Capítulo 23 - Sogrinha "adorável"
Não sei por que, mas algo me dizia que meu dia não seria dos melhores, logo que vi a carinha de Malu meio perdida sem saber o que me dizer percebi que algo não estava certo, eu só não podia imaginar que o que me esperava era uma visita surpresa de minha mais nova sogrinha.
Acordar de bom humor não era nada difícil principalmente quando se acorda ao lado da minha doutora, mas manter o bom humor diante de Beatriz, minha sogrinha “adorável”, não estava sendo nada fácil. Por que tanta curiosidade à meu respeito? Aff! Que intrometida! E por que tanto Malu quanto Arthur pareciam ficar super nervosos com a presença dela ali? Ela era a mãe teoricamente eles deveriam estar felizes.
Mas em meio aquela manhã completamente estranha que eu estava vivendo ao menos tinha meu cunhadinho que foi um amor ao saber de nosso namoro. Putz! Nem eu acredito que disse isso, mas enfim namorar é o que eu quero com minha doutora. Aproveitando a receptividade de meu cunhadinho era justamente a ele que eu recorreria pra saber um pouco mais sobre minha sogrinha e o porquê desse clima tão pesado entre eles.
- Arthur, acho que não entendi muito bem o que esta acontecendo, por que você e a Malu ficam tão estranhos na presença da mãe de vocês?
- Digamos que nossa mamis, não seja lá muito querida por seus filhos.
-Como assim, ela é mãe, teoricamente os filhos gostam de seus pais?!
-Não somos nós que não gostamos dela Iara, na verdade ela é quem não sabe muito bem diferenciar o termo amor materno do termo investimento. Digamos que eu e Malu sejamos o cofrinho que ela fez pra nunca perder a vida de dondoca.
-Hum não sei se entendi bem.
-Deixa eu ser mais claro a Beatriz veio aqui só pra ver se consegue que a Malu de a ela um pouco mais da herança que o pai dela deixou. Eu e Malu somos irmãos só por parte de mãe o pai de Malu era Francês e largou Beatriz quando Malu tinha só cinco anos, mas mesmo longe foi um bom pai pra ela, melhor que a mãe que vivia perto.
- Nossa, quanto informação! E será que a Malu vai aceitar isso?
-De verdade a Malu paga pra não comprar uma briga com a digníssima, é como se ela pagasse pra ter paz. Digamos que nossa mamis sabe como persuadir minha maninha muito bem, na verdade ela é o único ser que até hoje conseguiu fazer a Malu chorar sabe e nem sei dizer se foi de tristeza ou de ódio.
- A Malu chorando, ta de brincadeira!
- Pois é Iara a mamis é um ser bem malvada quando quer. Adora jogar na cara de Malu que a criou pra ser uma princesa e não um bicho do mato. Pra você ter uma idéia quando eu nasci a Maluzinha já fazia balé e tinha aulas de etiqueta, o sonho de mamis era casar a Malu com um cara bem rico, que nem ela mesma havia feito.
- Mas e seu pai? Ele era uma boa pessoa pra você e Malu.
- Ele não é lá um grande exemplo já que queria mesmo era o status de minha mãe, mas ao menos não gerou danos na nossa formação, pelo menos eu tive a Malu que me amava incondicionalmente. Posso te pedir uma coisa?
-Diga cunhadinho você tem créditos comigo.
-Cuida da minha maminha, não deixa ela sofrer mais do que ela já sofreu não.
-Isso você nem precisava pedir. Mas anda vamos parar com essa conversa se não Malu vai achar que estamos fugindo de ajudar ela no almoço.
Não demorou para o nosso almoço ficar pronto e logo minha querida sogrinha estava de volta, completamente arrumada parecia que iria para uma festa, ninguém comentou, mas acho que os três concordavam que tudo aquilo era completamente desnecessário. Pelo menos nosso almoço foi sem interrogatórios, a única coisa que me irritava era ver o quanto ela gostava de implicar com Malu por conta do trabalho dela.
Depois do almoço a sogrinha decidiu descansar dizendo que precisava de repouso, pois todo aquele mato e umidade poderiam não lhe fazer bem, juro que pensei que ela era quem fazia mal pra tudo que fosse natural, mas preferi não comentar. Mas antes dela se retirar não pode deixar de fazer sua quase intimação.
-Maria Luísa, assim que eu descansar um pouco gostaria de conversar com você, tenho uns assuntos muito importantes antes de voltar pro mundo real.
Malu apenas concordou com a cabeça o que pareceu desagradar ainda mais Beatriz que logo foi pro quarto. Aproveitei a folga pra tentar tirar minha doutora um pouco daquela pressão toda. Convidei a para que fosse ao rio um pouco, com a desculpa de que precisava fotografar umas plantinhas que vi por lá. Sabia que ela não resistiria.
Caminhamos em silêncio de mãos dadas. Quando chegamos ela estendeu a canga e se sentou. Até tentei esperar que ela se abrisse, mas às vezes Malu parecia um túmulo, quando o assunto era falar de sentimentos. Acho que nesse dia acabei capturando em minhas lentes toda tristeza em seu olhar. Era incrível como todos os sentimentos podiam ser vistos na limpidez de seu olhar. Aproximei-me com calma e a abracei por trás deixando que sua cabeça repousasse em meu ombro.
Notei que ela chorava quietinha e logo ela se virou e me abraçou e senti suas lágrimas em meu ombro, ela não queria palavras naquele momento, e eu respeitei isso deixando que ela chorasse e sentindo seu corpo estremecer junto ao meu, era incrível como vê-la sofrer podia me afetar tanto, como eu gostaria de evitar que qualquer dor a atingisse.
Ela ficou um tempo assim, até que se afastou um pouco e me olhou como se pudesse ver minha alma.
-Desculpe, não queria te envolver em nada disso.
-Sou sua namorada esqueceu, ta no contrato.
Consegui tirar um sorriso tímido de seus lábios, seguido de um beijo muito carinhoso. Nadamos um pouco juntas ela ainda falava pouco, notei o quanto ela estava sensível e quis dar a ela todo espaço do qual precisava, mas sem deixar de mostrar que eu estava ao seu lado é que a apoiaria no que precisasse.
Precisávamos voltar, Beatriz estaria à espera de Malu. Torcia pra que minha ruivinha fosse forte. Antes de voltar a abracei bem forte e disse com muito carinho.
- Estarei bem perto, não se esqueça que agora você tem a mim.
Voltamos ainda em silêncio, mas ela já não me parecia tão triste, via em seu rosto apenas serenidade e determinação. E eu amava cada vez mais aquela mulher.
Fim do capítulo
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