me envolver com uma doidivanas como a Duda. Ela era uma profissional fantástica e uma pessoa maravilhosa, super alto astral e de fácil convivência, desde que não provocassem sua língua ferina, como Pedro havia feito mais cedo. Mas quando o assunto era vida afetiva e relacionamentos a Duda definitivamente não tinha juízo algum.
Já estava bem tarde e o grupo não chegava e nem meu sono, resolvi tomar um pouco de ar fora da barraca e acabei me deparando com Duda.
-Olá Malu sem sono, ou apenas com saudade de mim?
- Não seja engraçadinha Duda, sabe muito bem que eu me preocupo sempre com a equipe.
- Hum com a equipe? Ou será que sua preocupação é com certa indiazinha de olhos verdes heim doutora?
- Que isso Duda, mais respeito.
-Ok Malu, sua vida pessoal não é da minha conta, mas aproveitando que esta por aqui será que poderia me acompanhar até o riacho aqui perto, pois acabei de ajeitar tudo só agora e preciso de um banho.
Putz! Agora ferrou tudo e o pior é que nem poderia me negar, pois aquele era um procedimento padrão, ninguém se afastava sozinho do acampamento. Tive eu aceitar, mas antes avisei a Arthur onde estaríamos. Ele me olhou com uma cara bem sem vergonha, mas logo viu que eu estava desesperada então se limitou a sorrir e disse pra eu ter cuidado.
Andamos meio caladas até o riacho, conversando apenas o essencial, eu estava tensa com a idéia de ficar sozinha com a Duda, não por medo de ceder ou algo assim, mas sim por conta do que a Iara poderia pensar disso, eu definitivamente não queria problemas com a minha menina.
Foi quando chegamos ao riacho e vi Duda se despir e ficar apenas de biquíni pra tomar banho que entendi uma famosa frase bem popular, “O diabo quando não vem manda um secretário” e nesse caso uma secretária, pra encher meus pensamentos de puro pecado. Aff ! Por que essa mulher não podia ser bem feia e insuportável, tinha que ser aquele mulherão todo com aquela cascata de cabelos cacheados e um corpo moreno escultural de fazer inveja. O pior é que ela tinha total consciência dessa beleza e sabia usar seus encantos muito bem.
-E ai doutora vai ficar parada ai babando ou vai entrar na água também? Pode deixar que não vou te morder, a menos é claro que você queira.
O pior é que nem saberá dizer se a minha situação estaria mais complicada se eu ficasse ali parada olhando ou se eu entrasse na água com ela, mas enfim pensei que um pouco de água fria talvez me fizesse bem. Ver Duda daquele jeito não era uma novidade, afinal fomos amigas bem próximas, mas a diferença estava no fato de que agora eu sabia o quanto estar com uma mulher era algo prazeroso e minha mente não conseguia simplesmente ignorar o fato de que aquela mulher era desesperadamente tentadora.
Tentei manter a distância e a conversa amena enquanto ela simplesmente nadava e parecia uma criança se divertindo na água, mas foi só quando notei que os círculos que ela fazia ao meu redor enquanto nadava, estavam diminuindo e ela aos pouco se aproximava. Ela parou bem pertinho e pude ver seus olhos de um negro tão profundo que era como se eles tivessem o poder de me tragar pra dentro dela. Mas era incrível como naquele momento foram dos olhos de Iara que me lembrei, daquele verde inocente que me fazia sorrir só de observar.
-Duda acho que já ta bom de banho por hoje, melhor voltarmos pra não ficar ainda mais tarde.
-Por que a pressa Malu, não acha que essa é uma boa hora pra terminamos algo que começamos em certa festinha.
-Duda, vamos fazer de conta que você não esta se insinuando pra mim mais uma vez, e vamos pensar no lado profissional.
-Engraçado como aquela noite esse seu lado profissional deu espaço a uma versão muito mais libertinha de você doutora.
Ela disse isso se aproximando ainda mais a ponto de conseguir sentir seu hálito bem de perto o que era algo ainda mais inebriante. Mas eu tinha que resistir, afinal não cederia a algo tão carnal, quando tinha a meu lado a mulher mais perfeita que já conheci, e a essa hora na certa ela já deveria ter chegado e não deveria estar nada feliz. Afastei-me da teia em que Duda sem pudor algum tentava me agarrar e fui saindo da água.
-Vamos moça esta na hora de voltarmos.
Via a cara de desagrado que ela fez com minha recusa, mas eu não poderia fazer nada quanto a isso, afinal eu não tinha concordado em ter nada com ela antes e não seria agora que tudo estava indo tão bem que eu cederia aos caprichos de Eduarda, que na verdade queria mesmo era ter mais uma em sua lista.
-Sempre difícil heim doutora, mas vou levar em conta que seu não de hoje pelo menos tem uma razão, já que esta bem evidente que esta apaixonadinha pela Iara. Só uma recomendação Malu, não se engane com a cara de menina, ela pode estar mansinha, mas nem sempre foi assim.
Eu até gostaria de saber mais sobre o assunto, mas não daria a Duda o gostinho de ter plantado a dúvida em minha mente, e além do mais eu não tinha por que desconfiar de minha amada, se no passado ela era que nem o da própria Duda, o presente dela era a meu lado e no que dependesse de mim seu futuro também.
Fim do capítulo
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