Capítulo 26 - Voltar ao Trabalho
Voltar ao trabalho!! Essa era uma frase totalmente comum ao meu vocabulário e que de certa forma sempre teria muito valor e seria sim sempre levada a sério, porém ela poderia ser definida de uma forma diferente depois de Iara ter entrando, ou quem sabe invadido a minha vida e dado a ela tons nunca imaginados por mim. Meu trabalho sempre foi algo prazeroso, mas a sua presença fazia e tudo mais alegre e empolgante. Seu carinho sua atenção e todo aquele olhar de constate admiração me deixavam sempre mais disposta pra tudo, tanto que o tempo nem parecia passar e os rapazes mesmo de forma discreta deixavam sempre escapar comentários sobre o meu constante bom humor, sem é claro comentar a real razão dele.
O trabalho parecia não ter fim, mas a equipe trabalhava com muita empolgação e por mais tenso que às vezes fosse uma nova trilha ou mesmo quando deixamos de voltar ao alojamento e passamos a dormir em barraca era super tranqüilo. Todos colaboravam pra que tudo sempre estivesse em ordem. Com exceção de Pedro que fazia questão de mostrar sempre seu total desagrado diante da nova situação, mesmo por que após mais de três meses em campo e com uma maior convivência as barreiras iam se desfazendo e as amizades no grupo se solidificavam ou as implicâncias aumentavam.
No caso de Pedro ele mostrava-se preconceituoso em relação a Eduardo e Felipe, que depois de todo esse tempo ainda se mantinham discretos, mas já não com tanta eficácia e o Mala do Pedro sempre fazia cara feia quando notava algum gesto a mais de carinho entre eles, muitas vezes chegando a questionar o desempenho deles no trabalho. Mas eles tentavam sempre ignorar, pois no fundo todos sabiam que o problema dele era comigo e Iara. Mas paciência tem limite e aminha acabou quando me deparei com a cena ridícula gerada por Pedro em Campo.
- Essa bicha maldita não sabe nem carregar o material! Se você parasse de ficar de viadagem com esse seu namoradinho não teríamos que voltar aqui pra que consiga levar as amostras das rochas.
- Para com isso Pedro você sabe muito bem, que se você tivesse colocado tudo organizado depois de usar o material, Eduardo não teria sido esquecido nada.
-Agora a culpa da distração do seu namoradinho sou eu, mas diga pra ele que nem precisa se distrair me olhando não, pois eu não gosto desse tipo de pouca vergonha.
Eu estava bem distraída com as minhas plantas quando notei toda a confusão e fui saber do que se tratava.
-Que confusão é essa por aqui? Alguém pode me explicar?
Felipe me contou que Pedro estava acusando Eduardo de não levar o material que ele precisava pra coletar as rochas, mas que ele só havia esquecido por que o material não estava devidamente organizado.
-Mas afinal de quem é esse equipamento?
-É meu equipamento que essa bicha esqueceu!
- Primeiro, quero que respeite seus companheiros de equipe, e saiba que se eles quiserem tem todo direito de processá-lo por homofobia, e eu testemunharia sem problemas. E em segundo lugar se o equipamento é seu é você quem deve carregar e não o Eduardo. Que de acordo você é uma bicha, mas que demonstra muito mais educação e companheirismo, já que te ajuda apesar de toda sua ingratidão e desrespeito.
- Não me admira que você os defenda já que agora nem esconde mais seu casinho com, aquela sapatão da Iara.
-Até onde sei ainda não te devo satisfação de minha vida pessoal e se isso te incomoda tanto esteja à vontade pra ir embora. Sei que posso conseguir um profissional tão ou mais competente que você e que não seja um preconceituoso cretino.
-Você não pode me tratar assim, e não pense que desistirei do meu trabalho por isso. Você não irá se ver livre de mim chefinha.
-Não me importa a sua decisão desde que trabalhe corretamente e respeite seus companheiros, espero que isso não se repita.
Era incrível a capacidade que Pedro possuía de ser inconveniente, mas eu não me permiti perder a calma disse tudo que foi necessário com muita segurança e deixando bem claro o quanto a presença dele seria completamente dispensável caso ele permanecesse agindo daquela forma. Não gostei nem um pouco da forma como ele se referiu a Iara, mas preferi manter a calma, pois não valeria a penas desperdiçar meu tempo e paciência com alguém incapaz de mudar.
Mas apesar de toda a correria e dos inúmeros imprevistos que começavam a surgir a cada dia o fato de ter Iara por perto me deixava tranquila e sempre motivada, e não era só a mim que ela agradava os rapazes estavam sempre atrás de sua ajuda e nem sempre eram apenas pras fotos, pois ela tinha muito conhecimento da área e muitas vezes ela era quem praticamente guiava o grupo, mesmo quando não haviam trilhas ela simplesmente parecia ter um GPS embutido.
Meu coração ficava tão apertado quando ela saia durante a noite com os rapazes e eu não sempre podia acompanhar, ficava ajeitando tudo até que ela chegasse, pra ter certeza de que ela sempre estaria bem e voltaria pros meus braços. Eu vivia dizendo que ela não precisava acompanhar os rapazes, mas ela insistia que adorava ajudá-los e que se sentia muito bem durante a noite.
Algumas vezes eu via certa apreensão em seu olhar e nessas horas ela parecia ficar ainda mais cuidadosa comigo, como se quisesse me proteger de alguma coisa, eu tentava saber o que ela pensava quando ficava assim, mas ela sempre desconversava. Assuntos como a família e a vida dela quando morava ali eram verdadeiros segredos guardados a sete chaves. Queria muito poder saber mais sobre esse passado que parecia muitas vezes deixá-la tão triste e pouco a vontade, mas isso teria que ser feito aos poucos, pois isso era algo que tínhamos em comum, não adiantaria forçar as informações seriam dadas a seu tempo.
-Amor no que você esta pensando com essa carinha tão séria?
Até me assustei com o aparecimento repentino de Iara. Que chegou bem devagar como se fizesse parte da mata e me abraçou com carinho perguntando em meu ouvido. Eu até queria poder dizer tudo que estava pensando sim, mas preferia esperar uma abertura maior pra ter essa conversa, então dei uma resposta sincera, mas que não expressava tudo o que sentia naquele momento.
-Pensando em você amada e no quanto eu já te amo.
-Hum como minha namorada esta romântica essa tarde?
-Isso é pra você ver o que tem feito comigo.
Ficamos ali um pouquinho abraçadas e trocando alguns beijos, mas ainda tínhamos que trabalhar então teríamos que deixar nosso dengo pra mais tarde no aconchego de nossa barraca, pois a vantagem de ser chefe era que poderia dar um jeitinho dela não sair essa noite, mesmo sabendo que ela ficaria por livre e espontânea vontade se eu pedisse com carinho.
Fim do capítulo
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