Retomando a história meninas.
Apenas corrigindo o capítulo que foi publicado da menira errada. Daqui a pouco já publico um capítulo novo.
Capítulo 9 - O agora
Helena ficou aliviada quando ao chegar em casa, não foi questionada sobre o local onde passara a noite. Aparentemente a mãe presumira que ela estava com Guilherme. Sentiu uma pontada no peito ao pensar isso, não gostava da sensação de haver traído o namorado. Precisava ter a coragem necessária para resolver tudo.
Tomou banho e se dirigiu à agência. Apesar de ser sábado havia trabalho a fazer com Fernanda.
Quis conversar com a amiga no minuto em que pisou em sua sala, mas não podia deixar que sua vida pessoal influenciasse as coisas no trabalho. Permaneceu concentrada durante todo o tempo, até que se viu sentada em um restaurante no almoço.
-- Fer, eu queria te contar uma coisa, mas não sei direito como.
-- Me poupe né Helena, já passamos dessa fase.
-- Eu sei... Mas é meio embaraçoso sabe...
-- Vou chutar que tem a ver com sua nova orientação sexual- Falou rindo.
-- Credo Fernanda. Dito assim isso soa muito estranho.
-- Anda, me conta tudo.
-- É... então, eu passei a noite na casa da Raquel.
-- Sério? Passou a noite como? O que isso significa? Explica isso direito amiga!
-- Ai, quantos anos você tem Fernanda? Sabe muito bem o que significa.
-- Ai meu Deus! E como foi? Me conta tudo.
-- Não vou contar tudo. Apenas direi que foi incrível.
-- Mas como fez isso? Porque até onde eu sei, foi mais ou menos como perder a virgindade né...
-- Ah, foi como sempre foi com qualquer pessoa, mas infinitamente mais gostoso. Deixamos o nosso instinto nos guiar.
-- Você está vermelha Helena! Está sim! – Fernanda ria da maneira constrangida da amiga.
-- Para com isso Fernanda! É sério.
-- Já parei, já parei. E o que pretende fazer agora?
-- Eu não sei direito. Eu gosto dela Fer, de verdade. Não consigo mais e nem quero permanecer em um relacionamento vazio com o Guilherme. Mesmo que as coisas não evoluam com a Raquel, não posso continuar com ele.
-- Ele vai ficar arrasado, você sabe né...
-- Sei, eu sei sim. Mas vai ser melhor pra ele. Ele precisa estar livre para encontrar alguém que o ame de verdade Fer.
-- Quando vai fazer isso?
-- Não sei, vou esperar um momento oportuno. Mas não pretendo esperar muito tempo.
Viu a tela de seu celular acender, era uma mensagem de Raquel perguntando sobre o dia e dizendo que estava com saudades. Sorriu aliviada por saber que Raquel não havia se arrependido e estava pensando nela.
Raquel leu a resposta de Helena e sentiu um frio na barriga. Ela dissera que o dia só estava sendo bom por ter as lembranças da noite povoando sua mente.
Abraçou o travesseiro no qual Helena havia deixado seu cheiro tão gostoso. Esse sentimento era novo para a fisioterapeuta. Nunca havia se apaixonado dessa forma antes. Sempre fora muito racional. Jamais imaginara que um dia iria jogar tradições, medo e convenções para o alto para viver um amor.
Sentiu fome e lembrou-se que não havia almoçado. Ligou para a irmã para saber se já tinha almoçado. Como a resposta foi negativa decidiu ir até a casa dela para almoçar.
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-- Tia Raquel! – O sobrinho veio correndo em sua direção.
-- Pedrinho meu amor, que lindo você está!
-- Eu vou na casa do meu pai depois do almoço.
-- Ah então por isso está tão bonito? Achei que era pra mim.
-- Não, é pro meu pai tia.
Raquel riu da sinceridade do sobrinho.
-- Não estou valendo nada mesmo hein. – Disse depois de cumprimentar Lívia.
-- Já te falei pra não fazer perguntas pra crianças porque elas falam a verdade.
-- Me lembrarei da próxima vez. Como estão as coisas?
-- Tudo tranquilo. Mas minha vida está uma bagunça, a Marisa pediu a conta...
-- Sério? Está sozinha na loja então?
-- Sim, já anunciei a vaga. Espero encontrar alguém essa semana. Não aguento mais aquela papelaria, passei 12 horas por dia lá essa semana.
-- Não fale assim. Pelo menos tem seu próprio negócio e com um público fiel hein. Quantos donos de papelarias gostariam de se instalar em uma Universidade...
-- Você tem razão. Não posso reclamar não. E você? Tem alguma novidade?
Raquel olhou para um lugar invisível. Tinha sim. Tinha a novidade mais gostosa do mundo. Estava apaixonada. Mas não poderia falar com a irmã sobre isso.
-- Ãhn... nada. Tudo igual.
-- Nossa que desânimo. No meu tempo de solteira eu era mais entusiasmada com a vida.
-- Há. Você é solteira meu bem.
-- Ah é diferente agora né. Separada e com um filho.
-- É um pouquinho diferente só.
-- Vem, vamos almoçar. Daqui a pouco o Augusto passa pra pegar o Pedro.
-- Está tudo bem Helena? Você está tão quieta meu amor.
-- Está sim, é impressão sua. Só estou com uma dorzinha de cabeça.
-- Levantou cedo hoje?
-- Sim, tive que trabalhar. E você vai trabalhar amanhã de manhã?
Desejou que sim, pois dessa forma ele dificilmente iria querer passar a noite com ela.
-- Não. Amanhã estou de folga.
-- Ah, que bom.
Tentou se mostrar mais feliz durante o restante do jantar. Precisava resolver a questão o quanto antes. Não conseguiria aguentar aquela situação por muito tempo.
Quando chegaram à casa de Helena, ela ainda teve esperanças que Guilherme precisasse ir para seu próprio apartamento por algum motivo. Quando viu que suas esperanças eram vãs, tentou adiar o inevitável:
-- Vamos assistir a um filme?
-- Pode ser. O que tem de bom?
-- Vamos escolher, vem.
Demorou o máximo de tempo possível na escolha do filme que levou mais uma hora e meia para acabar. Finalmente não havia mais o que fazer, foi tomar banho. Agradeceu por ter trancado a porta quando ouviu a maçaneta mexer.
Quando saiu enrolada na toalha, Guilherme não comentou sobre a porta fechada. Deu um beijo rápido em seus lábios e se dirigiu ao banheiro também.
Helena pegou o celular e enviou uma mensagem para Raquel:
Sentindo falta do seu cheiro. Durma bem.
Aguardou a resposta que veio em seguida:
Pois eu ainda sinto o seu na minha cama. Pode voltar a ela sempre que quiser. Beijo minha linda Helena. Boa noite.
Teve vontade de chorar. Os sentimentos eram mistos e confusos. Ao mesmo tempo em que era muito feliz pelo que estava acontecendo entre ela e Raquel, não havia planejado isso. Não queria machucar Guilherme. E sabia que se não agisse da maneira certa poderia acabar machucando os dois e a si mesma.
Guardou o celular na bolsa quando ouviu Guilherme saindo do banheiro. Não havia se vestido. Não havia sentido nenhum. Deitou-se na cama esperando pelo namorado que não demorou a chegar lhe beijando.
-- Bom dia linda! Que sorriso é esse?
-- Bom dia Caio! É um dia lindo. Não é motivo suficiente pra sorrir?
-- Nunca foi antes.
-- Vem, vou olhar minha agenda para hoje e vamos tomar um café.
-- Ok, você manda gata.
Raquel entrou na recepção e olhou a tela do computador. O sorriso se tornou ainda mais largo. A paciente Helena Medina viria às 11 horas.
-- Vem, temos 20 minutos pra conversar.
Caminhou até a copa e foi seguida pelo amigo.
-- Raquel, estou ficando com medo. Tá usando algum tipo de psicotrópico?
-- Não, mas ando viajando um pouco sabe.
-- Como assim sua louca?
-- Acho que estou apaixonada Caio.
-- Woow! Isso sim é uma notícia que não se recebe todo dia. Raquel Lopes está apaixonada Brasil!
-- Para de ser bobo Caio.
-- Me conta, é a morena arrasa quarteirão né.
-- Ela arrasa um bairro inteiro meu caro.
-- Isso me deixa mais tranquilo sabe.
-- Como assim?
-- Meus arranjos nunca deram certo né. Agora sei que o problema não era o cupido, estava trazendo pretendentes do sex* errado.
-- Aí já não posso dizer Caio. Não sei se gosto de mulheres. Eu gosto da Helena. Honestamente não tenho pensado muito nessa coisa de orientação sexual, apenas estou aproveitando um sentimento bom.
-- E eu fico muito feliz por você. Sabe que torço muito pela sua felicidade né pequena terrorista?
Raquel sabia que Caio estava sendo sincero. Abraçou o amigo para compartilhar de sua alegria.
-- E vocês têm planos? Como vai ser isso?
-- Não sei. Não tenho pensado muito nisso também. É meio assustador.
-- Assustador por quê?
-- Porque se levarmos isso adiante – e eu quero levar – eu terei que fazer mudanças radicais na minha vida né Caio. Além disso, Helena tem um namorado, não sei o que ela pretende.
-- Vai com calma então Raquel, pra não se machucar.
-- É fácil falar né...
-- É, eu sei. Mas eu estou sempre aqui pra você. Você sabe.
-- Sei sim lindo. Agora vamos trabalhar pra valorizar os milhões que ganhamos!
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Helena havia sido orientada pelo médico a fazer mais algumas sessões de fisioterapia. Riu ao pensar como teria ficado insatisfeita com isso caso tivesse feito o tratamento com Caio e não com Raquel.
Marcou às 11 horas esperando que Raquel pudesse almoçar com ela após terminarem.
Naquela semana Guilherme estava bastante ocupado em um projeto novo do jornal. Isso lhe dava certo alívio. De repente, estar com o namorado se tornara uma espécie de tortura. Sentia-se muito culpada ao lembrar-se de como havia feito sex* mecanicamente e desejando estar em qualquer outro lugar, menos ali. Guilherme não merecia isso. Ele era uma pessoa ótima que a adorava e tratava com muito carinho e respeito.
-- Terra para Helena! Terra para Helena! Câmbio!
Fernanda falava simulando uma voz abafada. Helena riu.
-- Ai desculpa. Estava viajando aqui...
-- Normal por esses dias né...
-- Preciso dar um jeito na minha vida né.
-- E logo! Vem aqui que quero te mostrar uma coisa.
-- Vamos logo porque tenho fisioterapia daqui a pouco.
-- A hhhhh está aí o motivo das viagens então! Vamos, não quero te atrasar para sua fisioterapia.
Fim do capítulo
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